Políticas do betão

11-11-2002
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Políticas do Betão

Por EDUARDO PRADO COELHO

quinta-feira, 31 de Outubro de 2002 Confesso que nunca tinha dado muita atenção à leitura do "Jornal do Imobiliário", embora esta importante publicação vá já no número 50. Sempre preferi a leitura do "JL" à do "JI". Mas a leitura deste número referente a Outubro trouxe-me alegrias insuspeitáveis. E cheguei a uma conclusão inesperada que queria partilhar com os leitores: segundo os ilustres representantes do chamado "lobby do betão", os comunistas estão no poder. Leu bem, meu caro amigo, leu bem, meu caro Carlos Carvalhas: os comunistas estão no poder: chamam-se Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, Fernando Seara ou, sob benefício de dúvida, Santana Lopes. Segundo um artigo do empresário Manuel Ferreira dos Anjos (que se diz um "moderado", certamente porque é Anjos), este Orçamento para 2003 é "surrealista": "A ministra das Finanças demonstra neste exercício um completo afastamento e desconhecimento da realidade empresarial portuguesa e das consequências catastróficas destas medidas que politicamente são mais à esquerda do que os bloquistas de Louçã." E, no entanto, as previsões são sinistras. Escreve o moderado Anjos: "Mais, dizem que a taxa de desemprego vai subir apenas de 4,1 por cento para 4,8 por cento. Devem ter errado na tecla, o que eles queriam escrever era 8,1 por cento..." Donde, nesta matéria, Carvalho da Silva é um inocente aprendiz. Mas acrescenta Ferreira dos Anjos, utilizando um argumento usado por Lino de Carvalho na Assembleia da República: "Mas a drª Manuela Ferreira Leite sabe tudo isto porque aumentou a previsão de subsídio de desemprego em 25,8 por cento." A conclusão é: "Este é o pior Orçamento feito após o 25 de Abril. Nem o sr. Vasco Gonçalves conseguia melhor..." Nas páginas centrais do "JI", encontramos explicações mais analíticas para estas posições. No essencial diz-se que o "urbanismo está paralisado nas câmaras municipais" . E acrescenta-se: "Lisboa, Sintra e Porto são as câmaras municipais onde as críticas sobem de tom. Desde que tomaram posse os novos executivos, as licenças de construção estão quase congeladas. Os responsáveis dizem que era preciso acabar com a 'política do betão', e, entretanto, no município de Santana Lopes, há mais de 40 mil projectos por aprovar, no Porto acusa-se Rui Rio e o vereador do Urbanismo de paralisar o sector e em Sintra já se pede a cabeça de Fernando Seara." Mas haja esperança. Se Fernando Seara poderá ser confrontado com uma verdadeira sublevação, exigindo a sua demissão (o que demonstra como esta direita anda de cabeça perdida), já Santana Lopes tem um ponto a seu favor, como toda a gente sabe: "A rapidez com que foi apresentado e aprovado um projecto para a recuperação do Parque Mayer ajudou a compor a imagem de dinamismo na Câmara Municipal de Lisboa." Talvez por isso na página 8 desta fundamental publicação podemos ler que "especialistas ligados ao sector imobiliário" "dizem sim ao Parque Mayer": 84 por cento contra 16 por cento... Donde, o projecto do casino está em boas mãos. OUTROS TÍTULOS EM ESPAÇO PÚBLICO EDITORIAL

O futebol, o fisco, a política, a justiça

OPINIÃO

OPTAR ENTRE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS?

Bem haja, senhor reitor!

BUSH E O MUNDO REAL

Esperança e medo

O FIO DO HORIZONTE

Políticas do betão

CARTAS AO DIRECTOR

A criação segundo António Barreto

Lula

Citações

O PÚBLICO ERROU

Errata

Políticas do Betão

Por EDUARDO PRADO COELHO

quinta-feira, 31 de Outubro de 2002 Confesso que nunca tinha dado muita atenção à leitura do "Jornal do Imobiliário", embora esta importante publicação vá já no número 50. Sempre preferi a leitura do "JL" à do "JI". Mas a leitura deste número referente a Outubro trouxe-me alegrias insuspeitáveis. E cheguei a uma conclusão inesperada que queria partilhar com os leitores: segundo os ilustres representantes do chamado "lobby do betão", os comunistas estão no poder. Leu bem, meu caro amigo, leu bem, meu caro Carlos Carvalhas: os comunistas estão no poder: chamam-se Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, Fernando Seara ou, sob benefício de dúvida, Santana Lopes. Segundo um artigo do empresário Manuel Ferreira dos Anjos (que se diz um "moderado", certamente porque é Anjos), este Orçamento para 2003 é "surrealista": "A ministra das Finanças demonstra neste exercício um completo afastamento e desconhecimento da realidade empresarial portuguesa e das consequências catastróficas destas medidas que politicamente são mais à esquerda do que os bloquistas de Louçã." E, no entanto, as previsões são sinistras. Escreve o moderado Anjos: "Mais, dizem que a taxa de desemprego vai subir apenas de 4,1 por cento para 4,8 por cento. Devem ter errado na tecla, o que eles queriam escrever era 8,1 por cento..." Donde, nesta matéria, Carvalho da Silva é um inocente aprendiz. Mas acrescenta Ferreira dos Anjos, utilizando um argumento usado por Lino de Carvalho na Assembleia da República: "Mas a drª Manuela Ferreira Leite sabe tudo isto porque aumentou a previsão de subsídio de desemprego em 25,8 por cento." A conclusão é: "Este é o pior Orçamento feito após o 25 de Abril. Nem o sr. Vasco Gonçalves conseguia melhor..." Nas páginas centrais do "JI", encontramos explicações mais analíticas para estas posições. No essencial diz-se que o "urbanismo está paralisado nas câmaras municipais" . E acrescenta-se: "Lisboa, Sintra e Porto são as câmaras municipais onde as críticas sobem de tom. Desde que tomaram posse os novos executivos, as licenças de construção estão quase congeladas. Os responsáveis dizem que era preciso acabar com a 'política do betão', e, entretanto, no município de Santana Lopes, há mais de 40 mil projectos por aprovar, no Porto acusa-se Rui Rio e o vereador do Urbanismo de paralisar o sector e em Sintra já se pede a cabeça de Fernando Seara." Mas haja esperança. Se Fernando Seara poderá ser confrontado com uma verdadeira sublevação, exigindo a sua demissão (o que demonstra como esta direita anda de cabeça perdida), já Santana Lopes tem um ponto a seu favor, como toda a gente sabe: "A rapidez com que foi apresentado e aprovado um projecto para a recuperação do Parque Mayer ajudou a compor a imagem de dinamismo na Câmara Municipal de Lisboa." Talvez por isso na página 8 desta fundamental publicação podemos ler que "especialistas ligados ao sector imobiliário" "dizem sim ao Parque Mayer": 84 por cento contra 16 por cento... Donde, o projecto do casino está em boas mãos. OUTROS TÍTULOS EM ESPAÇO PÚBLICO EDITORIAL

O futebol, o fisco, a política, a justiça

OPINIÃO

OPTAR ENTRE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS?

Bem haja, senhor reitor!

BUSH E O MUNDO REAL

Esperança e medo

O FIO DO HORIZONTE

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CARTAS AO DIRECTOR

A criação segundo António Barreto

Lula

Citações

O PÚBLICO ERROU

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