Semanário Económico

28-09-2003
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Entrevista a Luis Rodrigues, presidente do Pex

«Vamos ter emitentes que estão cotados na Euronext»

04-09-2003, André Veríssimo e João Silvestre

Luís Rodrigues descreve o PEX como um mercado complementar à Euronext, a meio caminho entre o mercado regulamentado e o fora de bolsa. A aposta passa também por atrair capital de risco e segmentos como as obrigações e os produtos estruturados.

Luis Rodrigues, presidente da OPEX, a sociedade que gere o mercado PEX, diz que o número de empresas que vai arrancar com a nova “bolsa” no próximo dia 19 não é suficiente para garantir o sucesso do projecto. Mas está confiante na adesão de novos emitentes e produtos, que permitam atingir o break-even em três anos. Depois, até poderemos ver a OPEX cotada no PEX.

A PEX quer ser complementar ou concorrente da Euronext?

Nós pensamos ser complementares e continuamos na mesma linha daquilo que foi a nossa génese. Nunca concorrencial. Não temos a dimensão, nem o estatuto para podermos ser concorrenciais com uma plataforma multinacional. O que nós pretendemos é penetrar num espaço que tem sido, porventura, o mais dinamizado a nível internacional, em virtude do que têm sido os novos produtos desenvolvidos e as novas filosofias de investimento. E esse espaço é aquele que está entre o fora de bolsa e o mercado típico de bolsa, que é onde estão os mercados não regulamentados que se caracterizam por tentar maximizar as vantagens de ambos os extremos minimizando as desvantagens.

E que vantagens são essas?

Basicamente é ter a flexibilidade de um fora de bolsa com a transparência de um mercado bolsista.

E em que se traduz essa flexibilidade?

Por exemplo, na não obrigatoriedade de prestação de níveis de informação que o mercado regulamentado exige, na flexibilidade em termos de dispersão, de mínimos exigíveis para admissão. Tudo isto é mais fácil para os emitentes.

Por outro lado, como recorre a sistemas de negociação até hoje utilizados exclusivamente por bolsas em tempo real, divulga preços e casa ofertas. Isto é, vai buscar a transparência que as bolsas introduziram no mercado de capitais.

Isso quer dizer que poderão ser transaccionadas acções que estejam listadas na Euronext?

Podem, porque essas acções também podem ser transaccionadas fora de bolsa. Hoje as sociedades abertas - e isto não quer dizer que quem estiver cotado no PEX seja uma sociedade aberta - já negoceiam em bolsa e fora de bolsa, ou seja nos dois extremos. Então porque não hão-de negociar no meio, no mercado não regulamentado? É mais uma facilidade. Hoje em dia, e porventura este será o paradigma que levou a alguma internacionalização dos mercados, os investidores querem decidir onde registar determinadas operações. Há investidores que querem pouca transparência nas transacções e têm que recorrer, necessariamente, ao mercado fora de bolsa para que não haja uma divulgação imediata. Os outros que querem segurança na operação recorrem ao mercado regulamentado que, e esta é uma das maiores vantagens da Euronext neste momento, tem garantia da contrapartida.

Que operações são essas?

Dou-lhe exemplos. A distribuição de stock options poderá ser feita de forma muito mais transparente. Ora, se o fora de bolsa não é transparente, ficam a ganhar a liberdade de poder registar a qualquer preço mas com transparência.

Outro exemplo. A saída de um sócio de uma empresa que reparte a participação por outros sócios. Para que todos fiquem a saber que houve transparência, que todos compraram ao mesmo preço, nada melhor que registar a operação em bolsa. Mas estes são apenas exemplos. Haverá com certeza muitos mais.

Este tipo de operações são claramente uma aposta do PEX?

Isto não são operações que sejam de um mercado regulamentado. É tentar atribuir transparência a uma operação que de outra maneira não a iria ter. Fica tudo muito mais claro e é dinamizador da confiança no mercado. O mercado de capitais é um mercado de dois tipos de commodities: informação e confiança. Nesse capítulo, se dermos mais transparência a essas transacções estamos a dar mais confiança ao mercado.

