PS à Espera de Que a Direcção Assuma Estratégia para o País
Por SÃO JOSÉ ALMEIDA
Quarta-feira, 22 de Outubro de 2003 A reunião da Comissão Política do PS, que se realiza amanhã à noite, está a ser vista entre os socialistas como um momento decisivo para a definição de uma estratégia para o partido e para o país por parte da direcção. E ainda que não seja previsível que ninguém se assuma, amanhã à noite, como alternativa ao secretário-geral, a forma como Eduardo Ferro Rodrigues se apresentar na reunião irá condicionar a forma como a sua liderança continuará a ser apoiada. No fim-de-semana, Manuel Alegre defendeu a realização de um congresso extraordinário para reforçar a liderança de Ferro Rodrigues. A direcção do PS, reunida anteontem, rejeitou, à partida essa proposta, manifestando solidariedade com o secretário-geral. Como dizia um dirigente socialista ao PÚBLICO não faria sentido um "congresso contra incertos". Tudo indica que os potenciais interessados em candidatar-se à liderança ou aqueles que são olhados como eventuais alternativas não se manifestem amanhã à noite, nem mesmo nos próximos dias. A não ser que Ferro Rodrigues se demitisse, hipótese que não é admitida por nenhum dos dirigentes contactados pelo PÚBLICO. As razões apontadas para que "ninguém se faça ao lugar" são de ordem diversa. E se há quem assegure que "enquanto houver processo Casa Pia ou pelo menos não baixar a poeira, não haverá candidatos a secretário-geral", há também quem afirme que apenas "motivos de ordem pessoal e humana estão a impedir que se apresentem alternativas". Isto porque, advertem alguns, "é preciso respeitar a presunção de inocência" e "uma candidatura alternativa agora pode ser vista como uma traição", que ainda por cima mais tarde pode vir a ser confrontada com o desfecho de um processo judicial em que todos os socialistas afirmam acreditar que Paulo Pedroso está inocente. O que é facto é que, se ninguém quer vir a ser acusado de estar a aproveitar um momento difícil de Ferro Rodrigues, são inúmeras as vozes que desejam que a direcção máxima "acorde, defina uma estratégia de combate político ao Governo e saia do beco em que se deixou encurralar". Um dirigente socialista considerou mesmo que "perante a confusão que existe e a situação política criada ao PS", a direcção tem que "contra-atacar do ponto de vista político de propostas para o país, sob pena de ficar definitivamente bloqueada e enredada neste caso". Ainda que ninguém o assuma publicamente, são múltiplas as perplexidades e as dúvidas que atingem os socialistas, desde a direcção até as bases e às estruturas locais. Há quem considere que "os militantes não podem ser informados apenas pelos jornais" e um outro dirigente sustentou mesmo: "A direcção tem que afirmar-se e esclarecer os militantes contra a campanha que está a ser montada contra o PS e contra a democracia, sob pena de o partido implodir, desaparecer." Quanto à situação do aparelho partidário, um dirigente federativo assumiu ao PÚBLICO que "o partido está atordoado com tudo o que se está a passar, está desorientado, está só" e defendeu que é urgente que a direcção nacional se multiplique em contactos com as bases, com as estruturas e aí dê "uma satisfação aos militantes" e apresente "ideias, documentos, uma estratégia para o país, uma alternativa ao Governo do PSD e para a situação de crise do país, em que o desemprego aumenta e em que o clima político se degrada com a demissão de quatro ministros em seis meses". Há também quem não tenha sequer esperanças de que a reunião de amanhã vá servir para recolocar o PS no debate político, um dirigente socialista afirmou, céptico: "A reunião de quinta-feira corre o risco de se transformar em mais uma missa. Ninguém vai assumir qualquer atitude e estaremos todos a tecer elogios uns aos outros, mas a não fazer o que quer que seja e ninguém estará disponível para assumir o combate. As pessoas pensam que é preciso substituir o líder, mas não o irão dizer." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Presidente defende-se
O discurso do Presidente
Reacções
PS ameaça com processo às fugas de informação
PS à espera de que a direcção assuma estratégia para o país
Julgamento de Carl0s Silvino marcado para o dia 28
Hugo Marçal pede segurança pessoal
EDITORIAL
Democracia, populismo e media
Categorias
