EXPRESSO: Opinião

21-08-2002
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EDITORIAL

Salas de chuto «A desistência das salas de chuto, sendo um bem, traduz por outro lado a natureza pouco corajosa deste Governo. Todas as medidas que suscitam polémica, que não são consensuais, que podem provocar atritos com quem quer que seja acabam invariavelmente por ser abandonadas por António Guterres, mesmo depois de aprovadas. O primeiro-ministro acha que o caminho certo para se manter no poder é evitar o conflito. Ora esta política de águas turvas leva ao amolecimento do país, à ausência de debate político, ao pântano ideológico. Um pântano do qual Guterres acabará por ser a principal vítima.»

FELIZES PARA SEMPRE

PÁGINA DOIS

PSD A «rentrée» de Durão «A oportunidade única de forçar a queda do Executivo desperdiçou-a Durão Barroso ao viabilizar, inexplicavelmente, o Orçamento rectificativo, no mais delicado momento político de Guterres e do Governo. Bem pode esperar, agora, um impensável gesto de Belém ou criticar o «expediente Campelo» (que, antes, silenciou). A sua 'rentrée' estará, inevitavelmente, condicionada pela sombra dessa oportunidade perdida e irrecuperável. E pelas dissensões em torno da candidatura a Lisboa, obviamente.»

FORTALEZA O crime ao vivo «As imagens chocantes que, no passado sábado, iam chegando do Brasil exigiam uma edição responsável, que não esquecesse a dor e a dignidade dos familiares das vítimas, que poupasse os espectadores (e o público infantil) à sordidez dos assassinos e aos pormenores macabros do crime, que moderasse o sumário julgamento popular propiciado pelas autoridades brasileiras. Mas não. Ninguém olhou a meios nem se poupou a excessos.»

BARRANCOS Portugal rústico «O que está em causa é, sobretudo e apenas, o espectáculo da morte e da violência sobre animais levado à cena num redondel para gáudio da multidão. Espectáculo medieval há muito proibido pela lei nacional, há muito banido do património de valores dos portugueses como colectivo e contra o qual se manifesta uma crescente maioria de cidadãos (78% de acordo com uma sondagem recente). Espectáculo que sobrevive na tradição de um certo mundo rural. Contra tudo e contra todos. Mas que não resistirá à luta contra o tempo.»

JARDEL Loucuras financeiras «O vencimento de Jardel equivalerá a um custo anual para o Sporting que rondará o meio milhão de contos. E o futebol português, por muito que se tente iludir a realidade junto dos adeptos, não tem dimensão nem receitas para suportar o desregrado nível de vencimentos e de pagamentos de transferências a que, irresponsavelmente, se alcandorou — e ao qual, enganadoramente, habituou os seus jogadores de topo.» PORTAS De certeza?... «Tanto cepticismo perante as repetidas afirmações de não-desistência de Paulo Portas é, por outro lado, o espelho do imbróglio político em que se transformou a candidatura do PP a Lisboa: se desiste, perde o que resta do seu capital de confiança; se não desiste, corre o sério risco de ser trucidado pelo voto útil. E não deixa de ser sintomático que, mais de um ano depois de ter sido formalmente lançada e a três meses das eleições, uma candidatura tenha a necessidade de fazer um cartaz de campanha para comunicar que fica. Até quando?»

POLÍTICA À PORTUGUESA

A face obscura «Empresários com espírito de aventura - tentados por pequenos negócios e promessas de sexo -, uma antiga colónia portuguesa, uma barraca imunda, uma violência brutal, eventualmente uma paixão doentia: eis os ingredientes de um episódio macabro que ilustra o que nós temos de pior. Um lado pequenino, mesquinho, de vistas curtas - e um outro que, em circunstâncias adversas, pode tornar-se violento e implacável. Na distante Fortaleza seis empresários e um emigrante mostraram a face obscura da nossa natureza.»

