João Soares defende divulgação das cassetes

15-08-2004
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João Soares Defende Divulgação das Cassetes

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA E NUNO SÁ LOURENÇO

Quinta-feira, 12 de Agosto de 2004 João Soares defende que o Governo tem que "dar conhecimento" do conteúdo das gravações alegadamente ilícitas, justificando que é "preciso apurar até às últimas consequências o que se passou". Ao PÚBLICO, o candidato à liderança do PS afirmou que a equipa de Santana Lopes tem que "dar conhecimento do que está nessas cassetes", especificando que isso significa "dar conhecimento à opinião pública e apurar responsáveis". João Soares afirma peremptoriamente que a bola está do lado do Governo. "O Governo tem que assumir as suas responsabilidades", afirmou, advertindo que "não chega promover a demissão de uma pessoa e substituí-la por outra perfeitamente competente". Um dos seus adversários, José Sócrates, não é tão explícito. Defende que o partido, o secretário-geral cessante, Ferro Rodrigues, e o país "têm direito a conhecer a verdade" e frisa que "as coisas não podem ficar como estão". Instado pelo PÚBLICO a comentar a controvérsia gerada pela alegada gravação ilícita de conversas entre um jornalista do "Correio da Manhã" e diversos interlocutores ligados ao meio judicial, Sócrates explica que "existem suspeitas graves que dizem respeito à divulgação ilegal de informações em segredo de justiça que tiveram como resultado o prejuízo político do PS". Apesar de não afirmar claramente se é ou não favorável à divulgação do conteúdo das alegadas gravações ilícitas, Sócrates entende que "o PS e o seu líder têm direito a saber a verdade". Até porque, explicou, "a partir daí poder-se-á fazer um juízo sobre as próprias instituições para que tal não volte a acontecer". Manuel Alegre entende que se o Governo acredita na autenticidade do conteúdo das gravações alegadamente ilícitas "tem de haver mais do que a demissão do director nacional da Polícia Judiciária". Em declarações ao PÚBLICO, o candidato à liderança do PS sublinha que cabe ao Governo a apuramento da verdade em torno das conversas eventualmente gravadas de forma ilegal, uma vez que somente o Executivo "tem condições" para saber se existiu "quebra de isenção e neutralidade" por parte dos interlocutores do jornalista do "Correio da Manhã". Ressalvando que as suas afirmações têm apenas em conta aquilo que tem vindo a ser divulgado pela comunicação social, Alegre considera que este caso "é matéria de tribunal" e pode prefigurar um "crime político". "As suspeitas são tão graves que não podem restar dúvidas e neste momento todas as dúvidas são possíveis", advertiu, insistindo que os socialistas exigem "o apuramento integral" do caso. Manuel Alegre aponta ainda que a actuação do Governo, na assunção de responsabilidades, "deve ir até ao fundo", e não se pode escudar no "biombo" da proposta de um pacto de regime. O candidato salientou também que "se se confirmarem que existiram atitudes persecutórias a Ferro Rodrigues poder-se-á estar perante uma grave crise do Estado de direito". O secretário-geral cessante do PS, Ferro Rodrigues, não fará quaisquer comentários ao eventual envolvimento do seu nome nas alegadas conversas entre o ex-director nacional da Polícia Judiciária, Adelino Salvado, e o jornalista Octávio Lopes, do "Correio da Manhã", a não ser que seja confrontado com factos novos. O PÚBLICO tentou contactar o líder demissionário do PS, mas este decidiu não prestar declarações, anunciando, através do seu assessor, que neste momento não pretende comentar o assunto. A excepção será feita na eventualidade de vir a ser confrontado com novos dados relativos às gravações alegadamente ilícitas, disse o assessor, justificando, assim, as declarações prestadas por Ferro ao "Jornal de Notícias". A este matutino, o secretário-geral socialista não esclarece qual a sua posição sobre a eventual divulgação das cassetes, mas afirma que a "perspectiva jurídica" não lhe "interessa". "É importante para os tribunais saberem se aquilo tem ou não valor jurídico, mas para mim não é o mais importante", diz, recordando ainda "a mais abjecta violação do segredo de justiça" concretizada com a divulgação das escutas das conversas telefónicas que teve com António Costa. Ontem, o Sindicato dos Jornalistas emitiu um comunicado manifestando contra a divulgação do conteúdo das cassetes. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE director da PJ consensual

