EXPRESSO online

02-11-2002
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Benevolência Desde a entrevista à TVI e, sobretudo, desde o inflamado discurso de Estado aos manifestantes do Caldas, multiplicaram-se as vozes nos meios de comunicação social - e até entre os comentadores do EXPRESSO Online - em defesa da tese de Paulo Portas: a de que o caso não tem a importância que os jornais lhe atribuem e há problemas mais graves a pedirem a sua atenção. Compreende-se a pressa e a pressão do ministro da Defesa Nacional para que o assunto deixe de ser notícia ou objecto de comentário. Compreende-se o nervosismo da maioria e do Governo, não só pela incomodidade que o caso em si lhes provoca, mas também porque a sua actividade tem passado para segundo plano nos telejornais e nas primeiras páginas. Já se compreende menos bem a desvalorização pressurosa do tema e a notável benevolência com que uma parte do país político e mediático começou a encará-lo. Compreende-se a pressa e a pressão do ministro da Defesa Nacional para que o assunto deixe de ser notícia ou objecto de comentário. Compreende-se o nervosismo da maioria e do Governo, não só pela incomodidade que o caso em si lhes provoca, mas também porque a sua actividade tem passado para segundo plano nos telejornais e nas primeiras páginas. Já se compreende menos bem a desvalorização pressurosa do tema e a notável benevolência com que uma parte do país político e mediático começou a encará-lo. O ideia de que Paulo Portas está a ser vítima de uma campanha foi espalhada pelo próprio por razões que facilmente se percebem, mas que não resistem à simples leitura dos jornais das últimas semanas, começando pelo EXPRESSO: em cada nova notícia têm aparecido factos novos que a justificam plenamente, como ainda agora se viu com as questões fiscais. E, sendo assim, cai pela base a tese conspirativa. Se há factos novos e relevantes de que um jornal toma conhecimento, é seu dever publicá-los, por mais que alguns leitores se aborreçam e passem à frente dizendo: «Lá vêm eles com o mesmo assunto» - ainda que o mesmo assunto afinal seja outro. O ideia de que Paulo Portas está a ser vítima de uma campanha foi espalhada pelo próprio por razões que facilmente se percebem, mas que não resistem à simples leitura dos jornais das últimas semanas, começando pelo EXPRESSO: em cada nova notícia têm aparecido factos novos que a justificam plenamente, como ainda agora se viu com as questões fiscais. E, sendo assim, cai pela base a tese conspirativa. Se há factos novos e relevantes de que um jornal toma conhecimento, é seu dever publicá-los, por mais que alguns leitores se aborreçam e passem à frente dizendo: «Lá vêm eles com o mesmo assunto» - ainda que o mesmo assunto afinal seja outro. Esta atitude displicente e contemporizadora tem vindo a fazer o seu curso. E não deixa de ser curiosa. Ao longo dos últimos anos, as questões da idoneidade, da transparência e da lisura de procedimentos dos agentes políticos, bem como do seu perfil e do seu percurso, tem sido uma verdadeira obsessão nacional. Uma obsessão saudável, aliás, visto que não faltam os casos de ligações espúrias entre figuras políticas e meios pouco recomendáveis, bem como de interesses cruzados entre o público e o privado, nem sempre muito bem explicados. Esta atitude displicente e contemporizadora tem vindo a fazer o seu curso. E não deixa de ser curiosa. Ao longo dos últimos anos, as questões da idoneidade, da transparência e da lisura de procedimentos dos agentes políticos, bem como do seu perfil e do seu percurso, tem sido uma verdadeira obsessão nacional. Uma obsessão saudável, aliás, visto que não faltam os casos de ligações espúrias entre figuras políticas e meios pouco recomendáveis, bem como de interesses cruzados entre o público e o privado, nem sempre muito bem explicados. Ora, o argumento de que há outros problemas mais graves do que o caso Paulo Portas, sendo uma verdade inquestionável, diz muito sobre o clima reinante. Alguns dos mesmos sectores e até das mesmas pessoas que sempre clamaram por transparência, que pedem verdade, clareza e responsabilidade dos agentes políticos, que lhes impõem padrões da maior exigência em termos de personalidade e carácter, declaram-se agora cansados de um caso em que são esses, precisamente, os valores em questão. À primeira declaração de Portas, correm a dizer que está tudo explicado. Perante cada nova notícia, apressam-se a desvalorizá-la, num afã desculpabilizador. Não vêem nos factos nada de condenável. Nem percebem como se pode dizer que o conhecimento desses factos e os seus desenvolvimentos já fragilizaram o actual ministro da Defesa a ponto de tornarem a sua posição insustentável. Ora, o argumento de que há outros problemas mais graves do que o caso Paulo Portas, sendo uma verdade inquestionável, diz muito sobre o clima reinante. Alguns dos mesmos sectores e até das mesmas pessoas que sempre clamaram por transparência, que pedem verdade, clareza e responsabilidade dos agentes políticos, que lhes impõem padrões da maior exigência em termos de personalidade e carácter, declaram-se agora cansados de um caso em que são esses, precisamente, os valores em questão. À primeira declaração de Portas, correm a dizer que está tudo explicado. Perante cada nova notícia, apressam-se a desvalorizá-la, num afã desculpabilizador. Não vêem nos factos nada de condenável. Nem percebem como se pode dizer que o conhecimento desses factos e os seus desenvolvimentos já fragilizaram o actual ministro da Defesa a ponto de tornarem a sua posição insustentável. O exemplo de um outro ministro da Defesa - António Vitorino - que se demitiu por menos e foi aplaudido por todos na altura, pelos vistos não serviu para nada. E com a desvalorização deste caso, o que se está a dizer é que a verdade interessa pouco, a rectidão ainda menos - ou então que podem esperar. Quando aparecer outro caso em que o protagonista tenha menos influência e menos simpatias nos jornais e nas televisões, veremos se a condescendência é a mesma e a opinião tão generosa. O exemplo de um outro ministro da Defesa - António Vitorino - que se demitiu por menos e foi aplaudido por todos na altura, pelos vistos não serviu para nada. E com a desvalorização deste caso, o que se está a dizer é que a verdade interessa pouco, a rectidão ainda menos - ou então que podem esperar. Quando aparecer outro caso em que o protagonista tenha menos influência e menos simpatias nos jornais e nas televisões, veremos se a condescendência é a mesma e a opinião tão generosa. 25 Setembro 2002

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Comentários

1 a 20 de 141 kunkas 19:47 2 Outubro 2002 Caro Paulo Pedroso

"Então não é que esses senhores tiveram a ousadia de não acusar o Paulo Portas? É um escândalo, não é?"

Parece que não entendeu... porque será? Vou explicar-lhe outra vez...

O procurador do MP, apesar de haver suficientes indicios, não acusou o Paulo Portas, não porque fosse incompetente, mas porque não podia faze-lo *SOZINHO*!!!

Tratando-se de um crime semi-publico, a queixa crime dependia dos que eventualmente se considerassem lesados, ou seja, dos amiguinhos do PP. Mas eles não se consideraram lesados( porque será?) e portanto, o MP não pode avançar com a queixa.

Percebeu ou ainda está difícil?

Lavardin 14:49 1 Outubro 2002 Sabedoria popular - o eco de madrinha no país

BARÓMETRO TSF

Portas imune à polémica

Paulo Portas mantém-se na liderança da popularidade dos líderes partidários

apesar da polémica com o caso Moderna. Na intenção de voto, o Barómetro

indica que o PS continua a ser o partido mais votado.