ALTOS... JÚLIO PEDROSA RUI PENA ANTÓNIO GUTERRES ...& BAIXOS PAULO PORTAS JOÃO RUI DE ALMEIDA SEVERIANO TEIXEIRA

EDITORIAL

Salas de chuto «A desistência das salas de chuto, sendo um bem, traduz por outro lado a natureza pouco corajosa deste Governo. Todas as medidas que suscitam polémica, que não são consensuais, que podem provocar atritos com quem quer que seja acabam invariavelmente por ser abandonadas por António Guterres, mesmo depois de aprovadas. O primeiro-ministro acha que o caminho certo para se manter no poder é evitar o conflito. Ora esta política de águas turvas leva ao amolecimento do país, à ausência de debate político, ao pântano ideológico. Um pântano do qual Guterres acabará por ser a principal vítima.»

FELIZES PARA SEMPRE

PÁGINA DOIS

PSD A «rentrée» de Durão «A oportunidade única de forçar a queda do Executivo desperdiçou-a Durão Barroso ao viabilizar, inexplicavelmente, o Orçamento rectificativo, no mais delicado momento político de Guterres e do Governo. Bem pode esperar, agora, um impensável gesto de Belém ou criticar o «expediente Campelo» (que, antes, silenciou). A sua 'rentrée' estará, inevitavelmente, condicionada pela sombra dessa oportunidade perdida e irrecuperável. E pelas dissensões em torno da candidatura a Lisboa, obviamente.»

FORTALEZA O crime ao vivo «As imagens chocantes que, no passado sábado, iam chegando do Brasil exigiam uma edição responsável, que não esquecesse a dor e a dignidade dos familiares das vítimas, que poupasse os espectadores (e o público infantil) à sordidez dos assassinos e aos pormenores macabros do crime, que moderasse o sumário julgamento popular propiciado pelas autoridades brasileiras. Mas não. Ninguém olhou a meios nem se poupou a excessos.»

BARRANCOS Portugal rústico «O que está em causa é, sobretudo e apenas, o espectáculo da morte e da violência sobre animais levado à cena num redondel para gáudio da multidão. Espectáculo medieval há muito proibido pela lei nacional, há muito banido do património de valores dos portugueses como colectivo e contra o qual se manifesta uma crescente maioria de cidadãos (78% de acordo com uma sondagem recente). Espectáculo que sobrevive na tradição de um certo mundo rural. Contra tudo e contra todos. Mas que não resistirá à luta contra o tempo.»

JARDEL Loucuras financeiras «O vencimento de Jardel equivalerá a um custo anual para o Sporting que rondará o meio milhão de contos. E o futebol português, por muito que se tente iludir a realidade junto dos adeptos, não tem dimensão nem receitas para suportar o desregrado nível de vencimentos e de pagamentos de transferências a que, irresponsavelmente, se alcandorou — e ao qual, enganadoramente, habituou os seus jogadores de topo.» PORTAS De certeza?... «Tanto cepticismo perante as repetidas afirmações de não-desistência de Paulo Portas é, por outro lado, o espelho do imbróglio político em que se transformou a candidatura do PP a Lisboa: se desiste, perde o que resta do seu capital de confiança; se não desiste, corre o sério risco de ser trucidado pelo voto útil. E não deixa de ser sintomático que, mais de um ano depois de ter sido formalmente lançada e a três meses das eleições, uma candidatura tenha a necessidade de fazer um cartaz de campanha para comunicar que fica. Até quando?»

POLÍTICA À PORTUGUESA

A face obscura «Empresários com espírito de aventura - tentados por pequenos negócios e promessas de sexo -, uma antiga colónia portuguesa, uma barraca imunda, uma violência brutal, eventualmente uma paixão doentia: eis os ingredientes de um episódio macabro que ilustra o que nós temos de pior. Um lado pequenino, mesquinho, de vistas curtas - e um outro que, em circunstâncias adversas, pode tornar-se violento e implacável. Na distante Fortaleza seis empresários e um emigrante mostraram a face obscura da nossa natureza.»

ALTOS... JÚLIO PEDROSA RUI PENA ANTÓNIO GUTERRES ...& BAIXOS PAULO PORTAS JOÃO RUI DE ALMEIDA SEVERIANO TEIXEIRA

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