A "grande escola" que não quer ouvir falar de carreiras

18-06-2004
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A "Grande Escola" Que Não Quer Ouvir Falar de Carreiras

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Segunda-feira, 24 de Maio de 2004 No arranque do XXV Congresso social-democrata, ao anunciar Miguel Relvas como o futuro secretário-geral do PSD, o presidente Durão Barroso não deixou passar a oportunidade de referir que era um "quadro dessa grande escola da JSD". No encerramento, foi o "militante número um", Francisco Pinto Balsemão quem afirmou que "Portugal estaria bem pior se não existisse a JSD, a guarda avançada da social-democracia". O actual primeiro-ministro e o antigo chefe de Governo aproveitavam assim para cumprir o ritual do elogio que os líderes nunca esquecem nos conclaves partidários. Os elogios surgiram no momento oportuno para a organização partidária de juventude do PSD. Poucas semanas antes, um dos mais mediáticos militantes do partido, o eurodeputado Pacheco Pereira, lembrara-se de zurzir na "jota", apontando o dedo ao "carreirismo" e defendendo a sua extinção. Estava lançado o debate sobre a utilidade e os malefícios das juventudes partidárias. Para piorar o cenário, o líder Jorge Nuno de Sá perdeu o lugar de deputado um dia antes do congresso devido ao regresso à Assembleia de um dos secretários de Estado demitidos na "remodelação Theias", José Eduardo Martins. Para Jorge Nuno de Sá, a situação é "normal". Não é por estar ausente que a JSD deixa de fazer de valer os seus pontos de vista em São Bento. Isto embora admita que seria "bom" a presença do líder dos "jotas" na Assembleia. Esse é um dos locais mais adequados para levar a cabo uma das mais importantes tarefas da JSD: trazer as "ideias mais incómodas" para dentro do partido. Tão incómodas quanto as declarações de um militante da JSD, de nome Picoto, que anteontem aproveitou os microfones do Congresso para criticar a "falta de comunicação" do executivo de Durão Barroso: "Faz mais Marcelo [Rebelo de Sousa] num domingo à noite que muitos membros do Governo de coligação." As críticas de Pacheco Pereira não podiam por isso passar em claro. "Mais ninguém vem a um Congresso, que é o lugar correcto, subscrever as ideias que subscrevemos como nós os fazemos. Há uns até que nem sequer põem os pés nos órgãos de que fazem parte." Miguel Relvas, apresentado como um produto da JSD - segundo afirma, os seus anos de "jota" foram "os melhores da vida" - não quis comentar as críticas de carreirismo. Afirmou que esta estrutura partidária tem a "virtude da atitude genuína de ter razão antes do tempo". E prometeu tudo fazer para que a JSD continuasse "a ser um espaço de intervenção e sensibilização no partido". Não quis dizer se isso significava dar uma ajuda no regresso de Jorge Nuno de Sá a São Bento - a qual terá, necessariamente, de passar pelo afastamento de um dos três deputados do PSD eleitos pelo círculo de Viana do Castelo. O único que, no congresso, contestou publicamente as declarações do eurodeputado foi de ex-secretário de Estado de Bagão Félix, Vieira de Castro: "No passado a assunção de funções na direcção de uma juventude era equivalente a não terminar os estudos. Hoje isso já não é assim. Nos dias que correm, embora tendo uma carreira política, se tiverem que a abandonar têm alternativas." O actual presidente dos "jotas" diz que a organização é "uma escola de vida" e realça as vitórias alcançadas, como "aquilo que foi aprovado pela coligação no Parlamento sobre as medidas a montante da interrupção voluntária da gravidez" e ainda o fim do Serviço Militar Obrigatório. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Durão vai ter de continuar atento ao PSD

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