O Comércio do Porto

18-01-2005
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Metro apela à Câmara do Porto consenso para avançar na Boavista Aspecto, em simulação informática, do Metro a passar junto à Casa da Música SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte Multimédia Imagens

Projecto integral foi apresentado ao executivo na sua reunião pública por Oliveira Marques

Ainda não há decisão sobre necessidade (ou não) do estudo de impacto ambiental daquela linha

PATRÍCIA CARVALHO

A oposição da Câmara do Porto está preocupada com as implicações que a Linha Laranja do Metro terá no tecido urbano envolvente à Avenida da Boavista. A futura linha, que irá ligar a Praça Afonso de Albuquerque (Rotunda da Boavista) a Matosinhos Sul, foi ontem apresentada ao executivo camarário, durante uma reunião pública. O presidente da comissão executiva do Metro do Porto, Oliveira Marques, ouviu e respondeu às dúvidas da vereação mas deixou um apelo: "É necessário que esta proposta chegue ao Governo com um consenso suficiente por parte da cidade, para que seja vencedora. Caso contrário não é facil lutar por mais investimento de um projecto [global] que soma já 24 mil milhões de euros". A linha da Boavista está orçada em 90 milhões de euros.

Com 11 estações, entre a Rotunda da Boavista e a Praça Cidade S. Salvador, em Matosinhos, o metro deverá atravessar toda a Avenida da Boavista, num canal próprio que conviverá, lado a lado, com o tráfego automóvel. Uma requalificação total da Avenida que vai implicar alterações (ainda em estudo) ao nível das linhas da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) mas, sobretudo, ao nível da circulação de trânsito. Para solucionar os "atravessamentos" da linha por parte dos carros, escolheu-se a "opção à espanhola", explicou o arquitecto Souto de Moura - responsável com Siza Vieira pelo projecto. Ou seja, de cada vez que um veículo quiser virar à esquerda, terá de entrar primeiro, à direita, no miolo que ladeia a Avenida, descrevendo um arco que o levará, novamente à esquerda.

Uma opção que vai implicar alargamentos de algumas vias, aumento de outras, alterações de sentido noutras ainda e, consequentemente, algumas expropriações. A título de exemplo, na zona entre o Parque da Cidade e Fonte da Moura - caracterizada pelo engenheiro da Metro, João Rebelo, como "uma das mais difíceis"- , a opção passará por prolongar a Rua Dr. Mota Pinto até à Avenida Antunes Guimarães o que, (espera-se), "vai aliviar a pressão sobre o trânsito da Boavista". Já na zona da Avenida Marechal Gomes da Costa, a solução escolhida passa pelo reperfilamento das ruas Dr. Alberto Macedo e Campinas. Entre o Pinheiro Manso e o Faco surgirá um novo arruamento e vai prolongar-se a Avenida Azevedo Coutinho.

Sobrecarga

Uma série de soluções que implica um maior afluxo de trânsito a várias artérias preocupou o vereador socialista Manuel Diogo: "Foi calculado o distúrbio no tecido urbano que vai ser sobrecarregado com um tipo de movimento que neste momento não têm?". Pouco depois, Rui Sá também se mostrou apreensivo com a solução apresentada pela Metro. "Vai haver uma sobrecarga do tecido subjacente à Avenida da Boavista. Acabam os túneis e há algumas soluções que confesso ter algumas dificuldades em ver. Tenho algumas dúvidas. Esta solução é fundamentalmente do ponto de vista económico ou impõe-se do ponto de vista urbanístico e de mobilidade?", quis saber o vereador da CDU.

Na resposta, Souto de Moura garantiu que "mesmo tendo a intuição que esta solução é mais barata, o projecto não se baseia só em gestão económica. Temos de trabalhar com o metro não apenas como solução de transporte mas de requalificação urbana". Em complemento, Oliveira Marques explicou que a Metro do Porto vai gastar, nesta linha, "em média, 25 por cento a mais [do que o costume] na inserção urbana".

