Aviação atravessa maior crise de sempre

02-05-2003
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Aviação Atravessa Maior Crise de Sempre

Sábado, 05 de Abril de 2003

Os analistas temem que mais companhias aéreas se vejam obrigadas a declarar situação de falência, à semelhança do que fizeram já a Air Canada, a US Airways e a United Airlines. O problema é que nunca na história da aviação civil surgiram tantos factores negativos e fora do controlo da própria indústria: uma queda no tráfego de passageiros após os atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos (EUA), aliada ao abrandamento da economia mundial; a subida do preço dos combustíveis"; a guerra no Iraque, que pode representar perdas adicionais de dez mil milhões de dólares àquela indústria, em 2003.

Como se tudo isto não bastasse, surgiu agora uma nova doença respiratória na Ásia, altamente contagiosa, que está a retrair ainda mais os passageiros.

Foram estes os problemas apontados pela Air Canada, em décimo primeiro lugar entre as maiores companhias aéreas do mundo, quando requereu protecção. Foi a primeira grande empresa do sector a fazê-lo desde o início da guerra do Golfo. Ao mesmo tempo, mais transportadoras anunciaram cortes na operação e no número de empregados, entre as quais as principais empresas de aviação a nível mundial.

O turismo de lazer e as viagens de negócios mantêem-se em quebra, o que levou as companhias aéreas a apertarem ainda mais o cinto. Na Europa, a holandesa KLM anunciou que irá introduzir em breve "medidas de longo alcance" para cortar os custos unitários em dez por cento, não excluindo a possibilidade de despedimentos. British Airways (Reino Unido), Air France (França) e Lufthansa (Alemanha) já tinham feito anúncios semelhantes.

Nos EUA, a quinta maior companhia aérea, Continental Airlines, planeia cortar na operação de Verão em dois por cento e acabar com mais postos de trabalho do que os 1200 anunciados no mês passado. No entanto, a terapia não passa apenas por cortes na operação e nos empregos. A maior companhia aérea do mundo, a American Airlines, acordou uma redução de salários com os sindicatos do pessoal de voo e da manutenção para evitar o recurso à protecção judicial de falência.

O vírus da pneunomia atípica, que já provocou dezenas de mortes na Ásia, está a retrair as viagens de negócios por transporte aéreo para aquela região. Cerca de 27 por cento entre 180 grandes empresas norte-americanas estão a banir viagens para partes da Ásia, devido ao aparecimento da doença. E outros oito por cento estão a estudar a mesma hipótese, revelou também uma sondagem realizada por uma associação ligada ao sector, a Coligação de Viagens de Negócios dos EUA.

O clima começa a ser de pânico dos passageiros e da própria tripulação em alguns voos. Foi o que sucedeu no Aeroporto Internacional de San Jose, na Califórnia, quando as autoridades retiveram na semana passada um avião da American Airlines chegado de Hong Kong. Os passageiros foram impedidos de deixar o aparelho durante duas horas, para que uma equipa de médicos observasse cinco dos viajantes com sintomas suspeitos para a tripulação. No final, nenhum dos passageiros tinha o vírus.

Inês Sequeira, com Reuters

Aviação Atravessa Maior Crise de Sempre

Sábado, 05 de Abril de 2003

Os analistas temem que mais companhias aéreas se vejam obrigadas a declarar situação de falência, à semelhança do que fizeram já a Air Canada, a US Airways e a United Airlines. O problema é que nunca na história da aviação civil surgiram tantos factores negativos e fora do controlo da própria indústria: uma queda no tráfego de passageiros após os atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos (EUA), aliada ao abrandamento da economia mundial; a subida do preço dos combustíveis"; a guerra no Iraque, que pode representar perdas adicionais de dez mil milhões de dólares àquela indústria, em 2003.

Como se tudo isto não bastasse, surgiu agora uma nova doença respiratória na Ásia, altamente contagiosa, que está a retrair ainda mais os passageiros.

Foram estes os problemas apontados pela Air Canada, em décimo primeiro lugar entre as maiores companhias aéreas do mundo, quando requereu protecção. Foi a primeira grande empresa do sector a fazê-lo desde o início da guerra do Golfo. Ao mesmo tempo, mais transportadoras anunciaram cortes na operação e no número de empregados, entre as quais as principais empresas de aviação a nível mundial.

O turismo de lazer e as viagens de negócios mantêem-se em quebra, o que levou as companhias aéreas a apertarem ainda mais o cinto. Na Europa, a holandesa KLM anunciou que irá introduzir em breve "medidas de longo alcance" para cortar os custos unitários em dez por cento, não excluindo a possibilidade de despedimentos. British Airways (Reino Unido), Air France (França) e Lufthansa (Alemanha) já tinham feito anúncios semelhantes.

Nos EUA, a quinta maior companhia aérea, Continental Airlines, planeia cortar na operação de Verão em dois por cento e acabar com mais postos de trabalho do que os 1200 anunciados no mês passado. No entanto, a terapia não passa apenas por cortes na operação e nos empregos. A maior companhia aérea do mundo, a American Airlines, acordou uma redução de salários com os sindicatos do pessoal de voo e da manutenção para evitar o recurso à protecção judicial de falência.

O vírus da pneunomia atípica, que já provocou dezenas de mortes na Ásia, está a retrair as viagens de negócios por transporte aéreo para aquela região. Cerca de 27 por cento entre 180 grandes empresas norte-americanas estão a banir viagens para partes da Ásia, devido ao aparecimento da doença. E outros oito por cento estão a estudar a mesma hipótese, revelou também uma sondagem realizada por uma associação ligada ao sector, a Coligação de Viagens de Negócios dos EUA.

O clima começa a ser de pânico dos passageiros e da própria tripulação em alguns voos. Foi o que sucedeu no Aeroporto Internacional de San Jose, na Califórnia, quando as autoridades retiveram na semana passada um avião da American Airlines chegado de Hong Kong. Os passageiros foram impedidos de deixar o aparelho durante duas horas, para que uma equipa de médicos observasse cinco dos viajantes com sintomas suspeitos para a tripulação. No final, nenhum dos passageiros tinha o vírus.

Inês Sequeira, com Reuters

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