Portais procuram novas fontes de receita

11-04-2002
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Serviços e conteúdos pagos estão a generalizar-se na Internet

Portais Procuram Novas Fontes de Receita

Por MIGUEL CAETANO / CASA DOS BITS

Segunda-feira, 1 de Abril de 2002 Se os economistas sabem desde há muito que, nos mercados, não há nada verdadeiramente gratuito, os utilizadores dos grandes portais começaram a aperceber-se de que essa lei também vigora na Web, ao contrário do que se pensava nos primeiros anos de massificação da Internet. O próprio Yahoo!, um dos sítios pioneiros da Web, confrontado com um mercado publicitário em declínio devido à crise no sector das tecnologias da informação (TI), tem vindo, desde o ano passado, a tentar encontrar novas fontes de receitas que sejam alternativas à publicidade. A sua mais recente ofensiva nessa frente foi a criação de um serviço pago de correio electrónico incluindo funcionalidades POP3 (Post Office Protocol 3) e de envio de mensagens que, até agora, estavam disponíveis gratuitamente. O POP 3 consiste numa norma para receber mensagens de E-mail guardadas por um servidor da Internet ou para enviar automaticamente mensagens para uma outra conta. O portal enviou na passada terça-feira, 26 de Março, uma mensagem avisando os utilizadores que acedem às suas contas do Yahoo! Mail através de "software"-cliente POP 3, como o Microsoft Outlook e o Eudora, que, a partir de 24 de Abril, teriam que subscrever um novo pacote pago de E-mail POP3 ou as suas contas serão apagadas. O novo serviço acrescenta funcionalidades, permitindo aos utilizadores de POP3 o envio de ficheiros anexos com a dimensão máxima de 5 MB, face ao limite de 1,5 MB no serviço gratuito anterior. O pagamento do novo pacote corresponde a uma taxa anual cujo preço será de 19,99 dólares (22,90 euros) caso o pagamento seja efectuado antes de 24 de Abril; depois, o subscritor terá que desembolsar 29,99 dólares (34,36 euros). A única alternativa será ficar-se pelo Webmail, cuja utilização continuará a ser gratuita, ou mudar de endereço de correio electrónico. Quase na mesma altura, o Sapo introduziu em Portugal também um pacote de serviços de correio electrónico Premium, que oferece pela primeira vez aos utilizadores do seu serviço de Webmail a hipótese de aceder às suas contas de E-mail através de um programa-cliente de POP3. Se o utilizador se ligar à Internet através do acesso do Sapo, esta funcionalidade será gratuita para todas as suas contas de correio electrónico. Quem optar por outra forma de ligação à Internet e quiser usar o serviço POP3 do Sapo terá pagar uma taxa de 10 euros para um ano ou 18 euros para dois anos. Segundo João Beltrão, responsável pela área de serviços da Saber & Lazer, empresa do grupo PT que detém o portal, "até agora, apenas os subscritores do Net.Sapo [nome do anterior serviço de acesso à Net deste portal] que registaram um endereço de E-mail @net.sapo.pt dispunham de acesso POP3". Para João Beltrão, este serviço "vem dar resposta às necessidades manifestadas pelos clientes", afirmando não acreditar que os serviços POP3 completamente gratuitos possam sobreviver. Antes da decisão de passar a cobrar pelo acesso POP3 de E-mail, o Yahoo! já tinha dado outros passos no sentido da redução dos conteúdos gratuitos no seu sítio, contando actualmente com 25 serviços de subscrição. No início de Março, o portal lançou uma nova modalidade para o GeoCities, o seu serviço de alojamento de páginas da Web para a utilização de FTP (File Transfer Protocol). Os assinantes do Yahoo!, que antes podiam recorrer gratuitamente a esta funcionalidade, tiveram que passar a pagar 4,95 dólares (5,6 euros) para continuarem a utilizá-lo. Mais recentemente, o Yahoo! Procurou averiguar o grau de disponibilidade dos seus utilizadores para pagarem pela visualização de vídeos. No que se refere aos conteúdos, a tendência para o fim do gratuito acentua-se. Recentemente, o jornal britânico "The Times" revelou que iria passar a disponibilizar uma novo conjunto de modalidades de acesso pago a certos conteúdos do seu sítio na Web. O jornal já cobrava actualmente assinaturas pela secção de palavras cruzadas e pela consulta dos seus arquivos. Dentro em breve, irá começar a cobrar pelo acesso a relatórios jurídicos e à secção especial do Campeonato do Mundo de Futebol. Este jornal pretende também instaurar uma taxa aos utilizadores de outros países que pretendam aceder ao "site", afirmando que possui tecnologia para detectar com 90 por cento de rigor o país de onde o cibernauta acede. A esta decisão não terá sido alheio o facto de o grupo Pearsons, proprietário do jornal, ter revelado no início deste mês que vai lançar um serviço pago pelo preço de 100 libras (161,52 euros) que garante o acesso a partes do "site" do diário financeiro "Financial Times", pertencente ao mesmo grupo. Em Portugal, o portal IOL decidiu fechar o acesso aos seus conteúdos a partir do início de Março entre as 20h00 e as 8h00 a cibernautas que não se liguem à Internet através do serviço de ISP do grupo Media Capital. No seguimento desta restrição, os outros dois grandes portais portugueses, o Sapo e o Clix, estão também a preparar o lançamento de modalidades de acesso condicionado ou pago aos seus conteúdos, conforme o PÚBLICO noticiou no dia 27 de Março. Luís Rodrigues, administrador da Media Capital, proprietária do IOL, afirmou então que a evolução desta iniciativa do portal está a ser "muito positiva", tendo registado um crescimento de 18 por cento nos "page views" nos primeiros 20 dias deste mês face a igual período de Fevereiro. O mais difícil para a generalização desta modalidade poderá ser convencer os cibernautas de que estão a ganhar ao pagarem por conteúdos ou serviços que até então eram livremente acessíveis, quando, até há pouco tempo, todas as "dot-com" e portais lhes diziam que, na Web, tudo era sempre de borla. Miguel Caetano / Casa dos Bits OUTROS TÍTULOS EM COMPUTADORES

