Marques Mendes em alta, Arnaut e Sarmento em perda

23-02-2004
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Marques Mendes em Alta, Arnaut e Sarmento em Perda

Por RUI BAPTISTA E HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2004 A influência de Luís Marques Mendes junto de Durão Barroso tem crescido na proporção inversa em que diminui o protagonismo de Morais Sarmento e José Luís Arnaut, amigos pessoais do primeiro-ministro de quem os militantes do PSD pareciam esperar mais, muito mais. Nos últimos tempos, Sarmento e Arnaut têm vindo a ser alvo de críticas em surdina por parte de colegas do executivo e de dirigentes do PSD por não assumirem por inteiro a coordenação política do Governo. E quem lucra com a situação é o ministro dos Assuntos Parlamentares. O cargo que ocupa, somado ao facto de não exercer uma pasta temática de perfil executivo, permite a Marques Mendes estar a par de tudo o que se vai passando nos diversos ministérios. Por isso acabou por ser integrado no núcleo duro que, às segundas-feiras de manhã, traça a estratégia do executivo para a semana, que inclui Arnaut, Sarmento, Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite. Cabe-lhe preparar minuciosamente o debate mensal do primeiro-ministro na Assembleia da República, "ensaiar" os ministros chamados a prestar contas nas comissões parlamentares, apagar pequenos conflitos dentro e fora do Governo. Além disso, Marques Mendes - que recusou integrar a direcção do partido, no congresso de Julho de 2002 - faz questão de participar em actividades partidárias todos os fins-de-semana. Segundo colaboradores próximos do primeiro-ministro, este reconhece que tem sido útil a experiência política de Marques Mendes, que foi seu adversário no congresso de Viseu, há quatro anos. O primeiro-ministro também tem apreço pelas voltas que Mendes dá pelas bases do partido - uma prática que Durão gostaria que outros minsitros tivessem. Mas, dizem os mesmos colaboradores, Marques Mendes nunca será uma pessoa da confiança de Durão e, apesar das divergências que possam existir entre o primeiro-ministro e Sarmento ou Arnaut, estes continuarão a ser os seus "homens de mão". A azáfama de Mendes contrasta com a discrição, para muitos inesperada, de Morais Sarmento e José Luís Arnaut. Este último, em especial, já conheceu melhores dias no seio do Governo. Recentemente, as relações entre Durão e Arnaut sofreram vários abalos. Primeiro, por causa da questão da descriminalização do aborto, quando o ministro Adjunto deu instruções ao porta-voz do partido, Pedro Duarte, para que assumisse uma posição de abertura sem consultar o líder do executivo. Mais recentemente, por causa de uma notícia do "Expresso" sobre a escolha de Marcelo para novo comissário europeu. Na sequência deste último caso, o primeiro-ministro e o ministro Adjunto tiveram uma discussão acesa. A crítica feita a Arnaut no interior do Governo é a de que, embora sendo leal a Durão, é por vezes politicamente inábil. Arnaut, no entanto, conserva trunfos importantes: a sua amizade de muitos anos como o primeiro-ministro é considerada "à prova de bala"; tem três dossiers importantes - Euro 2004, instalação da Agência de Segurança Marítima e saída dos ministérios do Terreiro do Paço -; e acumula o cargo de secretário-geral do PSD, o que justificará alguma dispersão da sua actividade diária. Os seus críticos dizem, no entanto, não perceber porque é que Arnaut precisa de quatro adjuntos no partido (Matos Rosa, Sérgio Vieira, Pedro Duarte, Bruno Vitorino), e fala-se que Durão pode vir a substituí-lo no próximo congresso, surgindo o nome de Miguel Relvas como o mais forte candidato à sucessão. Também Morais Sarmento goza de uma relação privilegiada com o primeiro-ministro, mas a sua estrela já brilhou mais no partido e no executivo. Segundo disse ao PÚBLICO um dirigente do PSD, Durão Barroso já terá pedido diversas vezes ao ministro da Presidência que, como vice-presidente do partido, se ocupe mais de tarefas partidárias e que, como ministro, faça mais "prevenção de danos". O ministro da Presidência tem outra forma de estar na política, "mais parecida com a de Cavaco Silva", explica um companheiro de partido. Isto significa que Morais Sarmento não tem gosto em andar pelas estruturas do partido ao fim do dia ou aos fins-de-semana. Por outro lado, a falta de envolvimento em casos que se suspeita polémicos para a opinião pública é justificada no Governo com o facto de Morais Sarmento ter a seu cargo o processo legislativo, a comunicação social e a imigração - embora tenha na sua dependência dois secretários de Estado com quem partilha alguns dossiers. "O Nuno [Morais Sarmento] é um estratega a longo prazo, Arnaut um bom relações públicas e Marques Mendes é excelente a resolver os problemas no imediato", resume um membro do Governo. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Membros do Governo reclamam remodelação

