EXPRESSO: Artigo de Opinião

06-07-2002
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18/5/2002

Alternativas de emprego Henrique Monteiro

«O que me preocupa em relação ti, pessoalmente, meu caro Emídio, é o facto de estares em risco de ficar sem canal nenhum. Isso seria intolerável. A gente habituou-se a dizer mal de ti, não podemos viver sem dizer que a culpa é tua! Mesmo quando temos razão! Mas, caso venhas a perder um canal na RTP, o mais certo é perderes os dois. Não creio que fiques em posição de continuares a liderar o novo serviço público de televisão. E, nesse caso, que será de ti?» Lisboa, 14/5/2002 Lisboa, 14/5/2002 Meu caro Emídio Venho, com todo o gosto, apoiar-te nesta monumental campanha contra o Sarmento, o ministro que quer dar cabo de um canal da RTP. Ora, a RTP, depois de te contratar, não precisa de menos, mas de mais canais. Tu, caro Emídio, és homem para dirigir quantos canais forem necessários, sempre com o mesmo ânimo e dedicação. Basta pores a Júlia Pinheiro em mais sete ou oito programas diários, porque só ela enche uma programação. Cada berro da Júlia é um serviço público. Cada piada da «Fábrica de Anedotas» é um valor patrimonial, muitas vezes pré-histórico (acerca deste aspecto particular, aliás, há uma séria discussão académica sobre se a «Fábrica de Anedotas» consegue ultrapassar em valor histórico «Os Malucos do Riso», tendo em conta que a datação das piadas por carbono 14 se tem revelado inconsequente, após ter-se chegado à conclusão que tanto um programa como o outro não têm quaisquer vestígios de matéria orgânica, apenas crânios vazios e mesmo estes em considerável mau estado). Ora, a gente que verdadeiramente defende o serviço público não pode deixar de defender estes valores seguros da nossa televisão. Como não pode deixar cair a Felipa Garnel e as transmissões de hóquei em patins; a Júlia Pinheiro e o João Baião; o «Passeio dos Alegres» e os 967 debates sobre o futuro do serviço público que Judite de Sousa se prepara para apresentar. Tudo isto faz parte da nossa vida, como o «Masterplan» e o Herman José ou aquela rapariga com boné à ciclista que gama umas coisas numa telenovela da TVI à qual não faltam mais de nove mil episódios para acabar. A gente que verdadeiramente defende o serviço público e que está ao teu lado, contra o Sarmento, é a favor de qualquer coisa que nos dêem para poder dizer mal dessa coisa. A gente indigna-se contra o canal da RTP que não faz serviço público nenhum, mas não queremos que ele mude! Isso nunca! Bendita Garnel, bendita Pinheiro! O que me preocupa em relação ti, pessoalmente, meu caro Emídio, é o facto de estares em risco de ficar sem canal nenhum. Isso seria intolerável. A gente habituou-se a dizer mal de ti, não podemos viver sem dizer que a culpa é tua! Mesmo quando temos razão! Mas, caso venhas a perder um canal na RTP, o mais certo é perderes os dois. Não creio que fiques em posição de continuares a liderar o novo serviço público de televisão. E, nesse caso, que será de ti? Eu penso que devias começar a pensar no teu futuro. Claro que há por aí uns canais que nunca dirigiste, sendo que o poderias fazer de forma a terem muito mais audiência do que têm hoje. Não me refiro à NTV, mas sobretudo a canais como o Canal Caveira, o Canal da Mancha, o Canal do Panamá ou o Canal do Suez. Podem ser alternativas de emprego bem pagas para quem tem a tua experiência, sendo certo que a programação deste tipo de canais é muito mais fácil de fazer. Até lá, vais dando luta ao Sarmento. Fica-te bem. Tu és e sempre foste aquele tipo de homem que nunca desiste sem luta... e sem uma indemnização. Espero que te mantenhas assim. A telenovela da RTP é, pelo menos, cem vezes mais interessante do que o «Anjo Selvagem». Leva um abraço do teu Marques de Correia (comendador@mail.expresso.pt)

COMENTÁRIOS

6 comentários 1 a 6

22 de Maio de 2002 às 00:18

oaken

Acabo de ver na TV África um concurso dirigido por Júlia Pinheiro. Acho contraproducente que se mande para fora do país programas de tão baixo nível como este.

Não sei o que mais me espantou, se a ignorância dos nossos jovens, se os gritinhos da JP, se a incongruência de certas perguntas.

Quanto à ignorância, dizer que Eça de Queiroz morreu em Espanha, que a Áustria faz fronteira com a Bélgica, que Virgílio Ferreira escreveu a Crónica dos Bons Malandros, etc. etc. são disparates que em nada contribuem para o esclarecimento do povo em geral, e neste caso especial, do povo dos PALOP. Quanto aos gritinhos de JP, não os acho próprios de uma estação de serviço público. Quanto às perguntas, cito apenas de memória um exemplo: "Como se chama a abóbada acima da linha do horizonte onde moram os Deuses"

19 de Maio de 2002 às 22:32

Diamantino ( dnsv@mail.telepac.pt )

Os senhores que comentaram esta carta de HM serão decerto daqueles que sustentam dois canais ou três ou quatro para a RTP, e ainda mais, seja a que preço fôr.

