PEX à espera de estrelas

09-10-2003
marcar artigo

Balanço da primeira semana

PEX à Espera de Estrelas

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2003

Até meio da tarde de quinta-feira, o "jovem" mercado realizou apenas 19 negócios, mas o presidente da sociedade gestora desvaloriza. O arranque foi "extremamente positivo", porque foi feito sem problemas técnicos e em segurança para os investidores, salienta.

A.C. e R.S.

O somatório dos negócios realizados nos primeiros cinco dias de negociação do PEX, o novo mercado não regulamentado português, não revela um resultado surpreendente, embora seja reduzido. Até meio da tarde de quinta-feira, o "jovem" mercado realizou apenas 19 negócios. Mas Luís Rodrigues, presidente da sociedade gestora da nova plataforma bolsista, disse ao PÚBLICO que o balanço das primeiras sessões "é extremamente positivo", especialmente porque foi possível arrancar com um novo mercado sem problemas técnicos e em segurança para os investidores.

O responsável desvaloriza a questão do número de negócios, defendendo que não se pode ter a tentação de utilizar os mesmos parâmetros de avaliação usados para a Euronext Lisboa, ou mesmo de apresentar o PEX como "a outra bolsa".

Apesar da "contenção" revelada, o gestor não deixa de manifestar satisfação em relação à eficiência do sistema que suporta este mercado, adiantando que 80 por cento das funcionalidades já foram testadas, incluindo a componente da compensação. Luís Rodrigues valoriza, assim, a normalidade do arranque do mercado, salientando que "começam a criar-se condições para encarar o futuro com optimismo". E o futuro depende muito da capacidade de atrair algumas "estrelas" do mercado à vista, processo que estará em curso, mas que Luís Rodrigues prefere manter em "suspense", no âmbito do princípio de que o PEX só faz anúncios quando eles são totalmente seguros. Já junto das Pequenas e Médias Empresas (PME), segmento que o PEX pretende estimular, o responsável afirma que há numerosos pedidos de esclarecimento com vista à abertura de capital, como aconteceu com a nortenha Companhia Portuguesa de Participações de Investimento (CPPI).

A oferta de produtos estruturados e a definição de um pacote de incentivos, que em breve será apresentado e discutido com o Ministério das Finanças, são factores que poderão dar um forte impulso a este mercado, que Luís Rodrigues repete "não pretende ser um concorrente da bolsa de Lisboa".

Treze membros e 12 emitentes

O PEX arrancou com 12 membros, número que subiu para 13 com a adesão na semana passada da Fincor. Não obstante o momento não ser o mais adequado, porque os intermediários financeiros estão a adoptar-se à migração plena da bolsa de Lisboa para a plataforma Euronext, os promotores do primeiro mercado não regulamentado português estão optimistas em relação a à integração de novos membros. Do lado dos emitentes, o PEX continua a manter os números de arranque: sete emitentes no segmento obrigacionista, com destaque para a EDP, GalpEnergia, Banco Santander de Portugal e PT, e cinco no accionista, nomeadamente EDP, Reditus, Inapa, Papelaria Fernandes e CPPI.

Os meios financeiros olham para o PEX com curiosidade, mas admitem que a "infância" do novo mercado não será fácil. Por um lado, vivemos num período de ressaca dos mercados de capitais, que ainda demorarão a recuperar, e por outro, uma nova bolsa precisa de tempo para afirmar-se. O preçário agressivo pode ser um trunfo do PEX, admitem, mas não chega para tornar o mercado atractivo, é preciso também que haja alguma liquidez, sublinham. O sucesso do mercado está ainda algo dependente do impulso dado pelos intermediários financeiros, especialmente os bancos, que têm tido um papel pouco activo na canalização de empresas para o mercado. Talvez por isso, quase 60 por cento dos empresários, gestores e académicos que responderam ao Barómetro PÚBLICO/Ideias e Negócios/Antena 1 não acreditam no sucesso do novo mercado (ver páginas 4 e 5).

