Destaque

15-08-2002
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Sábado, 6 de Julho de 2002

A questão há muito que anda no ar, e todos estão de acordo que é na sua resposta que estará o ponto de partida para o desenvolvimento do futebol como um novo ramo industrial. Qual o seu peso específico na actividade económica nacional, que meios movimenta, e qual o seu efeito indutor noutras actividades. As respostas devem ser dadas por um estudo económico que há muito está nos propósitos da Liga de Clubes. No último ano foi já aprovado um caderno de encargos e lançado o concurso para a sua realização, ao qual se apresentaram várias candidaturas, das quais três passaram a uma fase de apuramento final. Ao que o PÚBLICO apurou, a melhor proposta pertence à Deloitte & Touche, seguida da Andersen Consulting e do BPI, mas há cerca de seis meses que se aguarda a decisão final da Liga.

Uma teimosia do belga Jean-Marc Bosman levou a que as autoridades comunitárias considerassem ilegal a limitação de jogadores oriundos do espaço comunitário. Era a aplicação do princípio da liberdade de circulação de trabalhadores, mas o maior impacte para o mercado futebolístico acabou por resultar da impossibilidade de os clubes cobrarem qualquer indemnização depois de terminado o contrato. Em vez dos gastos com a aquisição dos direitos desportivos, que revertiam para os clubes de origem, os clubes passaram a canalizar essas verbas para os jogadores, aliciando-os com contratos cada vez mais elevados. Embalados pela ilusão do custo zero, muitos clubes acabaram por gastar bem mais com milionários contratos por várias temporadas.

A aptência do público pelo futebol e a concorrência no sector televisivo levou a que no início dos anos 90 se multiplicassem os contratos de transmissão. Negociando jogo a jogo numa primeira fase, as cadeias de televisão rapidamente passaram a negociar pacotes anuais com os clubes a troco de contratos milionários. Em França e Inglaterra manteve-se a tendência de negociação colectiva através das respectivas ligas, o que permitiu não só reforçar a capacidade negocial dos clubes como favorecer os de menor dimensão. Em Espanha, um acordo de saneamento financeiro dos clubes negociado com o Governo ainda obrigou à negociação colectiva com a Liga como garante do pagamento das dívidas, mas rapidamente os maiores clube preferiram libertar-se pagando antecipadamente a totalidade das dívidas. Tal permitiu-lhes partir para negociações com os vários canais de TV, do que resultaram milionários contratos para várias épocas, dinheiro prontamente aplicado na compra de jogadores. A competição valorizou-se extraordinariamente, mas hoje quase todos os clubes estão afogados em dívidas.

São os novos protagonistas do futebol, e hoje não há jogador que não seja representado por um agente. A sua actividade teve um incremento definitivo com o fim das idemnizações e a livre circulação de jogadores decorrentes do acórdão Bosman. Acusados por muita gente de enriquecerem à custa dos jogadores, são os grandes responsáveis pela multiplicação dos salários, fruto de hábeis negociações com os clubes. Mas nem tudo são rosas. Hoje são já eles a queixarem-se da existência de outros intermediário nas estruturas dos clubes a ponto de haver já quem afirme que se a margem de negócio é de dez por cento, a margem de lucro cai para os dois por cento.

Sábado, 6 de Julho de 2002

A questão há muito que anda no ar, e todos estão de acordo que é na sua resposta que estará o ponto de partida para o desenvolvimento do futebol como um novo ramo industrial. Qual o seu peso específico na actividade económica nacional, que meios movimenta, e qual o seu efeito indutor noutras actividades. As respostas devem ser dadas por um estudo económico que há muito está nos propósitos da Liga de Clubes. No último ano foi já aprovado um caderno de encargos e lançado o concurso para a sua realização, ao qual se apresentaram várias candidaturas, das quais três passaram a uma fase de apuramento final. Ao que o PÚBLICO apurou, a melhor proposta pertence à Deloitte & Touche, seguida da Andersen Consulting e do BPI, mas há cerca de seis meses que se aguarda a decisão final da Liga.

Uma teimosia do belga Jean-Marc Bosman levou a que as autoridades comunitárias considerassem ilegal a limitação de jogadores oriundos do espaço comunitário. Era a aplicação do princípio da liberdade de circulação de trabalhadores, mas o maior impacte para o mercado futebolístico acabou por resultar da impossibilidade de os clubes cobrarem qualquer indemnização depois de terminado o contrato. Em vez dos gastos com a aquisição dos direitos desportivos, que revertiam para os clubes de origem, os clubes passaram a canalizar essas verbas para os jogadores, aliciando-os com contratos cada vez mais elevados. Embalados pela ilusão do custo zero, muitos clubes acabaram por gastar bem mais com milionários contratos por várias temporadas.

A aptência do público pelo futebol e a concorrência no sector televisivo levou a que no início dos anos 90 se multiplicassem os contratos de transmissão. Negociando jogo a jogo numa primeira fase, as cadeias de televisão rapidamente passaram a negociar pacotes anuais com os clubes a troco de contratos milionários. Em França e Inglaterra manteve-se a tendência de negociação colectiva através das respectivas ligas, o que permitiu não só reforçar a capacidade negocial dos clubes como favorecer os de menor dimensão. Em Espanha, um acordo de saneamento financeiro dos clubes negociado com o Governo ainda obrigou à negociação colectiva com a Liga como garante do pagamento das dívidas, mas rapidamente os maiores clube preferiram libertar-se pagando antecipadamente a totalidade das dívidas. Tal permitiu-lhes partir para negociações com os vários canais de TV, do que resultaram milionários contratos para várias épocas, dinheiro prontamente aplicado na compra de jogadores. A competição valorizou-se extraordinariamente, mas hoje quase todos os clubes estão afogados em dívidas.

São os novos protagonistas do futebol, e hoje não há jogador que não seja representado por um agente. A sua actividade teve um incremento definitivo com o fim das idemnizações e a livre circulação de jogadores decorrentes do acórdão Bosman. Acusados por muita gente de enriquecerem à custa dos jogadores, são os grandes responsáveis pela multiplicação dos salários, fruto de hábeis negociações com os clubes. Mas nem tudo são rosas. Hoje são já eles a queixarem-se da existência de outros intermediário nas estruturas dos clubes a ponto de haver já quem afirme que se a margem de negócio é de dez por cento, a margem de lucro cai para os dois por cento.

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