Sousa Pinto: "Há pelo menos dois candidatos de carácter"

03-08-2004
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Sousa Pinto: "Há pelo Menos Dois Candidatos de Carácter"

Por NUNO SÁ LOURENÇO COM LUSA

Terça-feira, 03 de Agosto de 2004 José Sócrates quer distância de João Soares. Após as últimas acusações levantadas por este candidato a secretário-geral socialista - em que recordou declarações de Sérgio Sousa Pinto que teria alertado o próprio Soares para o facto de vir a "ser roubado" nas eleições internas - a lista de Sócrates optou por destacar o facto do ex-presidente da câmara estar a atingir directamente Almeida Santos e Vieira da Silva: "Estas observações põem em causa o presidente do partido [Almeida Santos] e o presidente da Comissão Organizadora do Congresso [Vieira da Silva]", afirmou ao PÚBLICO o director político da campanha de Sócrates, Silva Pereira. Sobre as suspeitas em si, Silva Pereira, preferiu sublinhar que não alimentava "nenhumas querelas que pretendam fazer desta campanha uma campanha de incidentes e suspeições". Também Sérgio Sousa Pinto, apoiante de Sócrates e implicado directamente na polémica, sentiu necessidade de se explicar. Lembrou que as declarações tinham sido proferidas "numa conversa privada" e que Soares na altura "não tinha uma candidatura capaz sequer de garantir representantes em todas as mesas de voto". Para Sousa Pinto, Soares não tinha razões para estar preocupado: "Nesta campanha interna estão envolvidos pelo menos dois candidatos de indiscutível seriedade. Os adversários José Sócrates e Manuel Alegre seriam incapazes de se envolver em manobras anti-estatutárias. Há pelo menos dois candidatos de carácter", acrescentou o eurodeputado socialista, frisando que "o resultado que o dr. João Soares vier a ter não será em função de manobras anti-estatutárias". Da parte de José Sócrates, a principal preocupação era mostrar distanciamento e "discutir ideias". Durante o dia de campanha, o candidato só aceitou comentar o episódio para dizer que "essas suspeições só diminuem e apupam o Partido Socialista". Sobre a acusação implícita à sua candidatura de influência sobre as estruturas, o candidato respondeu que o PS era o "partido da liberdade e democracia". Foi precisamente entre os responsáveis do partido que as acusações de Soares provocaram reacções. O presidente da Comissão Organizadora do Congresso do PS, Vieira da Silva, respondeu em comunicado garantindo "as mais exigentes regras da transparência e equidade democráticas", frisando que o PS tinha em funcionamento os órgãos jurisdicionais capazes de apreciar "devidamente qualquer dúvida que a esse respeito possa surgir". Por seu turno, o presidente do partido, Almeida Santos, também reagiu às declarações de João Soares, considerando que "não existe no PS a menor justificação histórica para o levantamento de suspeições deste género". "Suspeições desta gravidade devem, tanto quanto possível, ser baseadas em factos", afirmou Almeida Santos, sugerindo que se Sérgio Sousa Pinto fez as afirmações que lhe foram atribuídas por João Soares, "deve ser convidado a fundamentá-las". Por outro lado, Almeida Santos sublinhou ainda que "as secções de voto para a eleição do secretário-geral e dos delegados ao congresso "não são tantas que não possam ser fiscalizadas por quem entender que deve mandar fiscalizá-las". "De qualquer modo, devem os militantes socialistas, candidatos ou não candidatos, que julguem ter razões de suspeição futura, pensar também na imagem e no prestígio do Partido Socialista que é de todos eles, não explicitando publicamente suspeições não explicitadas previamente no interior do partido junto dos órgãos competentes", apelou o presidente do PS. "Mas tu vais ser roubado" A polémica foi provocada ontem por João Soares, que no diário "A Capital" citava Sérgio Sousa Pinto sobre a inevitabilidade de "ser roubado". A rádio "TSF" questionou-o e o candidato precisou: "É verdade que há mais de um mês, quando me anunciou que apoiava o candidato José Sócrates - o que me para mim foi estranho dados os posicionamentos ideológicos de ambos ao longo dos últimos anos, sobretudo no que diz respeito às posições tomadas nos órgãos nacionais do PS - o Sérgio Sousa Pinto me disse: mas tu vais ser roubado. Como se isso fosse uma premonição quanto ao funcionamento interno de um processo, que é um processo original e que eu considero que pode ser perfeitamente pedagógico para a vida política portuguesa com os méritos que tem." O ex-autarca avançou um conjunto de exigências para o processo eleitoral. Considerou "absolutamente indispensável que as operações eleitorais tenham lugar ou em sedes partidárias ou em espaços públicos e não em residências de militantes, seja qual for a secção que esteja em causa". "Há uma candidatura que tem todos os meios" O também candidato Manuel Alegre reagiu lembrando que alguma razão haveria para Soares se pronunciar. E acabou, ele também, por levantar algumas suspeitas. "Há uma coisa que é evidente. Há uma candidatura que tem todos os meios das estruturas a seu favor", disse antes de alertar para situações que considerava menos correctas. O candidato quer saber "se andam pessoas a pagar quotas a militantes", que estavam a ser pagas por pessoas interessadas numa das listas. "O pagamento das quotas em algumas federações não está a ser feito da forma mais transparente", concluiu. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Sousa Pinto: "Há pelo menos dois candidatos de carácter"