O erro de maior parte dos portugueses é viver alienado, particularmente do facto de quem sustenta tuda esta festa são os contribuintes e ainda por cima não são os mais ricos e poderosos.

Assim fazemos, de resto como sempre, o papel de papalvos. Levamos porrada e ainda batemos palmas....

ESte espírito Lusitano!!!!!

19 de Maio de 2002 às 04:41

RAN TAN PLAN ( a747a@hotmail.com )

Henrique Monteiro herdou um espaço, mas salta à vista que não herdou um talento.

É típico dos ex-esquerdistas tentarem redimir-se dessa doença infantil, quando instalados na vida, lambendo o olho do dito ao patrão.

Este tipo de ataques pessoais revela a alma dos sabujos e não honra a profissão.

Goste-se ou não de Rangel, a verdade é que o seu nome já está na história da Televisão em Portugal, por ter levado a SIC a um nível de audiências único na Europa. Quanto a Henrique Monteiro, o seu nome nem sequer dobra a esquina da rua da redacção do Expresso.

19 de Maio de 2002 às 00:17

Vale de Soure ( vale_de_soure@hotmail.com )

O Sr. Monteiro não foi particularmente feliz nesta carta pois não?

Fez-me lembrar aquela fábula em que, quando o leão está moribundo, até o burro ganha "coragem" para lhe dar um coice.

Gostaria mais de ter lido algo semelhante escrito por si, quando Rangel enchia os nossos televisores com o lixo da SIC. Mas isso era perigoso. Veja o que aconteceu a quem o antecedeu nessa página.

18 de Maio de 2002 às 11:40

Nepervil ( rodas_nepervil@hotmail.com )

Há um canal mais próximo : o Canal Taveira, em Lisboa, ali às Amoreiras. De vez em quando caiem uns azulejos do João Soares em cima dos automóveis e a RTP do Rangel podia prestar-nos o serviço público da correspondente reportagem.

18 de Maio de 2002 às 01:25

zippiz ( as aparências ...iludem ! )

...mas ás vezes , e até nas páginas mais leves do Expresso isso se nota , parece que a luta do jornal é mais contra Rangel do que contra RTP !

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18/5/2002

Alternativas de emprego Henrique Monteiro

«O que me preocupa em relação ti, pessoalmente, meu caro Emídio, é o facto de estares em risco de ficar sem canal nenhum. Isso seria intolerável. A gente habituou-se a dizer mal de ti, não podemos viver sem dizer que a culpa é tua! Mesmo quando temos razão! Mas, caso venhas a perder um canal na RTP, o mais certo é perderes os dois. Não creio que fiques em posição de continuares a liderar o novo serviço público de televisão. E, nesse caso, que será de ti?» Lisboa, 14/5/2002 Lisboa, 14/5/2002 Meu caro Emídio Venho, com todo o gosto, apoiar-te nesta monumental campanha contra o Sarmento, o ministro que quer dar cabo de um canal da RTP. Ora, a RTP, depois de te contratar, não precisa de menos, mas de mais canais. Tu, caro Emídio, és homem para dirigir quantos canais forem necessários, sempre com o mesmo ânimo e dedicação. Basta pores a Júlia Pinheiro em mais sete ou oito programas diários, porque só ela enche uma programação. Cada berro da Júlia é um serviço público. Cada piada da «Fábrica de Anedotas» é um valor patrimonial, muitas vezes pré-histórico (acerca deste aspecto particular, aliás, há uma séria discussão académica sobre se a «Fábrica de Anedotas» consegue ultrapassar em valor histórico «Os Malucos do Riso», tendo em conta que a datação das piadas por carbono 14 se tem revelado inconsequente, após ter-se chegado à conclusão que tanto um programa como o outro não têm quaisquer vestígios de matéria orgânica, apenas crânios vazios e mesmo estes em considerável mau estado). Ora, a gente que verdadeiramente defende o serviço público não pode deixar de defender estes valores seguros da nossa televisão. Como não pode deixar cair a Felipa Garnel e as transmissões de hóquei em patins; a Júlia Pinheiro e o João Baião; o «Passeio dos Alegres» e os 967 debates sobre o futuro do serviço público que Judite de Sousa se prepara para apresentar. Tudo isto faz parte da nossa vida, como o «Masterplan» e o Herman José ou aquela rapariga com boné à ciclista que gama umas coisas numa telenovela da TVI à qual não faltam mais de nove mil episódios para acabar. A gente que verdadeiramente defende o serviço público e que está ao teu lado, contra o Sarmento, é a favor de qualquer coisa que nos dêem para poder dizer mal dessa coisa. A gente indigna-se contra o canal da RTP que não faz serviço público nenhum, mas não queremos que ele mude! Isso nunca! Bendita Garnel, bendita Pinheiro! O que me preocupa em relação ti, pessoalmente, meu caro Emídio, é o facto de estares em risco de ficar sem canal nenhum. Isso seria intolerável. A gente habituou-se a dizer mal de ti, não podemos viver sem dizer que a culpa é tua! Mesmo quando temos razão! Mas, caso venhas a perder um canal na RTP, o mais certo é perderes os dois. Não creio que fiques em posição de continuares a liderar o novo serviço público de televisão. E, nesse caso, que será de ti? Eu penso que devias começar a pensar no teu futuro. Claro que há por aí uns canais que nunca dirigiste, sendo que o poderias fazer de forma a terem muito mais audiência do que têm hoje. Não me refiro à NTV, mas sobretudo a canais como o Canal Caveira, o Canal da Mancha, o Canal do Panamá ou o Canal do Suez. Podem ser alternativas de emprego bem pagas para quem tem a tua experiência, sendo certo que a programação deste tipo de canais é muito mais fácil de fazer. Até lá, vais dando luta ao Sarmento. Fica-te bem. Tu és e sempre foste aquele tipo de homem que nunca desiste sem luta... e sem uma indemnização. Espero que te mantenhas assim. A telenovela da RTP é, pelo menos, cem vezes mais interessante do que o «Anjo Selvagem». Leva um abraço do teu Marques de Correia (comendador@mail.expresso.pt)