Balanço da primeira semana

PEX à Espera de Estrelas

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2003

Até meio da tarde de quinta-feira, o "jovem" mercado realizou apenas 19 negócios, mas o presidente da sociedade gestora desvaloriza. O arranque foi "extremamente positivo", porque foi feito sem problemas técnicos e em segurança para os investidores, salienta.

A.C. e R.S.

O somatório dos negócios realizados nos primeiros cinco dias de negociação do PEX, o novo mercado não regulamentado português, não revela um resultado surpreendente, embora seja reduzido. Até meio da tarde de quinta-feira, o "jovem" mercado realizou apenas 19 negócios. Mas Luís Rodrigues, presidente da sociedade gestora da nova plataforma bolsista, disse ao PÚBLICO que o balanço das primeiras sessões "é extremamente positivo", especialmente porque foi possível arrancar com um novo mercado sem problemas técnicos e em segurança para os investidores.

O responsável desvaloriza a questão do número de negócios, defendendo que não se pode ter a tentação de utilizar os mesmos parâmetros de avaliação usados para a Euronext Lisboa, ou mesmo de apresentar o PEX como "a outra bolsa".

Apesar da "contenção" revelada, o gestor não deixa de manifestar satisfação em relação à eficiência do sistema que suporta este mercado, adiantando que 80 por cento das funcionalidades já foram testadas, incluindo a componente da compensação. Luís Rodrigues valoriza, assim, a normalidade do arranque do mercado, salientando que "começam a criar-se condições para encarar o futuro com optimismo". E o futuro depende muito da capacidade de atrair algumas "estrelas" do mercado à vista, processo que estará em curso, mas que Luís Rodrigues prefere manter em "suspense", no âmbito do princípio de que o PEX só faz anúncios quando eles são totalmente seguros. Já junto das Pequenas e Médias Empresas (PME), segmento que o PEX pretende estimular, o responsável afirma que há numerosos pedidos de esclarecimento com vista à abertura de capital, como aconteceu com a nortenha Companhia Portuguesa de Participações de Investimento (CPPI).

A oferta de produtos estruturados e a definição de um pacote de incentivos, que em breve será apresentado e discutido com o Ministério das Finanças, são factores que poderão dar um forte impulso a este mercado, que Luís Rodrigues repete "não pretende ser um concorrente da bolsa de Lisboa".

Treze membros e 12 emitentes

O PEX arrancou com 12 membros, número que subiu para 13 com a adesão na semana passada da Fincor. Não obstante o momento não ser o mais adequado, porque os intermediários financeiros estão a adoptar-se à migração plena da bolsa de Lisboa para a plataforma Euronext, os promotores do primeiro mercado não regulamentado português estão optimistas em relação a à integração de novos membros. Do lado dos emitentes, o PEX continua a manter os números de arranque: sete emitentes no segmento obrigacionista, com destaque para a EDP, GalpEnergia, Banco Santander de Portugal e PT, e cinco no accionista, nomeadamente EDP, Reditus, Inapa, Papelaria Fernandes e CPPI.

Os meios financeiros olham para o PEX com curiosidade, mas admitem que a "infância" do novo mercado não será fácil. Por um lado, vivemos num período de ressaca dos mercados de capitais, que ainda demorarão a recuperar, e por outro, uma nova bolsa precisa de tempo para afirmar-se. O preçário agressivo pode ser um trunfo do PEX, admitem, mas não chega para tornar o mercado atractivo, é preciso também que haja alguma liquidez, sublinham. O sucesso do mercado está ainda algo dependente do impulso dado pelos intermediários financeiros, especialmente os bancos, que têm tido um papel pouco activo na canalização de empresas para o mercado. Talvez por isso, quase 60 por cento dos empresários, gestores e académicos que responderam ao Barómetro PÚBLICO/Ideias e Negócios/Antena 1 não acreditam no sucesso do novo mercado (ver páginas 4 e 5).

marcar artigo