Centro Materno-Infantil pode acolher oncologia pediátrica

23-09-2003
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Centro Materno-Infantil Pode Acolher Oncologia Pediátrica

Por MARAGARIDA GOMES

Domingo, 21 de Setembro de 2003

O director clínico do Hospital de S. João, José Eduardo Guimarães, admitiu ontem a possibilidade de o futuro Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) poder vir a acolher a oncologia pediátrica, um serviço que tem funcionado no S. João, mas que o Ministério da Saúde quer transferir para o Instituto de Oncologia do Porto (IPO). "Temos a esperança de que o Centro Materno-Infantil possa vir a ficar com a hematologia e com a oncologia pediátrica", disse José Eduardo Guimarães durante a intervenção que fez num debate sobre o CMIN, organizado pelas comissões políticas distritais do Porto do PSD e do CDS e que reuniu algumas dezenas de profissionais de saúde num hotel do Porto. O PÚBLICO apurou que os directores do Hospital Maria Pia e da Maternidade Júlio Dinis não foram convidados para o encontro.

Para além do secretário de Estado-Adjunto da Saúde, Adão e Silva, na plateia encontravam-se pais de crianças oncológicas que estão internadas no Hospital de S. João e que têm, insistentemente, clamado ao Ministério da Saúde para que não extinga o serviço, alegando a que o IPO não tem as valências que o S. João oferece em termos de oncologia pediátrica. Ontem, as palavras finais da pequena intervenção de José Eduardo Guimarães no debate foram para os pais destas crianças. O director clínico não avançou, contudo, mais pormenores e o secretário de Estado da Saúde também não ouviu estas palavras porque já tinha já abandonado a sala.

Ao contrário do que fora anunciado, o debate não contou com a presença do director do Hospital de Santo António, Sollari Allegro, e não trouxe nenhuma novidade em relação ao projecto do Centro Materno-Infantil. O secretário de Estado fez o enquadramento da questão, explicou os passos mais importantes que foram dados por este Governo em relação a este projecto e revelou que a decisão de não construir um centro materno-infantil de raiz se deve "aos dirigentes do Hospital de Santo António".

"Quando chegámos ao Governo, tinhamos que tomar uma decisão sobre a matéria e então decidimos começar pelo princípio, e começar pelo princípio era ouvir os técnicos. O ponto de partida dessa discussão era: construir isoladamente como tinha sido definido, num espaço onde até já havia terreno, ou construir de uma forma integrada num hospital geral", explicou Adão e Silva. O governante, então, recordou que se abriam duas hipóteses: no Hospital de S. João ou no Hospital de Santo António. "Estávamos nós nesta discussão quando dirigentes do Hospital de Santo António vieram dizer que a construção isolada não tinha mais sentido; os pareceres técnicos e as pessoas que pensam nessas questões a nível de Portugal, da Europa e do mundo apontam nesse sentido. Era o que a gente precisava de saber", disse.

A partir daí, o Ministério da Saúde pediu pareceres a várias entidades e, diz Adão e Silva, todos eles apontavam no mesmo sentido: construir o CMIN integrado num hospital central. A decisão de optar pelo S. João foi tomada depois. Segundo revelou, a decisão não obedeceu a"nenhum capricho", nem a "nenhum acto de voluntarismo". "Há muita prudência, muita relação de conversa, de contactos e muita sustentação naquilo que são os pareceres", garantiu.

Fazendo questão de afirmar que esta decisão não é contra ninguém, o secretário de Estado insistiu na tese de que o S. João só foi escolhido por "razões técnicas que têm a ver com uma melhor acessibilidade". "Em termos de acessibilidades, o S. João supera largamente o Santo António", constatou, dizendo que não iria entrar na "guerra de saber onde é que estão os melhores técnicos, os melhores enfermeiros, os melhores professionais".

Garantindo que os profissionais de saúde da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital de Maria Pia não têm razões para estarem preocupados porque "vão poder ser integrados nos quadros de pessoal do Hospital de S. João", Adão e Silva anunciou a intenção do Governo em reactivar o Hospital de Santo António no que diz respeito à Obstetrícia. "No ano de 2004 vai haver verbas no PIDDAC (Plano de Investimento e Depesas de Desenvolvimento da Administração Central) para começar a fazer a reabilitação do edificio neoclássico", prometeu, sem contudo adiantar valores.

Mas o debate de ontem não ficou apenas marcado pelas surpresa da intervenção do director clínico do S. João. O cirurgião pediátrico do Hospital Maria Pia Antas Guimãres, lamentou toda a polémica que tem vindo a público por causa do CMIN e disse que muitas das "preocupações dos profissionais do Maria Pia não têm sentido". Falou de "interesses que não são conhecidos" e responsabilizou pessoalmente o antigo director do Hospital Maria Pia, José Manuel Pavão, por todo a polémica que tem marcado o projecto do Centro Materno-Infantil do Norte.

