Destaque

13-08-2002
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Segunda-feira, 15 de Julho de 2002

O episódio deu-se quando o congresso se preparava para iniciar o último dia de trabalhos. Fotógrafos e câmaras esperavam à frente do palco, perto do ministro Paulo Portas, para o momento do abraço com o líder do PSD. Eis quando o ministro adjunto, José Luís Arnaut, de uma forma brusca, exige a retirada dos jornalistas. "Quero isto tudo limpo, chamem todos os seguranças, tirem-me isto daqui", disse o social-democrata tratando os profissionais da imagem como "lixo". A atitude do dirigente reverteu, mais tarde, numa situação desagradável para o próprio. Já no fim do congresso, os fotojornalistas e os repórteres de imagem das televisões discutiam o incidente à saída, quando Arnaut passou por eles, abandonando o edifício. De forma espontânea, rasgaram as acreditações e atiraram-lhas aos pés. O secretário-geral, ainda olhou para trás, rindo. Só percebeu o que se passava quando alguém gritou: "É lixo, é lixo."

Já há muito que o líder da distrital do Porto, Marco António, fizera o esforço de enterrar o passado à volta da histórica e monumental vaia a Luís Filipe Menezes, em 1995. Um esforço que o militante Hélder Santos estilhaçou em poucos segundos com uma "gaffe". Falava o militante da JSD, durante a noite de sábado, sobre o contributo que o Porto podia dar ao governo, quando aproveitou para "recordar essa bonita história das tripas à moda do Porto": "Os portis... Os portuenses... quer dizer é quase a mesma coisa porque eu também sou portista..." A sala encheu-se tanto de aplausos quanto de assobios, enquanto o orador se ria envergonhado. Fica, assim, para história a única vaia do XXIV Congresso.

Luís Marques Mendes, ministro dos Assuntos Parlamentares, é um fumador inveterado. Na plateia do Coliseu dos Recreios não se pode fumar. Mas Mendes raramente foi visto nos átrios do Coliseu, onde estavam os cinzeiros. A dada altura, fumava num dos corredores, onde também vigora a proibição. Uma funcionário pediu-lhe para ir até lá fora. Mas o ministro não hesitou: entre apagar o cigarro ou ir aturar dezenas de militantes desejosos por fazer queixas e apresentar pedidos a um ministro, não hesitou. Preferiu apagar o cigarro que tinha acabado de acender. Não foi o único governante a evitar os delegados. Ministros e secretários de Estado mantiveram-se na plateia horas e horas. Mas mesmo aí eram assediados. Um secretário de Estado levava inclusive o que o próprio chamou de "caderninho das cunhas", um pequeno bloco de notas para apontar os pedidos que eram feitos e os contactos que eram dados. "Se fosse ali para o átrio gastava já dois orçamentos de Estado", comentou.N.S.L.

Segunda-feira, 15 de Julho de 2002

O episódio deu-se quando o congresso se preparava para iniciar o último dia de trabalhos. Fotógrafos e câmaras esperavam à frente do palco, perto do ministro Paulo Portas, para o momento do abraço com o líder do PSD. Eis quando o ministro adjunto, José Luís Arnaut, de uma forma brusca, exige a retirada dos jornalistas. "Quero isto tudo limpo, chamem todos os seguranças, tirem-me isto daqui", disse o social-democrata tratando os profissionais da imagem como "lixo". A atitude do dirigente reverteu, mais tarde, numa situação desagradável para o próprio. Já no fim do congresso, os fotojornalistas e os repórteres de imagem das televisões discutiam o incidente à saída, quando Arnaut passou por eles, abandonando o edifício. De forma espontânea, rasgaram as acreditações e atiraram-lhas aos pés. O secretário-geral, ainda olhou para trás, rindo. Só percebeu o que se passava quando alguém gritou: "É lixo, é lixo."

Já há muito que o líder da distrital do Porto, Marco António, fizera o esforço de enterrar o passado à volta da histórica e monumental vaia a Luís Filipe Menezes, em 1995. Um esforço que o militante Hélder Santos estilhaçou em poucos segundos com uma "gaffe". Falava o militante da JSD, durante a noite de sábado, sobre o contributo que o Porto podia dar ao governo, quando aproveitou para "recordar essa bonita história das tripas à moda do Porto": "Os portis... Os portuenses... quer dizer é quase a mesma coisa porque eu também sou portista..." A sala encheu-se tanto de aplausos quanto de assobios, enquanto o orador se ria envergonhado. Fica, assim, para história a única vaia do XXIV Congresso.

Luís Marques Mendes, ministro dos Assuntos Parlamentares, é um fumador inveterado. Na plateia do Coliseu dos Recreios não se pode fumar. Mas Mendes raramente foi visto nos átrios do Coliseu, onde estavam os cinzeiros. A dada altura, fumava num dos corredores, onde também vigora a proibição. Uma funcionário pediu-lhe para ir até lá fora. Mas o ministro não hesitou: entre apagar o cigarro ou ir aturar dezenas de militantes desejosos por fazer queixas e apresentar pedidos a um ministro, não hesitou. Preferiu apagar o cigarro que tinha acabado de acender. Não foi o único governante a evitar os delegados. Ministros e secretários de Estado mantiveram-se na plateia horas e horas. Mas mesmo aí eram assediados. Um secretário de Estado levava inclusive o que o próprio chamou de "caderninho das cunhas", um pequeno bloco de notas para apontar os pedidos que eram feitos e os contactos que eram dados. "Se fosse ali para o átrio gastava já dois orçamentos de Estado", comentou.N.S.L.

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