Oposição acusa Governo de provocar fractura na Europa

13-02-2003
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Oposição Acusa Governo de Provocar Fractura na Europa

Por HELENA PEREIRA

Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2003

Debate na Assembleia da República

Esquerda parlamentar critica Durão por se ter colado aos EUA e exige saber se Governo aceitará ataque unilateral ao Iraque

Os partidos da oposição acusam o Governo de ter desrespeitado o órgão de soberania Assembleia da República e estar a contribuir para fracturar a Europa ao assinar um documento com outros sete líderes europeus, colocando-se ao lado dos EUA na estratégia de pressionar o Iraque.

O líder parlamentar do PS, António Costa, criticou ontem Durão Barroso por preferir "assinar um artigo de jornal" em vez de dizer qual é a sua posição no Parlamento. Para o PS, o que está em causa não é a "amizade e bom relacionamento" com os EUA, mas saber o que o Governo pensa sobre se os inspectores da ONU devem ter ou não mais tempo, sobre as provas que os EUA dizem ter, sobre se "é admissível uma acção armada sem mandato claro da ONU".

"É lamentável que o Governo não se empenhe em assegurar a união da Europa e permita a fractura da Europa com posições parcelares", afirmou.

Costa, no entanto, salientou "um registo positivo" da carta, que é "a insistência para a necessidade de consultar o Conselho de Segurança". Na véspera, o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues tinha elogiado em plenário o primeiro-ministro britânico Tony Blair, considerando que a sua posição "está a ser mal avaliada do ponto de vista internacional" pois este tem tido "um papel extremamente importante na moderação de todo este processo".

Ontem, na Rádio Renascença, o deputado do PS, João Cravinho, desafiou o Governo a anunciar no Parlamento quais as provas contra o Iraque. "Concerteza que Durão Barroso já recebeu provas. Senão, está a entrar numa coisa em que os parceiros têm provas e não lhe mostram", disse.

Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, afirmou que a iniciativa dos oito líderes europeus "visa transformar o Conselho de Segurança na câmara de eco dos EUA e isolar a França e a Alemanha". O deputado considera ainda que a carta não deixa clara qual é a posição do Governo português sobre a necessidade de uma nova resolução das Nações Unidas. Durante o debate mensal com o primeiro-ministro hoje na Assembleia da República, o PCP tenciona inquirir Durão sobre se "está ou não em desacordo com o Presidente da República, se apoia uma eventual decisão unilateral dos EUA, se cede a base das Lajes nesse caso e, por último, o que entende por guerra preventiva face à letra e ao espírito da carta das Nações Unidas".

Para João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, a carta quer dizer que "Portugal está em guerra contra o Iraque" e é um "desrespeito total" para a Assembleia da República por ser apresentada como "um facto consumado" antes sequer do primeiro-ministro se ter deslocado ao Parlamento para discutir a situação.

Oposição Acusa Governo de Provocar Fractura na Europa

Por HELENA PEREIRA

Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2003

Debate na Assembleia da República

Esquerda parlamentar critica Durão por se ter colado aos EUA e exige saber se Governo aceitará ataque unilateral ao Iraque

Os partidos da oposição acusam o Governo de ter desrespeitado o órgão de soberania Assembleia da República e estar a contribuir para fracturar a Europa ao assinar um documento com outros sete líderes europeus, colocando-se ao lado dos EUA na estratégia de pressionar o Iraque.

O líder parlamentar do PS, António Costa, criticou ontem Durão Barroso por preferir "assinar um artigo de jornal" em vez de dizer qual é a sua posição no Parlamento. Para o PS, o que está em causa não é a "amizade e bom relacionamento" com os EUA, mas saber o que o Governo pensa sobre se os inspectores da ONU devem ter ou não mais tempo, sobre as provas que os EUA dizem ter, sobre se "é admissível uma acção armada sem mandato claro da ONU".

"É lamentável que o Governo não se empenhe em assegurar a união da Europa e permita a fractura da Europa com posições parcelares", afirmou.

Costa, no entanto, salientou "um registo positivo" da carta, que é "a insistência para a necessidade de consultar o Conselho de Segurança". Na véspera, o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues tinha elogiado em plenário o primeiro-ministro britânico Tony Blair, considerando que a sua posição "está a ser mal avaliada do ponto de vista internacional" pois este tem tido "um papel extremamente importante na moderação de todo este processo".

Ontem, na Rádio Renascença, o deputado do PS, João Cravinho, desafiou o Governo a anunciar no Parlamento quais as provas contra o Iraque. "Concerteza que Durão Barroso já recebeu provas. Senão, está a entrar numa coisa em que os parceiros têm provas e não lhe mostram", disse.

Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, afirmou que a iniciativa dos oito líderes europeus "visa transformar o Conselho de Segurança na câmara de eco dos EUA e isolar a França e a Alemanha". O deputado considera ainda que a carta não deixa clara qual é a posição do Governo português sobre a necessidade de uma nova resolução das Nações Unidas. Durante o debate mensal com o primeiro-ministro hoje na Assembleia da República, o PCP tenciona inquirir Durão sobre se "está ou não em desacordo com o Presidente da República, se apoia uma eventual decisão unilateral dos EUA, se cede a base das Lajes nesse caso e, por último, o que entende por guerra preventiva face à letra e ao espírito da carta das Nações Unidas".

Para João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, a carta quer dizer que "Portugal está em guerra contra o Iraque" e é um "desrespeito total" para a Assembleia da República por ser apresentada como "um facto consumado" antes sequer do primeiro-ministro se ter deslocado ao Parlamento para discutir a situação.

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