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22-05-2003
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Fernando Gomes faltou

Porto debatido a três vozes

Por Jorge Marmelo

Terça-feira, 27 de Novembro de 2001 "Aqueles senhores são da campanha do Rui Rio?" - a pergunta, feita aos jornalistas por uma senhora que passava pelo camião que serviu de palco ao debate organizado pela Rádio Renascença, em frente aos paços do concelho do Porto, tem muito que se lhe diga. Para além de ilustrar a reduzida visibilidade pública dos candidatos da CDU e do BE, Rui Sá e João Teixeira Lopes, e o consequente afastamento dos cidadãos em relação à coisa política, poderá servir bem para resumir o espírito da discussão de ontem, tendo os pretendentes à Câmara do Porto coincidido na análise da situação na cidade e divergido apenas quanto a questões de pormenor, com o bloquista a desempenhar o papel de "grilo falante", criticando algumas posições do vereador da CDU e considerando que o plano de Rui Rio para acabar com os arrumadores de automóveis "faz lembrar o tempo em que os nazis punham uma estrela amarela aos judeus". Fora isso, os três candidatos presentes condenaram em uníssono a ausência de Fernando Gomes (dos 82 convidados da RR para os debates autárquicos, só o socialista e o presidente da Câmara do Funchal faltaram; ver texto nesta página) e o modelo de desenvolvimento seguido pelo Porto nos últimos anos, afirmando todos a sua preferência por uma cidade menos densa, com mais população residente, mais empenhada em reconstruir do que em ceder aos apetites imobiliários, mais participada pelos seus cidadãos e mais preocupada com os problemas daqueles que vivem pior. Assim, para além do já referido plano de Rui Rio (PSD/PP) para os arrumadores (que Teixeira Lopes atribuiu às "cedências" que o seu rival teve que fazer ao partido de Paulo Portas), os momentos mais quentes aconteceram a propósito da discussão dos projectos para o Parque da Cidade e para as Antas. Não porque os candidatos tivessem ideias diversas sobre os assuntos, mas porque o candidato do BE quis saber as razões pelas quais Rui Sá se absteve na votação do Plano de Pormenor das Antas e das normas provisórias do PDM (ao abrigo das quais avançou o projecto para o parque). "Fala sem responsabilidade, é fácil falar de fora", respondeu o comunista, acrescentando que, malgrado os aspectos negativos daqueles documentos, outros pontos há em que eles constituem uma vantagem para a cidade.

Divergências à parte, Rui Rio defendeu uma cidade com mais qualidade de vida e prometeu não dar "nem mais um tostão para obras de fachada" enquanto houver portuenses a viver em condições "inqualificáveis", considerando que o Porto 2001 foi uma "oportunidade perdida". Teixeira Lopes mostrou-se empenhado em levar por diante um sistema baseado em orçamentos participados pelos cidadãos, recordando que 40 por cento dos portuenses vivem numa situação de pobreza relativa. E Rui Sá jogou, já no final, o seu maior trunfo, afirmando ser "o único candidato que ficará no Porto seja qual for o resultado".

Refira-se, por fim, que a realização do debate chegou a estar comprometida, já que os responsáveis municipais pelo trânsito não gostaram de ver o camião da Renascença aparcado na Praça do General Humberto Delgado, defendendo que o veículo ficasse na via pública.

Fernando Gomes faltou

Porto debatido a três vozes

Por Jorge Marmelo

Terça-feira, 27 de Novembro de 2001 "Aqueles senhores são da campanha do Rui Rio?" - a pergunta, feita aos jornalistas por uma senhora que passava pelo camião que serviu de palco ao debate organizado pela Rádio Renascença, em frente aos paços do concelho do Porto, tem muito que se lhe diga. Para além de ilustrar a reduzida visibilidade pública dos candidatos da CDU e do BE, Rui Sá e João Teixeira Lopes, e o consequente afastamento dos cidadãos em relação à coisa política, poderá servir bem para resumir o espírito da discussão de ontem, tendo os pretendentes à Câmara do Porto coincidido na análise da situação na cidade e divergido apenas quanto a questões de pormenor, com o bloquista a desempenhar o papel de "grilo falante", criticando algumas posições do vereador da CDU e considerando que o plano de Rui Rio para acabar com os arrumadores de automóveis "faz lembrar o tempo em que os nazis punham uma estrela amarela aos judeus". Fora isso, os três candidatos presentes condenaram em uníssono a ausência de Fernando Gomes (dos 82 convidados da RR para os debates autárquicos, só o socialista e o presidente da Câmara do Funchal faltaram; ver texto nesta página) e o modelo de desenvolvimento seguido pelo Porto nos últimos anos, afirmando todos a sua preferência por uma cidade menos densa, com mais população residente, mais empenhada em reconstruir do que em ceder aos apetites imobiliários, mais participada pelos seus cidadãos e mais preocupada com os problemas daqueles que vivem pior. Assim, para além do já referido plano de Rui Rio (PSD/PP) para os arrumadores (que Teixeira Lopes atribuiu às "cedências" que o seu rival teve que fazer ao partido de Paulo Portas), os momentos mais quentes aconteceram a propósito da discussão dos projectos para o Parque da Cidade e para as Antas. Não porque os candidatos tivessem ideias diversas sobre os assuntos, mas porque o candidato do BE quis saber as razões pelas quais Rui Sá se absteve na votação do Plano de Pormenor das Antas e das normas provisórias do PDM (ao abrigo das quais avançou o projecto para o parque). "Fala sem responsabilidade, é fácil falar de fora", respondeu o comunista, acrescentando que, malgrado os aspectos negativos daqueles documentos, outros pontos há em que eles constituem uma vantagem para a cidade.

Divergências à parte, Rui Rio defendeu uma cidade com mais qualidade de vida e prometeu não dar "nem mais um tostão para obras de fachada" enquanto houver portuenses a viver em condições "inqualificáveis", considerando que o Porto 2001 foi uma "oportunidade perdida". Teixeira Lopes mostrou-se empenhado em levar por diante um sistema baseado em orçamentos participados pelos cidadãos, recordando que 40 por cento dos portuenses vivem numa situação de pobreza relativa. E Rui Sá jogou, já no final, o seu maior trunfo, afirmando ser "o único candidato que ficará no Porto seja qual for o resultado".

Refira-se, por fim, que a realização do debate chegou a estar comprometida, já que os responsáveis municipais pelo trânsito não gostaram de ver o camião da Renascença aparcado na Praça do General Humberto Delgado, defendendo que o veículo ficasse na via pública.

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