Candidatos do PS Ainda com Dívidas das Autárquicas de 2001
Quinta-feira, 17 de Outubro de 2002 Contas já fechadas oficialmente Empresa de comunicação e imagem diz que não foi ressarcida de dívidas no montante de dezenas de milhar de euros Raposo Antunes A Aedis, uma empresa de comunicação e imagem, admite recorrer ao tribunal para ser ressarcida de alegadas dívidas no montante de dezenas de milhar de euros, que terão sido contraídas na última campanha eleitoral autárquica por candidatos do PS à presidência de dez câmaras - oito do distrito do Porto e duas da Região Centro. A empresa em questão, que desenvolveu e produziu materiais para diversas campanhas eleitorais de candidatos socialistas às eleições autárquicas de Dezembro de 2001, afirma ter recebido verbas da Federação do Porto do PS, mas queixa-se de estarem ainda em falta os pagamentos que tinham ficado à responsabilidade dos candidatos e das respectivas estruturas concelhias do partido. Tudo isto, numa altura em que as contas já passaram pelos crivos oficiais: a Comissão Nacional de Eleições e o Tribunal Constitucional. No sentido de ser reembolsada, a empresa Aedis - à qual está ligado um dirigente do PS - constituiu já uma sociedade de advogados que tem vindo a contactar cada um dos alegados devedores, propondo-lhes saldar as contas de uma forma faseada, designadamente através de prestações mensais. O caso já chegou ao conhecimento do presidente da Federação Distrital do PS, Narciso Miranda, dado que oito dos dez visados foram candidatos a câmaras do distrito do Porto. Este dirigente "não achou oportuno" falar sobre este assunto, de acordo com uma fonte do gabinete de Narciso. A lista inclui os deputados Artur Penedos (Paredes) e Jorge Strecht (Gaia), bem como José Luís Carneiro (Baião), Jorge Catarino (Maia), Raúl Brito (Paços de Ferreira), José Cerejeira (Póvoa de Varzim), Afonso Paixão (Trofa) e José Ribeiro (Valongo). Nestes oito municípios do distrito do Porto, o PS não detinha o poder e veio a ser derrotado. Além destes, terão também dívidas mais dois candidatos socialistas, que concorreram às câmaras do Fundão e de Vale de Cambra, respectivamente Sampaio Lopes e a deputada Rosa Albernaz. Contactado pelo PÚBLICO, o deputado Artur Penedos garante "não ter dívida nenhuma" da sua campanha autárquica em Paredes, enquanto Jorge Strecht, que encabeçou a lista do PS em Gaia, diz não saber "se há ou não dívidas", uma vez que se limitou "a ser candidato" e nunca contratou "coisa nenhuma com qualquer empresa". O presidente da concelhia de Gaia, Barbosa Ribeiro, assegura que as contas relativas ao trabalho solicitado à Aedis por esta estrutura partidária "estão saldadas". Quanto ao resto, designadamente as verbas relativas "à colocação de 'outdoors'", remete a responsabilidade para a Federação Distrital do PS-Porto. Já Raúl Brito disse que, tanto quanto sabia, "as contas foram fechadas e enviadas para Lisboa pelo mandatário financeiro Paulo Ferreira". Este, que é também o presidente da concelhia socialista de Paços de Ferreira, garante estar "de consciência tranquila", mas recusou-se a falar sobre o assunto com os órgãos de comunicação, por entender que "a questão deve ser tratada no partido". José Luís Carneiro, candidato em Baião, confirma a existência de conversas "sobre as contas de campanha", mas, frisa: "Penso que está tudo em dia". Jorge Catarino, que encabeçou a lista socialista na Maia, reconhece que "há de facto contas por regularizar em relação a algumas empresas". "Está tudo na paz do Senhor. Vamos tentar pagar lentamente, já que as empresas em questão têm um bom relacionamento com o partido", afirma, acrescentando que espera "a solidariedade da federação distrital do PS" no pagamento dessas dívidas. Também Afonso Paixão (Trofa) confirmou a existência de dívidas à Aedis, mas disse não saber se se tratava de contas da campanha. José Cerejeira, um independente que concorreu pelo PS nas últimas autárquicas, afirmou desconhecer o assunto, remetendo para a concelhia socialista e para o mandatário financeiro qualquer explicação. Por seu turno, a deputada Rosa Albernaz, que foi candidata em Vale de Cambra, diz também que o contrato estabelecido com essa empresa de comunicação "foi cumprido". Tanto quanto sabe, a dita empresa estará agora "a pedir verbas superiores ao que estava acertado", pelo que irá contactar este fim-de-semana as pessoas que reclamam esses pagamentos "para saber o que se passa". José Sampaio Lopes, número um no Fundão, confirma que foi contactado "há uns tempos" sobre esse assunto, mas que logo nessa altura falou com o mandatário financeiro dessa campanha, que "ficou de tratar do assunto". "E ele nunca mais me disse nada", sublinha. O PÚBLICO tentou também contactar José Ribeiro, que foi o número um do PS em Valongo, mas revelaram-se infrutíferas todas as tentativas efectuadas. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Judiciária Militar investiga desaparecimento de 500 Uzi
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