<<...>>

00:11

27 de Setembro 02

<<...>>

<<...>>

Paulo Portas é o líder partidário mais popular com um balanço positivo de 14

por cento. Em relação ao estudo anterior, Portas caiu apenas um por cento

apesar da recente polémica sobre o alegado envolvimento no caso Moderna.

Com uma distância significativa, segue-se Ferro Rodrigues que tem um balanço

de popularidade positivo de 3 por cento, menos 5 por cento do que no mês de

Julho.

A popularidade de Francisco Louçã também caiu mas mantém um balanço positivo

de 2 por cento.

Durão Barroso não sai da zona vermelha e até agravou o balanço negativo de

popularidade que se situa agora nos 9 por cento.

Em último lugar está Carlos Carvalhas, com um saldo negativo de 26 por

cento.

Jorge Sampaio continua a ser o preferido dos portugueses, com um saldo

positivo de 66 por cento, mais dois do que em Julho.

Partidos na mesma

Se Paulo Portas resistiu à «intempérie» Moderna, o PP até subiu um por

cento, passando para os 8 por cento da intenção de voto.

O PS e o PSD continuam na mesma.

Os socialistas são o partido com maior intenção de voto ao registarem 40 por

cento.

O PSD tem 38 por cento e em quarto lugar está o PCP com 6 por cento na

intenção de voto, mais um do que no Barómetro anterior.

O Bloco de Esquerda tem 4 por cento.

Pensador 11:48 1 Outubro 2002 SOMOS TODOS COMPARSAS DOS CRIMINOSOS

TODOS OS QUE TIVESSEM COMETIDO ALGUM ERRO NA SUA VIDA, NEM QUE FOSSE UM ERRO MÍNIMO, SE DEMITEM-SE, NÃO HAVIA POLÍTICO NENHUM, PARA CONTAR A HISTÓRIA.

JÁ AGORA QUEM NÃO PEDE FACTURA DA GASOLINA OU DO RESTAURANTE ESTÁ A DEFRAUDAR O ESTADO, ESTÁ A COLABORAR COM OS CRIMINOSOS QUE FOGEM AOS IMPOSTOS!!!!!!!!!!!!!!!

CADEIA COM TODOS!!!!!!

POUPEM-ME Paulo Pedroso 10:08 1 Outubro 2002 Meu caro Kunkas,

Não viu ninguém, na esquerda, pedir a demissão do MP e eu também não. Porque haveria de o fazer?

Deixe-me dizer-lhe porque razão o deveria fazer. Deveria pedia a demissão do Mp e de todos os que estavam envolvidos na investigação do caso Moderna porque, pelos vistos, segundo a esquerda deste país, foram todos uns incompetentes já que não souberam realizar o seu serviço como deve ser. Então não é que esses senhores tiveram a ousadia de não acusar o Paulo Portas? É um escândalo, não é?

Quanto às recentes demissões na PJ, devia prestar mais atenção. Olhe que nenhum deles esteve ligado às investigações do caso Moderna e, para além disso, a intervenção da PJ sobre este caso já terminou há muito tempo. Neste momento, a Pj não está envolvida em nenhuma investigação que pudesse por em causa Portas. Por estas e por outras é que se vê como vocês, na esquerda, não sabem ser coerentes. Antes de falar devia esclarecer-se para não abrir a boca e sair asneira.

kaifas 19:48 29 Setembro 2002 A HISTÓRIA DA DEMISSÃO DE ANTÓNIO VITORINO (AV)

A mim ninguém me convence que AV se demitiu pela razão que fez passar cá para fora.

Não havia razão para tal. Não foi lógico. Não foi coerente. Surpreendeu tudo e todos.

Em minha opinião a sua demissão deveu-se ao facto de ser inteligente e de ter, com uns anos de antecedência, entidido que António Gueterres e camaradagem Lda. iam acabar mal. kunkas 19:31 27 Setembro 2002 Caro paulo pedroso

Não vi a esquerda a pedir a demissão do MP, alias, porque o haveria de fazer?

O que eu vi, foi importantes membros da PJ ligados ao caso moderna serem afastados... porque será?

E olhe que, se a Celeste Cardona pudesse, provavemente nem o MP escapava... A sorte é que o MP é uma instituição autonoma, e como tal o seu representante não pode ser afastado pelo poder politico...

kunkas 19:22 27 Setembro 2002 Caro barnabe

Confesso que sabia que o titulo do meu post iria provocar essa reacção. Confesso que foi mesmo para provocar. Acontece que já estava a ficar um pouco farto de ver aqui neste forum a malta de esquerda ser etiquetada com epitetos... digamos... pouco abonatorios. Da forma como se doeu, penso que agora pode sentir melhor aquilo que os outros inelocutores sentem quando a linguagem se torna rude, alias, a sua é um exemplo, até bastante moderado daquilo a que me estou a referir...

Adiante...

Acusam o Expresso de ter tendencias de esquerda? Tem graça, que há uns tempos atrás, antes e depois do PSD ter ganho as eleções, iria jurar que o Expresso era (e é de direita). Convem não esquecer que o "dono" do expresso é o militante nº1 do PSD. Portanto, se de facto o expresso for tendencioso, concerteza que não será para a esquerda.

Compreendo que classifique as noticias do expresso como "invenções" quando estas não lhe convém à defesa dos seus pontos de vista, mas uma coisa é certa, não leu em nenhum outro jornal, qualquer desmentido por parte do MP. Alem disso, dado o mediatismo do assunto, seria pura cretinisse do expresso "inventar" coisas supostamente ditas pelo MP sobre este caso. Seria facilmmente desmascarado, e isso não iria contribuir em nada para a imagem e isenção que o jornal deve desejar.

Para finalizar, carneiros obdientes não faltam por estas bandas, principalmente, os que se dedicam a defender o que não tem defesa! Paulo Pedroso 17:47 27 Setembro 2002 Eu quero ver é ver o que é que estes comentadores de esquerda vão fazer quando começarem a ser divulgados todos os factos sobre as relações entre políticos de esquerda e a Univ. Moderna. Nessa altura muita gente vai perder o pio. Nessa altura vão ter um ataque de amnésia sobre tudo o que disseram e escreveram sobre Portas. Os insultos vão para a gaveta (provavelmente para a mesma onde alguns enfiaram o socialismo).

E, quem sabe, alguns jornalistas vão, de forma muito ética, responsável, imparcial e coerente, desviar a sua atenção jornalística para outros casos, tendo em conta que o caso Moderna já não interessa à opinião pública e não vale a pena chafurdar mais na *****.

POIS, POIS!!!! Paulo Pedroso 17:41 27 Setembro 2002 Meu caro Kundas,

Você já viu a esquerda pedir a demissão de alguém do ministério público? Não? Porque será?

Barnabé 16:36 27 Setembro 2002 Sondagem da UCP - Aviso aos difamadores!