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O portal enviou na passada terça-feira, 26 de Março, uma mensagem avisando os utilizadores que acedem às suas contas do Yahoo! Mail através de "software"-cliente POP 3, como o Microsoft Outlook e o Eudora, que, a partir de 24 de Abril, teriam que subscrever um novo pacote pago de E-mail POP3 ou as suas contas serão apagadas. O novo serviço acrescenta funcionalidades, permitindo aos utilizadores de POP3 o envio de ficheiros anexos com a dimensão máxima de 5 MB, face ao limite de 1,5 MB no serviço gratuito anterior. O pagamento do novo pacote corresponde a uma taxa anual cujo preço será de 19,99 dólares (22,90 euros) caso o pagamento seja efectuado antes de 24 de Abril; depois, o subscritor terá que desembolsar 29,99 dólares (34,36 euros). A única alternativa será ficar-se pelo Webmail, cuja utilização continuará a ser gratuita, ou mudar de endereço de correio electrónico. 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Para João Beltrão, este serviço "vem dar resposta às necessidades manifestadas pelos clientes", afirmando não acreditar que os serviços POP3 completamente gratuitos possam sobreviver. Antes da decisão de passar a cobrar pelo acesso POP3 de E-mail, o Yahoo! já tinha dado outros passos no sentido da redução dos conteúdos gratuitos no seu sítio, contando actualmente com 25 serviços de subscrição. No início de Março, o portal lançou uma nova modalidade para o GeoCities, o seu serviço de alojamento de páginas da Web para a utilização de FTP (File Transfer Protocol). Os assinantes do Yahoo!, que antes podiam recorrer gratuitamente a esta funcionalidade, tiveram que passar a pagar 4,95 dólares (5,6 euros) para continuarem a utilizá-lo. Mais recentemente, o Yahoo! Procurou averiguar o grau de disponibilidade dos seus utilizadores para pagarem pela visualização de vídeos. No que se refere aos conteúdos, a tendência para o fim do gratuito acentua-se. 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