CCP vive o processo eleitoral mais disputado de sempre

04-06-2004
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Listas de José António Silva e Miguel Costa Gomes em apreciação até hoje

CCP Vive o Processo Eleitoral Mais Disputado de Sempre

Segunda-feira, 17 de Maio de 2004

Pela primeira vez em toda a história da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, duas candidaturas chegarão às urnas para a eleição de um novo mandato dos corpos sociais. Foram meses de uma campanha marcada pela troca de acusações entre os dois candidatos, que alcançam o fim no sufrágio do dia 27

Dulce Furtado

O presidente da Assembleia Geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Mário Rui Costa, pronuncia-se hoje em definitivo sobre a validade das duas listas propostas para a eleição da qual sairá a equipa que vai tomar as rédeas dos destinos da instituição no biénio de 2004 a 2006. O PÚBLICO apurou que as duas candidaturas na corrida - a de José António Silva, presidente da Assembleia Geral da Associação de Comerciantes do Algarve, e a de Miguel Costa Gomes, um dos actuais vice-presidentes da CCP e presidente da Associação Comercial e Industrial de Barcelos - vão estar a ser "apreciadas para aceitação" até ao final do dia de hoje. Terá sido determinado permitir, até esta data, que seja feita a regularização de quotas por parte das associações confederadas para efeitos de admissão nos cadernos eleitorais - ou seja, para que possam ser eleitas e eleitoras no sufrágio agendado para o próximo dia 27.

Tudo indica assim que - salvo o caso de alguma das associações que aparecem nas duas candidaturas falhar este prazo alargado - José António Silva e Miguel Costa Gomes vão mesmo defrontar-se nas urnas. E este novo mandato da CCP vai inevitavelmente ficar para a história como o mais litigado de sempre na origem, cabendo ao vencedor apaziguar a instituição depois de uma campanha eleitoral que ficou marcada por acusações mútuas dos candidatos.

Entendida como uma lista de continuidade, a candidatura "Pela Independência da CCP" - liderada por Miguel Costa Gomes - começou por levantar uma das "lebres" quando, na apresentação pública da primeira listagem de candidatura feita pelos últimos dias de Abril, veio acusar o rival de estar "a comprar votos" através do pagamento de quotizações em atraso devidas por um grupo de 16 associações, através de um cheque pessoal no valor de mais de 87 mil euros de Manuel Lima Amorim, um dos firmes apoiantes de José António Silva.

A acusação não foi jamais refutada pelo líder da lista "CCP do Futuro": José António Silva disse mesmo que nenhuma intenção houvera de manter segredo sobre aquele acto. "Se houvesse algo a esconder, com certeza que Lima Amorim, um homem do comércio tradicional sobejamente conhecido, não iria pagar estas quotas com um cheque assinado pelo seu punho, entregue nos serviços da CCP." E afirmou que o mesmo teria sido feito também pela lista adversária, não em cheque mas em dinheiro, para regularização das quotas devidas por nove associações - acusação esta veementemente negada por Miguel Costa Gomes.

Acusações mútuas

Na altura, José António Silva passou mesmo ao ataque, contestando a validade da lista apresentada por Miguel Costa Gomes, defendendo que integrava duas associações que jamais estiveram do lado do actual vice-presidente da CCP. E com feito, nos dois dias imediatos, tanto a Associação Comercial do Distrito de Beja como a Associação Empresarial do Concelho de Rio Maior vieram negar ter dado autorização para aparecerem na lista de Miguel Costa Gomes, considerando a sua inclusão aí como "abusiva", até porque haviam manifestado interesse em apoiar a candidatura de José António Silva.

Este facto, aliás, obrigou Miguel Costa Gomes a proceder a alterações ao elenco inicialmente apresentado, o qual veio posteriormente a ser novamente contestado pelo candidato rival, já no final da passada semana, devido ao facto de "integrar cinco associações que não aparecem nos cadernos eleitorais encerrados a 30 de Abril passado", data que José António Silva afirma ser aquela que os estatutos determinam como limite para admitir uma associação no pleno direito de ser eleita e eleitora.

Mas Mário Rui Costa terá feito uma interpretação mais abrangente dos estatutos da CCP, mantendo em aberto até hoje não só a possibilidade de as associações se afirmarem no pleno gozo dos seus direitos de elegibilidade, mas também de que as duas listas propostas - subsequentemente - sejam consideradas válidas e em respeito pelas exigências estatutárias: cada uma contendo um elenco de 36 associações, integrando para a Direcção um conjunto de pessoas singulares em representação de oito associações de serviços, oito sectoriais e oito regionais, sem que nenhum candidato ou associação surja em mais do que uma candidatura.

Não possuindo todas as associações o mesmo número de votos - antes correspondendo a cada uma delas uma quantidade de votos proporcional à representatividade que têm -, o resultado está longe de se poder prever. Uma primeira leitura dá conta de que José António Silva se encontrará com alguma vantagem. Mas o desfecho dependerá da capacidade dos dois candidatos de chamarem a si o número de apoios, com o peso de votos necessário, para levar a bom termo uma vitória nas urnas.