Quanto ao PS, parece não ter conseguido tirar grandes benefícios dos ataques ao Governo. Em termos de intenção de voto não consegue subir, mantendo-se nos 43 pontos. Mas acima de tudo, a principal preocupação socialista é o seu próprio líder. O secretário-geral Ferro Rodrigues parece estar a dar-se mal no papel de líder da oposição. De Junho para cá, o socialista perdeu meio ponto, tendo recebido no passado fim-de-semana 9,4 valores. Esta é uma tendência que vem registando desde que está no Parlamento. Pela sua classificação se percebe que no caso Moderna se expôs demais a desgastar Paulo Portas, em vez de passar essa tarefa a outros no partido. Nos seus tempos de oposição era isso que António Guterres fazia. É que, geralmente, os eleitores não gostam de ver líderes nessas figuras. Até mesmo a prestação parlamentar do partido fica prejudicada nesta sondagem. Este mês, foram menos os que consideraram o PS como alternativa de Governo. Só 15,4 por cento escolheram aquele partido quando questionados sobre que formação política "seria capaz de fazer melhor que o actual Governo". Em Junho eram 20 por cento.

Quanto à restante oposição, o panorama também não é favorável. Tanto o PCP como o Bloco de Esquerda (BE) descem, o mesmo acontecendo aos respectivos líderes na avaliação feita aos agentes políticos.

Barnabé 16:24 27 Setembro 2002 Caro Kunkas

Serão burros?

Quem se acha? Em que conta se tem?

Uma de duas, ou você sabe da verdade toda e não passa de um miserável intriguista e difamador, ou você toam o expresso como biblia e qual carneiro obediente come todas as invenções que este lhe põe na gamela.

Depois burros são os outros... ze_cruz 11:34 27 Setembro 2002 O dr. Vitorino despediu-se "por menos" mas foi logo ocupar um cargo muito melhor que o de ministro.

Tenha dó...

kunkas 03:08 27 Setembro 2002 Serão burros?

Para os comentadores que aqui choram tantas vezes "O Portas não foi acusado de nada, o Portas não foi acusado de nada", vamos relembrar a posição do ministério publico sobre o assunto...

«Da investigação efectuada nestes autos, apurou-se que grande parte do orçamento da Amostra foi delapidado com a realização de despesas que nada teriam a ver com o seu objecto. Tais despesas, analisadas neste contexto, poderiam integrar, muito em abstracto, a prática de um crime de infidelidade» (um dos crimes contra o património).

O problema é que este tipo de crime necessita de queixa dos lesados (neste caso, os proprietários da empresa) para instaurar um processo-crime. E, segundo o MP, neste caso «nenhum dos sócios da Amostra manifestou tal vontade»...

Quem são os sócios da amostra???

Um deles é o actual CHEFE DE GABINETE do PP. Compreende-se portanto que não haja nenhum interesse em formular acusação contra o PP. Os telhados não são de vidro... são de cristal! Pensador 15:44 26 Setembro 2002 O ARDINA DEVIA SER BANIDO DAQUI , O ARDINA NÃO SABE LER NEM ESCREVER

VAI-TE EMBORA!!!

Se está escrito insira o seu comentário,

NÃO são notícias enormes dos jornais!!!!

São comentários!!!

Poupe-nos p.f.v. Pensador 15:42 26 Setembro 2002 COMPREENDAM ISTO !!!

Tenham VERGONHA e não comparem este caso com outros porque há um detalhe muito importante:

OS OUTROS DEMITARAM-SE PORQUE AINDA NEM SEQUER HAVIA UMA INVESTIGAÇÃO, NESTE CASO, É BEM DIFERENTE, JÁ HOUVE INVESTIGAÇÃO E O MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO ENCONTROU RAZÕES PARA ACUSAR PAULO PORTAS, SE HOUVESSE ACUSAVA NÃO DUVIDEM DISSO.

ACABEM COM AS COMPARAÇÕES!!!

ENTENDAM ISTO DE UMA VEZ POR TODAS, É TÃO SIMPLES... Lavardin 14:46 26 Setembro 2002 Madrinha!

Madrinha!

Madrinha! Madrinha!

Já disse hoje várias vezes mal do Dr. Portas! Sim eu sei que tambem tenho de inventar umas coisas, mas com o folar que nos dás....

Cumprimentos ao padrinho Balsemão!

Adeus Madrinha! homemrevoltado 12:07 26 Setembro 2002 Façam outras investigações e continuem esta

Proposta de trabalho jornalístico para o Expresso:

1. Listem as principais empresas de construção civil; listem os donativos que as mesmas deram aos partidos e às campanhas autárquicas; listem a participação das mesmas nas universidades privadas existentes.

2. A Moderna era uma marginal; dominavam-na patos bravos independentes que agora ficaram sem cabeça, mas mesmo depois de mortos continuam a espalhar sangue pelo caminho.

3. Listem os professores da moderna que eram deputados, ex-deputados e ex-dirigentes políticos e peçam ao Manuel Dias Loureiro para comentar.

4.Vão à Lusída, à Lusófona, à Independente, à Internacional, à Atlântica e às outras. Façam o mesmo.

5.Verão que o país fecha. Já agora, peçam ao Rui Mateus para escrever um livro sobre a matéria. Convidem o Batazar Garzon e o Juiz Prieto para comentar a coisa.

6. Riam. Riam. Riam.

7. Incluam na investigação grandes jornalistas que, a troco de um justo vencimento, se deixaram "comprar" pelo sistema. Comparem o Portugal-Casino com a Rússia-Casino, com a Ucrânia-Casino, a Moldávia-Casino, etc..

8. Portugal já foi de jangada de pedra pelo mar fora. Estamos agora acima da América do Sul, nas águas do Caribe. À espera que Henrique Galvão nos desvie para uma nova Santa Liberadade.

9. Consta que o Presidente Sampaio tem a pele dura e está presente no próximo baile de caridade organizado pelo Senhor Stanley Ho e pelo Dr. Soares. Vitor Mango 11:47 26 Setembro 2002 Claro ! O Ardina 11:37 26 Setembro 2002 Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Por JOSÉ PACHECO PEREIRA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

Destaque: A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas

Numa das suas elegias, Camões fala da memória. O "Poeta Simonides", "um dia" disse ao "capitão Temistocles" que estava a trabalhar numa "arte singular"

"que lhe ensinasse

a se lembrar de tudo o que fazia;

onde tão sutis regras lhe mostrasse

que nunca lhe passasse da memória

em nenhum tempo as cousas que passasse..."

O pobre capitão não partilhava do entusiasmo do poeta em tal projecto. O que ele queria era esquecer-se, "porque havia / as passadas lembranças por tormento", e pedia ao seu amigo que lhe desse

"... üa arte que em meus dias

me não lembrasse nada do passado,

oh! quanto milhor obra me farias!"

O Simonides camoneano trabalhava em vão, porque no seu tempo não havia tal "engenho", nem para lembrar, nem para esquecer. Como se narra em toda a elegia, a propósito de Temistocles, não havia fuga da memória, nem guerra que a apagasse, nem mar que a afogasse. O valente capitão bem podia ter vivido todas as fortes sensações de "fero Marte", que, quanto mais ele queria esquecer-se, mais se lembrava. Ele bem se perguntava:

"de que serve às pessoas alembrar-se

do que se passou já, pois tudo passa,

senão de entristecer-se e magoar-se?"

