Santana quer mais ministérios e promete manter peso do CDS no Governo

05-08-2004
marcar artigo

Santana Quer Mais Ministérios e Promete Manter Peso do CDS no Governo

Por HELENA PEREIRA E EUNICE LOURENÇO

Terça-feira, 06 de Julho de 2004 O presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, aumentou ontem, em entrevista à RTP, a pressão sobre o Presidente da República, dizendo que Jorge Sampaio não pode abrir o precedente de convocar eleições antecipadas, havendo uma maioria absoluta no Parlamento. E falou muito sobre o "seu" governo, apesar de garantir respeitar muito a autonomia de decisão do Presidente. Sobre a formação de um eventual Governo, o autarca de Lisboa - que anunciou deixar a câmara em breve - garantiu que ainda não tratou deste dossier, mas deixou uma série de certezas: terá mais ministérios e menos secretarias de Estado, o CDS terá o mesmo peso, mas não ficará com as mesmas pastas que tem agora (como Justiça, Trabalho e Defesa), Morais Sarmento e José Luís Arnaut continuarão no executivo, o ministro dos Negócios Estrangeiros não terá "dúvidas sobre o projecto europeu", haverá pessoas novas no meio político, pessoas como António Borges, Ernâni Lopes, Mira Amaral e Eduardo Catroga são "hipóteses" a considerar. "Penso que o meu Governo, que irei formar com o CDS", foi uma expressão várias vezes repetidas nos intervalos destas declarações. "O meu partido e o outro partido da coligação não terão dificuldades nenhumas em formar um Governo capaz, credível e competente", disse, garantindo ainda que haverá "continuidade nos eixos fundamentais, mas o estilo cada um tem o seu". Mas o que Santana Lopes enfatizou foi a pressão sobre o Presidente da República, para que este venha, como quer, a convidar o PSD a formar Governo, em vez de convocar eleições antecipadas, dando a entender que se Sampaio opte pela segunda possibilidade estará quase a cometer uma ilegalidade. Disse que "estão reunidas todas as condições de lei para a continuação da estabilidade", que o Presidente "não pode abrir um precedente", que havendo uma maioria absoluta na Assembleia "não pode haver dúvidas", que "o país precisa de estabilidade como do pão para a boca", que eleições seriam "uma machadada no processo de retoma". A juntar a estes argumentos, o líder do PSD acrescentou também a convicção que o país não quer uma nova campanha eleitoral. "Já viu o que era as pessoas levarem com outra campanha eleitoral em cima, com a minha cara e a do dr. Ferro Rodrigues em cartazes na rua, quando há uma maioria", interrogou-se. O ainda autarca considerou que o momento de espera por uma decisão presidencial que o país vive é "uma situação de impasse" e que tem estado a ouvir as críticas que lhe fazem com paciência, numa espécie de "yoga permanente", mas, se houver eleições, o PSD "não receia ou tem medo do combate político". Sobre presidenciais, afastou definitivamente a sua ideia de se candidatar a estas eleições se vier a formar Governo - "obviamente é uma hipótese completamente posta de lado" - e disse que Cavaco Silva não teria a sua oposição, nem Marcelo Rebelo de Sousa. O ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, que era vereador da Câmara de Lisboa já disse que gostaria de ficar no Governo, mas ontem Santana apontou-o como "solução natural" para a sua substituição na autarquia. Marcelo critica "perfil" de Santana Antes da entrevista de Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, ex-líder do PSD, tinha feito um comentário, na TVI, arrasador para as pretensões do novo presidente social-democrata ser primeiro-ministro. "Uma coisa é ter perfil para ser líder do partido, outra é ter capacidade para o Governo", disse Marcelo, apontando a "estabilidade emocional, a ponderação nas decisões e o conhecimento dos dossiers" como factores importantes para um primeiro-ministro. Marcelo recordou que, em vários congressos do PSD, Santana defendeu que o presidente do partido e o primeiro-ministro não devem ser a mesma pessoa. Será "tentador esquecer-se da teoria toda que defendeu em vários congresso", continuou Marcelo, que, questionado sobre se estaria a pensar no seu proóprio nome para assumir a chefia do governo, respondeu: "Estava a pesar noutros nomes que Pedro Santana Lopes mais facilmente aceitaria". O habitual comentador da TVI começou a sua intervenção de ontem (anteontem só tinha falado de futebol), considerando "óbvia" a eleição do presidente da Câmara de Lisboa para presidente do PSD. "Esta decisão foi tomada em 2002", quando Durão escolheu Santana para seu número dois no partido. Mas termiou a dizer que é "mil vezes preferível a eleições antecipadas" uma solução em que, sendo Santana o líder do PSD, não seja também primeiro-ministro. "Um presidente do partido vai ter a tentação de andar a prometer coisas dificilmente compatíveis com o equilibrio orçamental", disse ainda Marcelo, que, sobre o ainda presidente da Câmara de Lisboa, disse também: "É hiper-decisório. Como é muito intuitivo e pouco coordenado, tende a ter decisões múltiplas ao longo do tempo." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Durão considera "inédito" eleições antecipadas com maioria "estável"

PSD exigia "clarificação" rápida em 2001

Santana quer mais ministérios e promete manter peso do CDS no Governo

PS intensifica a pressão pelas antecipadas

Balanço de um Governo deixado a meio

Carlos Tavares apela à "continuidade de políticas"