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6 comentários 1 a 6

22 de Maio de 2002 às 00:18

oaken

Acabo de ver na TV África um concurso dirigido por Júlia Pinheiro. Acho contraproducente que se mande para fora do país programas de tão baixo nível como este.

Não sei o que mais me espantou, se a ignorância dos nossos jovens, se os gritinhos da JP, se a incongruência de certas perguntas.

Quanto à ignorância, dizer que Eça de Queiroz morreu em Espanha, que a Áustria faz fronteira com a Bélgica, que Virgílio Ferreira escreveu a Crónica dos Bons Malandros, etc. etc. são disparates que em nada contribuem para o esclarecimento do povo em geral, e neste caso especial, do povo dos PALOP. Quanto aos gritinhos de JP, não os acho próprios de uma estação de serviço público. Quanto às perguntas, cito apenas de memória um exemplo: "Como se chama a abóbada acima da linha do horizonte onde moram os Deuses"

19 de Maio de 2002 às 22:32

Diamantino ( dnsv@mail.telepac.pt )

Os senhores que comentaram esta carta de HM serão decerto daqueles que sustentam dois canais ou três ou quatro para a RTP, e ainda mais, seja a que preço fôr.

O erro de maior parte dos portugueses é viver alienado, particularmente do facto de quem sustenta tuda esta festa são os contribuintes e ainda por cima não são os mais ricos e poderosos.

Assim fazemos, de resto como sempre, o papel de papalvos. Levamos porrada e ainda batemos palmas....

ESte espírito Lusitano!!!!!

19 de Maio de 2002 às 04:41

RAN TAN PLAN ( a747a@hotmail.com )

Henrique Monteiro herdou um espaço, mas salta à vista que não herdou um talento.

É típico dos ex-esquerdistas tentarem redimir-se dessa doença infantil, quando instalados na vida, lambendo o olho do dito ao patrão.

Este tipo de ataques pessoais revela a alma dos sabujos e não honra a profissão.

Goste-se ou não de Rangel, a verdade é que o seu nome já está na história da Televisão em Portugal, por ter levado a SIC a um nível de audiências único na Europa. Quanto a Henrique Monteiro, o seu nome nem sequer dobra a esquina da rua da redacção do Expresso.

19 de Maio de 2002 às 00:17

Vale de Soure ( vale_de_soure@hotmail.com )

O Sr. Monteiro não foi particularmente feliz nesta carta pois não?

Fez-me lembrar aquela fábula em que, quando o leão está moribundo, até o burro ganha "coragem" para lhe dar um coice.

Gostaria mais de ter lido algo semelhante escrito por si, quando Rangel enchia os nossos televisores com o lixo da SIC. Mas isso era perigoso. Veja o que aconteceu a quem o antecedeu nessa página.

18 de Maio de 2002 às 11:40

Nepervil ( rodas_nepervil@hotmail.com )

Há um canal mais próximo : o Canal Taveira, em Lisboa, ali às Amoreiras. De vez em quando caiem uns azulejos do João Soares em cima dos automóveis e a RTP do Rangel podia prestar-nos o serviço público da correspondente reportagem.

18 de Maio de 2002 às 01:25

zippiz ( as aparências ...iludem ! )

...mas ás vezes , e até nas páginas mais leves do Expresso isso se nota , parece que a luta do jornal é mais contra Rangel do que contra RTP !

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