Semanário Económico

20-06-2004
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Norberto Rosa e Manuela Ferreira Leite Finanças antecipam novo trimestre negativo

A crise mais longa dos últimos 25 anos

01-06-2004, Sérgio Aníbal, sanibal@economica.iol.pt

De acordo com a estimativa do Governo, o 1º trimestre de 2004 terá, pela sétima vez consecutiva, uma variação homóloga do PIB negativa.

Portugal deverá, a confirmarem-se as últimas estimativas do Governo, ter registado no início deste ano o sétimo trimestre consecutivo de variação homóloga do PIB negativa, a série mais longa de resultados negativos dos últimos 25 anos.

Norberto Rosa, secretário de Estado do Orçamento, afirmou esta semana na Assembleia da República que, no primeiro trimestre deste ano, se voltaria a verificar uma variação homóloga negativa. Desde a segunda metade de 2002 que este indicador apenas apresenta valores negativos. Nem nas crises de 1983 e 1992 se tinha verificado um período tão longo de variações homólogas trimestrais negativas.

Em 1983, verificaram-se, entre Abril de 1983 e Dezembro de 1984, seis trimestres com uma variação homóloga do PIB negativa, sendo cinco deles consecutivos. Em 1993, a série negativa de resultados foi mais curta, com apenas quatro trimestres. Agora, de acordo com as estimativas do Governo, registou-se nos primeiros três meses deste ano um novo recorde.

A generalidade dos economistas tem alertado para o facto da actual crise económica poder ser consideravelmente mais longa do que as anteriores. O forte endividamento dos agentes económicos combinado com a impossibilidade do Governo aplicar políticas ao nível cambial e monetário, ao contrário do que aconteceu nas crises anteriores, já fazia antever o prolongamento das dificuldades económicas.

Na crise iniciada em 1983, a variação homóloga mais acentuada deu-se no primeiro trimestre de 1984 com um resultado negativo de 3,2%. Nos anos 90, o pior trimestre foi o primeiro de 1993, com uma variação de -2,7%. Na actual crise, a variação negativa de 2,2% é, até ao momento, o ponto mais baixo do ciclo económico.

Saída da recessão técnica

Na apresentação feita esta semana na Comissão de Economia e Finanças da Assembleia da República no âmbito da discussão do relatório sobre a evolução da despesa pública, o Secretário de Estado do Orçamento fez ainda questão de frisar que a variação do PIB em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior) seria desta vez positivo, o que significa que Portugal terá, nos primeiros três meses deste ano, saído da situação de recessão técnica (dois ou mais trimestres de variação em cadeia do PIB negativa) em que tinha caído na segunda metade do ano passado.

No entanto, Norberto Rosa alertou ainda para o facto do ¿preço do petróleo estar acima da estimativa do Orçamento do Estado¿, o que constitui ¿um factor de risco acrescido¿ para a evolução da economia e, consequentemente, para a execução orçamental. De qualquer forma, afirmou ainda que ¿o cenário macroeconómico do OE mantém-se válido, não há razões para alterá-lo¿. À margem da discussão parlamentar, o Secretário de Estado revelou que, face ao actual andamento da execução orçamental, não são para já necessárias mais receitas extraordinárias do que as previstas do Orçamento do Estado.

Mais consolidação orçamental

No debate em plenário do dia seguinte sobre o relatório da Orientação da Despesa Pública, a Ministra das Finanças voltou a afirmar que o Executivo pretende manter em 2005 a política de consolidação orçamental, com o abrandamento das taxas de crescimento da despesa, salientando a necessidade de fazer face a gastos futuros mais elevados na área da saúde e da segurança social. Para resolver os problemas económicos, Manuela Ferreira Leite aposta em medidas do lado da oferta, com políticas de promoção da competitividade.

A oposição criticou a obsessão do Governo pelo cumprimento do objectivo do défice público, defendendo a aplicação de políticas de promoção do emprego. Joel Hasse Ferreira criticou o o relatório da despesa pública apresentado pelo Executivo, acusando as políticas seguidas de resultarem na recessão económica, conduzirem ao aumento do desemprego e não permitirem uma efectiva consolidação orçamental.