Camões fala da memória no amor, na tristeza, nas desventuras e como a memória é, ao mesmo tempo, permanência indesejada e ruptura desejada do presente face ao passado. Mas se passasse do individual ao colectivo, nos dias de hoje, o "Poeta Simonides" já deteria a "arte singular" de fazer ou esquecer ou lembrar tudo. Amor, guerra, tudo. A "arte singular", capaz de conseguir esquecer tudo, faz-se pelo "downgrade" da memória para o espectáculo e o "upgrade" da "fama", para um ciclo sempre repetível de "quinze minutos", parecendo sempre novo aos olhos do povo, preso nos ecrãs televisivos. O resultado é efemerização da memória ao imediato, e os "media" são o instrumento que Simonides não detinha na longínqua Grécia mítica de Camões.

A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas. Vivendo num mundo banhado em enormes quantidades de informação, o nosso espírito segue a linha de espectáculo, numa espécie de lei do menor esforço da mente, alimentada pelo poderoso sentido da visão. Aí a memória é uma das primeiras vítimas do ascenso da demagogia, obliterando tudo o que não seja o mais imediato.

Como a ocasião faz o ladrão, com o ascenso do efémero mediático, um novo tipo de populismo emerge. Esse populismo tem todos os traços do passado, mas tem uma vantagem suplementar: existe e reforça-se através dos meios de comunicação de massas, em sociedades onde existe uma cultura de massas. Consegue assim o ideal de garantir as massas sem precisar de as mobilizar. Não precisa de marchas, nem de formaturas, nem fanfarras, nem do perigoso espectáculo das pessoas nas ruas - embora ainda ceda por inexperiência à tentação de o fazer, sempre com resultados muito mais imperfeitos do que se se ficasse apenas com os telespectadores. O seu discurso reduz-se apenas ao "sound byte", ao título de jornal, ao vocabulário dos programas desportivos e da "casa dos famosos". A continuidade deste populismo com os mundos adjacentes do futebol, dos "reality-shows", dos artigos doces sobre as peripécias das férias no Algarve e dos romances multicoloridos, faz com que subliminarmente tudo seja como uma "telenovela", do Jardel, ao Herman SIC, ao Big Brother dos "famosos", à "Caras" e à... política.

A produção do consenso já não precisa de sistema de valores, nem de tradição, nem de cultura, nem dessas coisas incómodas que a memória transporta. O poder desloca-se subtilmente dos intelectuais, que no passado eram fonte de legitimação, para um contínuo dos artistas de variedades, da telenovela, da vida nocturna e do "jet-set" e encontra aí os parceiros que lhe dão um crescente efeito mobilizador. É aí que se fabricam as maiorias políticas, que depois se encontram nas urnas.

O mundo político português ainda está em transição e velhos hábitos do "cursus honorum" da política ainda sobrevivem. Daí que seja preciso os políticos populistas ajudarem-se uns aos outros. Eles ainda precisam de impor definitivamente o seu estilo, varrerem quem se lhes opõe para depois mandarem sem limitações. Claro que as características do populismo não permitem a partilha do Top 1, e, a prazo, o choque entre os políticos populistas fará todas as "telenovelas" do presente parecerem histórias da carochinha, junto ao duelo gigantesco de Narciso "versus" Narciso que se travará!

Para este tipo de política, para que é que é precisa a memória? A memória é uma maçada e uma limitação, impede a liberdade dos gestos e das palavras, dizer hoje uma coisa e amanhã outra, insinuar sem provas, ameaçar, meter tudo no mesmo saco. Não é esse o discurso dominante do futebol televisivo, talvez o mais próximo nos nossos dias da política populista? Por isso o combate à memória e a favor do esquecimento é um instrumento básico do populismo.

Na mitologia clássica, uma das etapas da entrada no Inferno era a travessia do rio Letes, cujas águas nos faziam esquecer, nos davam um "longae somnum", deixando para trás a identidade. É por isso que se pode ouvir dizer, sem sentido do ridículo, que "em oitocentos anos de história nunca houve...", "nunca se viu em Portugal...", "não há memória de...". Pois é, não há memória, nem precisa de haver.

O Ardina 11:30 26 Setembro 2002 Louve-se a Vida de Paulo Portas

Por LUÍS COSTA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

destaque: O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio

O meu cepticismo em relação ao universo espírita deixou de fazer sentido desde o passado domingo. Perante centenas de pessoas reunidas num largo de Lisboa, Luís Nobre Guedes, dirigente do CDS-PP, conseguiu estabelecer uma conversa com o falecido Adelino Amaro da Costa, que lhe disse, a ele e ao povo bem formado que acorreu ao comício, que não são imbecis, fizeram muito bem em resistir e, se necessário (como ele próprio terá feito, ao ser supostamente vítima de um atentado), em dar a vida pela causa que abraçou.

Eis a tese do atentado na sua máxima expressão: "Nós estamos aqui para louvar a vida de Adelino Amaro da Costa e não esquecer a sua morte", o que equivale a dizer, no contexto em que as declarações foram proferidas, "Nós estamos aqui para louvar a vida de Paulo Portas e não esquecer a sua morte, que infelizmente pode acontecer perante a sanha assassina dos tremendos 'lobbies' que montaram esta monstruosa campanha contra o corajoso ministro da Defesa". Depois de testada a opinião pública, dias antes, com a divulgação de informações que punham Paulo Portas a correr risco de vida, a "revelação mediúnica" era a cereja que faltava em cima deste bolo. E assim chegámos à brilhante ideia de uma "conversa imaginária" com o novo topónimo do Largo do Caldas.

Confesso que, à medida que se arrasta a polémica em torno das relações pouco recomendáveis entre Paulo Portas e o outrora faustoso mundo da Universidade Moderna, me afasto cada vez mais dos argumentos de natureza jurídica, política ou jornalística com os quais tem sido esgrimido o assunto. E, para evitar incómodos processos judiciais por eventual ofensa ao bom nome dos visados, sublinho desde já estar apenas a perfilhar a tese do mesmo Ministério Público que não acusou criminalmente o actual ministro da Defesa, quando concluiu, apesar de tudo, que "grande parte do orçamento da Amostra", empresa gerida por Portas, "foi delapidado com a realização de despesas que nada teriam a ver com o seu objecto".

O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio. Assim sempre seremos poupados ao evidente decréscimo de qualidade das suas tiradas (que tocaram no fundo com a já célebre trilogia da "pauta", da "malta" e "o que falta") e que nos fazem ter ainda mais saudades da escrita cuidada do jornalista ético-justiceiro, que defendia que, "em política, a presunção de inocência funciona de modo muito diferente do que sucede na vida jurídica". O mesmo Portas que se espantava, vejam bem, perante o paradoxo de se querer ter uma opinião pública, ao mesmo tempo que se lhe negava o interesse por processos políticos.

Costuma dizer-se que o ridículo mata. Por isso, sou levado a admitir que Paulo Portas corre mesmo risco de vida, essencialmente se desrespeitar os estritos limites do solene voto de silêncio ora formulado. Mas, ainda que venha a ser vítima de tão ridículo desfecho fatal, já tem assegurado que haverá sempre Luís Nobre Guedes, ou qualquer outro dirigente do CDS-PP, para servir de intermediário entre os vivos e a alma dos mortos que é, como todos sabem, a definição clássica das pessoas com poderes mediúnicos. No pior dos cenários, pode estar aqui a solução para evitar a queda do Governo, mesmo sem Portas no elenco ministerial.

E, já que estamos no universo da transcendência, despeço-me por hoje com uma apropriada frase de Adelino Amaro da Costa, que cito de uma citação feita domingo passado por Telmo Correia, com a vénia devida aos cânones da boa educação: "Que Deus nos ajude e guarde Portugal."

