Oposição vê no OE menos emprego, crescimento e poder de compra

20-10-2003
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Oposição Vê no OE Menos Emprego, Crescimento e Poder de Compra

Por PÚBLICO/LUSA

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2003

Os partidos da oposição são unânimes na apreciação que fazem do Orçamento do Estado (OE) para 2004 ontem entregue na Assembleia da República: representa menos emprego, menos crescimento e menos poder de compra.

O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, considerou ontem, em Bruxelas onde participa numa cimeira do Partido Socialista Europeu, que o OE consolida a "grave situação económica e desemprego" existente em Portugal.

"O primeiro-ministro fala de orçamento de consolidação, infelizmente consolida uma situação de conformismo do Governo português perante a conjuntura internacional", criticou o líder socialista.

Considerando que o Orçamento "não tem qualquer ambição de regresso a uma lógica de crescimento", Ferro Rodrigues antevê o risco de perda dos fundos estruturais da União Europeia: "Com as quebras no investimento público previstas, [o Orçamento] corre o risco de ser um contributo para que Portugal não aproveite os fundos estruturais, que tanto trabalho deram ao Governo anterior garantir".

O deputado do PS Joel Hasse Ferreira acrescentou, por seu lado, que "o PIDDAC desce significativamente, ao contrário do que foi dito pelo primeiro-ministro e a retoma é tão fraca que não dá sequer para aumentar o emprego".

Pelo PCP, Lino de Carvalho criticou o OE por "prosseguir uma política fiscal de desagravamento para as empresas e de aumento dos impostos para os trabalhadores", afirmando que "pelo terceiro ano consecutivo os trabalhadores por conta de outrém vão perder poder de compra".

"Em vez de contribuir para a recuperação da economia e aumento do emprego, vai agravar a crise que já existe", acusou o deputado da bancada comunista.

Em alternativa, o PCP desejava um orçamento de "dinamização da economia através de uma política de investimento público e de uma nova forma de redistribuição dos rendimentos".

O dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, viu nas primeiras indicações relativas ao Orçamento para o próximo ano "uma continuação da estagnação económica e do aumento do desemprego".

"Nunca um Governo provocou uma crise tão prolongada com tão graves consequências para os trabalhadores", disse o deputado, acrescentando que "com este Orçamento o país recua em vez de avançar".

Ontem ao início da tarde, em plenário na Assembleia da República antes de ser entregue o OE, a deputada do PS Elisa Ferreira já tinha classificado ontem a política económica do Governo como um "falhanço total", que depende da venda de património do Estado para controlar o défice.

"O défice passou a estar sempre controlado! Em cada ano basta escolher: que património se vende (enquanto durar), quanto investimento público se corta e que manigâncias contabilísticas nos convém fazer, até somar o valor do défice pretendido", ironizou Elisa Ferreira, considerando ainda que os sacrifícios impostos aos portugueses em matéria de política económica podem ser de "uma inutilidade total".

"Nada do que estruturalmente interessava corrigir está a melhorar", acusou a deputada do PS, acrescentando que o grau de sacrifício imposto varia consoante o calendário eleitoral pelo que, no próximo ano, "as restrições começarão a abrandar". Segundo Elisa Ferreira, que citou abundantemente o parecer crítico do Conselho Económico e Social sobre as Grandes Opções do Plano, o "país está a andar para trás" e o Governo, "autista e cego, persiste no erro".

A resposta ao PS veio pela voz do social-democrata Duarte Pacheco que acusou a ex-ministra de "má-fé", uma vez que "nem esperou que o documento fosse entregue para dizer mal". O deputado invocou as reformas na administração pública, saúde e justiça para acusar o PS de "estar habituado a discursos mas não a acção" e afirmou que "só há possibilidade de redistribuir riqueza depois desta ser criada". Esta última afirmação foi refutada por Elisa Ferreira que disse que o problema do Governo é esse, o da criação de riqueza, que diz não existir, e não o da redistribuição. A deputada do PS acusou ainda o Governo, através do PSD, de ignorar o parecer do Conselho Económico e Social.

