Situação de Amílcar Theias no Ambiente cada vez mais difícil

10-06-2003
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Situação de Amílcar Theias no Ambiente Cada Vez Mais Difícil

Por PEDRO GARCIAS

Sábado, 07 de Junho de 2003

O Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente está a tornar-se numa dor de cabeça para o primeiro-ministro Durão Barroso. A substituição de Isaltino Morais por Amílcar Theias já começa a ser vista por alguns governantes como um erro de "casting" e o clima que se vive no ministério começa a ser demasiado pesado.

O novo titular da pasta tem revelado alguma inabilidade política e até técnica para o lugar que ocupa e, talvez por isso, o secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins - que tinha a ambição de substituir Isaltino -, tem vindo a retirar alguma visibilidade mediática ao ministro, antecipando algumas posições oficiais que, à partida, estariam reservadas a Amílcar Theias.

No Ministério do Ambiente e até no gabinete do próprio primeiro-ministro também não caiu bem a participação de José Eduardo Martins no Fórum da TSF de anteontem, dedicado às áreas protegidas, uma vez que esta área é da competência do secretário de Estado do Ordenamento, Taveira de Sousa. A escolha deste especialista em ordenamento do território para substituir Ferreira de Almeida partiu do próprio Durão Barroso, com quem já tinha trabalhado, e a determinação com que está a ocupar o cargo, nomeadamente na celeridade que está a imprimir à realização dos planos de ordenamento do território, tem vindo a ser bastante apreciada.

Enquanto que, no consulado de Isaltino Morais, a coordenação de toda a política do ministério estava sob a alçada do próprio ministro e do seu secretário de Estado adjunto, Mário Ferreira de Almeida - que nunca deixou que José Eduardo Martins se impusesse -, com a actual equipa, a situação é menos clara. Amílcar Theias não tem propriamente um braço-direito e dirige uma equipa dividida em dois blocos: um formado por Eduardo Martins e Miguel Relvas, o secretário de Estado da Administração Local; e o outro, corporizado por Taveira de Sousa, que não tem as ambições políticas de Eduardo Martins.

Este domina muito melhor os principais "dossiers" do Ambiente do que o próprio ministro e, face ao pouco peso político deste, tem vindo a ganhar uma maior visibilidade mediática. O desapontamento de Martins e Relvas em relação a Amílcar Theias é cada vez mais notório no ministério e tem eco junto de outros governantes, embora aqueles dois tenham vindo ontem negar a existência de divergências e a reafirmar a sua solidariedade para com o titular da pasta.

Através da sua assessora, Eduardo Martins minimizou também o episódio da sua intervenção no Fórum da TSF, explicando que fora convidado no âmbito da comemoração do Dia Mundial do Ambiente e que posteriormente conversou com Taveira de Sousa para justificar o sucedido.

O problema dos parques naturais

Mas os problemas na área do Ambiente não se confinam ao ministério. No Instituto de Conservação da Natureza (ICN), as queixas em relação ao funcionamento de alguns parques naturais também têm vindo a avolumar-se.

Um dos casos mais complicados prende-se com o Parque Natural de Montesinho, cujo director, João Herdeiro, se encontra demissionário há já alguns meses. A situação que se vive neste parque - que era considerado a "jóia da coroa" das áreas protegidas - é de total imobilismo, com a maioria dos funcionários a limitar-se a cumprir horários. Como se não bastasse, as relações do parque com as câmaras de Vinhais e Bragança são as piores, ao ponto de o presidente desta última, Jorge Nunes, já ter reclamado por várias vezes a substituição de João Herdeiro.

Em declarações ao PÚBLICO, o secretário de Estado Taveira de Sousa reconheceu que, pela sua gravidade, "a situação de Montesinho tem que ser imediatamente atacada". Silva e Costa, o presidente do ICN, confirmou também ao PÚBLICO que João Herdeiro vai ser substituído dentro de poucos dias por um técnico do parque, escusando-se a revelar o nome do seu substituto. Mas o nome mais falado é o de Armindo Rodrigues, que era o braço-direito de Carlos Guerra no tempo em que este ex-presidente do ICN dirigia o Parque Natural de Montesinho.

Silva e Costa disse ainda que, em relação aos restantes parques naturais, só vai haver mudanças de chefia nos parques naturais do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e Ria Formosa.

