BE quer saber quanto ganham autarcas com cargos no Metro

02-05-2004
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BE Quer Saber Quanto Ganham Autarcas com Cargos no Metro

Por JORGE MARMELO

Sábado, 20 de Março de 2004

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"Puro caciquismo", "degenerescência e decadência", "apodrecimento", "farsa e mentira", "perseguições pessoais"... João Teixeira Lopes, deputado do Bloco de Esquerda eleito pelo Porto, não poupou nas palavras para descrever o actual momento político no distrito, tendo ontem, em conferência de imprensa, desafiado a maioria PSD/CDS a revelar a lista dos militantes que ocupam cargos públicos na região e os montantes auferidos pelos presidentes de câmara com lugar no conselho de administração da Metro do Porto.

"Nunca como hoje foi tão visível que o distrito é comandado por interesses mesquinhos e partidarizados", disse Teixeira Lopes, e apontou a recente indigitação de Rui Nunes para a presidência da Autoridade Reguladora da Saúde, que vai ser sediada no Porto. "Não merece a minha confiança para dirigir uma autoridade que deve ser imparcial, pois é alguém que, em nome do PSD, anunciou a mudança do Centro Materno-Infantil do Norte para o Hospital de S. João e que está profundamente ligado aos 'lobbies' das seguradoras e aos interesses que visam desmembrar o Sistema Nacional de Saúde. Não deve sequer tomar posse", considerou o bloquista.

O deputado afirmou ainda que o caos reinante neste sector é parte de uma "estratégia consciente" que visa conduzir a saúde a um ponto tal em que já não seja possível qualquer reforma, abrindo caminho à privatização total. "Este senhor (Rui Nunes) é a pessoa encarregue desse negócio", denunciou Teixeira Lopes.

No que à Metro do Porto diz respeito, o bloquista considerou "injusto" que a Câmara de Gaia tenha ficado afastada do conselho de administração, facto que, disse, acabou por ser revelador. "Zangaram-se as comadres, descobriram-se as verdades", ironizou, acrescentando que, pelos vistos, os presidentes das câmaras do Porto, Gondomar, Vila do Conde e Matosinhos "auferem salários chorudos, superiores aos dos deputados e mesmo aos de alguns ministros". "É importante que se faça a divulgação de quanto ganham e dos salários que acumulam", disse João Teixeira Lopes, acrescentando que gostaria de saber quanto é que Rui Rio, "paladino da ética e da seriedade política", aufere com estas acumulações.

O responsável do BE criticou ainda severamente a situação na Casa da Música, onde, disse, Pedro Burmester foi afastado devido ao "ódio profundo" que, "por um delito de opinião", lhe nutria o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, e "o seu cardeal Richelieu, Agostinho Branquinho", a cujas "lógicas caciquistas" se prestou o ministro da Cultura, Pedro Roseta, desempenhando um "tristíssimo papel". "Não há qualquer ideia, qualquer projecto, apenas a ideia de dominar tudo", afirmou Teixeira Lopes. E acusou os responsáveis partidários do PSD e do CDS de, pelo silêncio, serem coniventes com o presidente da Câmara do Marco de Canavezes, Ferreira Torres, e, consequentemente, "com o que de mais podre existe na política portuguesa".

Repto à oposição

Face ao "esmagamento da vida democrática" no distrito, Teixeira Lopes convocou os dois outros partidos da oposição, PCP e PS, a criarem com o BE uma convergência baseada em acções concretas. O líder distrital dos bloquista gostaria mesmo de ver apresentado em conjunto um Plano de Emergência Social alternativo ao do Governo, o qual, aliás, "ainda não se viu" nem conseguiu inverter o agravamento da situação no distrito. "O Porto é hoje um distrito sem futuro, o pior do país em todos os indicadores", declarou João Teixeira Lopes. Todavia, o bloquista colocou condições para a convergência: que o PCP não volte a "trair" a população da região aliando-se à direita - como sucedeu, segundo o BE, no caso do CMIN - e que o PS deixe de se "autoflagelar e canibalizar". "É uma crítica franca. Desejo realmente esta convergência", garantiu.