PCP exige suspensão de privatizações

Contra o recurso a eleições

Santana Quer Mais Ministérios e Promete Manter Peso do CDS no Governo

Por HELENA PEREIRA E EUNICE LOURENÇO

Terça-feira, 06 de Julho de 2004 O presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, aumentou ontem, em entrevista à RTP, a pressão sobre o Presidente da República, dizendo que Jorge Sampaio não pode abrir o precedente de convocar eleições antecipadas, havendo uma maioria absoluta no Parlamento. E falou muito sobre o "seu" governo, apesar de garantir respeitar muito a autonomia de decisão do Presidente. Sobre a formação de um eventual Governo, o autarca de Lisboa - que anunciou deixar a câmara em breve - garantiu que ainda não tratou deste dossier, mas deixou uma série de certezas: terá mais ministérios e menos secretarias de Estado, o CDS terá o mesmo peso, mas não ficará com as mesmas pastas que tem agora (como Justiça, Trabalho e Defesa), Morais Sarmento e José Luís Arnaut continuarão no executivo, o ministro dos Negócios Estrangeiros não terá "dúvidas sobre o projecto europeu", haverá pessoas novas no meio político, pessoas como António Borges, Ernâni Lopes, Mira Amaral e Eduardo Catroga são "hipóteses" a considerar. "Penso que o meu Governo, que irei formar com o CDS", foi uma expressão várias vezes repetidas nos intervalos destas declarações. "O meu partido e o outro partido da coligação não terão dificuldades nenhumas em formar um Governo capaz, credível e competente", disse, garantindo ainda que haverá "continuidade nos eixos fundamentais, mas o estilo cada um tem o seu". Mas o que Santana Lopes enfatizou foi a pressão sobre o Presidente da República, para que este venha, como quer, a convidar o PSD a formar Governo, em vez de convocar eleições antecipadas, dando a entender que se Sampaio opte pela segunda possibilidade estará quase a cometer uma ilegalidade. Disse que "estão reunidas todas as condições de lei para a continuação da estabilidade", que o Presidente "não pode abrir um precedente", que havendo uma maioria absoluta na Assembleia "não pode haver dúvidas", que "o país precisa de estabilidade como do pão para a boca", que eleições seriam "uma machadada no processo de retoma". A juntar a estes argumentos, o líder do PSD acrescentou também a convicção que o país não quer uma nova campanha eleitoral. "Já viu o que era as pessoas levarem com outra campanha eleitoral em cima, com a minha cara e a do dr. Ferro Rodrigues em cartazes na rua, quando há uma maioria", interrogou-se. O ainda autarca considerou que o momento de espera por uma decisão presidencial que o país vive é "uma situação de impasse" e que tem estado a ouvir as críticas que lhe fazem com paciência, numa espécie de "yoga permanente", mas, se houver eleições, o PSD "não receia ou tem medo do combate político". Sobre presidenciais, afastou definitivamente a sua ideia de se candidatar a estas eleições se vier a formar Governo - "obviamente é uma hipótese completamente posta de lado" - e disse que Cavaco Silva não teria a sua oposição, nem Marcelo Rebelo de Sousa. O ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, que era vereador da Câmara de Lisboa já disse que gostaria de ficar no Governo, mas ontem Santana apontou-o como "solução natural" para a sua substituição na autarquia. Marcelo critica "perfil" de Santana Antes da entrevista de Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, ex-líder do PSD, tinha feito um comentário, na TVI, arrasador para as pretensões do novo presidente social-democrata ser primeiro-ministro. "Uma coisa é ter perfil para ser líder do partido, outra é ter capacidade para o Governo", disse Marcelo, apontando a "estabilidade emocional, a ponderação nas decisões e o conhecimento dos dossiers" como factores importantes para um primeiro-ministro. Marcelo recordou que, em vários congressos do PSD, Santana defendeu que o presidente do partido e o primeiro-ministro não devem ser a mesma pessoa. Será "tentador esquecer-se da teoria toda que defendeu em vários congresso", continuou Marcelo, que, questionado sobre se estaria a pensar no seu proóprio nome para assumir a chefia do governo, respondeu: "Estava a pesar noutros nomes que Pedro Santana Lopes mais facilmente aceitaria". O habitual comentador da TVI começou a sua intervenção de ontem (anteontem só tinha falado de futebol), considerando "óbvia" a eleição do presidente da Câmara de Lisboa para presidente do PSD. "Esta decisão foi tomada em 2002", quando Durão escolheu Santana para seu número dois no partido. Mas termiou a dizer que é "mil vezes preferível a eleições antecipadas" uma solução em que, sendo Santana o líder do PSD, não seja também primeiro-ministro. "Um presidente do partido vai ter a tentação de andar a prometer coisas dificilmente compatíveis com o equilibrio orçamental", disse ainda Marcelo, que, sobre o ainda presidente da Câmara de Lisboa, disse também: "É hiper-decisório. Como é muito intuitivo e pouco coordenado, tende a ter decisões múltiplas ao longo do tempo." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Durão considera "inédito" eleições antecipadas com maioria "estável"

PSD exigia "clarificação" rápida em 2001

Santana quer mais ministérios e promete manter peso do CDS no Governo

PS intensifica a pressão pelas antecipadas

Balanço de um Governo deixado a meio

Carlos Tavares apela à "continuidade de políticas"

PCP exige suspensão de privatizações

Contra o recurso a eleições

marcar artigo