© Semanário Economico 2002

Entrevista a Luis Rodrigues, presidente do Pex

«Vamos ter emitentes que estão cotados na Euronext»

04-09-2003, André Veríssimo e João Silvestre

Luís Rodrigues descreve o PEX como um mercado complementar à Euronext, a meio caminho entre o mercado regulamentado e o fora de bolsa. A aposta passa também por atrair capital de risco e segmentos como as obrigações e os produtos estruturados.

Luis Rodrigues, presidente da OPEX, a sociedade que gere o mercado PEX, diz que o número de empresas que vai arrancar com a nova “bolsa” no próximo dia 19 não é suficiente para garantir o sucesso do projecto. Mas está confiante na adesão de novos emitentes e produtos, que permitam atingir o break-even em três anos. Depois, até poderemos ver a OPEX cotada no PEX.

A PEX quer ser complementar ou concorrente da Euronext?

Nós pensamos ser complementares e continuamos na mesma linha daquilo que foi a nossa génese. Nunca concorrencial. Não temos a dimensão, nem o estatuto para podermos ser concorrenciais com uma plataforma multinacional. O que nós pretendemos é penetrar num espaço que tem sido, porventura, o mais dinamizado a nível internacional, em virtude do que têm sido os novos produtos desenvolvidos e as novas filosofias de investimento. E esse espaço é aquele que está entre o fora de bolsa e o mercado típico de bolsa, que é onde estão os mercados não regulamentados que se caracterizam por tentar maximizar as vantagens de ambos os extremos minimizando as desvantagens.

E que vantagens são essas?

Basicamente é ter a flexibilidade de um fora de bolsa com a transparência de um mercado bolsista.

E em que se traduz essa flexibilidade?

Por exemplo, na não obrigatoriedade de prestação de níveis de informação que o mercado regulamentado exige, na flexibilidade em termos de dispersão, de mínimos exigíveis para admissão. Tudo isto é mais fácil para os emitentes.

Por outro lado, como recorre a sistemas de negociação até hoje utilizados exclusivamente por bolsas em tempo real, divulga preços e casa ofertas. Isto é, vai buscar a transparência que as bolsas introduziram no mercado de capitais.

Isso quer dizer que poderão ser transaccionadas acções que estejam listadas na Euronext?

Podem, porque essas acções também podem ser transaccionadas fora de bolsa. Hoje as sociedades abertas - e isto não quer dizer que quem estiver cotado no PEX seja uma sociedade aberta - já negoceiam em bolsa e fora de bolsa, ou seja nos dois extremos. Então porque não hão-de negociar no meio, no mercado não regulamentado? É mais uma facilidade. Hoje em dia, e porventura este será o paradigma que levou a alguma internacionalização dos mercados, os investidores querem decidir onde registar determinadas operações. Há investidores que querem pouca transparência nas transacções e têm que recorrer, necessariamente, ao mercado fora de bolsa para que não haja uma divulgação imediata. Os outros que querem segurança na operação recorrem ao mercado regulamentado que, e esta é uma das maiores vantagens da Euronext neste momento, tem garantia da contrapartida.

Que operações são essas?

Dou-lhe exemplos. A distribuição de stock options poderá ser feita de forma muito mais transparente. Ora, se o fora de bolsa não é transparente, ficam a ganhar a liberdade de poder registar a qualquer preço mas com transparência.

Outro exemplo. A saída de um sócio de uma empresa que reparte a participação por outros sócios. Para que todos fiquem a saber que houve transparência, que todos compraram ao mesmo preço, nada melhor que registar a operação em bolsa. Mas estes são apenas exemplos. Haverá com certeza muitos mais.

Este tipo de operações são claramente uma aposta do PEX?

Isto não são operações que sejam de um mercado regulamentado. É tentar atribuir transparência a uma operação que de outra maneira não a iria ter. Fica tudo muito mais claro e é dinamizador da confiança no mercado. O mercado de capitais é um mercado de dois tipos de commodities: informação e confiança. Nesse capítulo, se dermos mais transparência a essas transacções estamos a dar mais confiança ao mercado.

© Semanário Economico 2002

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