Do Portugal Profundo: O objetivo da coadoção por casais homossexuais

01-09-2020
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O Parlamento aprovou ontem, 17-5-2013, o Projeto de Lei n.º 278/XII (do PS), que «Consagra [sic!] a possibilidade de coadoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo». Uma aprovação rápida, simbolicamente no Dia Internacional Contra a Homofobia, na fast lane do politicamente correto e meio à socapa - o linque do projeto de lei só o encontrei no sítio da ILGA(deve ser esta a transparência desejada do Parlamento...). O resultado foi o seguinte:

Favor (99) – PS, PCP, BE e PEV, 16 deputados do PPD/PSD
Contra (94) – PPD/PSD, CDS-PP e 2 deputados do PS («António Braga e João Portugal»)
Abstenção (9) – 3 deputados do PPD/PSD, 3 deputados do PS e 3 deputados
do CDS-PP

Destaque nos votos a favor dos seguintes deputados do PSD: «Teresa Leal Coelho, Luís Menezes, Francisca Almeida, Nuno Encarnação, Mónica Ferro, Cristóvão Norte, Ana Oliveira, Conceição Caldeira, Ângela Guerra, Paula Cardoso, Maria José Castelo Branco, Joana Barata Lopes, Pedro Pinto, Sérgio Azevedo, Odete Silva e Gabriel Goucha». No PSD, abstiveram-se: «Duarte Marques, João Prata e Sofia Bettencourt», do PSD. Note-se que a direção da bancada parlamentar do PSD, liderada pelo maçon Luís Montenegro, deu liberdade de voto aos deputados do seu partido. E é esta a direção do partido, cujo presidente, Pedro Passos Coelho, em 25-5-2011, na Rádio Renascença, acenou aos católicos com a «reavaliação» da lei do aborto (já determinou que fosse feita essa reavaliação?) e admitiu novo referendo sobre o assunto...

De relevo ainda para as abstenções dos deputados «João Rebelo, Teresa Caeiro e Michael Seufert» do CDS-PP. Um partido que afirma no seu programa: «O Partido Popular é democrata-cristão»... O CDS-PP de Paulo Portas é «politicamente incompatível com a TSU dos pensionistas», mas politicamente compatível com a coadoção por casais homossexuais?!... Parece ser mais um caso da política ziguezagueante de oposição de si próprio que o CDS-PP de Portas vem praticando, com aparente sucesso demagógico.E falta ainda a lista dos deputados do PSD e do CDS-PP que se abstiveram faltando à sessão. Se houver, quem saiba, diga, para que sejam conhecidos do povo.

Neste mesmo dia, foram rejeitados projetos de lei do Bloco de Esquerda e d' Os Verdes (CDU) que pretendiam a adoção por casais homossexuais.

Bem pode o Conselho Superior de Magistratura prevenir que este diploma contraria leis em vigor!... Nada disso interessa porque aquilo que importa ao radicalismo liberal é precisamente a mudança das outras leis...

Sobre esta proposta, o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, disse em 17-5-5-2013:

«a adoção de uma criança não é um direito de qualquer pessoa adulta, solteira ou casada, heterossexual ou homossexual. Numa adoção trata‑se de encontrar a família, nas melhores condições possíveis, para dar uns pais substitutivos dos pais biológicos que perderam ou que são incapazes de exercer a paternidade e a maternidade. Com todo o respeito pelas pessoas de qualquer identidade sexual, é patente que toda a criança, na sua evolução para o estado adulto, necessita da complementaridade da masculinidade e feminilidade que lhe dão, em primeiríssimo lugar, o pai e a mãe biológicos ou a família que os substitui.»
Na verdade, os direitos das crianças contam nada neste debate póstumo - póstumo porque todas as leis politicamente corretas não podem, na prática, em Portugal, ser politicamente revogadas... O bem-estar da  criança, que, pela circunstância, tem tendência a ser mais débil, carente e com menos auto-estima, não  vale perante o direito absoluto dos adultos à parentalidade, mesmo quando a sua condição ou orientação os enoja de os conceber humanamente. Esse mal estar íntimo da criança, sofrida pela rejeição dos seus pais biológicos, é agravado pela discriminação que a própria criança, adolescente e jovem, sente face aos colegas na escola e nas ruas. Essa discriminação da criança - sob a invocação falsa da sua proteção especial quando o que se quer proteger são os graúdos - é um sacrifício politicamente correto decidido pela esquerda romântica e pela direita egoísta, para orgulho dos adultos com a igualdade de direitos... deles. O que expressamente se afirma no preâmbulo da nova lei - consentida pelo PSD e CDS! - é o combate à família:

«De facto, estamos a pensar no que já existe e o que já existe não é a família, mas famílias: aquela expressão não passa de um pretenso ideal-tipo que nada tem de ideal».

