Patronato livre de contribuições para salários mais elevados

06-08-2002
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Patronato Livre de Contribuições para Salários Mais Elevados

Por JOÃO RAMOS DE ALMEIDA

Terça-feira, 2 de Julho de 2002

Nova Lei de Bases da Segurança Social

O projecto oficial de revisão da Lei de Bases tem o voto contra da CGTP. Para a central, o Governo quer impedir a discussão pública devido às suas "implicações gravíssimas".

Se o projecto governamental de revisão da Lei de Bases da Segurança Social for aprovado, as entidades patronais ficarão livres de contribuições sobre os salários mais elevados, abrangidos pelo designado "plafonamento", concluiu a Confederação-Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) da leitura do articulado. O projecto, para os dirigentes da central sindical, é "um logro" com pesadas consequências para o sistema público da Segurança Social, defendido por "um travesti de Robin dos Bosques".

As afirmações foram feitas pelo secretário-geral da confederação, Manuel Carvalho da Silva, e pelos dirigentes Maria do Carmo Tavares e Conceição Rodrigues, numa conferência de imprensa realizada na sede nacional em Lisboa, para divulgar a posição oficial da central. A CGTP manifesta-se contra aquilo que considera ser a tentativa oficial de usar o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) para impedir um debate alargado à sociedade e impedindo mesmo a própria Assembleia da República de o fazer.

Para a CGTP, é estranho que o prazo aprovado para discutir propostas no CPCS termine precisamente um dia antes do limite para apresentação de propostas a discussão no Parlamento. Mais estranho, sublinhou Manuel Carvalho da Silva, quando o Governo tem alegado não poder discutir no Parlamento porque está à espera dos contributos da concertação social. "É uma burla", sintetizou Carvalho da Silva.

Para evitar esta situação, a CGTP vai desdobrar-se em contactos. Hoje, são recebidos pela direcção do PS e esperam ser recebidos pelos restantes grupos parlamentares, até quarta-feira, dia em que se realiza a reunião do CPCS. Para o próximo 10 de Julho, quando se discutirá o pedido de autorização legislativa do Governo para rever a Lei de Bases, bem como os projectos do PCP, está marcada uma concentração à frente da sede da central, que se deslocará para São Bento.

A CGTP manifesta-se contra a filosofia do projecto, que, na sua opinião, visa reduzir o papel social do Estado e centrá-lo "na protecção das situações de maior carência e vulnerabilidade", transferindo "para os cidadãos a responsabilidade de assegurarem por si" a sua protecção social. Para a CGTP, o projecto oficial diminui a capacidade redistributiva do sistema público e, ao isentar os rendimentos mais elevados de contribuição, faz com que, "quanto mais elevado é o nível de rendimento, mais baixa é a taxa de contribuição efectiva para a Segurança Social".

"Esta proposta é uma posição de ruptura clara e inequívoca com a Lei de Bases actual", afirmou Carvalho da Silva. "Não se trata de um projecto de reacerto" do articulado. "De pé ligeiro, sem fazer ondas, altera-se a estrutura da Segurança Social", com "implicações gravíssimas para os trabalhadores e para a Segurança Social". "É urgente descodificar esta lei", conclui Manuel Carvalho da Silva. E acrescentou: o ministro é "um travesti de Robin dos Bosques e precisam de ser clarificado os conteúdos que permitem esse travesti".

"Implicações gravíssimas"

O projecto, segundo Maria do Carmo Tavares, está "repleto de alçapões". "Quanto mais se lê, mais se descobrem coisas novas. E já houve pessoas que leram o projecto 30 ou 40 vezes". Vários exemplos foram dados dessas implicações.

O artigo que consagra o limite de contribuições sociais (habitualmente designado de "plafonamento") é qualificado de "perigoso" pela formulação adoptada. O seu texto, fazendo referência apenas a "cotizações" permite, segundo a CGTP, que as entidades patronais fiquem isentas de contribuições para os salários acima do limite superior (exemplificado pelo ministro António Bagão Félix, à RTP, como estando próximo de 700 contos). Nesse caso, apenas os trabalhadores teriam de contribuir para os sistemas complementares obrigatórios (entre 400 e 700 contos) e para os facultativos (acima de 700 contos).

Esta redução de receitas do sistema terá, como se sublinha, implicações para os montantes a transferir para os fundos de capitalização público (dois por cento das contribuições) e impedir a prometida actualização de pensões. Por outro lado, o relevo dado no projecto oficial ao sistema complementar de protecção social é tido como vago e remetendo para legislação posterior.

Depois, segundo a CGTP, a promessa anunciada nas eleições legislativas de "uma unificação das pensões sociais não é verdade: é um logro", afirmou Maria do Carmo Tavares. E verifica-se um "retrocesso" nas regras de protecção na maternidade, uma vez que às mulheres será possível beneficiar da contagem desse tempo para efeitos de pensão.

