Suplemento Mil Folhas

12-10-2003
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Um Eça Renovado

Sábado, 04 de Outubro de 2003

%Ana Filipa Gaspar

A consciência de que uma edição crítica da obra queirosiana não tem um grande impacto sobre o público em geral levou a Editorial Presença em colaboração com o projecto "Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós", desenvolvido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) e coordenado por Carlos Reis, a publicar agora uma edição corrente das obras do romancista. Como o editor da Presença, Francisco Espadinha, explicitou, "não se trata de mais uma edição a juntar às muitas que existem em circulação, mas de publicar novos textos revistos e expurgados dos erros das edições existentes".

A colecção que a Presença apresenta é considerada pelos responsáveis como a primeira reedição de referência das obras de Eça de Queirós e destina-se aos leitores portugueses no geral, mas sobretudo aos professores e estudantes que têm, na opinião de Carlos Reis, o dever de "perceber que não é indiferente ler uma edição e não outra". O professor Álvaro Manuel Machado destacou a importância da edição pelos seus amplos fins pedagógicos e alcance inovador em Portugal. "É obrigatório que a partir de agora se leia Eça numa edição crítica, séria, com uma confiança muito maior do que antes", disse.

O projecto de edição crítica, que tem vindo a ser publicado na INCM desde 1992, foi idealizado há cerca de 20 anos e engloba o trabalho de várias pessoas, para além de Carlos Reis, como Ernesto Guerra Cal, Maria Rosário Cunha, Brás de Oliveira e Álvaro Manuel Machado. Contudo, como o professor Carlos Reis esclareceu, "os escritores não vivem só para especialistas, mas para o grande público" e, por isso, se uma edição crítica não der origem à edição corrente, "não terá cumprido a função de servir de matriz para outras edições", nomeadamente para o público em geral.

Carlos Reis, que estuda Eça de Queirós há quase 30 anos, explicou que a passagem da edição crítica à edição corrente é feita "aproveitando-se o texto, que está fixado e eventualmente retocando aqui ou ali, retirando-se o aparato crítico erudito, substituindo-se uma introdução longa e circunstanciada por uma introdução explicativa e acrescentando-se notas explicativas ao texto". O resultado é, nas palavras do especialista, "um Eça tanto quanto possível reconvertido àquilo que um dia ele quis ser".

"O Mandarim", editado em 1880 pela primeira vez, tem agora como base o texto estabelecido por Beatriz Berrini na edição crítica e "A Capital!" (primeira edição de 1925), que surge com uma exclamação no título, é fruto do trabalho de Luiz Fagundes Duarte para a edição da INCM. Ambas as obras são completadas com uma introdução e notas de Carlos Reis, mas sobretudo "A Capital!" é substancialmente diferente das edições que circulavam até ao momento.

À venda desde 16 de Setembro, são os primeiros volumes da colecção e brevemente serão publicados "Alves & Companhia", "A Ilustre Casa de Ramires" e "O Crime do Padre Amaro". Com uma tiragem de 3000 volumes de cada obra, a Presença tem expectativas que "esta seja a edição de Eça de Queirós mais comercial", segundo informou o director de "marketing", Francisco Pinto Espadinha.

Um Eça Renovado

Sábado, 04 de Outubro de 2003

%Ana Filipa Gaspar

A consciência de que uma edição crítica da obra queirosiana não tem um grande impacto sobre o público em geral levou a Editorial Presença em colaboração com o projecto "Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós", desenvolvido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) e coordenado por Carlos Reis, a publicar agora uma edição corrente das obras do romancista. Como o editor da Presença, Francisco Espadinha, explicitou, "não se trata de mais uma edição a juntar às muitas que existem em circulação, mas de publicar novos textos revistos e expurgados dos erros das edições existentes".

A colecção que a Presença apresenta é considerada pelos responsáveis como a primeira reedição de referência das obras de Eça de Queirós e destina-se aos leitores portugueses no geral, mas sobretudo aos professores e estudantes que têm, na opinião de Carlos Reis, o dever de "perceber que não é indiferente ler uma edição e não outra". O professor Álvaro Manuel Machado destacou a importância da edição pelos seus amplos fins pedagógicos e alcance inovador em Portugal. "É obrigatório que a partir de agora se leia Eça numa edição crítica, séria, com uma confiança muito maior do que antes", disse.

O projecto de edição crítica, que tem vindo a ser publicado na INCM desde 1992, foi idealizado há cerca de 20 anos e engloba o trabalho de várias pessoas, para além de Carlos Reis, como Ernesto Guerra Cal, Maria Rosário Cunha, Brás de Oliveira e Álvaro Manuel Machado. Contudo, como o professor Carlos Reis esclareceu, "os escritores não vivem só para especialistas, mas para o grande público" e, por isso, se uma edição crítica não der origem à edição corrente, "não terá cumprido a função de servir de matriz para outras edições", nomeadamente para o público em geral.

Carlos Reis, que estuda Eça de Queirós há quase 30 anos, explicou que a passagem da edição crítica à edição corrente é feita "aproveitando-se o texto, que está fixado e eventualmente retocando aqui ou ali, retirando-se o aparato crítico erudito, substituindo-se uma introdução longa e circunstanciada por uma introdução explicativa e acrescentando-se notas explicativas ao texto". O resultado é, nas palavras do especialista, "um Eça tanto quanto possível reconvertido àquilo que um dia ele quis ser".

"O Mandarim", editado em 1880 pela primeira vez, tem agora como base o texto estabelecido por Beatriz Berrini na edição crítica e "A Capital!" (primeira edição de 1925), que surge com uma exclamação no título, é fruto do trabalho de Luiz Fagundes Duarte para a edição da INCM. Ambas as obras são completadas com uma introdução e notas de Carlos Reis, mas sobretudo "A Capital!" é substancialmente diferente das edições que circulavam até ao momento.

À venda desde 16 de Setembro, são os primeiros volumes da colecção e brevemente serão publicados "Alves & Companhia", "A Ilustre Casa de Ramires" e "O Crime do Padre Amaro". Com uma tiragem de 3000 volumes de cada obra, a Presença tem expectativas que "esta seja a edição de Eça de Queirós mais comercial", segundo informou o director de "marketing", Francisco Pinto Espadinha.

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