Sociais-democratas preocupados com o futuro Governo

24-08-2004
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Sociais-democratas Preocupados com o Futuro Governo

Por HELENA PEREIRA

Quarta-feira, 30 de Junho de 2004

A continuidade das políticas do actual Governo foi motivo de discussão na reunião da comissão política do PSD, realizada ontem. Embora toda a gente tivesse apoiado Durão Barroso - o vice-presidente Rui Rio, que tem reservas quanto à sucessão do líder foi a única pessoa que não compareceu -, a maior parte das pessoas manifestou alguma preocupação quanto ao futuro, nomeadamente se o próximo Governo irá manter a linha de rumo do actual. Durão Barroso foi o primeiro a falar na reunião. Santana Lopes o segundo.

Segundo o relato da reunião feito ao PÚBLICO, os dois garantiram que a transição de poder será apenas uma mudança do protagonista principal - o primeiro-ministro -, mas não do programa de Governo. A maior parte das pessoas salientou que há um projecto que é preciso levar avante, há uma coligação com o CDS que deve ser mantida, não se pode mudar as políticas em termos substanciais porque isso poria em causa o programa de Governo aprovado em 2002. Durão e Santana reiteraram de novo essa intenção.

Tem-se criado a ideia, nos sectores sociais-democratas que não aceitam bem o nome de Santana Lopes para primeiro-ministro, que este irá pôr em causa o esforço de contenção e de correcção do défice iniciado por Manuela Ferreira Leite. Santana não falou como futuro primeiro-ministro, mas disse que o PSD deve, por respeito por Durão, cumprir o programa da legislatura e disse que ainda não tinha feito convites para um eventual Governo e que alguns nomes de ministeriáveis que surgiram na comunicação social não fazem sentido.

A hipótese de haver congresso extraordinário imediatamente não foi discutida, uma vez que a direcção do PSD considera que este pode ser feito, mas mais tarde.

Alguns membros, entre os quais o presidente do PSD-Açores, insurgiram-se contra os sociais-democratas que têm criticado a solução-Santana Lopes - como Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes -, considerando que, assim, estão a dar argumentos ao PS para atacar o PSD e pedir eleições antecipadas.

Dezanove das 18 distritais do PSD tinham emitido anteontem à noite um comunicado de apoio a Pedro Santana Lopes, em que também criticam os barões do partido. "Quem agora divide, só pretende reinar. Quem questiona agora a legitimidade do conselho nacional para tomar uma decisão não conhece a história do partido. Confunde a legitimidade dos órgãos próprios do PSD com a legitimidade da comunicação social. Quer condicionar por fora porque nunca conseguirá condicionar por dentro", lê-se. O comunicado não conta com a assinatura do dirigente distrital de Aveiro precisamente porque, apesar de apoiar Santana, não concordou com o contra-ataque interno que é feito neste parágrafo.

O texto, de sete páginas, revela ainda a preocupação das distritais em que o PSD "não possa desbaratar" o esforço já feito do ponto de vista "orçamental e financeiro" e pedem a Santana que, se for primeiro-ministro, dê "continuidade àquilo que foram as propostas eleitorais do PSD maioritariamente legitimadas pelos portugueses nas últimas eleições legislativas".

Dias Loureiro insiste no rigor orçamental

O presidente da mesa do congresso do PSD, Manuel Dias Loureiro, afirmou ontem ao PÚBLICO que "em termos constitucionais não tem que haver" eleições antecipadas e que a actual legislatura deve ir até ao fim, evitando comentar a decisão de Durão, que considerou "um facto já consumado".

Sobre "o golpe de Estado" denunciado por Ferreira Leite se Santana não for eleito em congresso, Dias Loureiro considera que a eleição em conselho nacional é "completamente estatutária". "Outra coisa é saber se o posterior líder eleito quer ratificar a sua eleição em congresso e isso acho bem que se faça, mas com serenidade e calma", explica.

Sobre Santana, diz que vai ser um líder e primeiro-ministro "capaz" e que deverá "cumprir o programa de Governo que foi apresentado ao eleitorado" em 2002.

"Tem que continuar a busca da estabilidade financeira, do rigor orçamental e do crescimento económico" para que a retoma não seja "ténue". "É importante que nós em Portugal façamos as coisas bem feitas", disse.