Centro Materno-Infantil Pode Acolher Oncologia Pediátrica

Por MARAGARIDA GOMES

Domingo, 21 de Setembro de 2003

O director clínico do Hospital de S. João, José Eduardo Guimarães, admitiu ontem a possibilidade de o futuro Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) poder vir a acolher a oncologia pediátrica, um serviço que tem funcionado no S. João, mas que o Ministério da Saúde quer transferir para o Instituto de Oncologia do Porto (IPO). "Temos a esperança de que o Centro Materno-Infantil possa vir a ficar com a hematologia e com a oncologia pediátrica", disse José Eduardo Guimarães durante a intervenção que fez num debate sobre o CMIN, organizado pelas comissões políticas distritais do Porto do PSD e do CDS e que reuniu algumas dezenas de profissionais de saúde num hotel do Porto. O PÚBLICO apurou que os directores do Hospital Maria Pia e da Maternidade Júlio Dinis não foram convidados para o encontro.

Para além do secretário de Estado-Adjunto da Saúde, Adão e Silva, na plateia encontravam-se pais de crianças oncológicas que estão internadas no Hospital de S. João e que têm, insistentemente, clamado ao Ministério da Saúde para que não extinga o serviço, alegando a que o IPO não tem as valências que o S. João oferece em termos de oncologia pediátrica. Ontem, as palavras finais da pequena intervenção de José Eduardo Guimarães no debate foram para os pais destas crianças. O director clínico não avançou, contudo, mais pormenores e o secretário de Estado da Saúde também não ouviu estas palavras porque já tinha já abandonado a sala.

Ao contrário do que fora anunciado, o debate não contou com a presença do director do Hospital de Santo António, Sollari Allegro, e não trouxe nenhuma novidade em relação ao projecto do Centro Materno-Infantil. O secretário de Estado fez o enquadramento da questão, explicou os passos mais importantes que foram dados por este Governo em relação a este projecto e revelou que a decisão de não construir um centro materno-infantil de raiz se deve "aos dirigentes do Hospital de Santo António".

"Quando chegámos ao Governo, tinhamos que tomar uma decisão sobre a matéria e então decidimos começar pelo princípio, e começar pelo princípio era ouvir os técnicos. O ponto de partida dessa discussão era: construir isoladamente como tinha sido definido, num espaço onde até já havia terreno, ou construir de uma forma integrada num hospital geral", explicou Adão e Silva. O governante, então, recordou que se abriam duas hipóteses: no Hospital de S. João ou no Hospital de Santo António. "Estávamos nós nesta discussão quando dirigentes do Hospital de Santo António vieram dizer que a construção isolada não tinha mais sentido; os pareceres técnicos e as pessoas que pensam nessas questões a nível de Portugal, da Europa e do mundo apontam nesse sentido. Era o que a gente precisava de saber", disse.

A partir daí, o Ministério da Saúde pediu pareceres a várias entidades e, diz Adão e Silva, todos eles apontavam no mesmo sentido: construir o CMIN integrado num hospital central. A decisão de optar pelo S. João foi tomada depois. Segundo revelou, a decisão não obedeceu a"nenhum capricho", nem a "nenhum acto de voluntarismo". "Há muita prudência, muita relação de conversa, de contactos e muita sustentação naquilo que são os pareceres", garantiu.

Fazendo questão de afirmar que esta decisão não é contra ninguém, o secretário de Estado insistiu na tese de que o S. João só foi escolhido por "razões técnicas que têm a ver com uma melhor acessibilidade". "Em termos de acessibilidades, o S. João supera largamente o Santo António", constatou, dizendo que não iria entrar na "guerra de saber onde é que estão os melhores técnicos, os melhores enfermeiros, os melhores professionais".

Garantindo que os profissionais de saúde da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital de Maria Pia não têm razões para estarem preocupados porque "vão poder ser integrados nos quadros de pessoal do Hospital de S. João", Adão e Silva anunciou a intenção do Governo em reactivar o Hospital de Santo António no que diz respeito à Obstetrícia. "No ano de 2004 vai haver verbas no PIDDAC (Plano de Investimento e Depesas de Desenvolvimento da Administração Central) para começar a fazer a reabilitação do edificio neoclássico", prometeu, sem contudo adiantar valores.

Mas o debate de ontem não ficou apenas marcado pelas surpresa da intervenção do director clínico do S. João. O cirurgião pediátrico do Hospital Maria Pia Antas Guimãres, lamentou toda a polémica que tem vindo a público por causa do CMIN e disse que muitas das "preocupações dos profissionais do Maria Pia não têm sentido". Falou de "interesses que não são conhecidos" e responsabilizou pessoalmente o antigo director do Hospital Maria Pia, José Manuel Pavão, por todo a polémica que tem marcado o projecto do Centro Materno-Infantil do Norte.

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