Esquerda do PS rejeita recentrar partido

24-11-2002
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Esquerda do PS Rejeita Recentrar Partido

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Sexta-feira, 15 de Novembro de 2002 Congresso arranca hoje Pelo congresso do PS não vai passar só a renovação estatutária. Dirigentes como Alegre, Martins, Cravinho e Vera entregaram um documento a Ferro. Afinal a ideologia também vai ao Coliseu Em resposta às posições vistas como centristas de Jaime Gama e Joaquim Pina Moura e para forçar a redefinição à esquerda do PS no Congresso que hoje começa no Coliseu, em Lisboa, um grupo de dirigentes que se identificam com a viragem à esquerda do partido, entregaram ontem a Eduardo Ferro Rodrigues um documento intitulado "O papel do PS hoje - contribuição para uma acção socialista". Um documento que aparece assim no esteio das entrevistas dadas por Mário Soares, Manuel Alegre e Helena Roseta. Subscrito por Manuel Alegre, Ana Benavente, João Cravinho, Medeiros Ferreira, José Vera Jardim, Marques Júnior, Jorge Lacão, Alberto Martins, Helena Roseta, Maria Santos, Jorge Strecht Ribeiro, Alberto Costa, Manuela de Melo, Isabel Pires de Lima, Vicente Jorge Silva, Luís Fagundes Duarte, Luísa Portugal, Vítor Ramalho e Osvaldo de Castro, o texto, a que o PÚBLICO teve acesso, procura assim advertir o secretário-geral para que, "num momento em que se instala em Portugal um Governo profundamente conservador e retrógrado", o PS retome "a sua tradição de rebeldia e inconformismo" e encontre "um novo sentido" que propõe que passe "pela defesa de um novo modelo social europeu e de um novo Pacto de Coesão e Cidadania, pela capacidade de entender e participar nos novos movimentos sociais e pela luta contra a degradação da vida política portuguesa". Apelando à "mobilização do PS em torno do secretário-geral, Ferro Rodrigues, e à moção por ele apresentada", os subscritores projectam o debate num plano mais ideológico e procuram trazer para Portugal o debate que existe no movimentos sociais-democratas, por exemplo na Europa. O documento que ficou pronto ontem à tarde, andou em maturação durante a semana e só teve luz verde definitiva ontem depois de um almoço que juntou alguns dos seus subscritores. A intenção foi definida ao PÚBLICO como uma demarcação de uma tentativa de recentrar o PS, que atribuem a personalidades como Jaime Gama e Pina Moura. A opção por esta fórmula prende-se com o apoio que dão a Ferro e à sua moção, pelo que não faz sentido avançarem com uma autónoma. Mas também têm consciência de que os poucos minutos que cada orador tem no palco de um congresso não permite expor de forma coerente e ampla as ideias e as reflexões que querem ver o PS abraçar. Redefinir o modelo social europeu No texto, lê-se que "a razão histórica do socialismo democrático de hoje tem de continuar a ser o inconformismo face às velhas e novas desigualdades". Pelo que os subscritores advogam: "Os socialistas não podem desistir de querer transformar o mundo, nem acomodar-se a tentar mudar apenas aquilo que está, sob pena de se tornarem historicamente dispensáveis." Ora, os subscritores defendem que o caminho passe pela modernização e redefinição de um novo modelo social europeu que "alie as políticas sociais mais avançadas com novas propostas sobre a vida das cidades, o quotidiano das famílias, os bairros degradados, a segurança urbana, a integração dos imigrantes, os transportes, a habitação, a segurança alimentar, os direitos dos consumidores, o lazer e o acesso à cultura." Frisando que "o sistema capitalista está em mutação" e que "mudou o modo de produção, mudou a relação com o tempo, mudou a própria percepção da realidade", o documento sustenta que o PS e a esquerda, "para voltar a conquistar a confiança das camadas populares", têm de "reinventar e defender o modelo social europeu", nomeadamente repensando "os sistemas públicos de saúde e segurança social, integrando a participação dos cidadãos, e assumir a qualidade de vida urbana e suburbana e a segurança das comunidades como questões centrais da cidadania". Para estes dirigentes e militantes socialistas, "a disciplina orçamental não pode ser obtida com prejuízo do crescimento económico e do emprego" pelo que afirmam: "Mais e para além de um Pacto de Estabilidade e Crescimento, é preciso um Pacto de Coesão e Cidadania". Falando concretamente sobre Portugal, o texto sustenta que a campanha