EXPRESSO: País

18-06-2002
marcar artigo

PSD arranca para Congresso Na semana em que Santana ameaçou demitir-se de «vice», Dias Loureiro confirmou o seu regresso Luiz Carvalho Durão Barroso com Dias Loureiro: depois de ter recusado o convite para o Executivo, o «barão» de Coimbra volta à política activa CERRAR fileiras em apoio ao Governo, consagrar como prioridade a reforma do sistema político e lançar um debate interno para reformar o próprio partido - são estas as linhas-mestras que conduzirão o próximo Congresso do PSD, previsto para o início de Julho. O XXIV Congresso já está em marcha e esperam-se mexidas na composição dos órgãos nacionais, com uma figura a reforçar a sua posição: Manuel Dias Loureiro, que está a desfazer-se da maioria dos cargos nas suas empresas para se dedicar mais à política. CERRAR fileiras em apoio ao Governo, consagrar como prioridade a reforma do sistema político e lançar um debate interno para reformar o próprio partido - são estas as linhas-mestras que conduzirão o próximo Congresso do PSD, previsto para o início de Julho. O XXIV Congresso já está em marcha e esperam-se mexidas na composição dos órgãos nacionais, com uma figura a reforçar a sua posição: Manuel Dias Loureiro, que está a desfazer-se da maioria dos cargos nas suas empresas para se dedicar mais à política. O «regresso» de Dias Loureiro - na mesma semana em que Pedro Santana Lopes admitiu a sua saída de vice-presidente - foi recebido com surpresa no PSD, especulando-se sobre a possibilidade de vir a tornar-se primeiro vice-presidente do líder, Durão Barroso (e assumir em relação a este um papel semelhante ao desempenhado por Fernando Nogueira na liderança de Cavaco Silva). Ainda não está nada definido, mas é de ter em conta que Dias Loureiro é presidente da mesa do Congresso e teve já um papel decisivo na escolha dos candidatos às eleições autárquicas e às eleições legislativas - o que lhe confere actualmente um peso e uma influência muito grandes no partido. Numa altura em que a maioria dos dirigentes do PSD estão no Governo, há quem chame a atenção para a necessidade de o partido ter vida própria e alguém que o «lidere» no dia-a-dia. Segundo o EXPRESSO apurou, Durão Barroso está à procura de uma solução de equilíbrio, na tentativa de manter as duas figuras ao seu lado. Nesta semana, Barroso almoçou com Santana Lopes, para esclarecer precisamente o futuro deste no partido. Por outro lado, atribuiu a Dias Loureiro a coordenação da redacção da moção global de estratégia a apresentar pela direcção ao Congresso. Barroso dá ordem para mobilizar PSD Além disso, e também por determinação de Durão Barroso, Dias Loureiro e José Luís Arnaut (secretário-geral do partido e ministro-adjunto do primeiro-ministro) iniciaram esta semana uma ronda pelas distritais do PSD, para ouvir os militantes e explicar as medidas do Governo. A ideia é mobilizar as estruturas do partido e mantê-las em articulação permanente com o Executivo. A ronda de contactos deverá ser feita pelo menos duas vezes por ano e abranger os autarcas do PSD. José Luís Arnaut esteve já nas distritais de Portalegre, Évora, Vila Real, Viseu e Braga, e Dias Loureiro esteve na Área Oeste, deslocando-se na próxima semana ao Porto, a Coimbra e a Aveiro. Dar uma imagem de unidade do partido em apoio ao Governo é, de resto, a estratégia de base da actual direcção para o Congresso. O problema é como compatibilizar isso com os sectores e dirigentes mais críticos (como Santana Lopes) que defendem que «o partido tem de ter vida própria» e não ficar refém do Governo, como já aconteceu no passado. Em cima da mesa está também a promessa, de que todos se lembram, feita por Durão Barroso depois do Congresso de Viseu (em 2000), de debater com profundidade os estatutos do partido e, nomeadamente, a proposta de alterar o método de eleição do líder (através do voto directo pelos militantes, em vez do actual voto pelos delegados, em Congresso). Na ordem de trabalhos do Congresso, aprovada no último Conselho Nacional, não consta, porém, qualquer revisão estatutária. Comissão para reformar o partido Segundo o EXPRESSO apurou, Durão Barroso deverá tentar uma solução de compromisso: alegando que, com a precipitação das eleições legislativas, não houve tempo para o partido se preparar, deverá propor a constituição de uma comissão para estudar e seleccionar as propostas de revisão dos estatutos e de reorganização do partido. Tudo indica, assim, que o Congresso se dividirá entre entre os que defendem a necessidade de cerrar fileiras em apoio ao Governo e os que defendem que o partido tem de começar já um processo de renovação. «O país não compreenderia que o PSD mergulhasse agora em disputas internas ou a olhar para o umbigo. O que tem de discutir-se é a intervenção que o partido deve ter, numa altura tão difícil para o país», defende Luís Rodrigues, líder do PSD-Setúbal. «O Congresso deve ser um grande espaço de debate. O PSD não é um partido para ficar calado, o que não implica menos solidariedade para com os seus órgãos directivos», afirma, por seu turno o líder do PSD-Viseu, Carlos Marta. É nesta linha que se coloca a JSD (Juventude Social-Democrata), que apresentará uma moção global de estratégia. «O Congresso tem de ser um sinal de que o partido está dinâmico», afirma o líder, Pedro Duarte, revelando que a moção da JSD vai defender uma «reforma do partido nos próximos dois anos» e, por outro lado, vai «sensibilizar o país para as medidas difíceis que o Governo tem de tomar».