Sociais-democratas Preocupados com o Futuro Governo

Por HELENA PEREIRA

Quarta-feira, 30 de Junho de 2004

A continuidade das políticas do actual Governo foi motivo de discussão na reunião da comissão política do PSD, realizada ontem. Embora toda a gente tivesse apoiado Durão Barroso - o vice-presidente Rui Rio, que tem reservas quanto à sucessão do líder foi a única pessoa que não compareceu -, a maior parte das pessoas manifestou alguma preocupação quanto ao futuro, nomeadamente se o próximo Governo irá manter a linha de rumo do actual. Durão Barroso foi o primeiro a falar na reunião. Santana Lopes o segundo.

Segundo o relato da reunião feito ao PÚBLICO, os dois garantiram que a transição de poder será apenas uma mudança do protagonista principal - o primeiro-ministro -, mas não do programa de Governo. A maior parte das pessoas salientou que há um projecto que é preciso levar avante, há uma coligação com o CDS que deve ser mantida, não se pode mudar as políticas em termos substanciais porque isso poria em causa o programa de Governo aprovado em 2002. Durão e Santana reiteraram de novo essa intenção.

Tem-se criado a ideia, nos sectores sociais-democratas que não aceitam bem o nome de Santana Lopes para primeiro-ministro, que este irá pôr em causa o esforço de contenção e de correcção do défice iniciado por Manuela Ferreira Leite. Santana não falou como futuro primeiro-ministro, mas disse que o PSD deve, por respeito por Durão, cumprir o programa da legislatura e disse que ainda não tinha feito convites para um eventual Governo e que alguns nomes de ministeriáveis que surgiram na comunicação social não fazem sentido.

A hipótese de haver congresso extraordinário imediatamente não foi discutida, uma vez que a direcção do PSD considera que este pode ser feito, mas mais tarde.

Alguns membros, entre os quais o presidente do PSD-Açores, insurgiram-se contra os sociais-democratas que têm criticado a solução-Santana Lopes - como Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes -, considerando que, assim, estão a dar argumentos ao PS para atacar o PSD e pedir eleições antecipadas.

Dezanove das 18 distritais do PSD tinham emitido anteontem à noite um comunicado de apoio a Pedro Santana Lopes, em que também criticam os barões do partido. "Quem agora divide, só pretende reinar. Quem questiona agora a legitimidade do conselho nacional para tomar uma decisão não conhece a história do partido. Confunde a legitimidade dos órgãos próprios do PSD com a legitimidade da comunicação social. Quer condicionar por fora porque nunca conseguirá condicionar por dentro", lê-se. O comunicado não conta com a assinatura do dirigente distrital de Aveiro precisamente porque, apesar de apoiar Santana, não concordou com o contra-ataque interno que é feito neste parágrafo.

O texto, de sete páginas, revela ainda a preocupação das distritais em que o PSD "não possa desbaratar" o esforço já feito do ponto de vista "orçamental e financeiro" e pedem a Santana que, se for primeiro-ministro, dê "continuidade àquilo que foram as propostas eleitorais do PSD maioritariamente legitimadas pelos portugueses nas últimas eleições legislativas".

Dias Loureiro insiste no rigor orçamental

O presidente da mesa do congresso do PSD, Manuel Dias Loureiro, afirmou ontem ao PÚBLICO que "em termos constitucionais não tem que haver" eleições antecipadas e que a actual legislatura deve ir até ao fim, evitando comentar a decisão de Durão, que considerou "um facto já consumado".

Sobre "o golpe de Estado" denunciado por Ferreira Leite se Santana não for eleito em congresso, Dias Loureiro considera que a eleição em conselho nacional é "completamente estatutária". "Outra coisa é saber se o posterior líder eleito quer ratificar a sua eleição em congresso e isso acho bem que se faça, mas com serenidade e calma", explica.

Sobre Santana, diz que vai ser um líder e primeiro-ministro "capaz" e que deverá "cumprir o programa de Governo que foi apresentado ao eleitorado" em 2002.

"Tem que continuar a busca da estabilidade financeira, do rigor orçamental e do crescimento económico" para que a retoma não seja "ténue". "É importante que nós em Portugal façamos as coisas bem feitas", disse.

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