Sarmento reclama direito do Governo a manifestar-se sobre trabalho da RTP

18-06-2003
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Sarmento Reclama Direito do Governo a Manifestar-se Sobre Trabalho da RTP

Por SOFIA RODRIGUES E ELISABETE VILAR

Quarta-feira, 18 de Junho de 2003 O ministro da Presidência, Morais Sarmento, voltou a pronunciar-se sobre o trabalho da RTP no dia da declaração pública da autarca Fátima Felgueiras, na semana passada, reclamando o direito do Governo a manifestar a sua opinião sobre a actividade jornalística da estação. "Já não estamos no tempo em que o Governo telefonava para as televisões antes dos acontecimentos", disse o ministro que detém a pasta da Comunicação Social, quando questionado sobre o facto de ter telefonado para a RTP a criticar a cobertura televisiva das declarações de Fátima Felgueiras. Morais Sarmento sublinhou, todavia, que o Executivo pode manifestar a sua opinião após a ocorrência dos factos. O governante, que falava durante uma homenagem aos jornalistas que fizeram a cobertura da guerra no Iraque, mantém a ideia de que a autarca fugida de Portugal é "uma pessoa que acha que pode ter um estatuto diferente do das outras", alguém que se considera "acima da lei". E que dar-lhe espaço em directo num telejornal é "estar a sublinhar essa situação especial". Morais Sarmento, que já antes tinha manifestado o seu desagrado pelo trabalho da RTP - que transmitiu uma declaração de Fátima Felgueiras em directo durante largos minutos no Telejornal e mais tarde a entrevistou - insistiu, contudo, na ideia de que "não há, não houve nem vai haver um puxão de orelhas à RTP". "Existe uma relação normal entre a tutela e a RTP", disse. O ministro reiterou ainda a sua "total confiança" e "satisfação" em relação à administração da TV pública. Também anteontem, a direcção de Informação da RTP rejeitara as críticas ao trabalho da estação, tendo considerado "normal que a classe política comente a RTP". Críticas de Sócrates surpreenderam As críticas de José Sócrates, proferidas no Telejornal de domingo, ao telefonema de Morais Sarmento para a administração da RTP, a propósito da cobertura do caso, foram, no entanto, recebidas com surpresa na estação pública. É que muitos ainda se lembram que foi Sócrates, quando tinha a tutela da Comunicação Social, que convidou Carlos Cruz para director-geral da televisão à revelia da administração da altura. No seu comentário regular no Telejornal - no frente-a-frente com Santana Lopes -, José Sócrates escolheu como figura negativa da semana o ministro Morais Sarmento por ter "dado nota pública que telefonou à administração da RTP para criticar a linha editorial". Na óptica do ex-ministro socialista, Morais Sarmento "agiu mal". "Não se fazem telefonemas para definir a linha editorial da RTP. Fui ministro da Comunicação Social, sei bem do que estou a falar", disse. Questionado por Santana Lopes se nunca fez telefonemas desse teor para a RTP, Sócrates assegurou que não. "Nem eu, nem o secretário de Estado [Arons de Carvalho]", afirmou, acrescentando que não tinha medo de ser desmentido nesta sua declaração. Este comentário suscitou sorrisos na RTP, dado que é, pelo menos, conhecido o convite que Sócrates fez a Carlos Cruz para director-geral da estação, sem a administração da altura saber e contra a vontade da maioria dos seus membros. Esse episódio é relatado pelo próprio ex-secretário de Estado Arons de Carvalho, no seu livro "Valerá a pena desmenti-los?". "Cometi um dos maiores erros destes seis anos de mandato ao aceitar, com Sócrates e Jorge Coelho, dirigir um convite sem a presença ou a concordância do Conselho de Administração", descreve Arons de Carvalho. "Estávamos nas vésperas das eleições de 1999. A divergência sobre esta matéria [Carlos Cruz] entre Sócrates e eu agudizava-se. O ministro entendia que se deveria confirmar o convite, nem que fosse necessário substituir a administração", lê-se no livro, editado no ano passado. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Sarmento reclama direito do Governo a manifestar-se sobre trabalho da RTP

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