Patronato Livre de Contribuições para Salários Mais Elevados

Por JOÃO RAMOS DE ALMEIDA

Terça-feira, 2 de Julho de 2002

Nova Lei de Bases da Segurança Social

O projecto oficial de revisão da Lei de Bases tem o voto contra da CGTP. Para a central, o Governo quer impedir a discussão pública devido às suas "implicações gravíssimas".

Se o projecto governamental de revisão da Lei de Bases da Segurança Social for aprovado, as entidades patronais ficarão livres de contribuições sobre os salários mais elevados, abrangidos pelo designado "plafonamento", concluiu a Confederação-Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) da leitura do articulado. O projecto, para os dirigentes da central sindical, é "um logro" com pesadas consequências para o sistema público da Segurança Social, defendido por "um travesti de Robin dos Bosques".

As afirmações foram feitas pelo secretário-geral da confederação, Manuel Carvalho da Silva, e pelos dirigentes Maria do Carmo Tavares e Conceição Rodrigues, numa conferência de imprensa realizada na sede nacional em Lisboa, para divulgar a posição oficial da central. A CGTP manifesta-se contra aquilo que considera ser a tentativa oficial de usar o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) para impedir um debate alargado à sociedade e impedindo mesmo a própria Assembleia da República de o fazer.

Para a CGTP, é estranho que o prazo aprovado para discutir propostas no CPCS termine precisamente um dia antes do limite para apresentação de propostas a discussão no Parlamento. Mais estranho, sublinhou Manuel Carvalho da Silva, quando o Governo tem alegado não poder discutir no Parlamento porque está à espera dos contributos da concertação social. "É uma burla", sintetizou Carvalho da Silva.

Para evitar esta situação, a CGTP vai desdobrar-se em contactos. Hoje, são recebidos pela direcção do PS e esperam ser recebidos pelos restantes grupos parlamentares, até quarta-feira, dia em que se realiza a reunião do CPCS. Para o próximo 10 de Julho, quando se discutirá o pedido de autorização legislativa do Governo para rever a Lei de Bases, bem como os projectos do PCP, está marcada uma concentração à frente da sede da central, que se deslocará para São Bento.

A CGTP manifesta-se contra a filosofia do projecto, que, na sua opinião, visa reduzir o papel social do Estado e centrá-lo "na protecção das situações de maior carência e vulnerabilidade", transferindo "para os cidadãos a responsabilidade de assegurarem por si" a sua protecção social. Para a CGTP, o projecto oficial diminui a capacidade redistributiva do sistema público e, ao isentar os rendimentos mais elevados de contribuição, faz com que, "quanto mais elevado é o nível de rendimento, mais baixa é a taxa de contribuição efectiva para a Segurança Social".

"Esta proposta é uma posição de ruptura clara e inequívoca com a Lei de Bases actual", afirmou Carvalho da Silva. "Não se trata de um projecto de reacerto" do articulado. "De pé ligeiro, sem fazer ondas, altera-se a estrutura da Segurança Social", com "implicações gravíssimas para os trabalhadores e para a Segurança Social". "É urgente descodificar esta lei", conclui Manuel Carvalho da Silva. E acrescentou: o ministro é "um travesti de Robin dos Bosques e precisam de ser clarificado os conteúdos que permitem esse travesti".

"Implicações gravíssimas"

O projecto, segundo Maria do Carmo Tavares, está "repleto de alçapões". "Quanto mais se lê, mais se descobrem coisas novas. E já houve pessoas que leram o projecto 30 ou 40 vezes". Vários exemplos foram dados dessas implicações.

O artigo que consagra o limite de contribuições sociais (habitualmente designado de "plafonamento") é qualificado de "perigoso" pela formulação adoptada. O seu texto, fazendo referência apenas a "cotizações" permite, segundo a CGTP, que as entidades patronais fiquem isentas de contribuições para os salários acima do limite superior (exemplificado pelo ministro António Bagão Félix, à RTP, como estando próximo de 700 contos). Nesse caso, apenas os trabalhadores teriam de contribuir para os sistemas complementares obrigatórios (entre 400 e 700 contos) e para os facultativos (acima de 700 contos).

Esta redução de receitas do sistema terá, como se sublinha, implicações para os montantes a transferir para os fundos de capitalização público (dois por cento das contribuições) e impedir a prometida actualização de pensões. Por outro lado, o relevo dado no projecto oficial ao sistema complementar de protecção social é tido como vago e remetendo para legislação posterior.

Depois, segundo a CGTP, a promessa anunciada nas eleições legislativas de "uma unificação das pensões sociais não é verdade: é um logro", afirmou Maria do Carmo Tavares. E verifica-se um "retrocesso" nas regras de protecção na maternidade, uma vez que às mulheres será possível beneficiar da contagem desse tempo para efeitos de pensão.

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