Entidades
PS à Espera de Que a Direcção Assuma Estratégia para o País
Por SÃO JOSÉ ALMEIDA
Quarta-feira, 22 de Outubro de 2003 A reunião da Comissão Política do PS, que se realiza amanhã à noite, está a ser vista entre os socialistas como um momento decisivo para a definição de uma estratégia para o partido e para o país por parte da direcção. E ainda que não seja previsível que ninguém se assuma, amanhã à noite, como alternativa ao secretário-geral, a forma como Eduardo Ferro Rodrigues se apresentar na reunião irá condicionar a forma como a sua liderança continuará a ser apoiada. No fim-de-semana, Manuel Alegre defendeu a realização de um congresso extraordinário para reforçar a liderança de Ferro Rodrigues. A direcção do PS, reunida anteontem, rejeitou, à partida essa proposta, manifestando solidariedade com o secretário-geral. Como dizia um dirigente socialista ao PÚBLICO não faria sentido um "congresso contra incertos". Tudo indica que os potenciais interessados em candidatar-se à liderança ou aqueles que são olhados como eventuais alternativas não se manifestem amanhã à noite, nem mesmo nos próximos dias. A não ser que Ferro Rodrigues se demitisse, hipótese que não é admitida por nenhum dos dirigentes contactados pelo PÚBLICO. As razões apontadas para que "ninguém se faça ao lugar" são de ordem diversa. E se há quem assegure que "enquanto houver processo Casa Pia ou pelo menos não baixar a poeira, não haverá candidatos a secretário-geral", há também quem afirme que apenas "motivos de ordem pessoal e humana estão a impedir que se apresentem alternativas". Isto porque, advertem alguns, "é preciso respeitar a presunção de inocência" e "uma candidatura alternativa agora pode ser vista como uma traição", que ainda por cima mais tarde pode vir a ser confrontada com o desfecho de um processo judicial em que todos os socialistas afirmam acreditar que Paulo Pedroso está inocente. O que é facto é que, se ninguém quer vir a ser acusado de estar a aproveitar um momento difícil de Ferro Rodrigues, são inúmeras as vozes que desejam que a direcção máxima "acorde, defina uma estratégia de combate político ao Governo e saia do beco em que se deixou encurralar". Um dirigente socialista considerou mesmo que "perante a confusão que existe e a situação política criada ao PS", a direcção tem que "contra-atacar do ponto de vista político de propostas para o país, sob pena de ficar definitivamente bloqueada e enredada neste caso". Ainda que ninguém o assuma publicamente, são múltiplas as perplexidades e as dúvidas que atingem os socialistas, desde a direcção até as bases e às estruturas locais. Há quem considere que "os militantes não podem ser informados apenas pelos jornais" e um outro dirigente sustentou mesmo: "A direcção tem que afirmar-se e esclarecer os militantes contra a campanha que está a ser montada contra o PS e contra a democracia, sob pena de o partido implodir, desaparecer." Quanto à situação do aparelho partidário, um dirigente federativo assumiu ao PÚBLICO que "o partido está atordoado com tudo o que se está a passar, está desorientado, está só" e defendeu que é urgente que a direcção nacional se multiplique em contactos com as bases, com as estruturas e aí dê "uma satisfação aos militantes" e apresente "ideias, documentos, uma estratégia para o país, uma alternativa ao Governo do PSD e para a situação de crise do país, em que o desemprego aumenta e em que o clima político se degrada com a demissão de quatro ministros em seis meses". Há também quem não tenha sequer esperanças de que a reunião de amanhã vá servir para recolocar o PS no debate político, um dirigente socialista afirmou, céptico: "A reunião de quinta-feira corre o risco de se transformar em mais uma missa. Ninguém vai assumir qualquer atitude e estaremos todos a tecer elogios uns aos outros, mas a não fazer o que quer que seja e ninguém estará disponível para assumir o combate. As pessoas pensam que é preciso substituir o líder, mas não o irão dizer." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Presidente defende-se
O discurso do Presidente
Reacções
PS ameaça com processo às fugas de informação
PS à espera de que a direcção assuma estratégia para o país
Julgamento de Carl0s Silvino marcado para o dia 28
Hugo Marçal pede segurança pessoal
EDITORIAL
Democracia, populismo e media