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Benevolência Desde a entrevista à TVI e, sobretudo, desde o inflamado discurso de Estado aos manifestantes do Caldas, multiplicaram-se as vozes nos meios de comunicação social - e até entre os comentadores do EXPRESSO Online - em defesa da tese de Paulo Portas: a de que o caso não tem a importância que os jornais lhe atribuem e há problemas mais graves a pedirem a sua atenção. Compreende-se a pressa e a pressão do ministro da Defesa Nacional para que o assunto deixe de ser notícia ou objecto de comentário. Compreende-se o nervosismo da maioria e do Governo, não só pela incomodidade que o caso em si lhes provoca, mas também porque a sua actividade tem passado para segundo plano nos telejornais e nas primeiras páginas. Já se compreende menos bem a desvalorização pressurosa do tema e a notável benevolência com que uma parte do país político e mediático começou a encará-lo. Compreende-se a pressa e a pressão do ministro da Defesa Nacional para que o assunto deixe de ser notícia ou objecto de comentário. Compreende-se o nervosismo da maioria e do Governo, não só pela incomodidade que o caso em si lhes provoca, mas também porque a sua actividade tem passado para segundo plano nos telejornais e nas primeiras páginas. Já se compreende menos bem a desvalorização pressurosa do tema e a notável benevolência com que uma parte do país político e mediático começou a encará-lo. O ideia de que Paulo Portas está a ser vítima de uma campanha foi espalhada pelo próprio por razões que facilmente se percebem, mas que não resistem à simples leitura dos jornais das últimas semanas, começando pelo EXPRESSO: em cada nova notícia têm aparecido factos novos que a justificam plenamente, como ainda agora se viu com as questões fiscais. E, sendo assim, cai pela base a tese conspirativa. Se há factos novos e relevantes de que um jornal toma conhecimento, é seu dever publicá-los, por mais que alguns leitores se aborreçam e passem à frente dizendo: «Lá vêm eles com o mesmo assunto» - ainda que o mesmo assunto afinal seja outro. O ideia de que Paulo Portas está a ser vítima de uma campanha foi espalhada pelo próprio por razões que facilmente se percebem, mas que não resistem à simples leitura dos jornais das últimas semanas, começando pelo EXPRESSO: em cada nova notícia têm aparecido factos novos que a justificam plenamente, como ainda agora se viu com as questões fiscais. E, sendo assim, cai pela base a tese conspirativa. Se há factos novos e relevantes de que um jornal toma conhecimento, é seu dever publicá-los, por mais que alguns leitores se aborreçam e passem à frente dizendo: «Lá vêm eles com o mesmo assunto» - ainda que o mesmo assunto afinal seja outro. Esta atitude displicente e contemporizadora tem vindo a fazer o seu curso. E não deixa de ser curiosa. Ao longo dos últimos anos, as questões da idoneidade, da transparência e da lisura de procedimentos dos agentes políticos, bem como do seu perfil e do seu percurso, tem sido uma verdadeira obsessão nacional. Uma obsessão saudável, aliás, visto que não faltam os casos de ligações espúrias entre figuras políticas e meios pouco recomendáveis, bem como de interesses cruzados entre o público e o privado, nem sempre muito bem explicados. Esta atitude displicente e contemporizadora tem vindo a fazer o seu curso. E não deixa de ser curiosa. Ao longo dos últimos anos, as questões da idoneidade, da transparência e da lisura de procedimentos dos agentes políticos, bem como do seu perfil e do seu percurso, tem sido uma verdadeira obsessão nacional. Uma obsessão saudável, aliás, visto que não faltam os casos de ligações espúrias entre figuras políticas e meios pouco recomendáveis, bem como de interesses cruzados entre o público e o privado, nem sempre muito bem explicados. Ora, o argumento de que há outros problemas mais graves do que o caso Paulo Portas, sendo uma verdade inquestionável, diz muito sobre o clima reinante. Alguns dos mesmos sectores e até das mesmas pessoas que sempre clamaram por transparência, que pedem verdade, clareza e responsabilidade dos agentes políticos, que lhes impõem padrões da maior exigência em termos de personalidade e carácter, declaram-se agora cansados de um caso em que são esses, precisamente, os valores em questão. À primeira declaração de Portas, correm a dizer que está tudo explicado. Perante cada nova notícia, apressam-se a desvalorizá-la, num afã desculpabilizador. Não vêem nos factos nada de condenável. Nem percebem como se pode dizer que o conhecimento desses factos e os seus desenvolvimentos já fragilizaram o actual ministro da Defesa a ponto de tornarem a sua posição insustentável. Ora, o argumento de que há outros problemas mais graves do que o caso Paulo Portas, sendo uma verdade inquestionável, diz muito sobre o clima reinante. Alguns dos mesmos sectores e até das mesmas pessoas que sempre clamaram por transparência, que pedem verdade, clareza e responsabilidade dos agentes políticos, que lhes impõem padrões da maior exigência em termos de personalidade e carácter, declaram-se agora cansados de um caso em que são esses, precisamente, os valores em questão. À primeira declaração de Portas, correm a dizer que está tudo explicado. Perante cada nova notícia, apressam-se a desvalorizá-la, num afã desculpabilizador. Não vêem nos factos nada de condenável. Nem percebem como se pode dizer que o conhecimento desses factos e os seus desenvolvimentos já fragilizaram o actual ministro da Defesa a ponto de tornarem a sua posição insustentável. O exemplo de um outro ministro da Defesa - António Vitorino - que se demitiu por menos e foi aplaudido por todos na altura, pelos vistos não serviu para nada. E com a desvalorização deste caso, o que se está a dizer é que a verdade interessa pouco, a rectidão ainda menos - ou então que podem esperar. Quando aparecer outro caso em que o protagonista tenha menos influência e menos simpatias nos jornais e nas televisões, veremos se a condescendência é a mesma e a opinião tão generosa. O exemplo de um outro ministro da Defesa - António Vitorino - que se demitiu por menos e foi aplaudido por todos na altura, pelos vistos não serviu para nada. E com a desvalorização deste caso, o que se está a dizer é que a verdade interessa pouco, a rectidão ainda menos - ou então que podem esperar. Quando aparecer outro caso em que o protagonista tenha menos influência e menos simpatias nos jornais e nas televisões, veremos se a condescendência é a mesma e a opinião tão generosa. 25 Setembro 2002

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Comentários

1 a 20 de 141 kunkas 19:47 2 Outubro 2002 Caro Paulo Pedroso

"Então não é que esses senhores tiveram a ousadia de não acusar o Paulo Portas? É um escândalo, não é?"

Parece que não entendeu... porque será? Vou explicar-lhe outra vez...

O procurador do MP, apesar de haver suficientes indicios, não acusou o Paulo Portas, não porque fosse incompetente, mas porque não podia faze-lo *SOZINHO*!!!

Tratando-se de um crime semi-publico, a queixa crime dependia dos que eventualmente se considerassem lesados, ou seja, dos amiguinhos do PP. Mas eles não se consideraram lesados( porque será?) e portanto, o MP não pode avançar com a queixa.

Percebeu ou ainda está difícil?

Lavardin 14:49 1 Outubro 2002 Sabedoria popular - o eco de madrinha no país

BARÓMETRO TSF

Portas imune à polémica

Paulo Portas mantém-se na liderança da popularidade dos líderes partidários

apesar da polémica com o caso Moderna. Na intenção de voto, o Barómetro

indica que o PS continua a ser o partido mais votado.