Oposição Vê no OE Menos Emprego, Crescimento e Poder de Compra

Por PÚBLICO/LUSA

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2003

Os partidos da oposição são unânimes na apreciação que fazem do Orçamento do Estado (OE) para 2004 ontem entregue na Assembleia da República: representa menos emprego, menos crescimento e menos poder de compra.

O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, considerou ontem, em Bruxelas onde participa numa cimeira do Partido Socialista Europeu, que o OE consolida a "grave situação económica e desemprego" existente em Portugal.

"O primeiro-ministro fala de orçamento de consolidação, infelizmente consolida uma situação de conformismo do Governo português perante a conjuntura internacional", criticou o líder socialista.

Considerando que o Orçamento "não tem qualquer ambição de regresso a uma lógica de crescimento", Ferro Rodrigues antevê o risco de perda dos fundos estruturais da União Europeia: "Com as quebras no investimento público previstas, [o Orçamento] corre o risco de ser um contributo para que Portugal não aproveite os fundos estruturais, que tanto trabalho deram ao Governo anterior garantir".

O deputado do PS Joel Hasse Ferreira acrescentou, por seu lado, que "o PIDDAC desce significativamente, ao contrário do que foi dito pelo primeiro-ministro e a retoma é tão fraca que não dá sequer para aumentar o emprego".

Pelo PCP, Lino de Carvalho criticou o OE por "prosseguir uma política fiscal de desagravamento para as empresas e de aumento dos impostos para os trabalhadores", afirmando que "pelo terceiro ano consecutivo os trabalhadores por conta de outrém vão perder poder de compra".

"Em vez de contribuir para a recuperação da economia e aumento do emprego, vai agravar a crise que já existe", acusou o deputado da bancada comunista.

Em alternativa, o PCP desejava um orçamento de "dinamização da economia através de uma política de investimento público e de uma nova forma de redistribuição dos rendimentos".

O dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, viu nas primeiras indicações relativas ao Orçamento para o próximo ano "uma continuação da estagnação económica e do aumento do desemprego".

"Nunca um Governo provocou uma crise tão prolongada com tão graves consequências para os trabalhadores", disse o deputado, acrescentando que "com este Orçamento o país recua em vez de avançar".

Ontem ao início da tarde, em plenário na Assembleia da República antes de ser entregue o OE, a deputada do PS Elisa Ferreira já tinha classificado ontem a política económica do Governo como um "falhanço total", que depende da venda de património do Estado para controlar o défice.

"O défice passou a estar sempre controlado! Em cada ano basta escolher: que património se vende (enquanto durar), quanto investimento público se corta e que manigâncias contabilísticas nos convém fazer, até somar o valor do défice pretendido", ironizou Elisa Ferreira, considerando ainda que os sacrifícios impostos aos portugueses em matéria de política económica podem ser de "uma inutilidade total".

"Nada do que estruturalmente interessava corrigir está a melhorar", acusou a deputada do PS, acrescentando que o grau de sacrifício imposto varia consoante o calendário eleitoral pelo que, no próximo ano, "as restrições começarão a abrandar". Segundo Elisa Ferreira, que citou abundantemente o parecer crítico do Conselho Económico e Social sobre as Grandes Opções do Plano, o "país está a andar para trás" e o Governo, "autista e cego, persiste no erro".

A resposta ao PS veio pela voz do social-democrata Duarte Pacheco que acusou a ex-ministra de "má-fé", uma vez que "nem esperou que o documento fosse entregue para dizer mal". O deputado invocou as reformas na administração pública, saúde e justiça para acusar o PS de "estar habituado a discursos mas não a acção" e afirmou que "só há possibilidade de redistribuir riqueza depois desta ser criada". Esta última afirmação foi refutada por Elisa Ferreira que disse que o problema do Governo é esse, o da criação de riqueza, que diz não existir, e não o da redistribuição. A deputada do PS acusou ainda o Governo, através do PSD, de ignorar o parecer do Conselho Económico e Social.

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