Ana Paula Azevedo

As condições de Santana PEDRO Santana Lopes faz depender a sua continuidade como vice-presidente do PSD da forma como se desenrolar o próximo Congresso. «Se se chegar a uma solução estimulante, para a composição dos órgãos do partido e para a moção global de estratégia, fico. Se for para trabalhar numa solução conservadores, não», afirmou Santana Lopes ao EXPRESSO. Santana é uma das figuras do PSD que mais alertam para o perigo de o partido ficar preso ao Governo. A solução que defende é uma renovação dos órgãos nacionais do PSD, que passem a ser integrados por pessoas com tempo para o partido e que, por isso, não sejam simultaneamente membros do Governo. Além disso, defende que na moção de estratégia a levar ao Congresso devem constar propostas como a reforma do sistema político - nomeadamente a lei eleitoral, o financiamento dos partidos, a redução do número de deputados, os círculos uninominais, a possível criação de uma segunda câmara e a descentralização da Administração Pública. No domingo passado, em entrevista à Rádio Renascença, Santana afirmara-se «desencantado com a actual maneira de fazer política», que classificou «do reino da ficção». Quando confrontado com as suas responsabilidades no PSD, respondeu: «Também não tenho jeito para ser vice-presidente do partido. Portanto, conto sair no próximo Congresso». E explicou: «Ser vice-presidente obriga-me a uma maneira de estar que não é a minha. Não gosto da vida partidária. Trabalhar na Câmara Municipal de Lisboa é o que eu quero». Santana revelou ainda que tentou convencer o seu amigo Rui Gomes da Silva a desistir da candidatura à liderança do PSD-Lisboa e reiterou que não disputará mais a liderança do PSD: «Não faço mais disputas. Chegou ao fim um tempo da minha vida. Tenho 45 anos e a vida, mesmo a de um político, é a de um ser humano». Sobre as especulações de que pretende começar a preparar a sua candidatura à Presidência da República, Santana afirmou ficar «muito lisonjeado» por se lembrarem dele, mas considerou «ridículo» discutir o tema a quatro anos de distância.

A.P.A.