Situação de Amílcar Theias no Ambiente Cada Vez Mais Difícil

Por PEDRO GARCIAS

Sábado, 07 de Junho de 2003

O Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente está a tornar-se numa dor de cabeça para o primeiro-ministro Durão Barroso. A substituição de Isaltino Morais por Amílcar Theias já começa a ser vista por alguns governantes como um erro de "casting" e o clima que se vive no ministério começa a ser demasiado pesado.

O novo titular da pasta tem revelado alguma inabilidade política e até técnica para o lugar que ocupa e, talvez por isso, o secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins - que tinha a ambição de substituir Isaltino -, tem vindo a retirar alguma visibilidade mediática ao ministro, antecipando algumas posições oficiais que, à partida, estariam reservadas a Amílcar Theias.

No Ministério do Ambiente e até no gabinete do próprio primeiro-ministro também não caiu bem a participação de José Eduardo Martins no Fórum da TSF de anteontem, dedicado às áreas protegidas, uma vez que esta área é da competência do secretário de Estado do Ordenamento, Taveira de Sousa. A escolha deste especialista em ordenamento do território para substituir Ferreira de Almeida partiu do próprio Durão Barroso, com quem já tinha trabalhado, e a determinação com que está a ocupar o cargo, nomeadamente na celeridade que está a imprimir à realização dos planos de ordenamento do território, tem vindo a ser bastante apreciada.

Enquanto que, no consulado de Isaltino Morais, a coordenação de toda a política do ministério estava sob a alçada do próprio ministro e do seu secretário de Estado adjunto, Mário Ferreira de Almeida - que nunca deixou que José Eduardo Martins se impusesse -, com a actual equipa, a situação é menos clara. Amílcar Theias não tem propriamente um braço-direito e dirige uma equipa dividida em dois blocos: um formado por Eduardo Martins e Miguel Relvas, o secretário de Estado da Administração Local; e o outro, corporizado por Taveira de Sousa, que não tem as ambições políticas de Eduardo Martins.

Este domina muito melhor os principais "dossiers" do Ambiente do que o próprio ministro e, face ao pouco peso político deste, tem vindo a ganhar uma maior visibilidade mediática. O desapontamento de Martins e Relvas em relação a Amílcar Theias é cada vez mais notório no ministério e tem eco junto de outros governantes, embora aqueles dois tenham vindo ontem negar a existência de divergências e a reafirmar a sua solidariedade para com o titular da pasta.

Através da sua assessora, Eduardo Martins minimizou também o episódio da sua intervenção no Fórum da TSF, explicando que fora convidado no âmbito da comemoração do Dia Mundial do Ambiente e que posteriormente conversou com Taveira de Sousa para justificar o sucedido.

O problema dos parques naturais

Mas os problemas na área do Ambiente não se confinam ao ministério. No Instituto de Conservação da Natureza (ICN), as queixas em relação ao funcionamento de alguns parques naturais também têm vindo a avolumar-se.

Um dos casos mais complicados prende-se com o Parque Natural de Montesinho, cujo director, João Herdeiro, se encontra demissionário há já alguns meses. A situação que se vive neste parque - que era considerado a "jóia da coroa" das áreas protegidas - é de total imobilismo, com a maioria dos funcionários a limitar-se a cumprir horários. Como se não bastasse, as relações do parque com as câmaras de Vinhais e Bragança são as piores, ao ponto de o presidente desta última, Jorge Nunes, já ter reclamado por várias vezes a substituição de João Herdeiro.

Em declarações ao PÚBLICO, o secretário de Estado Taveira de Sousa reconheceu que, pela sua gravidade, "a situação de Montesinho tem que ser imediatamente atacada". Silva e Costa, o presidente do ICN, confirmou também ao PÚBLICO que João Herdeiro vai ser substituído dentro de poucos dias por um técnico do parque, escusando-se a revelar o nome do seu substituto. Mas o nome mais falado é o de Armindo Rodrigues, que era o braço-direito de Carlos Guerra no tempo em que este ex-presidente do ICN dirigia o Parque Natural de Montesinho.

Silva e Costa disse ainda que, em relação aos restantes parques naturais, só vai haver mudanças de chefia nos parques naturais do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e Ria Formosa.

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