Autarcas vão tentar dar nova utilidade à Ponte Maria Pia

18-12-2002
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Autarcas Vão Tentar Dar Nova Utilidade à Ponte Maria Pia

Por NUNO CORVACHO

Sábado, 14 de Dezembro de 2002

Grupo de trabalho vai ser constituído

A utilização por eléctricos rápidos no âmbito da rede do Metro do Porto é uma das hipóteses a considerar

Está na forja a criação de um grupo de trabalho com vista à definição do destino a dar à velha ponte ferroviária Maria Pia, desactivada desde 1991. Essa nova entidade, na qual deverão participar representantes das duas autarquias servidas pelo atravessamento (Porto e Gaia) e ainda da Refer (empresa que tem, até agora, procedido à manutenção regular da ponte), terá como principal objectivo conferir uma renovada "utilidade funcional" a esta ponte projectada por Eiffel e que é considerada um marco da engenharia mundial. Esta foi a principal conclusão a emergir do debate ontem promovido pelo Governo Civil do Porto como chamada de atenção para os poderes públicos sobre o actual estado de abandono da ponte centenária.

Na verdade, ideias foi o que mais houve numa discussão em que todos convergiram na necessidade de preservar aquele que é um monumento nacional desde 1982. Andrade Gil, da Refer, visionou o futuro, imaginando, por exemplo, a construção de um elevador para acesso ao tabuleiro onde uma automotora pendular conduziria à outra margem os turistas, que a bordo seriam atendidos por funcionários trajados à moda do século XIX; por seu turno, Lino Tavares Dias, delegado regional do Ippar, encarou a ponte como mais vocacionada para o trânsito pedonal, integrando-a num projecto mais vasto de reabilitação, o qual passaria pela criação de um museu ferroviário nas traseiras do Colégio dos Órfãos; como incentivo às ideias novas sobre a Maria Pia, Jorge Vilaverde, da CP, propôs a criação de um prémio universitário dirigido aos estudantes e recém-licenciados dos cursos de Arquitectura e Engenharia; e José Manuel Pavão (presidente da Liga dos Amigos da Ponte Maria Pia) foi ao ponto de propor que a ponte desse nome a um projecto humanitário de apoio às crianças carenciadas dos países africanos lusófonos, ideia que poderia passar pela venda dos rebites para fins de beneficência...

Do lado dos autarcas, se o vereador portuense Ricardo Figueiredo preferiu não tomar partido, dando como hipóteses a criação de um serviço de comboio histórico entre a Alfândega e as caves de vinho do Porto ou uma nova linha de eléctrico para uso quotidiano, o edil de Gaia, Luís Filipe Menezes, defendeu claramente a segunda solução. Na sua opinião, "a melhor forma de valorizar um património deste género é dar-lhe uma funcionalidade que esteja o mais possível ligada àquela que suscitou a sua construção". Assim, a sua ideia passaria por colocar na Maria Pia um eléctrico rápido que faria a ligação entre Campanhã e General Torres, unindo ao mesmo tempo duas linhas da futura rede do metro. De ouvido atento às propostas, o ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira mostrou-se receptivo à ideia de criar um grupo de trabalho e instou o Governo Civil a funcionar como elemento agregador, recolhendo ideias junto da população durante um período de dois a três meses. "Que se faça disto um movimento!", sugeriu o governante.

Até lá, a ponte continuará a ser alvo das acções de manutenção regular e dos tratamentos anti-corrosivos dispensados pela Refer. Segundo Andrade Gil, a empresa já gastou nesses trabalhos um milhão e 250 mil euros. E, como referiu o governador civil Manuel Moreira, é só um trabalhador que periodicamente aperta as porcas e parafusos da ponte e substitui os que vão caindo...

Autarcas Vão Tentar Dar Nova Utilidade à Ponte Maria Pia

Por NUNO CORVACHO

Sábado, 14 de Dezembro de 2002

Grupo de trabalho vai ser constituído

A utilização por eléctricos rápidos no âmbito da rede do Metro do Porto é uma das hipóteses a considerar

Está na forja a criação de um grupo de trabalho com vista à definição do destino a dar à velha ponte ferroviária Maria Pia, desactivada desde 1991. Essa nova entidade, na qual deverão participar representantes das duas autarquias servidas pelo atravessamento (Porto e Gaia) e ainda da Refer (empresa que tem, até agora, procedido à manutenção regular da ponte), terá como principal objectivo conferir uma renovada "utilidade funcional" a esta ponte projectada por Eiffel e que é considerada um marco da engenharia mundial. Esta foi a principal conclusão a emergir do debate ontem promovido pelo Governo Civil do Porto como chamada de atenção para os poderes públicos sobre o actual estado de abandono da ponte centenária.

Na verdade, ideias foi o que mais houve numa discussão em que todos convergiram na necessidade de preservar aquele que é um monumento nacional desde 1982. Andrade Gil, da Refer, visionou o futuro, imaginando, por exemplo, a construção de um elevador para acesso ao tabuleiro onde uma automotora pendular conduziria à outra margem os turistas, que a bordo seriam atendidos por funcionários trajados à moda do século XIX; por seu turno, Lino Tavares Dias, delegado regional do Ippar, encarou a ponte como mais vocacionada para o trânsito pedonal, integrando-a num projecto mais vasto de reabilitação, o qual passaria pela criação de um museu ferroviário nas traseiras do Colégio dos Órfãos; como incentivo às ideias novas sobre a Maria Pia, Jorge Vilaverde, da CP, propôs a criação de um prémio universitário dirigido aos estudantes e recém-licenciados dos cursos de Arquitectura e Engenharia; e José Manuel Pavão (presidente da Liga dos Amigos da Ponte Maria Pia) foi ao ponto de propor que a ponte desse nome a um projecto humanitário de apoio às crianças carenciadas dos países africanos lusófonos, ideia que poderia passar pela venda dos rebites para fins de beneficência...

Do lado dos autarcas, se o vereador portuense Ricardo Figueiredo preferiu não tomar partido, dando como hipóteses a criação de um serviço de comboio histórico entre a Alfândega e as caves de vinho do Porto ou uma nova linha de eléctrico para uso quotidiano, o edil de Gaia, Luís Filipe Menezes, defendeu claramente a segunda solução. Na sua opinião, "a melhor forma de valorizar um património deste género é dar-lhe uma funcionalidade que esteja o mais possível ligada àquela que suscitou a sua construção". Assim, a sua ideia passaria por colocar na Maria Pia um eléctrico rápido que faria a ligação entre Campanhã e General Torres, unindo ao mesmo tempo duas linhas da futura rede do metro. De ouvido atento às propostas, o ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira mostrou-se receptivo à ideia de criar um grupo de trabalho e instou o Governo Civil a funcionar como elemento agregador, recolhendo ideias junto da população durante um período de dois a três meses. "Que se faça disto um movimento!", sugeriu o governante.

Até lá, a ponte continuará a ser alvo das acções de manutenção regular e dos tratamentos anti-corrosivos dispensados pela Refer. Segundo Andrade Gil, a empresa já gastou nesses trabalhos um milhão e 250 mil euros. E, como referiu o governador civil Manuel Moreira, é só um trabalhador que periodicamente aperta as porcas e parafusos da ponte e substitui os que vão caindo...

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