ENVIAR COMENTÁRIO

PSD arranca para Congresso Na semana em que Santana ameaçou demitir-se de «vice», Dias Loureiro confirmou o seu regresso Luiz Carvalho Durão Barroso com Dias Loureiro: depois de ter recusado o convite para o Executivo, o «barão» de Coimbra volta à política activa CERRAR fileiras em apoio ao Governo, consagrar como prioridade a reforma do sistema político e lançar um debate interno para reformar o próprio partido - são estas as linhas-mestras que conduzirão o próximo Congresso do PSD, previsto para o início de Julho. O XXIV Congresso já está em marcha e esperam-se mexidas na composição dos órgãos nacionais, com uma figura a reforçar a sua posição: Manuel Dias Loureiro, que está a desfazer-se da maioria dos cargos nas suas empresas para se dedicar mais à política. CERRAR fileiras em apoio ao Governo, consagrar como prioridade a reforma do sistema político e lançar um debate interno para reformar o próprio partido - são estas as linhas-mestras que conduzirão o próximo Congresso do PSD, previsto para o início de Julho. O XXIV Congresso já está em marcha e esperam-se mexidas na composição dos órgãos nacionais, com uma figura a reforçar a sua posição: Manuel Dias Loureiro, que está a desfazer-se da maioria dos cargos nas suas empresas para se dedicar mais à política. O «regresso» de Dias Loureiro - na mesma semana em que Pedro Santana Lopes admitiu a sua saída de vice-presidente - foi recebido com surpresa no PSD, especulando-se sobre a possibilidade de vir a tornar-se primeiro vice-presidente do líder, Durão Barroso (e assumir em relação a este um papel semelhante ao desempenhado por Fernando Nogueira na liderança de Cavaco Silva). Ainda não está nada definido, mas é de ter em conta que Dias Loureiro é presidente da mesa do Congresso e teve já um papel decisivo na escolha dos candidatos às eleições autárquicas e às eleições legislativas - o que lhe confere actualmente um peso e uma influência muito grandes no partido. Numa altura em que a maioria dos dirigentes do PSD estão no Governo, há quem chame a atenção para a necessidade de o partido ter vida própria e alguém que o «lidere» no dia-a-dia. Segundo o EXPRESSO apurou, Durão Barroso está à procura de uma solução de equilíbrio, na tentativa de manter as duas figuras ao seu lado. Nesta semana, Barroso almoçou com Santana Lopes, para esclarecer precisamente o futuro deste no partido. Por outro lado, atribuiu a Dias Loureiro a coordenação da redacção da moção global de estratégia a apresentar pela direcção ao Congresso. Barroso dá ordem para mobilizar PSD Além disso, e também por determinação de Durão Barroso, Dias Loureiro e José Luís Arnaut (secretário-geral do partido e ministro-adjunto do primeiro-ministro) iniciaram esta semana uma ronda pelas distritais do PSD, para ouvir os militantes e explicar as medidas do Governo. A ideia é mobilizar as estruturas do partido e mantê-las em articulação permanente com o Executivo. A ronda de contactos deverá ser feita pelo menos duas vezes por ano e abranger os autarcas do PSD. José Luís Arnaut esteve já nas distritais de Portalegre, Évora, Vila Real, Viseu e Braga, e Dias Loureiro esteve na Área Oeste, deslocando-se na próxima semana ao Porto, a Coimbra e a Aveiro. Dar uma imagem de unidade do partido em apoio ao Governo é, de resto, a estratégia de base da actual direcção para o Congresso. O problema é como compatibilizar isso com os sectores e dirigentes mais críticos (como Santana Lopes) que defendem que «o partido tem de ter vida própria» e não ficar refém do Governo, como já aconteceu no passado. Em cima da mesa está também a promessa, de que todos se lembram, feita por Durão Barroso depois do Congresso de Viseu (em 2000), de debater com profundidade os estatutos do partido e, nomeadamente, a proposta de alterar o método de eleição do líder (através do voto directo pelos militantes, em vez do actual voto pelos delegados, em Congresso). Na ordem de trabalhos do Congresso, aprovada no último Conselho Nacional, não consta, porém, qualquer revisão estatutária. Comissão para reformar o partido Segundo o EXPRESSO apurou, Durão Barroso deverá tentar uma solução de compromisso: alegando que, com a precipitação das eleições legislativas, não houve tempo para o partido se preparar, deverá propor a constituição de uma comissão para estudar e seleccionar as propostas de revisão dos estatutos e de reorganização do partido. Tudo indica, assim, que o Congresso se dividirá entre entre os que defendem a necessidade de cerrar fileiras em apoio ao Governo e os que defendem que o partido tem de começar já um processo de renovação. «O país não compreenderia que o PSD mergulhasse agora em disputas internas ou a olhar para o umbigo. O que tem de discutir-se é a intervenção que o partido deve ter, numa altura tão difícil para o país», defende Luís Rodrigues, líder do PSD-Setúbal. «O Congresso deve ser um grande espaço de debate. O PSD não é um partido para ficar calado, o que não implica menos solidariedade para com os seus órgãos directivos», afirma, por seu turno o líder do PSD-Viseu, Carlos Marta. É nesta linha que se coloca a JSD (Juventude Social-Democrata), que apresentará uma moção global de estratégia. «O Congresso tem de ser um sinal de que o partido está dinâmico», afirma o líder, Pedro Duarte, revelando que a moção da JSD vai defender uma «reforma do partido nos próximos dois anos» e, por outro lado, vai «sensibilizar o país para as medidas difíceis que o Governo tem de tomar».

Ana Paula Azevedo

As condições de Santana PEDRO Santana Lopes faz depender a sua continuidade como vice-presidente do PSD da forma como se desenrolar o próximo Congresso. «Se se chegar a uma solução estimulante, para a composição dos órgãos do partido e para a moção global de estratégia, fico. Se for para trabalhar numa solução conservadores, não», afirmou Santana Lopes ao EXPRESSO. Santana é uma das figuras do PSD que mais alertam para o perigo de o partido ficar preso ao Governo. A solução que defende é uma renovação dos órgãos nacionais do PSD, que passem a ser integrados por pessoas com tempo para o partido e que, por isso, não sejam simultaneamente membros do Governo. Além disso, defende que na moção de estratégia a levar ao Congresso devem constar propostas como a reforma do sistema político - nomeadamente a lei eleitoral, o financiamento dos partidos, a redução do número de deputados, os círculos uninominais, a possível criação de uma segunda câmara e a descentralização da Administração Pública. No domingo passado, em entrevista à Rádio Renascença, Santana afirmara-se «desencantado com a actual maneira de fazer política», que classificou «do reino da ficção». Quando confrontado com as suas responsabilidades no PSD, respondeu: «Também não tenho jeito para ser vice-presidente do partido. Portanto, conto sair no próximo Congresso». E explicou: «Ser vice-presidente obriga-me a uma maneira de estar que não é a minha. Não gosto da vida partidária. Trabalhar na Câmara Municipal de Lisboa é o que eu quero». Santana revelou ainda que tentou convencer o seu amigo Rui Gomes da Silva a desistir da candidatura à liderança do PSD-Lisboa e reiterou que não disputará mais a liderança do PSD: «Não faço mais disputas. Chegou ao fim um tempo da minha vida. Tenho 45 anos e a vida, mesmo a de um político, é a de um ser humano». Sobre as especulações de que pretende começar a preparar a sua candidatura à Presidência da República, Santana afirmou ficar «muito lisonjeado» por se lembrarem dele, mas considerou «ridículo» discutir o tema a quatro anos de distância.

A.P.A.

ENVIAR COMENTÁRIO

marcar artigo