Barros Moura alerta para o "financiamento ilícito da vida política"

09-01-2003
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Barros Moura Alerta para o "Financiamento Ilícito da Vida Política"

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Terça-feira, 07 de Janeiro de 2003 Ex-deputado socialista defende que este caso é o exemplo para que o financiamento seja revisto como deve ser e que abre a porta ao mundo dos financiamentos ilícitos dos partidos O ex-deputado do PS e ex-presidente da Assembleia Municipal de Felgueiras, José Barros Moura, defendeu, ontem, que os crimes de colarinho branco que têm ocorrido em Portugal têm de ser vistos, questionados e investigados também do ponto de vista dos financiamentos ilícitos dos partidos. "Isto aponta para que toda a espécie de criminalidade de colarinho branco, corrupção, fraude fiscal, branqueamento, tráfico de influências, decisões públicas para beneficiar interesses de imobiliárias e do betão, sobrefacturação de contratos com autarquias ou com o Estado, promiscuidade entre autarcas, construtores civis e futebol, sacos azuis, tudo isto pode estar ligado ao financiamento ilícito da vida política", declarou Barros Moura ao PÚBLICO. O ex-deputado está convencido de que "este não é seguramente um caso isolado" e espera que "as autoridades políticas e judiciais façam o seu trabalho e prossigam as investigações sobre este caso e casos análogos, doa a quem doer". Elogiando a actuação da Polícia Judiciária, Barros Moura considera "muito importante que a PJ tenha realizado esta investigação" e sustenta mesmo que ela "só não foi travada devido ao escândalo provocado pela demissão de Maria José Morgado". Afastado da lista de candidatos à Assembleia da República, elaborada já sob a liderança de Eduardo Ferro Rodrigues, a retirada forçada de Barros Moura da política institucional surgiu, então, aos observadores como uma consequência clara e uma punição pelo facto de se ter levantado contra o PS e contra o esquema do saco azul da Câmara de Felgueiras. Barros Moura acabou a votar isolado e a ver derrotada pela maioria socialista na Assembleia Municipal de Felgueiras uma moção por si proposta que advogava que a autarca suspendesse o mandato. Depois de perder, só lhe restava não ser conivente: "Eu entendi que o PS não devia caucionar e, por isso, demiti-me." Acusando o PS, partido de que é militante, Barros Moura afirma: "A direcção do PS pensou que podia perder a câmara se ela fosse candidata como independente. Mas o facto de o PS ter apoiado Fátima Felgueiras tirou credibilidade ao partido a nível nacional, o que contribuiu para a derrota eleitoral geral." Já sobre a questão dos financiamentos aos partidos que está em processo de revisão na Assembleia da República, Barros Moura diz que "a questão fundamental não é, como parece agora, o financiamento público e privado". E defende que, "para além de fazer cumprir a lei que nunca foi cumprida, a questão é a de determinar a origem dos fundos que alimentam as campanhas milionárias, nomeadamente nas autarquias". Segundo Barros Moura, a lei permite fugas, já que "não obriga à identificação nem sujeita a limites a chamada 'angariação de fundos para campanha eleitoral', como o faz para os fundos para actividade partidária normal". E quanto aos "limites e aos controlos aos financiamentos e aos gastos, só estão previstos para o período oficial de campanha". "Ora", prossegue o ex-deputado, "já grande parte das despesas sumptuárias é feita na chamada 'pré-campanha', é por isso que ela tem tanta importância política". OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE "Saco azul" de Felgueiras pagou futebol e política

Peculato, corrupção, participação económica em negócio e abuso de poder

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