A perseguição e o anátema da polícia da linguagem da ditadura do politicamente correto impõe à sociedade um modelo de vida que esta rejeita.

A maior instabilidade das relações homossexuais - veja-se, por exemplo, Charles Q. Strohm, The Stability of Same-Sex Cohabitation, Different-Sex Cohabitation, and Marriage, 2012  (ver, nomeadamente, além das justificações dessa instabilidade, o quadro da página 33) - também deveria fazer acautelar os legisladores, na mudança do regime atual da adoção no nosso País, para o consentir a pessoas em casamento do mesmo sexo ou em união de facto homossexual. Mesmo que a lei imponha essa adoção como plena e não revogável, o vínculo não é da mesma natureza.

O número de crianças em Portugal que não têm candidatos à adoção, que era 291 (no ano de 2012?), segundo um «relatório da Segurança Social», referido pela TSF em 9-4-2013, não justifica o recurso ao experimentalismo social. Não são indicados na notícia, os motivos porque essas crianças não têm candidatos à adoção, nem quantos deles são portadores de deficiência, ou as suas idades. Não é possível determinar que esta nova lei da coadoção por casais homossexuais agora aprovada pelo Parlamento, se entrar em vigor, vá diminuir significativamente o número destas crianças institucionalizadas sem candidatos. A reivindicação radical, transformada em lei vai é permitir, principalmente, não é tanto, a adoção pelo unido de facto homossexual que individualmente adotou sozinho uma criança, mas a legalização conjugal de crianças da fecundação artificial de mães lésbicas e a legalização de adoções internacionais por casais homossexuais portugueses.

Conjugada com a adoção individual, que já era permitida, a adoção internacional individual de crianças em países pobres e a fecundação artificial, acredito que esta lei institui na realidade em Portugal a adoção de crianças por casais homossexuais. O povo pode ser contra, mas quem decide é a suposta elite que os deveria representar.Atualização: este poste foi atualizado às 19:17 de 18-5-2013.

O Parlamento aprovou ontem, 17-5-2013, o Projeto de Lei n.º 278/XII (do PS), que «Consagra [sic!] a possibilidade de coadoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo». Uma aprovação rápida, simbolicamente no Dia Internacional Contra a Homofobia, na fast lane do politicamente correto e meio à socapa - o linque do projeto de lei só o encontrei no sítio da ILGA(deve ser esta a transparência desejada do Parlamento...). O resultado foi o seguinte:

Favor (99) – PS, PCP, BE e PEV, 16 deputados do PPD/PSD
Contra (94) – PPD/PSD, CDS-PP e 2 deputados do PS («António Braga e João Portugal»)
Abstenção (9) – 3 deputados do PPD/PSD, 3 deputados do PS e 3 deputados
do CDS-PP

Destaque nos votos a favor dos seguintes deputados do PSD: «Teresa Leal Coelho, Luís Menezes, Francisca Almeida, Nuno Encarnação, Mónica Ferro, Cristóvão Norte, Ana Oliveira, Conceição Caldeira, Ângela Guerra, Paula Cardoso, Maria José Castelo Branco, Joana Barata Lopes, Pedro Pinto, Sérgio Azevedo, Odete Silva e Gabriel Goucha». No PSD, abstiveram-se: «Duarte Marques, João Prata e Sofia Bettencourt», do PSD. Note-se que a direção da bancada parlamentar do PSD, liderada pelo maçon Luís Montenegro, deu liberdade de voto aos deputados do seu partido. E é esta a direção do partido, cujo presidente, Pedro Passos Coelho, em 25-5-2011, na Rádio Renascença, acenou aos católicos com a «reavaliação» da lei do aborto (já determinou que fosse feita essa reavaliação?) e admitiu novo referendo sobre o assunto...

De relevo ainda para as abstenções dos deputados «João Rebelo, Teresa Caeiro e Michael Seufert» do CDS-PP. Um partido que afirma no seu programa: «O Partido Popular é democrata-cristão»... O CDS-PP de Paulo Portas é «politicamente incompatível com a TSU dos pensionistas», mas politicamente compatível com a coadoção por casais homossexuais?!... Parece ser mais um caso da política ziguezagueante de oposição de si próprio que o CDS-PP de Portas vem praticando, com aparente sucesso demagógico.E falta ainda a lista dos deputados do PSD e do CDS-PP que se abstiveram faltando à sessão. Se houver, quem saiba, diga, para que sejam conhecidos do povo.