<<...>>

00:11

27 de Setembro 02

<<...>>

<<...>>

Paulo Portas é o líder partidário mais popular com um balanço positivo de 14

por cento. Em relação ao estudo anterior, Portas caiu apenas um por cento

apesar da recente polémica sobre o alegado envolvimento no caso Moderna.

Com uma distância significativa, segue-se Ferro Rodrigues que tem um balanço

de popularidade positivo de 3 por cento, menos 5 por cento do que no mês de

Julho.

A popularidade de Francisco Louçã também caiu mas mantém um balanço positivo

de 2 por cento.

Durão Barroso não sai da zona vermelha e até agravou o balanço negativo de

popularidade que se situa agora nos 9 por cento.

Em último lugar está Carlos Carvalhas, com um saldo negativo de 26 por

cento.

Jorge Sampaio continua a ser o preferido dos portugueses, com um saldo

positivo de 66 por cento, mais dois do que em Julho.

Partidos na mesma

Se Paulo Portas resistiu à «intempérie» Moderna, o PP até subiu um por

cento, passando para os 8 por cento da intenção de voto.

O PS e o PSD continuam na mesma.

Os socialistas são o partido com maior intenção de voto ao registarem 40 por

cento.

O PSD tem 38 por cento e em quarto lugar está o PCP com 6 por cento na

intenção de voto, mais um do que no Barómetro anterior.

O Bloco de Esquerda tem 4 por cento.

Pensador 11:48 1 Outubro 2002 SOMOS TODOS COMPARSAS DOS CRIMINOSOS

TODOS OS QUE TIVESSEM COMETIDO ALGUM ERRO NA SUA VIDA, NEM QUE FOSSE UM ERRO MÍNIMO, SE DEMITEM-SE, NÃO HAVIA POLÍTICO NENHUM, PARA CONTAR A HISTÓRIA.

JÁ AGORA QUEM NÃO PEDE FACTURA DA GASOLINA OU DO RESTAURANTE ESTÁ A DEFRAUDAR O ESTADO, ESTÁ A COLABORAR COM OS CRIMINOSOS QUE FOGEM AOS IMPOSTOS!!!!!!!!!!!!!!!

CADEIA COM TODOS!!!!!!

POUPEM-ME Paulo Pedroso 10:08 1 Outubro 2002 Meu caro Kunkas,

Não viu ninguém, na esquerda, pedir a demissão do MP e eu também não. Porque haveria de o fazer?

Deixe-me dizer-lhe porque razão o deveria fazer. Deveria pedia a demissão do Mp e de todos os que estavam envolvidos na investigação do caso Moderna porque, pelos vistos, segundo a esquerda deste país, foram todos uns incompetentes já que não souberam realizar o seu serviço como deve ser. Então não é que esses senhores tiveram a ousadia de não acusar o Paulo Portas? É um escândalo, não é?

Quanto às recentes demissões na PJ, devia prestar mais atenção. Olhe que nenhum deles esteve ligado às investigações do caso Moderna e, para além disso, a intervenção da PJ sobre este caso já terminou há muito tempo. Neste momento, a Pj não está envolvida em nenhuma investigação que pudesse por em causa Portas. Por estas e por outras é que se vê como vocês, na esquerda, não sabem ser coerentes. Antes de falar devia esclarecer-se para não abrir a boca e sair asneira.

kaifas 19:48 29 Setembro 2002 A HISTÓRIA DA DEMISSÃO DE ANTÓNIO VITORINO (AV)

A mim ninguém me convence que AV se demitiu pela razão que fez passar cá para fora.

Não havia razão para tal. Não foi lógico. Não foi coerente. Surpreendeu tudo e todos.

Em minha opinião a sua demissão deveu-se ao facto de ser inteligente e de ter, com uns anos de antecedência, entidido que António Gueterres e camaradagem Lda. iam acabar mal. kunkas 19:31 27 Setembro 2002 Caro paulo pedroso

Não vi a esquerda a pedir a demissão do MP, alias, porque o haveria de fazer?

O que eu vi, foi importantes membros da PJ ligados ao caso moderna serem afastados... porque será?

E olhe que, se a Celeste Cardona pudesse, provavemente nem o MP escapava... A sorte é que o MP é uma instituição autonoma, e como tal o seu representante não pode ser afastado pelo poder politico...

kunkas 19:22 27 Setembro 2002 Caro barnabe

Confesso que sabia que o titulo do meu post iria provocar essa reacção. Confesso que foi mesmo para provocar. Acontece que já estava a ficar um pouco farto de ver aqui neste forum a malta de esquerda ser etiquetada com epitetos... digamos... pouco abonatorios. Da forma como se doeu, penso que agora pode sentir melhor aquilo que os outros inelocutores sentem quando a linguagem se torna rude, alias, a sua é um exemplo, até bastante moderado daquilo a que me estou a referir...

Adiante...

Acusam o Expresso de ter tendencias de esquerda? Tem graça, que há uns tempos atrás, antes e depois do PSD ter ganho as eleções, iria jurar que o Expresso era (e é de direita). Convem não esquecer que o "dono" do expresso é o militante nº1 do PSD. Portanto, se de facto o expresso for tendencioso, concerteza que não será para a esquerda.

Compreendo que classifique as noticias do expresso como "invenções" quando estas não lhe convém à defesa dos seus pontos de vista, mas uma coisa é certa, não leu em nenhum outro jornal, qualquer desmentido por parte do MP. Alem disso, dado o mediatismo do assunto, seria pura cretinisse do expresso "inventar" coisas supostamente ditas pelo MP sobre este caso. Seria facilmmente desmascarado, e isso não iria contribuir em nada para a imagem e isenção que o jornal deve desejar.

Para finalizar, carneiros obdientes não faltam por estas bandas, principalmente, os que se dedicam a defender o que não tem defesa! Paulo Pedroso 17:47 27 Setembro 2002 Eu quero ver é ver o que é que estes comentadores de esquerda vão fazer quando começarem a ser divulgados todos os factos sobre as relações entre políticos de esquerda e a Univ. Moderna. Nessa altura muita gente vai perder o pio. Nessa altura vão ter um ataque de amnésia sobre tudo o que disseram e escreveram sobre Portas. Os insultos vão para a gaveta (provavelmente para a mesma onde alguns enfiaram o socialismo).

E, quem sabe, alguns jornalistas vão, de forma muito ética, responsável, imparcial e coerente, desviar a sua atenção jornalística para outros casos, tendo em conta que o caso Moderna já não interessa à opinião pública e não vale a pena chafurdar mais na *****.

POIS, POIS!!!! Paulo Pedroso 17:41 27 Setembro 2002 Meu caro Kundas,

Você já viu a esquerda pedir a demissão de alguém do ministério público? Não? Porque será?

Barnabé 16:36 27 Setembro 2002 Sondagem da UCP - Aviso aos difamadores!