das legislativas "liderada por Ferro Rodrigues permitiu o reencontro do PS consigo mesmo", um caminho que querem aprofundar, mas alertando para a necessidade de os socialistas não perder de vista que "a grande questão que se coloca hoje à esquerda é a de dar aos movimentos de protesto um sentido colectivo e unificar o que está disperso". E rejeitam a hipótese de o PS "acabar como uma espécie de 'direita social'". E garantem: "Uma esquerda do século XXI, no nosso país, só pode ser federada pelo PS e a partir do PS", sendo que "federar não significa somar partidos", mas sim ser "capaz de construir, com imaginação e ousadia, uma estratégia que mobilize os partidos de esquerda, os movimentos sociais e as pessoas de boa vontade em torno de causas que sejam a tradução actual dos valores que sempre animaram a esquerda: liberdade, igualdade e fraternidade". 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Subscrito por Manuel Alegre, Ana Benavente, João Cravinho, Medeiros Ferreira, José Vera Jardim, Marques Júnior, Jorge Lacão, Alberto Martins, Helena Roseta, Maria Santos, Jorge Strecht Ribeiro, Alberto Costa, Manuela de Melo, Isabel Pires de Lima, Vicente Jorge Silva, Luís Fagundes Duarte, Luísa Portugal, Vítor Ramalho e Osvaldo de Castro, o texto, a que o PÚBLICO teve acesso, procura assim advertir o secretário-geral para que, "num momento em que se instala em Portugal um Governo profundamente conservador e retrógrado", o PS retome "a sua tradição de rebeldia e inconformismo" e encontre "um novo sentido" que propõe que passe "pela defesa de um novo modelo social europeu e de um novo Pacto de Coesão e Cidadania, pela capacidade de entender e participar nos novos movimentos sociais e pela luta contra a degradação da vida política portuguesa". 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Redefinir o modelo social europeu No texto, lê-se que "a razão histórica do socialismo democrático de hoje tem de continuar a ser o inconformismo face às velhas e novas desigualdades". Pelo que os subscritores advogam: "Os socialistas não podem desistir de querer transformar o mundo, nem acomodar-se a tentar mudar apenas aquilo que está, sob pena de se tornarem historicamente dispensáveis." Ora, os subscritores defendem que o caminho passe pela modernização e redefinição de um novo modelo social europeu que "alie as políticas sociais mais avançadas com novas propostas sobre a vida das cidades, o quotidiano das famílias, os bairros degradados, a segurança urbana, a integração dos imigrantes, os transportes, a habitação, a segurança alimentar, os direitos dos consumidores, o lazer e o acesso à cultura." Frisando que "o sistema capitalista está em mutação" e que "mudou o modo de produção, mudou a relação com o tempo, mudou a própria percepção da realidade", o documento sustenta que o PS e a esquerda, "para voltar a conquistar a confiança das camadas populares", têm de "reinventar e defender o modelo social europeu", nomeadamente repensando "os sistemas públicos de saúde e segurança social, integrando a participação dos cidadãos, e assumir a qualidade de vida urbana e suburbana e a segurança das comunidades como questões centrais da cidadania". Para estes dirigentes e militantes socialistas, "a disciplina orçamental não pode ser obtida com prejuízo do crescimento económico e do emprego" pelo que afirmam: "Mais e para além de um Pacto de Estabilidade e Crescimento, é preciso um Pacto de Coesão e Cidadania". Falando concretamente sobre Portugal, o texto sustenta que a campanha das legislativas "liderada por Ferro Rodrigues permitiu o reencontro do PS consigo mesmo", um caminho que querem aprofundar, mas alertando para a necessidade de os socialistas não perder de vista que "a grande questão que se coloca hoje à esquerda é a de dar aos movimentos de protesto um sentido colectivo e unificar o que está disperso". E rejeitam a hipótese de o PS "acabar como uma espécie de 'direita social'". E garantem: "Uma esquerda do século XXI, no nosso país, só pode ser federada pelo PS e a partir do PS", sendo que "federar não significa somar partidos", mas sim ser "capaz de construir, com imaginação e ousadia, uma estratégia que mobilize os partidos de esquerda, os movimentos sociais e as pessoas de boa vontade em torno de causas que sejam a tradução actual dos valores que sempre animaram a esquerda: liberdade, igualdade e fraternidade". 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