Guterrismo mostra a sua força em jantar de "amigos" com José Lamego

28-02-2004
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Guterrismo Mostra a Sua Força em Jantar de "Amigos" com José Lamego

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES E MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Sexta-feira, 09 de Janeiro de 2004

À margem da direcção do partido, um vasto grupo de dirigentes do PS organizou, ontem, a anteceder mais uma reunião da comissão política do partido, um jantar de "reencontro" (expressão de um dos organizadores) ou "de Natal" (como disse António José Seguro) com José Lamego, o alto quadro socialista que, contra a direcção de Ferro Rodrigues, aceitou colaborar com a administração do Iraque.

O "grupo de amigos" (expressão, ao PÚBLICO, do próprio Lamego) foi vasto (cerca de seis dezenas de socialistas) mas, mais do que isso, incluiu personalidades politicamente muito relevantes no PS. Por exemplo: Jorge Coelho, João Soares, António José Seguro e Manuel Maria Carrilho. E um conjunto de dirigentes de peso no aparelho do partido: Fernando Serrasqueiro (PS de Castelo Branco), António Reis, Laurentino Dias (Braga), José Apolinário (Algarve), Capoulas Santos (Évora), Fausto Correia e Vitor Baptista (Coimbra) José Saraiva (Porto) e Rui Oliveira e Costa (UGT). Estava também prevista a presença de Francisco Assis, mas o convite para participar num debate televisivo em directo impediu que o líder da distrital socialista do Porto comparecesse ao encontro.

Os organizadores do jantar, que decorreu no restaurante "A Cataplana", em Campo de Ourique, negaram ao PÚBLICO que a iniciativa tivesse algo de "desagravo" ou de "homenagem" em relação a José Lamego. Neste desmentido prévio, sublinhava-se, implicitamente, o facto de a ida de José Lamego para o Iraque ter sido alvo, por parte de Ana Gomes (que lhe sucedeu no pelouro das relações internacionais do PS), alvo de duríssimas críticas. E ainda, por outro lado, o facto de essas mesmas críticas protagonizadas por Ana Gomes terem sido, por sua vez, duramente criticadas não só no "parlamento" do PS (a sua comissão política nacional), como até no seu "governo" (o secretariado nacional), por parte de José Sócrates.

Em declarações ao PÚBLICO, José Lamego preferiu designar o jantar como um "encontro de amigos", explicando que a iniciativa já estava agendada para Novembro, antes da sua viagem para o Iraque. Compromissos vários levaram, contudo, ao adiamento do convívio para a noite de ontem, justificou Lamego.

O jantar de ontem representou, além do mais, uma manifestação de vida por parte do "guterrismo" puro e duro no PS, corrente onde, á excepção de Manuel Maria Carrilho, se integra a maior parte dos comensais do jantar de José Lamego. Não poderá ser visto como uma moção de censura ao próprio Ferro Rodrigues, mas foi, pelo menos, um sinal de que, no PS, muito mais existe do que o "ferrismo".

À entrada para a comissão política, que também ontem decorreu na sede nacional do Largo do Rato, o líder socialista respondeu aos jornalistas não ter tido conhecimento do jantar de "reencontro" com José Lamego e foi parco em comentários: "Espero que tenham jantado muitíssimo bem". Instado pelo PÚBLICO a interpretar o jantar como uma espécie de desautorização da direcção socialista, que se opôs à decisão de Lamego em trabalhar para a administração do Iraque, Ferro Rodrigues afirmou: "É um jantar de Natal e Ano Novo. Acho que os amigos fazem bem em jantar. Eu também jantei".

De Campo de Ourique os convivas rumaram ao Rato, tendo Manuel Maria Carrilho, António José Seguro e Jorge Coelho entrado na reunião da Comissão Política segundos depois da chegada de Ferro Rodrigues. Só esse gesto representou, em si mesmo, uma manifestação de força. Ana Gomes foi o pretexto. E José Lamego o objecto.