Quanto ao PS, parece não ter conseguido tirar grandes benefícios dos ataques ao Governo. Em termos de intenção de voto não consegue subir, mantendo-se nos 43 pontos. Mas acima de tudo, a principal preocupação socialista é o seu próprio líder. O secretário-geral Ferro Rodrigues parece estar a dar-se mal no papel de líder da oposição. De Junho para cá, o socialista perdeu meio ponto, tendo recebido no passado fim-de-semana 9,4 valores. Esta é uma tendência que vem registando desde que está no Parlamento. Pela sua classificação se percebe que no caso Moderna se expôs demais a desgastar Paulo Portas, em vez de passar essa tarefa a outros no partido. Nos seus tempos de oposição era isso que António Guterres fazia. É que, geralmente, os eleitores não gostam de ver líderes nessas figuras. Até mesmo a prestação parlamentar do partido fica prejudicada nesta sondagem. Este mês, foram menos os que consideraram o PS como alternativa de Governo. Só 15,4 por cento escolheram aquele partido quando questionados sobre que formação política "seria capaz de fazer melhor que o actual Governo". Em Junho eram 20 por cento.

Quanto à restante oposição, o panorama também não é favorável. Tanto o PCP como o Bloco de Esquerda (BE) descem, o mesmo acontecendo aos respectivos líderes na avaliação feita aos agentes políticos.

Barnabé 16:24 27 Setembro 2002 Caro Kunkas

Serão burros?

Quem se acha? Em que conta se tem?

Uma de duas, ou você sabe da verdade toda e não passa de um miserável intriguista e difamador, ou você toam o expresso como biblia e qual carneiro obediente come todas as invenções que este lhe põe na gamela.

Depois burros são os outros... ze_cruz 11:34 27 Setembro 2002 O dr. Vitorino despediu-se "por menos" mas foi logo ocupar um cargo muito melhor que o de ministro.

Tenha dó...

kunkas 03:08 27 Setembro 2002 Serão burros?

Para os comentadores que aqui choram tantas vezes "O Portas não foi acusado de nada, o Portas não foi acusado de nada", vamos relembrar a posição do ministério publico sobre o assunto...

«Da investigação efectuada nestes autos, apurou-se que grande parte do orçamento da Amostra foi delapidado com a realização de despesas que nada teriam a ver com o seu objecto. Tais despesas, analisadas neste contexto, poderiam integrar, muito em abstracto, a prática de um crime de infidelidade» (um dos crimes contra o património).

O problema é que este tipo de crime necessita de queixa dos lesados (neste caso, os proprietários da empresa) para instaurar um processo-crime. E, segundo o MP, neste caso «nenhum dos sócios da Amostra manifestou tal vontade»...

Quem são os sócios da amostra???

Um deles é o actual CHEFE DE GABINETE do PP. Compreende-se portanto que não haja nenhum interesse em formular acusação contra o PP. Os telhados não são de vidro... são de cristal! Pensador 15:44 26 Setembro 2002 O ARDINA DEVIA SER BANIDO DAQUI , O ARDINA NÃO SABE LER NEM ESCREVER

VAI-TE EMBORA!!!

Se está escrito insira o seu comentário,

NÃO são notícias enormes dos jornais!!!!

São comentários!!!

Poupe-nos p.f.v. Pensador 15:42 26 Setembro 2002 COMPREENDAM ISTO !!!

Tenham VERGONHA e não comparem este caso com outros porque há um detalhe muito importante:

OS OUTROS DEMITARAM-SE PORQUE AINDA NEM SEQUER HAVIA UMA INVESTIGAÇÃO, NESTE CASO, É BEM DIFERENTE, JÁ HOUVE INVESTIGAÇÃO E O MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO ENCONTROU RAZÕES PARA ACUSAR PAULO PORTAS, SE HOUVESSE ACUSAVA NÃO DUVIDEM DISSO.

ACABEM COM AS COMPARAÇÕES!!!

ENTENDAM ISTO DE UMA VEZ POR TODAS, É TÃO SIMPLES... Lavardin 14:46 26 Setembro 2002 Madrinha!

Madrinha!

Madrinha! Madrinha!

Já disse hoje várias vezes mal do Dr. Portas! Sim eu sei que tambem tenho de inventar umas coisas, mas com o folar que nos dás....

Cumprimentos ao padrinho Balsemão!

Adeus Madrinha! homemrevoltado 12:07 26 Setembro 2002 Façam outras investigações e continuem esta

Proposta de trabalho jornalístico para o Expresso:

1. Listem as principais empresas de construção civil; listem os donativos que as mesmas deram aos partidos e às campanhas autárquicas; listem a participação das mesmas nas universidades privadas existentes.

2. A Moderna era uma marginal; dominavam-na patos bravos independentes que agora ficaram sem cabeça, mas mesmo depois de mortos continuam a espalhar sangue pelo caminho.

3. Listem os professores da moderna que eram deputados, ex-deputados e ex-dirigentes políticos e peçam ao Manuel Dias Loureiro para comentar.

4.Vão à Lusída, à Lusófona, à Independente, à Internacional, à Atlântica e às outras. Façam o mesmo.

5.Verão que o país fecha. Já agora, peçam ao Rui Mateus para escrever um livro sobre a matéria. Convidem o Batazar Garzon e o Juiz Prieto para comentar a coisa.

6. Riam. Riam. Riam.

7. Incluam na investigação grandes jornalistas que, a troco de um justo vencimento, se deixaram "comprar" pelo sistema. Comparem o Portugal-Casino com a Rússia-Casino, com a Ucrânia-Casino, a Moldávia-Casino, etc..

8. Portugal já foi de jangada de pedra pelo mar fora. Estamos agora acima da América do Sul, nas águas do Caribe. À espera que Henrique Galvão nos desvie para uma nova Santa Liberadade.

9. Consta que o Presidente Sampaio tem a pele dura e está presente no próximo baile de caridade organizado pelo Senhor Stanley Ho e pelo Dr. Soares. Vitor Mango 11:47 26 Setembro 2002 Claro ! O Ardina 11:37 26 Setembro 2002 Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Por JOSÉ PACHECO PEREIRA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

Destaque: A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas

Numa das suas elegias, Camões fala da memória. O "Poeta Simonides", "um dia" disse ao "capitão Temistocles" que estava a trabalhar numa "arte singular"

"que lhe ensinasse

a se lembrar de tudo o que fazia;

onde tão sutis regras lhe mostrasse

que nunca lhe passasse da memória

em nenhum tempo as cousas que passasse..."

O pobre capitão não partilhava do entusiasmo do poeta em tal projecto. O que ele queria era esquecer-se, "porque havia / as passadas lembranças por tormento", e pedia ao seu amigo que lhe desse

"... üa arte que em meus dias

me não lembrasse nada do passado,

oh! quanto milhor obra me farias!"

O Simonides camoneano trabalhava em vão, porque no seu tempo não havia tal "engenho", nem para lembrar, nem para esquecer. Como se narra em toda a elegia, a propósito de Temistocles, não havia fuga da memória, nem guerra que a apagasse, nem mar que a afogasse. O valente capitão bem podia ter vivido todas as fortes sensações de "fero Marte", que, quanto mais ele queria esquecer-se, mais se lembrava. Ele bem se perguntava:

"de que serve às pessoas alembrar-se

do que se passou já, pois tudo passa,

senão de entristecer-se e magoar-se?"

