Ex-chefe de gabinete de Dias Loureiro da Direcção Distrital de Lisboa

18-12-2002
marcar artigo

Maior cobradora de impostos do país

Ex-chefe de Gabinete de Dias Loureiro da Direcção Distrital de Lisboa

Por J.R.A.

Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2002

A maior direcção distrital de Finanças do país, por onde passa mais de 70 por cento do movimento fiscal nacional, ficará sob a coordenação do actual director distrital de Finanças de Coimbra. Manuel Joaquim Marcelino, 51 anos, economista de formação e funcionário tributário desde 1969, exerceu, de 1991 a 1995, as funções chefe de gabinete de Manuel Dias Loureiro, quando este foi ministro da Administração Interna.

Consensualmente, entre dirigentes contactos pelo PÚBLICO, reconhecem-no como "um bom colega", "um funcionário tributário e técnico competente", uma pessoa que seguiu a carreira dentro da DGCI. Mas também se levanta o argumento se será a pessoa indicada para coordenar a administração da capital. Entre os contactados, há quem suscite o facto de actualmente os lugares como o que vai exercer - equiparado ao posto de subdirector-geral - ser de confiança política.

O ex-director de Coimbra vai, aliás, ocupar um posto num contexto de alguma perturbação e como uma solução de recurso. O cargo sempre foi sujeito a fortes pressões e rumores de actos irregulares. A concentração de um grande "tráfego" fiscal num número reduzido de pessoas sempre motivou projectos de divisão dos serviços.

Desde os anos 80 que se tornou clara a necessidade de criar duas direcções distritais. Miguel Cadilhe, ministro das Finanças de Cavaco Silva, aprovou em 1987 um decreto nesse sentido que nunca chegou a ser aplicado. Em 1994, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, após uma missão a Portugal, ratificou essa opinião. Um ano depois, o relatório da Comissão para a Aperfeiçoamento da Reforma Fiscal, coordenado por José Silva Lopes, propôs-se o mesmo. Os resultados foram nulos.

Passados onze anos e sob rumores insistentes de actos irregulares praticados pela administração nunca investigados, foi decidido reparti-la em 1998 em duas direcções distritais. Mas os resultados não foram os melhores. Os responsáveis da 1ª Direcção Distrital de Finanças viram-se envolvidos no polémico caso da venda do imóvel da Lanalgo, com um processo disciplinar ao director adjunto que resultou na sua aposentação. Na 2ª Direcção Distrital de Finanças, o director adjunto foi colocado em rotatividade de serviços na sequência de investigações feitas.

A junção dos serviços decidida por este Governo surge, assim, contra todos os conselhos feitos no passado, agravados com uma maior concentração dos impostos cobrados na capital verificada desde a década de 80 para cá. Acresce ainda que a escolha de um ex-chefe de gabinete de Dias Loureiro para esse posto, independentemente da qualidade do técnico escolhido, pode suscitar dúvidas sobre se selecção não foi política.

Maior cobradora de impostos do país

Ex-chefe de Gabinete de Dias Loureiro da Direcção Distrital de Lisboa

Por J.R.A.

Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2002

A maior direcção distrital de Finanças do país, por onde passa mais de 70 por cento do movimento fiscal nacional, ficará sob a coordenação do actual director distrital de Finanças de Coimbra. Manuel Joaquim Marcelino, 51 anos, economista de formação e funcionário tributário desde 1969, exerceu, de 1991 a 1995, as funções chefe de gabinete de Manuel Dias Loureiro, quando este foi ministro da Administração Interna.

Consensualmente, entre dirigentes contactos pelo PÚBLICO, reconhecem-no como "um bom colega", "um funcionário tributário e técnico competente", uma pessoa que seguiu a carreira dentro da DGCI. Mas também se levanta o argumento se será a pessoa indicada para coordenar a administração da capital. Entre os contactados, há quem suscite o facto de actualmente os lugares como o que vai exercer - equiparado ao posto de subdirector-geral - ser de confiança política.

O ex-director de Coimbra vai, aliás, ocupar um posto num contexto de alguma perturbação e como uma solução de recurso. O cargo sempre foi sujeito a fortes pressões e rumores de actos irregulares. A concentração de um grande "tráfego" fiscal num número reduzido de pessoas sempre motivou projectos de divisão dos serviços.

Desde os anos 80 que se tornou clara a necessidade de criar duas direcções distritais. Miguel Cadilhe, ministro das Finanças de Cavaco Silva, aprovou em 1987 um decreto nesse sentido que nunca chegou a ser aplicado. Em 1994, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, após uma missão a Portugal, ratificou essa opinião. Um ano depois, o relatório da Comissão para a Aperfeiçoamento da Reforma Fiscal, coordenado por José Silva Lopes, propôs-se o mesmo. Os resultados foram nulos.

Passados onze anos e sob rumores insistentes de actos irregulares praticados pela administração nunca investigados, foi decidido reparti-la em 1998 em duas direcções distritais. Mas os resultados não foram os melhores. Os responsáveis da 1ª Direcção Distrital de Finanças viram-se envolvidos no polémico caso da venda do imóvel da Lanalgo, com um processo disciplinar ao director adjunto que resultou na sua aposentação. Na 2ª Direcção Distrital de Finanças, o director adjunto foi colocado em rotatividade de serviços na sequência de investigações feitas.

A junção dos serviços decidida por este Governo surge, assim, contra todos os conselhos feitos no passado, agravados com uma maior concentração dos impostos cobrados na capital verificada desde a década de 80 para cá. Acresce ainda que a escolha de um ex-chefe de gabinete de Dias Loureiro para esse posto, independentemente da qualidade do técnico escolhido, pode suscitar dúvidas sobre se selecção não foi política.

marcar artigo