Bússola Política

28-01-2005
marcar artigo

Diferenças maiores nos discursos do que nas moções No essencial, as moções dos três candidatos à liderança do PS são muito parecidas. António Costa, apoiante de José Sócrates, chegou a dizer que eram “99 por cento iguais”. Todas valorizam o papel do Estado e a componente social da acção governativa, todas acham que a prioridade económica é o crescimento e não o défice, todas apostam na prioridade à qualificação dos portugueses. Mas há diferenças nos discursos dos candidatos — que muitas vezes estão para lá das moções — e foram sendo clarificadas ao longo do debate. ABORTO

Todos os candidatos defendem a despenalização do aborto. Mas há uma diferença (substancial) entre a posição de José Sócrates e as de Manuel Alegre e João Soares. Sócrates acha que, por “escrúpulo democrático”, a despenalização só poderá ocorrer depois de um novo referendo; Alegre e João Soares consideram isso dispensável, por atribuirem ao Parlamento legitimidade suficiente para legislar. IRAQUE

Outra diferença importante. Alegre e Soares são pela retirada imediata das forças portuguesas ali colocadas. Sócrates acha que isso só poderá acontecer quanto terminarem os compromissos internacionais de Portugal na matéria. PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Sócrates defende que o PS não se deve juntar ao coro dos que defendem o “linchamento público” do chefe do Ministério Público. E remete a questão para o Presidente da República. João Soares, pelo contrário, pretende a sua demissão imediata. Manuel Alegre também, mas fê-lo salientando que esta sua posição era “pessoal”, dado que não a havia conversado com os seus camaradas da candidatura, entre os quais se encontra a “fina-flor” dos juristas socialistas colocados no Parlamento (Vera Jardim, Alberto Martins, José Magalhães, José Magalhães, Osvaldo de Castro e Jorge Lacão). ALIANÇAS

Numa coisa todos estão de acordo: o PS deve baterse nas legislativas por uma maioria absoluta (expressão impronunciável para Guterres). A diferença está na resposta à pergunta: e se não o conseguir? Alegre e João Soares respondem com clareza: deve negociar um entendimento à esquerda. Ambos desvalorizam as dificuldades dessa negociações. Já Sócrates prefere dizer que falar demasiado desse cenário “enfraquece” o objectivo que é a maioria absoluta. E sublinha as dificuldades da negociação à esquerda. Todos concordam num ponto: entendimentos limianos (pontuais) ou com a direita parlamentar estão excluídos de todo em todo. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Sócrates diz que “não desiste de Guterres”. Se recusar logo se verá. Alegre limitou-se, neste aspecto, a criticar a atitude de Sócrates, alegando que o exministro do Ambiente não pode invocar o nome de alguém que se limitou a dizer até agora que não é “candidato nem candidato a candidato”. Alegre assumiu também que não tem ideias feitas sobre o assunto (mas sabe-se que não lhe desagrada ser visto, ele próprio, como um putativo candidato). João Soares, pelo seu lado, também acha que Guterres é o melhor e defende a realização de uma convenção presidencial do PS em 31 de Janeiro, no Porto. APARELHO

Manuel Alegre passou toda a sua campanha a insurgir- se contra as “lógicas aparelhísticas” do PS, como forma de atacar Sócrates. Este respondeu garantindo que o PS não tem “vícios aparelhísticos”, sendo um partido com tal “tolerância” e grandeza” que aceita “no seu seio” todos os que fazem “carreira no aparelho protestando contra o aparelho” (referia-se a Alegre). João Soares manteve-se fora deste debate. Mas criou um facto político ao ser o primeiro a agitar a possibilidade de chapeladas eleitorais.

Diferenças maiores nos discursos do que nas moções No essencial, as moções dos três candidatos à liderança do PS são muito parecidas. António Costa, apoiante de José Sócrates, chegou a dizer que eram “99 por cento iguais”. Todas valorizam o papel do Estado e a componente social da acção governativa, todas acham que a prioridade económica é o crescimento e não o défice, todas apostam na prioridade à qualificação dos portugueses. Mas há diferenças nos discursos dos candidatos — que muitas vezes estão para lá das moções — e foram sendo clarificadas ao longo do debate. ABORTO

Todos os candidatos defendem a despenalização do aborto. Mas há uma diferença (substancial) entre a posição de José Sócrates e as de Manuel Alegre e João Soares. Sócrates acha que, por “escrúpulo democrático”, a despenalização só poderá ocorrer depois de um novo referendo; Alegre e João Soares consideram isso dispensável, por atribuirem ao Parlamento legitimidade suficiente para legislar. IRAQUE

Outra diferença importante. Alegre e Soares são pela retirada imediata das forças portuguesas ali colocadas. Sócrates acha que isso só poderá acontecer quanto terminarem os compromissos internacionais de Portugal na matéria. PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Sócrates defende que o PS não se deve juntar ao coro dos que defendem o “linchamento público” do chefe do Ministério Público. E remete a questão para o Presidente da República. João Soares, pelo contrário, pretende a sua demissão imediata. Manuel Alegre também, mas fê-lo salientando que esta sua posição era “pessoal”, dado que não a havia conversado com os seus camaradas da candidatura, entre os quais se encontra a “fina-flor” dos juristas socialistas colocados no Parlamento (Vera Jardim, Alberto Martins, José Magalhães, José Magalhães, Osvaldo de Castro e Jorge Lacão). ALIANÇAS

Numa coisa todos estão de acordo: o PS deve baterse nas legislativas por uma maioria absoluta (expressão impronunciável para Guterres). A diferença está na resposta à pergunta: e se não o conseguir? Alegre e João Soares respondem com clareza: deve negociar um entendimento à esquerda. Ambos desvalorizam as dificuldades dessa negociações. Já Sócrates prefere dizer que falar demasiado desse cenário “enfraquece” o objectivo que é a maioria absoluta. E sublinha as dificuldades da negociação à esquerda. Todos concordam num ponto: entendimentos limianos (pontuais) ou com a direita parlamentar estão excluídos de todo em todo. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Sócrates diz que “não desiste de Guterres”. Se recusar logo se verá. Alegre limitou-se, neste aspecto, a criticar a atitude de Sócrates, alegando que o exministro do Ambiente não pode invocar o nome de alguém que se limitou a dizer até agora que não é “candidato nem candidato a candidato”. Alegre assumiu também que não tem ideias feitas sobre o assunto (mas sabe-se que não lhe desagrada ser visto, ele próprio, como um putativo candidato). João Soares, pelo seu lado, também acha que Guterres é o melhor e defende a realização de uma convenção presidencial do PS em 31 de Janeiro, no Porto. APARELHO

Manuel Alegre passou toda a sua campanha a insurgir- se contra as “lógicas aparelhísticas” do PS, como forma de atacar Sócrates. Este respondeu garantindo que o PS não tem “vícios aparelhísticos”, sendo um partido com tal “tolerância” e grandeza” que aceita “no seu seio” todos os que fazem “carreira no aparelho protestando contra o aparelho” (referia-se a Alegre). João Soares manteve-se fora deste debate. Mas criou um facto político ao ser o primeiro a agitar a possibilidade de chapeladas eleitorais.

marcar artigo