BE Quer Saber Quanto Ganham Autarcas com Cargos no Metro

Por JORGE MARMELO

Sábado, 20 de Março de 2004

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"Puro caciquismo", "degenerescência e decadência", "apodrecimento", "farsa e mentira", "perseguições pessoais"... João Teixeira Lopes, deputado do Bloco de Esquerda eleito pelo Porto, não poupou nas palavras para descrever o actual momento político no distrito, tendo ontem, em conferência de imprensa, desafiado a maioria PSD/CDS a revelar a lista dos militantes que ocupam cargos públicos na região e os montantes auferidos pelos presidentes de câmara com lugar no conselho de administração da Metro do Porto.

"Nunca como hoje foi tão visível que o distrito é comandado por interesses mesquinhos e partidarizados", disse Teixeira Lopes, e apontou a recente indigitação de Rui Nunes para a presidência da Autoridade Reguladora da Saúde, que vai ser sediada no Porto. "Não merece a minha confiança para dirigir uma autoridade que deve ser imparcial, pois é alguém que, em nome do PSD, anunciou a mudança do Centro Materno-Infantil do Norte para o Hospital de S. João e que está profundamente ligado aos 'lobbies' das seguradoras e aos interesses que visam desmembrar o Sistema Nacional de Saúde. Não deve sequer tomar posse", considerou o bloquista.

O deputado afirmou ainda que o caos reinante neste sector é parte de uma "estratégia consciente" que visa conduzir a saúde a um ponto tal em que já não seja possível qualquer reforma, abrindo caminho à privatização total. "Este senhor (Rui Nunes) é a pessoa encarregue desse negócio", denunciou Teixeira Lopes.

No que à Metro do Porto diz respeito, o bloquista considerou "injusto" que a Câmara de Gaia tenha ficado afastada do conselho de administração, facto que, disse, acabou por ser revelador. "Zangaram-se as comadres, descobriram-se as verdades", ironizou, acrescentando que, pelos vistos, os presidentes das câmaras do Porto, Gondomar, Vila do Conde e Matosinhos "auferem salários chorudos, superiores aos dos deputados e mesmo aos de alguns ministros". "É importante que se faça a divulgação de quanto ganham e dos salários que acumulam", disse João Teixeira Lopes, acrescentando que gostaria de saber quanto é que Rui Rio, "paladino da ética e da seriedade política", aufere com estas acumulações.

O responsável do BE criticou ainda severamente a situação na Casa da Música, onde, disse, Pedro Burmester foi afastado devido ao "ódio profundo" que, "por um delito de opinião", lhe nutria o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, e "o seu cardeal Richelieu, Agostinho Branquinho", a cujas "lógicas caciquistas" se prestou o ministro da Cultura, Pedro Roseta, desempenhando um "tristíssimo papel". "Não há qualquer ideia, qualquer projecto, apenas a ideia de dominar tudo", afirmou Teixeira Lopes. E acusou os responsáveis partidários do PSD e do CDS de, pelo silêncio, serem coniventes com o presidente da Câmara do Marco de Canavezes, Ferreira Torres, e, consequentemente, "com o que de mais podre existe na política portuguesa".

Repto à oposição

Face ao "esmagamento da vida democrática" no distrito, Teixeira Lopes convocou os dois outros partidos da oposição, PCP e PS, a criarem com o BE uma convergência baseada em acções concretas. O líder distrital dos bloquista gostaria mesmo de ver apresentado em conjunto um Plano de Emergência Social alternativo ao do Governo, o qual, aliás, "ainda não se viu" nem conseguiu inverter o agravamento da situação no distrito. "O Porto é hoje um distrito sem futuro, o pior do país em todos os indicadores", declarou João Teixeira Lopes. Todavia, o bloquista colocou condições para a convergência: que o PCP não volte a "trair" a população da região aliando-se à direita - como sucedeu, segundo o BE, no caso do CMIN - e que o PS deixe de se "autoflagelar e canibalizar". "É uma crítica franca. Desejo realmente esta convergência", garantiu.

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