Manuela Ferreira Leite transforma críticas em elogios

08-10-2002
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Manuela Ferreira Leite Transforma Críticas em Elogios

Por PEDRO GARCIAS

Domingo, 6 de Outubro de 2002 Manuela Ferreira Leite foi anteontem à noite a Vila Real explicar, à porta fechada, o Orçamento de 2003 a dirigentes e autarcas do PSD dos distritos nortenhos e o que prometia ser uma reunião acalorada acabou por se transformar numa sessão de elogios. "Toda a gente estava aqui para bater palmas", resumiu, no final, Jorge Nunes, o presidente da Câmara de Bragança e da Associação de Municípios de Trás-os-Montes e Alto Douro. O autarca preferiu ouvir a falar, para não destoar, mas o Orçamento para 2003 não lhe agrada. "É um orçamento igual aos outros. Em relação às regiões do interior, não corrige nada", disse ao PÚBLICO. Esperava melhor? "Quem não esperava melhor!?", respondeu. A ideia de ir a Vila Real falar com os militantes nortenhos do PSD foi tomada pela necessidade de "mantermos uma ligação do governo ao partido, que era uma acusação que normalmente se fazia quando o partido estava no governo", justificou Ferreira Leite, aludindo aos tempos de Cavaco Silva. A ministra das Finanças levava preparado o discurso do caos, onde cabe o peso da herança recebida. "É natural que cada um dos sectores que são, de alguma forma, penalizados por medidas que não podem deixar de ser tomadas, reajam. Não podemos deixar de lembrar que estamos condicionados por uma herança extremamente pesada que recebemos e enquanto não conseguirmos levar a situação económica ao ponto em que os socialistas disseram que ela estava [1,1 de déficit orçamental] não deixaremos de lembrar a herança que recebemos", justificou. As explicações de Manuela Ferreira Leite e de Tavares Moreira, vice-presidente do PSD, conseguiram convencer os mais críticos da bondade deste Orçamento, a começar pelo presidente da Câmara de Boticas e líder da Federação de Vila Real do PSD, Fernando Campos. O autarca ocupa uma das vice-presidências da Associação Nacional de Municípios, que tem tecido as mais duras críticas ao Orçamento proposto. Antes da reunião, Campos tinha a ideia de que o Governo estabelecera limites ao endividamento das autarquias sem "saber ter muito bem a noção das consequências dessa medida". Afinal, confirmou o autarca, Ferreira Leite tem consciência de que as restrições ao endividamento autárquico podem acarretar a perda de fundos comunitários. Mas considera que "vale a pena correr esse risco", porque a opção pelo caminho contrário poderia custar ao país "muito mais dinheiro". E, com esta explicação, Fernando Campos ficou convencido. Ele e todos os outros. A hora é de pragmatismo e os autarcas começam já a olhar para o calendário eleitoral. Os próximos dois anos vão ser difíceis, mas, se as previsões de Manuel Ferreira Leite se confirmarem - "nos próximos dois anos, no máximo, começaremos a reduzir os impostos", prometeu a ministra -, os autarcas vão poder ter alguma folga no último ano de mandato, o das eleições. A hora é também de união no seio da família social-democrata, face ao cenário cada vez mais forte de greve geral e aos ataques da oposição. "[Os socialistas] continuam a não perceber que, se não fosse seguida uma política orçamental de contenção, a economia portuguesa iria ter custos gravíssimos no próximos anos e os custos que esta política esteja a causar são incomparavelmente menores do que aqueles que a economia teria que suportar na ausência de uma política de contenção", defende Tavares Moreira. Nem a questão da quebra dos índices de confiança dos consumidores portugueses parece preocupar o Governo. "Os índices de confiança começaram a baixar em 1999 e a única coisa que me espanta é que, com os índices de confiança permanentemente a cair desde essa altura, ninguém tenha falado deles. Agora que estamos numa situação de recuperação é que falam. Mas eu vou passar a andar com um gráfico atrás de mim para mostrar essa situação", disse a ministra, lembrando que, para os agentes económicos, "uma política credível é o melhor índice de confiança que se lhes pode dar". OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Portas motivou "duelo" entre Sampaio e Santana

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