Guterrismo Mostra a Sua Força em Jantar de "Amigos" com José Lamego

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES E MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Sexta-feira, 09 de Janeiro de 2004

À margem da direcção do partido, um vasto grupo de dirigentes do PS organizou, ontem, a anteceder mais uma reunião da comissão política do partido, um jantar de "reencontro" (expressão de um dos organizadores) ou "de Natal" (como disse António José Seguro) com José Lamego, o alto quadro socialista que, contra a direcção de Ferro Rodrigues, aceitou colaborar com a administração do Iraque.

O "grupo de amigos" (expressão, ao PÚBLICO, do próprio Lamego) foi vasto (cerca de seis dezenas de socialistas) mas, mais do que isso, incluiu personalidades politicamente muito relevantes no PS. Por exemplo: Jorge Coelho, João Soares, António José Seguro e Manuel Maria Carrilho. E um conjunto de dirigentes de peso no aparelho do partido: Fernando Serrasqueiro (PS de Castelo Branco), António Reis, Laurentino Dias (Braga), José Apolinário (Algarve), Capoulas Santos (Évora), Fausto Correia e Vitor Baptista (Coimbra) José Saraiva (Porto) e Rui Oliveira e Costa (UGT). Estava também prevista a presença de Francisco Assis, mas o convite para participar num debate televisivo em directo impediu que o líder da distrital socialista do Porto comparecesse ao encontro.

Os organizadores do jantar, que decorreu no restaurante "A Cataplana", em Campo de Ourique, negaram ao PÚBLICO que a iniciativa tivesse algo de "desagravo" ou de "homenagem" em relação a José Lamego. Neste desmentido prévio, sublinhava-se, implicitamente, o facto de a ida de José Lamego para o Iraque ter sido alvo, por parte de Ana Gomes (que lhe sucedeu no pelouro das relações internacionais do PS), alvo de duríssimas críticas. E ainda, por outro lado, o facto de essas mesmas críticas protagonizadas por Ana Gomes terem sido, por sua vez, duramente criticadas não só no "parlamento" do PS (a sua comissão política nacional), como até no seu "governo" (o secretariado nacional), por parte de José Sócrates.

Em declarações ao PÚBLICO, José Lamego preferiu designar o jantar como um "encontro de amigos", explicando que a iniciativa já estava agendada para Novembro, antes da sua viagem para o Iraque. Compromissos vários levaram, contudo, ao adiamento do convívio para a noite de ontem, justificou Lamego.

O jantar de ontem representou, além do mais, uma manifestação de vida por parte do "guterrismo" puro e duro no PS, corrente onde, á excepção de Manuel Maria Carrilho, se integra a maior parte dos comensais do jantar de José Lamego. Não poderá ser visto como uma moção de censura ao próprio Ferro Rodrigues, mas foi, pelo menos, um sinal de que, no PS, muito mais existe do que o "ferrismo".

À entrada para a comissão política, que também ontem decorreu na sede nacional do Largo do Rato, o líder socialista respondeu aos jornalistas não ter tido conhecimento do jantar de "reencontro" com José Lamego e foi parco em comentários: "Espero que tenham jantado muitíssimo bem". Instado pelo PÚBLICO a interpretar o jantar como uma espécie de desautorização da direcção socialista, que se opôs à decisão de Lamego em trabalhar para a administração do Iraque, Ferro Rodrigues afirmou: "É um jantar de Natal e Ano Novo. Acho que os amigos fazem bem em jantar. Eu também jantei".

De Campo de Ourique os convivas rumaram ao Rato, tendo Manuel Maria Carrilho, António José Seguro e Jorge Coelho entrado na reunião da Comissão Política segundos depois da chegada de Ferro Rodrigues. Só esse gesto representou, em si mesmo, uma manifestação de força. Ana Gomes foi o pretexto. E José Lamego o objecto.

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