António Costa avisou que o seu apoio a Ferro não é hipócrita

19-11-2003
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António Costa Avisou Que o Seu Apoio a Ferro Não É Hipócrita

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Domingo, 09 de Novembro de 2003

Os socialistas que ontem participaram na comissão nacional do PS perceberam o recado de António Costa e ninguém teve dúvidas de que alguns dos destinatários estavam ali mesmo ao lado. Numa intervenção bastante aplaudida, o líder da bancada parlamentar socialista sublinhou, ao que o PÚBLICO sabe, que o seu apoio a Ferro Rodrigues era verdadeiro e que as suas palavras não eram hipócritas. Pediu, por isso, para que os comissários presentes não vislumbrassem qualquer sinal de cinismo no seu discurso.

Ao longo do dia de ontem, a comissão nacional fez-se de mais de três dezenas de intervenções, com especial destaque para os discursos de, além de Costa, José Sócrates, Manuel Maria Carrilho, João Soares e Jorge Coelho. Com a excepção de Carrilho, todos os restantes proferiram palavras de apoio, aqui e ali pautadas por alguns avisos.

Um dos momentos mais esperados foi a prestação de Jorge Coelho, que, depois de admitir ter ouvido "um líder empenhado e determinado", terminou com uma frase de alento: "Vamos a isto com o Ferro Rodrigues e o PS". Contudo, fez ainda uma ameaça implícita ao líder socialista: "Damos-te uma oportunidade", disse, olhando para o secretário-geral.

José Sócrates foi mais moderado, reafirmando a sua solidariedade com Ferro e sublinhando a importância de prioridades políticas. Voltou a pedir "cabeça fria", mas admitiu que "não existe uma bala de prata para os problemas do PS". "Nada se resolve com um passe de mágica", afirmou, "mas a mudança de direcção acrescentava um problema a outro".

As críticas mais ferozes couberam a Manuel Maria Carrilho, que, logo na sua intervenção, provocou desentendimentos. A explanação de Carrilho alongou-se mais do que o tempo permitido - cinco minutos - e a interrupção do seu discurso por Almeida Santos, que presidiu à mesa, irritaram-no de tal forma que chegou a dar alguns berros. "Já é a segunda vez que faz esse número [alusão a um congresso em que Carrilho falou contra Guterres e ultrapassou o tempo previsto]", acusou Almeida Santos, acrescentando que Carrilho ainda usufruiu "de mais um ou dois minutos".

O ex-ministro da Cultura ainda ripostou, gritando que nunca há tempo para justificar as críticas, e lá voltou ao seu lugar, não sem demonstrar o seu desagrado. Fora da sala de reunião, os comissários nacionais comentavam o episódio, criticando o deputado por ter tido um "comportamento extemporâneo" e "dramático". No momento em que se deu a interrupção, Carrilho criticava a associação do partido ao processo Casa Pia, acusando a direcção socialista de ter provocado a colagem ao caso de pedofilia. Estas afirmações enfureceram a direcção do PS e, para além das respostas de Ferro Rodrigues (ver texto ao lado), alguns dirigentes preencheram as suas intervenções a disparar contra Carrilho. Foi o caso, por exemplo, de Narciso Miranda, que acusou Manuel Maria Carrilho de apontar críticas por "sede de protagonismo".

A meio da tarde de ontem, Carrilho admitiu aos jornalistas que ainda acreditava num volte-face da comissão nacional, mas após a última intervenção de Ferro Rodrigues ninguém mais viu o deputado.

com São José Almeida

António Costa Avisou Que o Seu Apoio a Ferro Não É Hipócrita

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Domingo, 09 de Novembro de 2003

Os socialistas que ontem participaram na comissão nacional do PS perceberam o recado de António Costa e ninguém teve dúvidas de que alguns dos destinatários estavam ali mesmo ao lado. Numa intervenção bastante aplaudida, o líder da bancada parlamentar socialista sublinhou, ao que o PÚBLICO sabe, que o seu apoio a Ferro Rodrigues era verdadeiro e que as suas palavras não eram hipócritas. Pediu, por isso, para que os comissários presentes não vislumbrassem qualquer sinal de cinismo no seu discurso.

Ao longo do dia de ontem, a comissão nacional fez-se de mais de três dezenas de intervenções, com especial destaque para os discursos de, além de Costa, José Sócrates, Manuel Maria Carrilho, João Soares e Jorge Coelho. Com a excepção de Carrilho, todos os restantes proferiram palavras de apoio, aqui e ali pautadas por alguns avisos.

Um dos momentos mais esperados foi a prestação de Jorge Coelho, que, depois de admitir ter ouvido "um líder empenhado e determinado", terminou com uma frase de alento: "Vamos a isto com o Ferro Rodrigues e o PS". Contudo, fez ainda uma ameaça implícita ao líder socialista: "Damos-te uma oportunidade", disse, olhando para o secretário-geral.

José Sócrates foi mais moderado, reafirmando a sua solidariedade com Ferro e sublinhando a importância de prioridades políticas. Voltou a pedir "cabeça fria", mas admitiu que "não existe uma bala de prata para os problemas do PS". "Nada se resolve com um passe de mágica", afirmou, "mas a mudança de direcção acrescentava um problema a outro".

As críticas mais ferozes couberam a Manuel Maria Carrilho, que, logo na sua intervenção, provocou desentendimentos. A explanação de Carrilho alongou-se mais do que o tempo permitido - cinco minutos - e a interrupção do seu discurso por Almeida Santos, que presidiu à mesa, irritaram-no de tal forma que chegou a dar alguns berros. "Já é a segunda vez que faz esse número [alusão a um congresso em que Carrilho falou contra Guterres e ultrapassou o tempo previsto]", acusou Almeida Santos, acrescentando que Carrilho ainda usufruiu "de mais um ou dois minutos".

O ex-ministro da Cultura ainda ripostou, gritando que nunca há tempo para justificar as críticas, e lá voltou ao seu lugar, não sem demonstrar o seu desagrado. Fora da sala de reunião, os comissários nacionais comentavam o episódio, criticando o deputado por ter tido um "comportamento extemporâneo" e "dramático". No momento em que se deu a interrupção, Carrilho criticava a associação do partido ao processo Casa Pia, acusando a direcção socialista de ter provocado a colagem ao caso de pedofilia. Estas afirmações enfureceram a direcção do PS e, para além das respostas de Ferro Rodrigues (ver texto ao lado), alguns dirigentes preencheram as suas intervenções a disparar contra Carrilho. Foi o caso, por exemplo, de Narciso Miranda, que acusou Manuel Maria Carrilho de apontar críticas por "sede de protagonismo".

A meio da tarde de ontem, Carrilho admitiu aos jornalistas que ainda acreditava num volte-face da comissão nacional, mas após a última intervenção de Ferro Rodrigues ninguém mais viu o deputado.

com São José Almeida

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