Norberto Rosa e Manuela Ferreira Leite Finanças antecipam novo trimestre negativo

A crise mais longa dos últimos 25 anos

01-06-2004, Sérgio Aníbal, sanibal@economica.iol.pt

De acordo com a estimativa do Governo, o 1º trimestre de 2004 terá, pela sétima vez consecutiva, uma variação homóloga do PIB negativa.

Portugal deverá, a confirmarem-se as últimas estimativas do Governo, ter registado no início deste ano o sétimo trimestre consecutivo de variação homóloga do PIB negativa, a série mais longa de resultados negativos dos últimos 25 anos.

Norberto Rosa, secretário de Estado do Orçamento, afirmou esta semana na Assembleia da República que, no primeiro trimestre deste ano, se voltaria a verificar uma variação homóloga negativa. Desde a segunda metade de 2002 que este indicador apenas apresenta valores negativos. Nem nas crises de 1983 e 1992 se tinha verificado um período tão longo de variações homólogas trimestrais negativas.

Em 1983, verificaram-se, entre Abril de 1983 e Dezembro de 1984, seis trimestres com uma variação homóloga do PIB negativa, sendo cinco deles consecutivos. Em 1993, a série negativa de resultados foi mais curta, com apenas quatro trimestres. Agora, de acordo com as estimativas do Governo, registou-se nos primeiros três meses deste ano um novo recorde.

A generalidade dos economistas tem alertado para o facto da actual crise económica poder ser consideravelmente mais longa do que as anteriores. O forte endividamento dos agentes económicos combinado com a impossibilidade do Governo aplicar políticas ao nível cambial e monetário, ao contrário do que aconteceu nas crises anteriores, já fazia antever o prolongamento das dificuldades económicas.

Na crise iniciada em 1983, a variação homóloga mais acentuada deu-se no primeiro trimestre de 1984 com um resultado negativo de 3,2%. Nos anos 90, o pior trimestre foi o primeiro de 1993, com uma variação de -2,7%. Na actual crise, a variação negativa de 2,2% é, até ao momento, o ponto mais baixo do ciclo económico.

Saída da recessão técnica

Na apresentação feita esta semana na Comissão de Economia e Finanças da Assembleia da República no âmbito da discussão do relatório sobre a evolução da despesa pública, o Secretário de Estado do Orçamento fez ainda questão de frisar que a variação do PIB em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior) seria desta vez positivo, o que significa que Portugal terá, nos primeiros três meses deste ano, saído da situação de recessão técnica (dois ou mais trimestres de variação em cadeia do PIB negativa) em que tinha caído na segunda metade do ano passado.

No entanto, Norberto Rosa alertou ainda para o facto do ¿preço do petróleo estar acima da estimativa do Orçamento do Estado¿, o que constitui ¿um factor de risco acrescido¿ para a evolução da economia e, consequentemente, para a execução orçamental. De qualquer forma, afirmou ainda que ¿o cenário macroeconómico do OE mantém-se válido, não há razões para alterá-lo¿. À margem da discussão parlamentar, o Secretário de Estado revelou que, face ao actual andamento da execução orçamental, não são para já necessárias mais receitas extraordinárias do que as previstas do Orçamento do Estado.

Mais consolidação orçamental

No debate em plenário do dia seguinte sobre o relatório da Orientação da Despesa Pública, a Ministra das Finanças voltou a afirmar que o Executivo pretende manter em 2005 a política de consolidação orçamental, com o abrandamento das taxas de crescimento da despesa, salientando a necessidade de fazer face a gastos futuros mais elevados na área da saúde e da segurança social. Para resolver os problemas económicos, Manuela Ferreira Leite aposta em medidas do lado da oferta, com políticas de promoção da competitividade.

A oposição criticou a obsessão do Governo pelo cumprimento do objectivo do défice público, defendendo a aplicação de políticas de promoção do emprego. Joel Hasse Ferreira criticou o o relatório da despesa pública apresentado pelo Executivo, acusando as políticas seguidas de resultarem na recessão económica, conduzirem ao aumento do desemprego e não permitirem uma efectiva consolidação orçamental.

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