Camões fala da memória no amor, na tristeza, nas desventuras e como a memória é, ao mesmo tempo, permanência indesejada e ruptura desejada do presente face ao passado. Mas se passasse do individual ao colectivo, nos dias de hoje, o "Poeta Simonides" já deteria a "arte singular" de fazer ou esquecer ou lembrar tudo. Amor, guerra, tudo. A "arte singular", capaz de conseguir esquecer tudo, faz-se pelo "downgrade" da memória para o espectáculo e o "upgrade" da "fama", para um ciclo sempre repetível de "quinze minutos", parecendo sempre novo aos olhos do povo, preso nos ecrãs televisivos. O resultado é efemerização da memória ao imediato, e os "media" são o instrumento que Simonides não detinha na longínqua Grécia mítica de Camões.

A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas. Vivendo num mundo banhado em enormes quantidades de informação, o nosso espírito segue a linha de espectáculo, numa espécie de lei do menor esforço da mente, alimentada pelo poderoso sentido da visão. Aí a memória é uma das primeiras vítimas do ascenso da demagogia, obliterando tudo o que não seja o mais imediato.

Como a ocasião faz o ladrão, com o ascenso do efémero mediático, um novo tipo de populismo emerge. Esse populismo tem todos os traços do passado, mas tem uma vantagem suplementar: existe e reforça-se através dos meios de comunicação de massas, em sociedades onde existe uma cultura de massas. Consegue assim o ideal de garantir as massas sem precisar de as mobilizar. Não precisa de marchas, nem de formaturas, nem fanfarras, nem do perigoso espectáculo das pessoas nas ruas - embora ainda ceda por inexperiência à tentação de o fazer, sempre com resultados muito mais imperfeitos do que se se ficasse apenas com os telespectadores. O seu discurso reduz-se apenas ao "sound byte", ao título de jornal, ao vocabulário dos programas desportivos e da "casa dos famosos". A continuidade deste populismo com os mundos adjacentes do futebol, dos "reality-shows", dos artigos doces sobre as peripécias das férias no Algarve e dos romances multicoloridos, faz com que subliminarmente tudo seja como uma "telenovela", do Jardel, ao Herman SIC, ao Big Brother dos "famosos", à "Caras" e à... política.

A produção do consenso já não precisa de sistema de valores, nem de tradição, nem de cultura, nem dessas coisas incómodas que a memória transporta. O poder desloca-se subtilmente dos intelectuais, que no passado eram fonte de legitimação, para um contínuo dos artistas de variedades, da telenovela, da vida nocturna e do "jet-set" e encontra aí os parceiros que lhe dão um crescente efeito mobilizador. É aí que se fabricam as maiorias políticas, que depois se encontram nas urnas.

O mundo político português ainda está em transição e velhos hábitos do "cursus honorum" da política ainda sobrevivem. Daí que seja preciso os políticos populistas ajudarem-se uns aos outros. Eles ainda precisam de impor definitivamente o seu estilo, varrerem quem se lhes opõe para depois mandarem sem limitações. Claro que as características do populismo não permitem a partilha do Top 1, e, a prazo, o choque entre os políticos populistas fará todas as "telenovelas" do presente parecerem histórias da carochinha, junto ao duelo gigantesco de Narciso "versus" Narciso que se travará!

Para este tipo de política, para que é que é precisa a memória? A memória é uma maçada e uma limitação, impede a liberdade dos gestos e das palavras, dizer hoje uma coisa e amanhã outra, insinuar sem provas, ameaçar, meter tudo no mesmo saco. Não é esse o discurso dominante do futebol televisivo, talvez o mais próximo nos nossos dias da política populista? Por isso o combate à memória e a favor do esquecimento é um instrumento básico do populismo.

Na mitologia clássica, uma das etapas da entrada no Inferno era a travessia do rio Letes, cujas águas nos faziam esquecer, nos davam um "longae somnum", deixando para trás a identidade. É por isso que se pode ouvir dizer, sem sentido do ridículo, que "em oitocentos anos de história nunca houve...", "nunca se viu em Portugal...", "não há memória de...". Pois é, não há memória, nem precisa de haver.

O Ardina 11:30 26 Setembro 2002 Louve-se a Vida de Paulo Portas

Por LUÍS COSTA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

destaque: O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio

O meu cepticismo em relação ao universo espírita deixou de fazer sentido desde o passado domingo. Perante centenas de pessoas reunidas num largo de Lisboa, Luís Nobre Guedes, dirigente do CDS-PP, conseguiu estabelecer uma conversa com o falecido Adelino Amaro da Costa, que lhe disse, a ele e ao povo bem formado que acorreu ao comício, que não são imbecis, fizeram muito bem em resistir e, se necessário (como ele próprio terá feito, ao ser supostamente vítima de um atentado), em dar a vida pela causa que abraçou.

Eis a tese do atentado na sua máxima expressão: "Nós estamos aqui para louvar a vida de Adelino Amaro da Costa e não esquecer a sua morte", o que equivale a dizer, no contexto em que as declarações foram proferidas, "Nós estamos aqui para louvar a vida de Paulo Portas e não esquecer a sua morte, que infelizmente pode acontecer perante a sanha assassina dos tremendos 'lobbies' que montaram esta monstruosa campanha contra o corajoso ministro da Defesa". Depois de testada a opinião pública, dias antes, com a divulgação de informações que punham Paulo Portas a correr risco de vida, a "revelação mediúnica" era a cereja que faltava em cima deste bolo. E assim chegámos à brilhante ideia de uma "conversa imaginária" com o novo topónimo do Largo do Caldas.

Confesso que, à medida que se arrasta a polémica em torno das relações pouco recomendáveis entre Paulo Portas e o outrora faustoso mundo da Universidade Moderna, me afasto cada vez mais dos argumentos de natureza jurídica, política ou jornalística com os quais tem sido esgrimido o assunto. E, para evitar incómodos processos judiciais por eventual ofensa ao bom nome dos visados, sublinho desde já estar apenas a perfilhar a tese do mesmo Ministério Público que não acusou criminalmente o actual ministro da Defesa, quando concluiu, apesar de tudo, que "grande parte do orçamento da Amostra", empresa gerida por Portas, "foi delapidado com a realização de despesas que nada teriam a ver com o seu objecto".

O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio. Assim sempre seremos poupados ao evidente decréscimo de qualidade das suas tiradas (que tocaram no fundo com a já célebre trilogia da "pauta", da "malta" e "o que falta") e que nos fazem ter ainda mais saudades da escrita cuidada do jornalista ético-justiceiro, que defendia que, "em política, a presunção de inocência funciona de modo muito diferente do que sucede na vida jurídica". O mesmo Portas que se espantava, vejam bem, perante o paradoxo de se querer ter uma opinião pública, ao mesmo tempo que se lhe negava o interesse por processos políticos.

Costuma dizer-se que o ridículo mata. Por isso, sou levado a admitir que Paulo Portas corre mesmo risco de vida, essencialmente se desrespeitar os estritos limites do solene voto de silêncio ora formulado. Mas, ainda que venha a ser vítima de tão ridículo desfecho fatal, já tem assegurado que haverá sempre Luís Nobre Guedes, ou qualquer outro dirigente do CDS-PP, para servir de intermediário entre os vivos e a alma dos mortos que é, como todos sabem, a definição clássica das pessoas com poderes mediúnicos. No pior dos cenários, pode estar aqui a solução para evitar a queda do Governo, mesmo sem Portas no elenco ministerial.

E, já que estamos no universo da transcendência, despeço-me por hoje com uma apropriada frase de Adelino Amaro da Costa, que cito de uma citação feita domingo passado por Telmo Correia, com a vénia devida aos cânones da boa educação: "Que Deus nos ajude e guarde Portugal."

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