Morais Sarmento defende Luís Delgado

21-02-2003
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Morais Sarmento Defende Luís Delgado

Por MARIA LOPES

Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2003 Ministro diz que não liga a filiações partidárias Escolha de jornalista e comentador político para a direcção da Lusa gerou debate aceso no Parlamento O ministro da Presidência foi ontem ao Parlamento dizer aos deputados que não se preocupa com as opções políticas e filiações partidárias das pessoas escolhidas para as empresas públicas de comunicação social. Nuno Morais Sarmento respondia desta maneira, perante os deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, às críticas da oposição ao facto de o Governo ter escolhido o jornalista e comentador político Luís Delgado para a administração da agência Lusa. O deputado Vicente Jorge Silva afirmou que a escolha de Luís Delgado é "um erro de 'casting' total" por ter sido escolhida "uma pessoa que não preenche os requisitos de ordem profissional e deontológica para um cargo de tão elevada responsabilidade". Numa intervenção que se pautou por trocas acesas de palavras com o ministro, o deputado leu excertos de artigos em que Luís Delgado elogiava membros do actual Governo, figuras destacadas do PSD ou os "clientes dos sócios de empresas em que tem participação", ou em que tomava posições sobre as alegadas acusações de pedofilia que recaem sobre Carlos Cruz, e sobre questões políticas moçambicanas. As citações e os comentários de Vicente Jorge Silva arrancaram sonoras gargalhadas aos deputados. "O facto de Luís Delgado não pertencer à direcção não quer dizer que não possa interferir na estratégia e na orientação do órgão de informação", disse Vicente Jorge Silva, acrescentando que "há claramente conflitos de interesse e uma situação de promiscuidade" entre as actividades e preferências políticas e o cargo que desempenhará na agência. Luís Delgado, além das funções que tem no Diário Digital, "teve um conflito com a Lusa que foi resolvido de forma pouco clara; é comentador diário de um jornal, comentador televisivo; e é conhecido pela dureza das suas posições ideológicas", acusou Vicente. O futuro administrador tem, no entender da oposição, "demasiada exuberância militante" para um cargo "em que se exige o dever de reserva, de discrição, de comedimento". "Ele pode escrever o que e onde quiser, mas não pode esperar assumir tal cargo sem ser acusado de conflito de interesses". Vicente Jorge Silva disse mesmo que "Luís Delgado não esconde que é comissário político" e que "funciona como um profissional de relações públicas". O jornalista e comentador "dá graxa" e "conhece todo o mundo que interessa", afirmou. PSD fala em "campanha persecutória" Em socorro de Nuno Morais Sarmento falou o deputado social-democrata Montalvão Machado, para quem o PS está a fazer "uma campanha persecutória e injuriosa". "Isso é um complexo de inferioridade. O que o PS queria era que o director ou administrador da Lusa fosse um comissário de esquerda", declarou. E, usando as palavras finais de uma crónica de Luís Delgado, respondeu "î meu caro Vicente, vá chatear outro!", provocando um coro de protestos na sala. O ministro da Presidência afirmou aos deputados que "não há, por enquanto, nenhuma nomeação; os nomes serão discutidos na assembleia geral e logo se verá se há ou não alguma incompatibilidade". Visivelmente contrariado com as críticas da oposição, Morais Sarmento ripostou: "Se fosse alguém identificado com opiniões de esquerda a questão não se colocaria." E dirigindo-se a Vicente Jorge Silva, acusou o deputado de considerar que "para se ser um bom jornalista tem que se ser de esquerda", e de ter parado no tempo, mais precisamente "no Maio de 68". Os dois trocaram várias acusações de falta à verdade. O governante aproveitou para elogiar o presidente da RTP, Almerindo Marques, dizendo que tem "muito orgulho e muita honra" de trabalhar com uma pessoa na RTP e na RDP "cuja posição política não é a do Governo", ao mesmo tempo que deixava o recado de que o critério que rege as suas escolhas é o da "competência". O deputado do Bloco de Esquerda João Teixeira Lopes acusou Morais Sarmento de "tentar justificar um erro crasso com outros erros igualmente graves do passado" depois de o ministro ter enunciado vários nomes de "boys" que o PS colocou em lugares-chave de empresas públicas do sector, como seria o caso de João Carlos Silva. "O senhor ministro terá o ónus de provar que ele não contribuiu para a partidarização na produção de conteúdos na Lusa", afirmou. A deputada d'Os Verdes Isabel de Castro classificou o teor dos textos de Luís Delgado de "lambe-botismo" e afirmou que as suas crónicas não asseguram a distância e imparcialidades necessárias a uma pessoa que se prepara para assumir um cargo de administrador numa agência de notícias. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Morais Sarmento defende Luís Delgado