PSD diz que a justificação da demissão de Adelino Salvado cabe ao próprio

João Soares defende divulgação das cassetes

CDS não quer ver Salvado sozinho no caso da violação do segredo de justiça

Coesão e eficácia, precisam-se

João Soares Defende Divulgação das Cassetes

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA E NUNO SÁ LOURENÇO

Quinta-feira, 12 de Agosto de 2004 João Soares defende que o Governo tem que "dar conhecimento" do conteúdo das gravações alegadamente ilícitas, justificando que é "preciso apurar até às últimas consequências o que se passou". Ao PÚBLICO, o candidato à liderança do PS afirmou que a equipa de Santana Lopes tem que "dar conhecimento do que está nessas cassetes", especificando que isso significa "dar conhecimento à opinião pública e apurar responsáveis". João Soares afirma peremptoriamente que a bola está do lado do Governo. "O Governo tem que assumir as suas responsabilidades", afirmou, advertindo que "não chega promover a demissão de uma pessoa e substituí-la por outra perfeitamente competente". Um dos seus adversários, José Sócrates, não é tão explícito. Defende que o partido, o secretário-geral cessante, Ferro Rodrigues, e o país "têm direito a conhecer a verdade" e frisa que "as coisas não podem ficar como estão". Instado pelo PÚBLICO a comentar a controvérsia gerada pela alegada gravação ilícita de conversas entre um jornalista do "Correio da Manhã" e diversos interlocutores ligados ao meio judicial, Sócrates explica que "existem suspeitas graves que dizem respeito à divulgação ilegal de informações em segredo de justiça que tiveram como resultado o prejuízo político do PS". Apesar de não afirmar claramente se é ou não favorável à divulgação do conteúdo das alegadas gravações ilícitas, Sócrates entende que "o PS e o seu líder têm direito a saber a verdade". Até porque, explicou, "a partir daí poder-se-á fazer um juízo sobre as próprias instituições para que tal não volte a acontecer". Manuel Alegre entende que se o Governo acredita na autenticidade do conteúdo das gravações alegadamente ilícitas "tem de haver mais do que a demissão do director nacional da Polícia Judiciária". Em declarações ao PÚBLICO, o candidato à liderança do PS sublinha que cabe ao Governo a apuramento da verdade em torno das conversas eventualmente gravadas de forma ilegal, uma vez que somente o Executivo "tem condições" para saber se existiu "quebra de isenção e neutralidade" por parte dos interlocutores do jornalista do "Correio da Manhã". Ressalvando que as suas afirmações têm apenas em conta aquilo que tem vindo a ser divulgado pela comunicação social, Alegre considera que este caso "é matéria de tribunal" e pode prefigurar um "crime político". "As suspeitas são tão graves que não podem restar dúvidas e neste momento todas as dúvidas são possíveis", advertiu, insistindo que os socialistas exigem "o apuramento integral" do caso. Manuel Alegre aponta ainda que a actuação do Governo, na assunção de responsabilidades, "deve ir até ao fundo", e não se pode escudar no "biombo" da proposta de um pacto de regime. O candidato salientou também que "se se confirmarem que existiram atitudes persecutórias a Ferro Rodrigues poder-se-á estar perante uma grave crise do Estado de direito". O secretário-geral cessante do PS, Ferro Rodrigues, não fará quaisquer comentários ao eventual envolvimento do seu nome nas alegadas conversas entre o ex-director nacional da Polícia Judiciária, Adelino Salvado, e o jornalista Octávio Lopes, do "Correio da Manhã", a não ser que seja confrontado com factos novos. O PÚBLICO tentou contactar o líder demissionário do PS, mas este decidiu não prestar declarações, anunciando, através do seu assessor, que neste momento não pretende comentar o assunto. A excepção será feita na eventualidade de vir a ser confrontado com novos dados relativos às gravações alegadamente ilícitas, disse o assessor, justificando, assim, as declarações prestadas por Ferro ao "Jornal de Notícias". A este matutino, o secretário-geral socialista não esclarece qual a sua posição sobre a eventual divulgação das cassetes, mas afirma que a "perspectiva jurídica" não lhe "interessa". "É importante para os tribunais saberem se aquilo tem ou não valor jurídico, mas para mim não é o mais importante", diz, recordando ainda "a mais abjecta violação do segredo de justiça" concretizada com a divulgação das escutas das conversas telefónicas que teve com António Costa. Ontem, o Sindicato dos Jornalistas emitiu um comunicado manifestando contra a divulgação do conteúdo das cassetes. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE director da PJ consensual

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