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21-10-2004
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Depressão: patologia sub-diagnosticada assume já proporções epidémicas

A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes, afectando nos países industrializados entre 10 a 15 por cento dos indivíduos.

O seu diagnóstico passa muitas vezes despercebido, quer por falta de reconhecimento da depressão como doença, quer porque os sintomas são atribuídos a outras causas.

Lisboa, 28 Fevereiro - A depressão e as perturbações ansiosas constituem um problema de saúde pública, uma vez que têm uma prevalência elevada e estão a crescer cada vez mais, sobretudo nas populações das sociedades industrializadas. Quem o revela é José Leitão, psiquiatra do Hospital Militar, em Lisboa, sublinhando que são patologias que saem bastante caras ao Estado e que, quando não são tratadas, implicam grandes custos económicos e sociais.

A depressão e as patologias ansiosas, “altamente comprometedoras do desempenho e que incapacitam física e psicologicamente o indivíduo”, são de uma forma geral sub-diagnosticadas. Para tal contribuem, segundo José Leitão, os preconceitos culturais e “o facto de, geralmente, se considerarem como uma reaçcão natural aos acontecimentos da vida e que, portanto, não carecem de tratamento”.

A depressão afecta cerca de 10 a 15 por cento da população e alguns estudos indicam mesmo que, dos indivíduos que são diagnosticados nos cuidados primários, só cerca de 10 por cento chegam à psiquiatria.

Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS), adianta que a depressão pode vir a tornar-se a segunda doença mais incapacitante, logo a seguir às doenças cardiovasculares. “Acompanhando este aumento de morbilidade, a OMS traça um cenário pessimista e admite que o suicídio seja, a partir de 2025, uma das primeiras causas de morte nas sociedades industrializadas”, explica o psiquiatra.

E garante: “se mais de 50 por cento dos doentes que procuram o médico numa situação de cuidados primários são ango-depressivos, estamos perante uma epidemia e flagelo social, perante o qual o médico de família tem de estar habilitado a dar tratamento adequado, reabilitador e prolongado”.

A adesão do doente e uma terapêutica de longo prazo, sem efeitos secundários, é fundamental para tratar esta patologia, na maioria dos casos, crónica. Segundo José Leitão, “os antidepressivos das novas gerações podem desempenhar um papel importante, uma vez que não têm efeitos secundários nefastos para a saúde, melhoram a tolerabilidade e por conseguinte, beneficiam a qualidade de vida do doente”.

Por outro lado, o psiquiatra acrescenta que se trata de fármacos seguros, com poucas interacções medicamentosas e que podem ser utilizados numa situação de patologias associadas, sem riscos para a saúde do doente, por exemplo no caso dos idosos.

“Por estas características, os chamados antidepressivos de terceira geração de dupla acção selectiva, os NaSSa (Antidepressivo Noradrenérgico e Específico Serotoninérgico) podem ser escolhidos como tratamento de primeira linha: melhoram a capacidade de desempenho a nível económico, social, familiar, profissional, evitando que os indivíduos com depressão se tornem um peso social”, conclui José Leitão.

28 de Fevereiro de 2003

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Depressão: patologia sub-diagnosticada assume já proporções epidémicas

A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes, afectando nos países industrializados entre 10 a 15 por cento dos indivíduos.

O seu diagnóstico passa muitas vezes despercebido, quer por falta de reconhecimento da depressão como doença, quer porque os sintomas são atribuídos a outras causas.

Lisboa, 28 Fevereiro - A depressão e as perturbações ansiosas constituem um problema de saúde pública, uma vez que têm uma prevalência elevada e estão a crescer cada vez mais, sobretudo nas populações das sociedades industrializadas. Quem o revela é José Leitão, psiquiatra do Hospital Militar, em Lisboa, sublinhando que são patologias que saem bastante caras ao Estado e que, quando não são tratadas, implicam grandes custos económicos e sociais.

A depressão e as patologias ansiosas, “altamente comprometedoras do desempenho e que incapacitam física e psicologicamente o indivíduo”, são de uma forma geral sub-diagnosticadas. Para tal contribuem, segundo José Leitão, os preconceitos culturais e “o facto de, geralmente, se considerarem como uma reaçcão natural aos acontecimentos da vida e que, portanto, não carecem de tratamento”.

A depressão afecta cerca de 10 a 15 por cento da população e alguns estudos indicam mesmo que, dos indivíduos que são diagnosticados nos cuidados primários, só cerca de 10 por cento chegam à psiquiatria.

Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS), adianta que a depressão pode vir a tornar-se a segunda doença mais incapacitante, logo a seguir às doenças cardiovasculares. “Acompanhando este aumento de morbilidade, a OMS traça um cenário pessimista e admite que o suicídio seja, a partir de 2025, uma das primeiras causas de morte nas sociedades industrializadas”, explica o psiquiatra.

E garante: “se mais de 50 por cento dos doentes que procuram o médico numa situação de cuidados primários são ango-depressivos, estamos perante uma epidemia e flagelo social, perante o qual o médico de família tem de estar habilitado a dar tratamento adequado, reabilitador e prolongado”.

A adesão do doente e uma terapêutica de longo prazo, sem efeitos secundários, é fundamental para tratar esta patologia, na maioria dos casos, crónica. Segundo José Leitão, “os antidepressivos das novas gerações podem desempenhar um papel importante, uma vez que não têm efeitos secundários nefastos para a saúde, melhoram a tolerabilidade e por conseguinte, beneficiam a qualidade de vida do doente”.

Por outro lado, o psiquiatra acrescenta que se trata de fármacos seguros, com poucas interacções medicamentosas e que podem ser utilizados numa situação de patologias associadas, sem riscos para a saúde do doente, por exemplo no caso dos idosos.

“Por estas características, os chamados antidepressivos de terceira geração de dupla acção selectiva, os NaSSa (Antidepressivo Noradrenérgico e Específico Serotoninérgico) podem ser escolhidos como tratamento de primeira linha: melhoram a capacidade de desempenho a nível económico, social, familiar, profissional, evitando que os indivíduos com depressão se tornem um peso social”, conclui José Leitão.

28 de Fevereiro de 2003

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