Neste mesmo dia, foram rejeitados projetos de lei do Bloco de Esquerda e d' Os Verdes (CDU) que pretendiam a adoção por casais homossexuais.

Bem pode o Conselho Superior de Magistratura prevenir que este diploma contraria leis em vigor!... Nada disso interessa porque aquilo que importa ao radicalismo liberal é precisamente a mudança das outras leis...

Sobre esta proposta, o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, disse em 17-5-5-2013:

«a adoção de uma criança não é um direito de qualquer pessoa adulta, solteira ou casada, heterossexual ou homossexual. Numa adoção trata‑se de encontrar a família, nas melhores condições possíveis, para dar uns pais substitutivos dos pais biológicos que perderam ou que são incapazes de exercer a paternidade e a maternidade. Com todo o respeito pelas pessoas de qualquer identidade sexual, é patente que toda a criança, na sua evolução para o estado adulto, necessita da complementaridade da masculinidade e feminilidade que lhe dão, em primeiríssimo lugar, o pai e a mãe biológicos ou a família que os substitui.»
Na verdade, os direitos das crianças contam nada neste debate póstumo - póstumo porque todas as leis politicamente corretas não podem, na prática, em Portugal, ser politicamente revogadas... O bem-estar da  criança, que, pela circunstância, tem tendência a ser mais débil, carente e com menos auto-estima, não  vale perante o direito absoluto dos adultos à parentalidade, mesmo quando a sua condição ou orientação os enoja de os conceber humanamente. Esse mal estar íntimo da criança, sofrida pela rejeição dos seus pais biológicos, é agravado pela discriminação que a própria criança, adolescente e jovem, sente face aos colegas na escola e nas ruas. Essa discriminação da criança - sob a invocação falsa da sua proteção especial quando o que se quer proteger são os graúdos - é um sacrifício politicamente correto decidido pela esquerda romântica e pela direita egoísta, para orgulho dos adultos com a igualdade de direitos... deles. O que expressamente se afirma no preâmbulo da nova lei - consentida pelo PSD e CDS! - é o combate à família:

«De facto, estamos a pensar no que já existe e o que já existe não é a família, mas famílias: aquela expressão não passa de um pretenso ideal-tipo que nada tem de ideal».

A perseguição e o anátema da polícia da linguagem da ditadura do politicamente correto impõe à sociedade um modelo de vida que esta rejeita.

A maior instabilidade das relações homossexuais - veja-se, por exemplo, Charles Q. Strohm, The Stability of Same-Sex Cohabitation, Different-Sex Cohabitation, and Marriage, 2012  (ver, nomeadamente, além das justificações dessa instabilidade, o quadro da página 33) - também deveria fazer acautelar os legisladores, na mudança do regime atual da adoção no nosso País, para o consentir a pessoas em casamento do mesmo sexo ou em união de facto homossexual. Mesmo que a lei imponha essa adoção como plena e não revogável, o vínculo não é da mesma natureza.

O número de crianças em Portugal que não têm candidatos à adoção, que era 291 (no ano de 2012?), segundo um «relatório da Segurança Social», referido pela TSF em 9-4-2013, não justifica o recurso ao experimentalismo social. Não são indicados na notícia, os motivos porque essas crianças não têm candidatos à adoção, nem quantos deles são portadores de deficiência, ou as suas idades. Não é possível determinar que esta nova lei da coadoção por casais homossexuais agora aprovada pelo Parlamento, se entrar em vigor, vá diminuir significativamente o número destas crianças institucionalizadas sem candidatos. A reivindicação radical, transformada em lei vai é permitir, principalmente, não é tanto, a adoção pelo unido de facto homossexual que individualmente adotou sozinho uma criança, mas a legalização conjugal de crianças da fecundação artificial de mães lésbicas e a legalização de adoções internacionais por casais homossexuais portugueses.

Conjugada com a adoção individual, que já era permitida, a adoção internacional individual de crianças em países pobres e a fecundação artificial, acredito que esta lei institui na realidade em Portugal a adoção de crianças por casais homossexuais. O povo pode ser contra, mas quem decide é a suposta elite que os deveria representar.Atualização: este poste foi atualizado às 19:17 de 18-5-2013.

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