Bloco de Esquerda visita "pedaço de Terceiro Mundo" em Gaia

25-11-2002
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Bloco de Esquerda Visita "Pedaço de Terceiro Mundo" em Gaia

Por LUÍSA PINTO

Segunda-feira, 11 de Novembro de 2002

Ilhas privadas no Candal

"Já vi muitas ilhas, nomeadamente no Porto, mas confesso que há aqui casos de miséria que nunca tinha visto", acusa João Teixeira Lopes

A existência de um vasto e - ao que parece - inquantificado conjunto de ilhas privadas no Candal, freguesia de Santa Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia, levou os candidatos do Bloco de Esquerda nas últimas eleições autárquicas a rebaptizá-las como "arquipélago do Marco" (por se situaram defronte da empresa Quinta do Marco). Ontem, levaram lá João Teixeira Lopes, eleito para a Assembleia da República pelas listas do BE no círculo do Porto. E, na avaliação do convidado, acabaram por fazer uma visita "a um pedaço de Terceiro Mundo encaixado na Europa do século XXI".

"Por trás da cidade de fachada, e das mediáticas e luzentes fachadas ribeirinhas e marítimas, onde o presidente da câmara publicita as intervenções, temos estas fachadas tristes e que escondem cenários de miséria e degradação. Já vi muitas ilhas, nomeadamente no Porto, mas confesso que há aqui casos de miséria que nunca tinha visto", criticou Teixeira Lopes. As preocupações manifestadas pelos membros do Bloco de Esquerda foram todas para a adiantada degradação das casas - nenhuma ligada ao saneamento básico, poucas com casa de banho e muitas com apenas um espaço sanitário colectivo - e para a ausência de estudos e diagnóstico da situação.

"Procurámos informação, mas não existe nada estudado. Nem sequer sabemos o número de pessoas que aqui vive. É urgente fazer um diagnóstico aprofundado, auscultar as pessoas e depois avançar com um projecto integrado para arranjar soluções", advogou Teixeira Lopes, secundado por outros militantes que reparavam no facto de alguns moradores gostarem de viver em proximidade, onde cultivam o espírito de entreajuda. Por isso, voltou Teixeira Lopes, o ideal seria realojar estas pessoas em pequenos aglomerados perfeitamente inseridos na malha urbana, não sendo até de descurar a hipótese de esse novos núcleos habitacionais surgirem no sítio onde agora se encontram. O que se deve evitar, resume então o deputado, é adiar a intervenção nestes locais por via de serem habitados "por uma população idosa, e por isso resignada e pouco reivindicativa", e que representam, do ponto de vista da localização, um capital considerável do ponto de vista do imobiliário.

"A política social de Luís Filipe Menezes tem sido muito selectiva. É preciso olhar também para estas pessoas, idosas, que já nasceram aqui e sempre assim viveram. O pior que lhe pode ser feito é deixá-las morrer também aqui, nestas condições", terminou Teixeira Lopes

Bloco de Esquerda Visita "Pedaço de Terceiro Mundo" em Gaia

Por LUÍSA PINTO

Segunda-feira, 11 de Novembro de 2002

Ilhas privadas no Candal

"Já vi muitas ilhas, nomeadamente no Porto, mas confesso que há aqui casos de miséria que nunca tinha visto", acusa João Teixeira Lopes

A existência de um vasto e - ao que parece - inquantificado conjunto de ilhas privadas no Candal, freguesia de Santa Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia, levou os candidatos do Bloco de Esquerda nas últimas eleições autárquicas a rebaptizá-las como "arquipélago do Marco" (por se situaram defronte da empresa Quinta do Marco). Ontem, levaram lá João Teixeira Lopes, eleito para a Assembleia da República pelas listas do BE no círculo do Porto. E, na avaliação do convidado, acabaram por fazer uma visita "a um pedaço de Terceiro Mundo encaixado na Europa do século XXI".

"Por trás da cidade de fachada, e das mediáticas e luzentes fachadas ribeirinhas e marítimas, onde o presidente da câmara publicita as intervenções, temos estas fachadas tristes e que escondem cenários de miséria e degradação. Já vi muitas ilhas, nomeadamente no Porto, mas confesso que há aqui casos de miséria que nunca tinha visto", criticou Teixeira Lopes. As preocupações manifestadas pelos membros do Bloco de Esquerda foram todas para a adiantada degradação das casas - nenhuma ligada ao saneamento básico, poucas com casa de banho e muitas com apenas um espaço sanitário colectivo - e para a ausência de estudos e diagnóstico da situação.

"Procurámos informação, mas não existe nada estudado. Nem sequer sabemos o número de pessoas que aqui vive. É urgente fazer um diagnóstico aprofundado, auscultar as pessoas e depois avançar com um projecto integrado para arranjar soluções", advogou Teixeira Lopes, secundado por outros militantes que reparavam no facto de alguns moradores gostarem de viver em proximidade, onde cultivam o espírito de entreajuda. Por isso, voltou Teixeira Lopes, o ideal seria realojar estas pessoas em pequenos aglomerados perfeitamente inseridos na malha urbana, não sendo até de descurar a hipótese de esse novos núcleos habitacionais surgirem no sítio onde agora se encontram. O que se deve evitar, resume então o deputado, é adiar a intervenção nestes locais por via de serem habitados "por uma população idosa, e por isso resignada e pouco reivindicativa", e que representam, do ponto de vista da localização, um capital considerável do ponto de vista do imobiliário.

"A política social de Luís Filipe Menezes tem sido muito selectiva. É preciso olhar também para estas pessoas, idosas, que já nasceram aqui e sempre assim viveram. O pior que lhe pode ser feito é deixá-las morrer também aqui, nestas condições", terminou Teixeira Lopes

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