Listas de José António Silva e Miguel Costa Gomes em apreciação até hoje

CCP Vive o Processo Eleitoral Mais Disputado de Sempre

Segunda-feira, 17 de Maio de 2004

Pela primeira vez em toda a história da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, duas candidaturas chegarão às urnas para a eleição de um novo mandato dos corpos sociais. Foram meses de uma campanha marcada pela troca de acusações entre os dois candidatos, que alcançam o fim no sufrágio do dia 27

Dulce Furtado

O presidente da Assembleia Geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Mário Rui Costa, pronuncia-se hoje em definitivo sobre a validade das duas listas propostas para a eleição da qual sairá a equipa que vai tomar as rédeas dos destinos da instituição no biénio de 2004 a 2006. O PÚBLICO apurou que as duas candidaturas na corrida - a de José António Silva, presidente da Assembleia Geral da Associação de Comerciantes do Algarve, e a de Miguel Costa Gomes, um dos actuais vice-presidentes da CCP e presidente da Associação Comercial e Industrial de Barcelos - vão estar a ser "apreciadas para aceitação" até ao final do dia de hoje. Terá sido determinado permitir, até esta data, que seja feita a regularização de quotas por parte das associações confederadas para efeitos de admissão nos cadernos eleitorais - ou seja, para que possam ser eleitas e eleitoras no sufrágio agendado para o próximo dia 27.

Tudo indica assim que - salvo o caso de alguma das associações que aparecem nas duas candidaturas falhar este prazo alargado - José António Silva e Miguel Costa Gomes vão mesmo defrontar-se nas urnas. E este novo mandato da CCP vai inevitavelmente ficar para a história como o mais litigado de sempre na origem, cabendo ao vencedor apaziguar a instituição depois de uma campanha eleitoral que ficou marcada por acusações mútuas dos candidatos.

Entendida como uma lista de continuidade, a candidatura "Pela Independência da CCP" - liderada por Miguel Costa Gomes - começou por levantar uma das "lebres" quando, na apresentação pública da primeira listagem de candidatura feita pelos últimos dias de Abril, veio acusar o rival de estar "a comprar votos" através do pagamento de quotizações em atraso devidas por um grupo de 16 associações, através de um cheque pessoal no valor de mais de 87 mil euros de Manuel Lima Amorim, um dos firmes apoiantes de José António Silva.

A acusação não foi jamais refutada pelo líder da lista "CCP do Futuro": José António Silva disse mesmo que nenhuma intenção houvera de manter segredo sobre aquele acto. "Se houvesse algo a esconder, com certeza que Lima Amorim, um homem do comércio tradicional sobejamente conhecido, não iria pagar estas quotas com um cheque assinado pelo seu punho, entregue nos serviços da CCP." E afirmou que o mesmo teria sido feito também pela lista adversária, não em cheque mas em dinheiro, para regularização das quotas devidas por nove associações - acusação esta veementemente negada por Miguel Costa Gomes.

Acusações mútuas

Na altura, José António Silva passou mesmo ao ataque, contestando a validade da lista apresentada por Miguel Costa Gomes, defendendo que integrava duas associações que jamais estiveram do lado do actual vice-presidente da CCP. E com feito, nos dois dias imediatos, tanto a Associação Comercial do Distrito de Beja como a Associação Empresarial do Concelho de Rio Maior vieram negar ter dado autorização para aparecerem na lista de Miguel Costa Gomes, considerando a sua inclusão aí como "abusiva", até porque haviam manifestado interesse em apoiar a candidatura de José António Silva.

Este facto, aliás, obrigou Miguel Costa Gomes a proceder a alterações ao elenco inicialmente apresentado, o qual veio posteriormente a ser novamente contestado pelo candidato rival, já no final da passada semana, devido ao facto de "integrar cinco associações que não aparecem nos cadernos eleitorais encerrados a 30 de Abril passado", data que José António Silva afirma ser aquela que os estatutos determinam como limite para admitir uma associação no pleno direito de ser eleita e eleitora.

Mas Mário Rui Costa terá feito uma interpretação mais abrangente dos estatutos da CCP, mantendo em aberto até hoje não só a possibilidade de as associações se afirmarem no pleno gozo dos seus direitos de elegibilidade, mas também de que as duas listas propostas - subsequentemente - sejam consideradas válidas e em respeito pelas exigências estatutárias: cada uma contendo um elenco de 36 associações, integrando para a Direcção um conjunto de pessoas singulares em representação de oito associações de serviços, oito sectoriais e oito regionais, sem que nenhum candidato ou associação surja em mais do que uma candidatura.

Não possuindo todas as associações o mesmo número de votos - antes correspondendo a cada uma delas uma quantidade de votos proporcional à representatividade que têm -, o resultado está longe de se poder prever. Uma primeira leitura dá conta de que José António Silva se encontrará com alguma vantagem. Mas o desfecho dependerá da capacidade dos dois candidatos de chamarem a si o número de apoios, com o peso de votos necessário, para levar a bom termo uma vitória nas urnas.

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