São João da Madeira: Câmara abriu as portas às ideias da oposição

24-04-2002
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São João da Madeira: Câmara Abriu as Portas às Ideias da Oposição

Por SARA DIAS OLIVEIRA

Domingo, 14 de Abril de 2002

Novo executivo teve de "desatar alguns nós" do anterior mandato

Mal o novo presidente da Câmara de São João da Madeira, o social-democrata Castro Almeida, tomou posse, abriram-se as portas da frente do edifício camarário. No mandato de Manuel Cambra, do CDS-PP, não era assim: as pessoas entravam pelas traseiras. De qualquer modo, esta mudança não aligeirou o peso da herança de 17 anos de governação do anterior presidente...

Remexendo nas contas, o novo executivo descobriu já dívidas que, somadas, atingem 18 milhões de euros, mas admite que o total possa chegar aos 20 milhões. Castro Almeida pediu uma auditoria para saber ao certo quanto deve a autarquia. A avaliação do "buraco" financeiro começa amanhã e será feita por uma empresa da especialidade durante as próximas sete semanas.

Também amanhã será dado um passo de gigante na vida de São João da Madeira. O plano e orçamento sobem à assembleia municipal à noite e, ao que tudo indica, não serão chumbados, pois os documentos autárquicos foram já aprovados em reunião camarária, sem nenhum voto contra. Desta forma, coloca-se um ponto final a três anos seguidos sem esses documentos, que consecutivamente foram chumbados no órgão deliberativo da autarquia.

Apesar de o PSD ter a maioria - tanto na câmara como na assembleia municipal -, Castro Almeida fez questão de ouvir as sugestões dos partidos da oposição para a elaboração do plano e orçamento. Um diálogo que também tem sido promovido nas reuniões do executivo camarário, que começaram a registar uma maior adesão por parte dos munícipes e uma maior participação das forças políticas desde que o poder mudou de mãos.

Castro Almeida teve já de "desatar alguns nós" deixados pelo anterior executivo, como entregar as casas que estavam prontas há dois anos e que Cambra mantinha fechadas. Outro nó desatado foi a chegada das águas do Douro ao município são-joanense, que estava pendente apenas pela realização de uma obra. Outro problema solucionado tem a ver com três parques de estacionamento que ainda não foram construídos - devido a problemas financeiros da empresa responsável por eles -, tendo o problema sido resolvido com um parque provisório.

Mesmo com uma forte contenção orçamental, que segundo Castro Almeida "foi condicionado em 90 por cento pelas obras do ano passado que ainda não foram pagas", o autarca está optimista quanto ao futuro. Os projectos imediatos passam pela requalificação do rio Antuã, pela remodelação do campo de futebol das camadas jovens e por "ter as melhores escolas do país". Seja como for, o autarca diz não ter ilusões, já que "18 anos de herança condicionam fortemente a gestão actual".

A oposição tem demonstrado um maior à-vontade em participar nos encontros autárquicos, mas o anterior presidente da autarquia, Manuel Cambra, recusa fazer grandes comentários sobre a nova gestão social-democrata. "Se há dívidas, há bens e a câmara investiu em cerca de 450 habitações e 50 por cento desse custo é da responsabilidade das autarquias", lembra o ex-vereador que agora assumiu o cargo de deputado na Assembleia da República. Dizendo estar "tranquilo" com o trabalho que desenvolveu "em prol de São João da Madeira", adiantou que a "crise" de que as novas autarquias tanto falam "deve ser um vírus" propagado por todo o país. Ainda assim, confessa que gostaria de ver concretizadas as obras que programou, referindo em particular à ligação entre São João da Madeira e Ovar, através da EN 327.

Positivo

O diálogo que promove com os partidos de oposição e a aprovação do plano e orçamento

Negativo

Uma certa dificuldade em esbater a herança legada por Manuel Cambra

São João da Madeira: Câmara Abriu as Portas às Ideias da Oposição

Por SARA DIAS OLIVEIRA

Domingo, 14 de Abril de 2002

Novo executivo teve de "desatar alguns nós" do anterior mandato

Mal o novo presidente da Câmara de São João da Madeira, o social-democrata Castro Almeida, tomou posse, abriram-se as portas da frente do edifício camarário. No mandato de Manuel Cambra, do CDS-PP, não era assim: as pessoas entravam pelas traseiras. De qualquer modo, esta mudança não aligeirou o peso da herança de 17 anos de governação do anterior presidente...

Remexendo nas contas, o novo executivo descobriu já dívidas que, somadas, atingem 18 milhões de euros, mas admite que o total possa chegar aos 20 milhões. Castro Almeida pediu uma auditoria para saber ao certo quanto deve a autarquia. A avaliação do "buraco" financeiro começa amanhã e será feita por uma empresa da especialidade durante as próximas sete semanas.

Também amanhã será dado um passo de gigante na vida de São João da Madeira. O plano e orçamento sobem à assembleia municipal à noite e, ao que tudo indica, não serão chumbados, pois os documentos autárquicos foram já aprovados em reunião camarária, sem nenhum voto contra. Desta forma, coloca-se um ponto final a três anos seguidos sem esses documentos, que consecutivamente foram chumbados no órgão deliberativo da autarquia.

Apesar de o PSD ter a maioria - tanto na câmara como na assembleia municipal -, Castro Almeida fez questão de ouvir as sugestões dos partidos da oposição para a elaboração do plano e orçamento. Um diálogo que também tem sido promovido nas reuniões do executivo camarário, que começaram a registar uma maior adesão por parte dos munícipes e uma maior participação das forças políticas desde que o poder mudou de mãos.

Castro Almeida teve já de "desatar alguns nós" deixados pelo anterior executivo, como entregar as casas que estavam prontas há dois anos e que Cambra mantinha fechadas. Outro nó desatado foi a chegada das águas do Douro ao município são-joanense, que estava pendente apenas pela realização de uma obra. Outro problema solucionado tem a ver com três parques de estacionamento que ainda não foram construídos - devido a problemas financeiros da empresa responsável por eles -, tendo o problema sido resolvido com um parque provisório.

Mesmo com uma forte contenção orçamental, que segundo Castro Almeida "foi condicionado em 90 por cento pelas obras do ano passado que ainda não foram pagas", o autarca está optimista quanto ao futuro. Os projectos imediatos passam pela requalificação do rio Antuã, pela remodelação do campo de futebol das camadas jovens e por "ter as melhores escolas do país". Seja como for, o autarca diz não ter ilusões, já que "18 anos de herança condicionam fortemente a gestão actual".

A oposição tem demonstrado um maior à-vontade em participar nos encontros autárquicos, mas o anterior presidente da autarquia, Manuel Cambra, recusa fazer grandes comentários sobre a nova gestão social-democrata. "Se há dívidas, há bens e a câmara investiu em cerca de 450 habitações e 50 por cento desse custo é da responsabilidade das autarquias", lembra o ex-vereador que agora assumiu o cargo de deputado na Assembleia da República. Dizendo estar "tranquilo" com o trabalho que desenvolveu "em prol de São João da Madeira", adiantou que a "crise" de que as novas autarquias tanto falam "deve ser um vírus" propagado por todo o país. Ainda assim, confessa que gostaria de ver concretizadas as obras que programou, referindo em particular à ligação entre São João da Madeira e Ovar, através da EN 327.

Positivo

O diálogo que promove com os partidos de oposição e a aprovação do plano e orçamento

Negativo

Uma certa dificuldade em esbater a herança legada por Manuel Cambra

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