Remodelação depende de previsões das europeias

Marques Mendes em alta, Arnaut e Sarmento em perda

Presidenciais

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"O PSD e Portugal estarão ao lado do próximo Governo de Espanha"

"Esta é uma causa do povo"

Portas e Cardona dizem que está tudo bem

Marcelo critica Santana

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Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2004 A influência de Luís Marques Mendes junto de Durão Barroso tem crescido na proporção inversa em que diminui o protagonismo de Morais Sarmento e José Luís Arnaut, amigos pessoais do primeiro-ministro de quem os militantes do PSD pareciam esperar mais, muito mais. Nos últimos tempos, Sarmento e Arnaut têm vindo a ser alvo de críticas em surdina por parte de colegas do executivo e de dirigentes do PSD por não assumirem por inteiro a coordenação política do Governo. E quem lucra com a situação é o ministro dos Assuntos Parlamentares. O cargo que ocupa, somado ao facto de não exercer uma pasta temática de perfil executivo, permite a Marques Mendes estar a par de tudo o que se vai passando nos diversos ministérios. Por isso acabou por ser integrado no núcleo duro que, às segundas-feiras de manhã, traça a estratégia do executivo para a semana, que inclui Arnaut, Sarmento, Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite. Cabe-lhe preparar minuciosamente o debate mensal do primeiro-ministro na Assembleia da República, "ensaiar" os ministros chamados a prestar contas nas comissões parlamentares, apagar pequenos conflitos dentro e fora do Governo. Além disso, Marques Mendes - que recusou integrar a direcção do partido, no congresso de Julho de 2002 - faz questão de participar em actividades partidárias todos os fins-de-semana. Segundo colaboradores próximos do primeiro-ministro, este reconhece que tem sido útil a experiência política de Marques Mendes, que foi seu adversário no congresso de Viseu, há quatro anos. O primeiro-ministro também tem apreço pelas voltas que Mendes dá pelas bases do partido - uma prática que Durão gostaria que outros minsitros tivessem. Mas, dizem os mesmos colaboradores, Marques Mendes nunca será uma pessoa da confiança de Durão e, apesar das divergências que possam existir entre o primeiro-ministro e Sarmento ou Arnaut, estes continuarão a ser os seus "homens de mão". A azáfama de Mendes contrasta com a discrição, para muitos inesperada, de Morais Sarmento e José Luís Arnaut. Este último, em especial, já conheceu melhores dias no seio do Governo. Recentemente, as relações entre Durão e Arnaut sofreram vários abalos. Primeiro, por causa da questão da descriminalização do aborto, quando o ministro Adjunto deu instruções ao porta-voz do partido, Pedro Duarte, para que assumisse uma posição de abertura sem consultar o líder do executivo. Mais recentemente, por causa de uma notícia do "Expresso" sobre a escolha de Marcelo para novo comissário europeu. Na sequência deste último caso, o primeiro-ministro e o ministro Adjunto tiveram uma discussão acesa. A crítica feita a Arnaut no interior do Governo é a de que, embora sendo leal a Durão, é por vezes politicamente inábil. Arnaut, no entanto, conserva trunfos importantes: a sua amizade de muitos anos como o primeiro-ministro é considerada "à prova de bala"; tem três dossiers importantes - Euro 2004, instalação da Agência de Segurança Marítima e saída dos ministérios do Terreiro do Paço -; e acumula o cargo de secretário-geral do PSD, o que justificará alguma dispersão da sua actividade diária. Os seus críticos dizem, no entanto, não perceber porque é que Arnaut precisa de quatro adjuntos no partido (Matos Rosa, Sérgio Vieira, Pedro Duarte, Bruno Vitorino), e fala-se que Durão pode vir a substituí-lo no próximo congresso, surgindo o nome de Miguel Relvas como o mais forte candidato à sucessão. Também Morais Sarmento goza de uma relação privilegiada com o primeiro-ministro, mas a sua estrela já brilhou mais no partido e no executivo. Segundo disse ao PÚBLICO um dirigente do PSD, Durão Barroso já terá pedido diversas vezes ao ministro da Presidência que, como vice-presidente do partido, se ocupe mais de tarefas partidárias e que, como ministro, faça mais "prevenção de danos". O ministro da Presidência tem outra forma de estar na política, "mais parecida com a de Cavaco Silva", explica um companheiro de partido. Isto significa que Morais Sarmento não tem gosto em andar pelas estruturas do partido ao fim do dia ou aos fins-de-semana. Por outro lado, a falta de envolvimento em casos que se suspeita polémicos para a opinião pública é justificada no Governo com o facto de Morais Sarmento ter a seu cargo o processo legislativo, a comunicação social e a imigração - embora tenha na sua dependência dois secretários de Estado com quem partilha alguns dossiers. "O Nuno [Morais Sarmento] é um estratega a longo prazo, Arnaut um bom relações públicas e Marques Mendes é excelente a resolver os problemas no imediato", resume um membro do Governo. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Membros do Governo reclamam remodelação

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