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Lembrou que as declarações tinham sido proferidas "numa conversa privada" e que Soares na altura "não tinha uma candidatura capaz sequer de garantir representantes em todas as mesas de voto". Para Sousa Pinto, Soares não tinha razões para estar preocupado: "Nesta campanha interna estão envolvidos pelo menos dois candidatos de indiscutível seriedade. Os adversários José Sócrates e Manuel Alegre seriam incapazes de se envolver em manobras anti-estatutárias. Há pelo menos dois candidatos de carácter", acrescentou o eurodeputado socialista, frisando que "o resultado que o dr. João Soares vier a ter não será em função de manobras anti-estatutárias". Da parte de José Sócrates, a principal preocupação era mostrar distanciamento e "discutir ideias". Durante o dia de campanha, o candidato só aceitou comentar o episódio para dizer que "essas suspeições só diminuem e apupam o Partido Socialista". Sobre a acusação implícita à sua candidatura de influência sobre as estruturas, o candidato respondeu que o PS era o "partido da liberdade e democracia". Foi precisamente entre os responsáveis do partido que as acusações de Soares provocaram reacções. O presidente da Comissão Organizadora do Congresso do PS, Vieira da Silva, respondeu em comunicado garantindo "as mais exigentes regras da transparência e equidade democráticas", frisando que o PS tinha em funcionamento os órgãos jurisdicionais capazes de apreciar "devidamente qualquer dúvida que a esse respeito possa surgir". Por seu turno, o presidente do partido, Almeida Santos, também reagiu às declarações de João Soares, considerando que "não existe no PS a menor justificação histórica para o levantamento de suspeições deste género". "Suspeições desta gravidade devem, tanto quanto possível, ser baseadas em factos", afirmou Almeida Santos, sugerindo que se Sérgio Sousa Pinto fez as afirmações que lhe foram atribuídas por João Soares, "deve ser convidado a fundamentá-las". Por outro lado, Almeida Santos sublinhou ainda que "as secções de voto para a eleição do secretário-geral e dos delegados ao congresso "não são tantas que não possam ser fiscalizadas por quem entender que deve mandar fiscalizá-las". "De qualquer modo, devem os militantes socialistas, candidatos ou não candidatos, que julguem ter razões de suspeição futura, pensar também na imagem e no prestígio do Partido Socialista que é de todos eles, não explicitando publicamente suspeições não explicitadas previamente no interior do partido junto dos órgãos competentes", apelou o presidente do PS. "Mas tu vais ser roubado" A polémica foi provocada ontem por João Soares, que no diário "A Capital" citava Sérgio Sousa Pinto sobre a inevitabilidade de "ser roubado". A rádio "TSF" questionou-o e o candidato precisou: "É verdade que há mais de um mês, quando me anunciou que apoiava o candidato José Sócrates - o que me para mim foi estranho dados os posicionamentos ideológicos de ambos ao longo dos últimos anos, sobretudo no que diz respeito às posições tomadas nos órgãos nacionais do PS - o Sérgio Sousa Pinto me disse: mas tu vais ser roubado. Como se isso fosse uma premonição quanto ao funcionamento interno de um processo, que é um processo original e que eu considero que pode ser perfeitamente pedagógico para a vida política portuguesa com os méritos que tem." O ex-autarca avançou um conjunto de exigências para o processo eleitoral. Considerou "absolutamente indispensável que as operações eleitorais tenham lugar ou em sedes partidárias ou em espaços públicos e não em residências de militantes, seja qual for a secção que esteja em causa". "Há uma candidatura que tem todos os meios" O também candidato Manuel Alegre reagiu lembrando que alguma razão haveria para Soares se pronunciar. E acabou, ele também, por levantar algumas suspeitas. "Há uma coisa que é evidente. Há uma candidatura que tem todos os meios das estruturas a seu favor", disse antes de alertar para situações que considerava menos correctas. O candidato quer saber "se andam pessoas a pagar quotas a militantes", que estavam a ser pagas por pessoas interessadas numa das listas. "O pagamento das quotas em algumas federações não está a ser feito da forma mais transparente", concluiu. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Sousa Pinto: "Há pelo menos dois candidatos de carácter"

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