Manuel Falcão à frente do Canal Sociedade

Luís Montez assume controlo da Rádio Nova

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Por MARIA LOPES

Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2003 Ministro diz que não liga a filiações partidárias Escolha de jornalista e comentador político para a direcção da Lusa gerou debate aceso no Parlamento O ministro da Presidência foi ontem ao Parlamento dizer aos deputados que não se preocupa com as opções políticas e filiações partidárias das pessoas escolhidas para as empresas públicas de comunicação social. Nuno Morais Sarmento respondia desta maneira, perante os deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, às críticas da oposição ao facto de o Governo ter escolhido o jornalista e comentador político Luís Delgado para a administração da agência Lusa. O deputado Vicente Jorge Silva afirmou que a escolha de Luís Delgado é "um erro de 'casting' total" por ter sido escolhida "uma pessoa que não preenche os requisitos de ordem profissional e deontológica para um cargo de tão elevada responsabilidade". Numa intervenção que se pautou por trocas acesas de palavras com o ministro, o deputado leu excertos de artigos em que Luís Delgado elogiava membros do actual Governo, figuras destacadas do PSD ou os "clientes dos sócios de empresas em que tem participação", ou em que tomava posições sobre as alegadas acusações de pedofilia que recaem sobre Carlos Cruz, e sobre questões políticas moçambicanas. As citações e os comentários de Vicente Jorge Silva arrancaram sonoras gargalhadas aos deputados. "O facto de Luís Delgado não pertencer à direcção não quer dizer que não possa interferir na estratégia e na orientação do órgão de informação", disse Vicente Jorge Silva, acrescentando que "há claramente conflitos de interesse e uma situação de promiscuidade" entre as actividades e preferências políticas e o cargo que desempenhará na agência. Luís Delgado, além das funções que tem no Diário Digital, "teve um conflito com a Lusa que foi resolvido de forma pouco clara; é comentador diário de um jornal, comentador televisivo; e é conhecido pela dureza das suas posições ideológicas", acusou Vicente. O futuro administrador tem, no entender da oposição, "demasiada exuberância militante" para um cargo "em que se exige o dever de reserva, de discrição, de comedimento". "Ele pode escrever o que e onde quiser, mas não pode esperar assumir tal cargo sem ser acusado de conflito de interesses". Vicente Jorge Silva disse mesmo que "Luís Delgado não esconde que é comissário político" e que "funciona como um profissional de relações públicas". O jornalista e comentador "dá graxa" e "conhece todo o mundo que interessa", afirmou. PSD fala em "campanha persecutória" Em socorro de Nuno Morais Sarmento falou o deputado social-democrata Montalvão Machado, para quem o PS está a fazer "uma campanha persecutória e injuriosa". "Isso é um complexo de inferioridade. O que o PS queria era que o director ou administrador da Lusa fosse um comissário de esquerda", declarou. E, usando as palavras finais de uma crónica de Luís Delgado, respondeu "î meu caro Vicente, vá chatear outro!", provocando um coro de protestos na sala. O ministro da Presidência afirmou aos deputados que "não há, por enquanto, nenhuma nomeação; os nomes serão discutidos na assembleia geral e logo se verá se há ou não alguma incompatibilidade". Visivelmente contrariado com as críticas da oposição, Morais Sarmento ripostou: "Se fosse alguém identificado com opiniões de esquerda a questão não se colocaria." E dirigindo-se a Vicente Jorge Silva, acusou o deputado de considerar que "para se ser um bom jornalista tem que se ser de esquerda", e de ter parado no tempo, mais precisamente "no Maio de 68". Os dois trocaram várias acusações de falta à verdade. O governante aproveitou para elogiar o presidente da RTP, Almerindo Marques, dizendo que tem "muito orgulho e muita honra" de trabalhar com uma pessoa na RTP e na RDP "cuja posição política não é a do Governo", ao mesmo tempo que deixava o recado de que o critério que rege as suas escolhas é o da "competência". O deputado do Bloco de Esquerda João Teixeira Lopes acusou Morais Sarmento de "tentar justificar um erro crasso com outros erros igualmente graves do passado" depois de o ministro ter enunciado vários nomes de "boys" que o PS colocou em lugares-chave de empresas públicas do sector, como seria o caso de João Carlos Silva. "O senhor ministro terá o ónus de provar que ele não contribuiu para a partidarização na produção de conteúdos na Lusa", afirmou. A deputada d'Os Verdes Isabel de Castro classificou o teor dos textos de Luís Delgado de "lambe-botismo" e afirmou que as suas crónicas não asseguram a distância e imparcialidades necessárias a uma pessoa que se prepara para assumir um cargo de administrador numa agência de notícias. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Morais Sarmento defende Luís Delgado

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