Primeiro-ministro quer governar até 2014

17-11-2004
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Primeiro-ministro Quer Governar Até 2014

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Segunda-feira, 15 de Novembro de 2004 Pedro Santana Lopes fez ontem de madrugada um inesperado discurso defensivo e auto justificativo da sua estratégia partidária, eleitoral e governativa, ao intervir no Congresso entre a uma e as duas horas da manhã. Garantiu que o seu projecto é igualar Cavaco Silva, liderar o país por um ciclo de mais duas legislaturas, isto é até 2014: "Vamos governar para levar Portugal por diante. Governar por mais dez anos." Respondendo às criticas que lhe têm sido feitas dentro e fora do pavilhão onde decorreram os trabalhos, Santana centrou o ataque em Luís Marques Mendes que, a meio da tarde tinha feito uma intervenção dura contra o primeiro-ministro, criticando as opções do Orçamento do Estado, defendendo uma recentragem do PSD ao centro. Mendes defendeu ainda que o partido assumisse rapidamente e em congresso que não concorre coligado em 2006. Quando subiu ao palco, cerca da 1h20 da madrugada, Santana foi pouco aplaudido, mas acabou por empolgar a sala e ser ovacionado de pé por mais de uma vez. Defendendo a coligação e a sua manutenção pelo menos até o fim da legislatura para não perturbar a estabilidade governativa, Santana garantiu que não deixará "nunca ninguém pôr o pé em cima" do PSD. Contudo, considerou que o partido deve fazer "as coisas com elegância" e respeite os seus compromissos. E procurando contrapor à diabolização da aliança com o CDS - que tinha sido assumida por muitos congressistas na noite de sexta-feira e durante o dia de sábado, Santana assumiu o seu teor meramente estratégico e perguntou se "alguém tem duvidas de que, se esta coligação acabasse, os socialistas iam à procura de um queijo limiano e encontrar-se em suites de hotel para fazer acordo". O líder social-democrata defendeu ainda o carácter nacional do PSD - "não saímos de lógicas internacionalistas saímos das entranhas deste povo" - para desafiar os críticos a porem de lado os "interesses pessoais" e darem a cara pelo partido: "Se alguém diverge, viesse aqui e dissesse, discordo, e disputasse a liderança, assumindo que tinha outra estratégia para o partido." Já antes Santana fizera um desafio aos críticos, precisamente no âmbito da defesa da coligação, afirmando: "Eu sei candidatar-me sozinho com as forças do PPD/PSD e tenho pena que outros não o tenham feito já." O contra-ataque a Marques Mendes foi feito também em torno da defesa do Orçamento do Estado, que Santana justificou longamente. "Sempre vim aos congressos dizer o que pensava, essa minha posição não mudou por fazer parte do Governo", afirmou Santana, numa critica explicita a Marques Mendes, concluindo que a sua solidariedade existiu mesmo com o governo de Durão Barroso, de Manuela Ferreira Leite e de Marques Mendes, Governo esse que "pediu dificuldades ao país" e que anunciou logo que a partir do meio da legislatura baixaria os impostos sobre as pessoas e aumentaria os salários. "Foi dito há meses, fosse quem fosse que discordasse ter-se-ia demitido daquele governo", sublinhou, dirigindo-se implicitamente a Marques Mendes. A necessidade de justificação e de defesa da solidez do Governo e da coerência da coordenação das políticas orçamentais, levou mesmo o primeiro-ministro a fazer uma revelação sobre o processo de formação de governo: "Antes de convidar o ministro das Finanças, perguntei-lhe se estava de acordo com as medidas." E desabafou: "Estou preparado para o clima em que o que é bom é dos ministros e o que é mau é do primeiro-ministro." E concluiu: "Colem-me todos os rótulos que quiserem, mas não me colem os rótulos de inconsciente e omisso." O primeiro-ministro clarificou ainda, em relação às presidenciais, que não lançou "nenhum desafio a Cavaco Silva", mas que apenas dissera que o respeitava e pedira que ele respeitasse o partido e esclareceu: "Não peço a ninguém que avance." E acrescentou que apenas disponibilizou o apoio do PSD a Cavaco Silva para se candidatar, pois é "a sua gente", foi "um acto de esperança e solidariedade entre sociais-democratas" e concluiu garantindo que não está a pressionar Cavaco para que este se defina como candidato: "Darei todo o tempo que for necessário, dentro daquilo que está fixado na moção". Num discurso que foi em crescendo de empolgamento até ao final, Santana anunciou que no próximo congresso não apresentará uma lista oficial da direcção ao conselho nacional, apenas à comissão. E garantiu que no novo órgão directivo não estaria ninguém que tivesse faltado aos trabalhos em Barcelos. "Não quero em listas para o conselho nacional do partido pessoas que tenham deixado vagas estas cadeiras", disse, apontado para o palco onde estava instalada a direcção cessante. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Hipótese de nova AD ameaça liderança de Santana Lopes

"Quero um país que vá subindo no seu astral"

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