Diário Económico

29-01-2003
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© João Paulo Dias/DE © João Paulo Dias/DE

Saúde Ministro contradiz-se no caso Amadora/Sintra

Por João d’Espiney

Em Outubro, o ministro afirmou que a consultora (Deloitte) iria fechar as contas do hospital e tinha sido contratada por concurso público. Afinal, foi por consulta alargada. E é a Price Waterhouse

A empresa de consultadoria que está a fechar as contas de 2000 e 2001 do Hospital Amadora/Sintra, afinal, não foi contratada através de concurso público, nem sequer é a Deloitte & Touche, ao contrário do que disse o próprio ministro da Saúde no início de Outubro no Parlamento.

As ligações de Luís Filipe Pereira ao grupo Mello acabaram por centrar o debate de ontem sobre o estado da saúde, depois do deputado do PS, João Rui de Almeida, ter questionado o ministro sobre a razão de ter contratado a consultora, da qual o grupo Mello é cliente, para encerrar as contas da unidade hospitalar gerida pela José de Mello Saúde.

João Rui de Almeida perguntou ainda a Luís Filipe Pereira por que razão ainda não tinha respondido a um requerimento, entregue há um mês, a solicitar «cópia do programa de concurso, caderno de encargos, bem como todos os documentos administrativos que serviram de base à decisão de contratar» a consultora privada. Luís Filipe Pereira reagiu de forma peremptória: «não lhe admito que ponha em causa a minha idoneidade e que insinue que a Deloitte foi escolhida para fazer o jeito». João Rui Almeida retorquiu, garantindo que não estava a insinuar nada, mas apenas a constatar factos.

O ministro revelou, então – ao contrário das notícias publicadas no mês de Outubro pelo Semanário Económico, Independente e Público, citando fonte oficial –, que a Deloitte não estava a fechar as contas do Amadora/Sintra mas as das ARS de Lisboa, e acusou o deputado de querer «desviar as atenções e de tentar inviabilizar uma política que está ao serviço das pessoas».

No final do debate, o deputado socialista voltou a negar que tivesse insinuado tal coisa, mas apenas a pedir esclarecimentos: «O primeiro facto estranho é que, havendo um conflito muito grave com a entidade privada que gere o Amadora/Sintra, o ministro tenha contratado uma empresa privada para fechar as contas, desacreditando assim todas as instituições governamentais, como a Inspecção-Geral de Finanças e o próprio Tribunal de Contas. O facto ainda mais grave é que a empresa contratada, a Delloite, tem como cliente o próprio Grupo Mello», afirmou João Rui de Almeida, manifestando a sua convicção de que o Ministério terá violado as regras de contratação pública.

Confrontado com estas questões, numa conferência de imprensa improvisada, o ministro da Saúde reafirmou, então, que a consultora foi contratada após «uma consulta alargada» e que quem está a fechar as contas do hospital é a Price Waterhouse. Questionado sobre o facto de ter assumido, implicitamente, ainda, na entrevista ao DE, que era a Deloitte que estava a fechar as contas e confrontado com a sua afirmação de 3 de Outubro de que o processo de contratação tinha sido realizado através de concurso público, Luís Filipe Pereira começou por não responder, acabando, depois, por admitir que não estava em condições de dizer «com rigor, o que foi feito» e que iria solicitar à ARS de Lisboa que lhe desse essa informação.

jdespiney@economica.iol.pt

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Saúde Ministro contradiz-se no caso Amadora/Sintra

Por João d’Espiney

Em Outubro, o ministro afirmou que a consultora (Deloitte) iria fechar as contas do hospital e tinha sido contratada por concurso público. Afinal, foi por consulta alargada. E é a Price Waterhouse

A empresa de consultadoria que está a fechar as contas de 2000 e 2001 do Hospital Amadora/Sintra, afinal, não foi contratada através de concurso público, nem sequer é a Deloitte & Touche, ao contrário do que disse o próprio ministro da Saúde no início de Outubro no Parlamento.

As ligações de Luís Filipe Pereira ao grupo Mello acabaram por centrar o debate de ontem sobre o estado da saúde, depois do deputado do PS, João Rui de Almeida, ter questionado o ministro sobre a razão de ter contratado a consultora, da qual o grupo Mello é cliente, para encerrar as contas da unidade hospitalar gerida pela José de Mello Saúde.

João Rui de Almeida perguntou ainda a Luís Filipe Pereira por que razão ainda não tinha respondido a um requerimento, entregue há um mês, a solicitar «cópia do programa de concurso, caderno de encargos, bem como todos os documentos administrativos que serviram de base à decisão de contratar» a consultora privada. Luís Filipe Pereira reagiu de forma peremptória: «não lhe admito que ponha em causa a minha idoneidade e que insinue que a Deloitte foi escolhida para fazer o jeito». João Rui Almeida retorquiu, garantindo que não estava a insinuar nada, mas apenas a constatar factos.

O ministro revelou, então – ao contrário das notícias publicadas no mês de Outubro pelo Semanário Económico, Independente e Público, citando fonte oficial –, que a Deloitte não estava a fechar as contas do Amadora/Sintra mas as das ARS de Lisboa, e acusou o deputado de querer «desviar as atenções e de tentar inviabilizar uma política que está ao serviço das pessoas».

No final do debate, o deputado socialista voltou a negar que tivesse insinuado tal coisa, mas apenas a pedir esclarecimentos: «O primeiro facto estranho é que, havendo um conflito muito grave com a entidade privada que gere o Amadora/Sintra, o ministro tenha contratado uma empresa privada para fechar as contas, desacreditando assim todas as instituições governamentais, como a Inspecção-Geral de Finanças e o próprio Tribunal de Contas. O facto ainda mais grave é que a empresa contratada, a Delloite, tem como cliente o próprio Grupo Mello», afirmou João Rui de Almeida, manifestando a sua convicção de que o Ministério terá violado as regras de contratação pública.

Confrontado com estas questões, numa conferência de imprensa improvisada, o ministro da Saúde reafirmou, então, que a consultora foi contratada após «uma consulta alargada» e que quem está a fechar as contas do hospital é a Price Waterhouse. Questionado sobre o facto de ter assumido, implicitamente, ainda, na entrevista ao DE, que era a Deloitte que estava a fechar as contas e confrontado com a sua afirmação de 3 de Outubro de que o processo de contratação tinha sido realizado através de concurso público, Luís Filipe Pereira começou por não responder, acabando, depois, por admitir que não estava em condições de dizer «com rigor, o que foi feito» e que iria solicitar à ARS de Lisboa que lhe desse essa informação.

jdespiney@economica.iol.pt

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