A linha Laranja implicou a requalificação da Rotunda da Boavista (onde vai nascer uma casa de chá envidraçada) e a construção de um túnel, que ligará o término da linha, na rotunda, à estação da Casa da Música. Junto à frente de mar, o traçado vai necessitar ainda da construção de um novo viaduto, que cruzará o Parque da Cidade (ver texto nestas páginas) e vai nascer também uma novo interface rodoviário, além de uma nova entrada no parque. Ontem, o vereado do Ambiente,Rui Sá, avisou que, não irá "aceitar uma solução que não tenha em conta a opinião dos projectistas do Parque da Cidade".

Manuel Diogo explicou ainda aos responsáveis do Metro que preferia uma solução que atravesasse a cidade, ligando Matosinhos à Areosa, mas Oliveira Marques pediu contenção. "Temos feito um esforço de racionalizar as propostas. Apresentar um projecto com esse excesso de ambição era a melhor forma de o matar", disse. Ainda não há decisão sobre se a construção da linha exige, ou não, o estudo de impacto ambiental.

DADOS DA LINHA

A linha da Boavista (Linha Laranja), entre a Rotunda/Casa da Música e Matosinhos Sul vai ter 6,3 quilómetros

O troço terá 11 estações: Rotunda, Guerra Junqueiro , Bessa, Foco, Pinheiro Manso, Marechal Gomes da Costa, Fonte da Moura, Parque da Cidade, Nevogilde, Castelo do Queijo, Cidade S. Salvador

O tempo de percurso estimado entre a Casa da Música e o Castelo do Queijo é de 12 minutos. A duração passa a 15 se o metro continuar até Matosinhos Sul

Na hora de ponta, a frequência das composições será de 6 em 6 minutos, no horário normal, será de 10 minutos

A linha da Boavista vai ser ladeada por cerca de 610 plátanos.

O orçamento da obra (sem contar com as expropriações) é de 90 milhões de euros

O tempo previsto de execução da obra é de 18 meses

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O Comércio do Porto é um produto da Editorial Prensa Ibérica.

Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos oferecidos através deste meio, salvo autorização expressa de O Comércio do Porto

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Projecto integral foi apresentado ao executivo na sua reunião pública por Oliveira Marques

Ainda não há decisão sobre necessidade (ou não) do estudo de impacto ambiental daquela linha

PATRÍCIA CARVALHO

A oposição da Câmara do Porto está preocupada com as implicações que a Linha Laranja do Metro terá no tecido urbano envolvente à Avenida da Boavista. A futura linha, que irá ligar a Praça Afonso de Albuquerque (Rotunda da Boavista) a Matosinhos Sul, foi ontem apresentada ao executivo camarário, durante uma reunião pública. O presidente da comissão executiva do Metro do Porto, Oliveira Marques, ouviu e respondeu às dúvidas da vereação mas deixou um apelo: "É necessário que esta proposta chegue ao Governo com um consenso suficiente por parte da cidade, para que seja vencedora. Caso contrário não é facil lutar por mais investimento de um projecto [global] que soma já 24 mil milhões de euros". A linha da Boavista está orçada em 90 milhões de euros.

Com 11 estações, entre a Rotunda da Boavista e a Praça Cidade S. Salvador, em Matosinhos, o metro deverá atravessar toda a Avenida da Boavista, num canal próprio que conviverá, lado a lado, com o tráfego automóvel. Uma requalificação total da Avenida que vai implicar alterações (ainda em estudo) ao nível das linhas da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) mas, sobretudo, ao nível da circulação de trânsito. Para solucionar os "atravessamentos" da linha por parte dos carros, escolheu-se a "opção à espanhola", explicou o arquitecto Souto de Moura - responsável com Siza Vieira pelo projecto. Ou seja, de cada vez que um veículo quiser virar à esquerda, terá de entrar primeiro, à direita, no miolo que ladeia a Avenida, descrevendo um arco que o levará, novamente à esquerda.

Uma opção que vai implicar alargamentos de algumas vias, aumento de outras, alterações de sentido noutras ainda e, consequentemente, algumas expropriações. A título de exemplo, na zona entre o Parque da Cidade e Fonte da Moura - caracterizada pelo engenheiro da Metro, João Rebelo, como "uma das mais difíceis"- , a opção passará por prolongar a Rua Dr. Mota Pinto até à Avenida Antunes Guimarães o que, (espera-se), "vai aliviar a pressão sobre o trânsito da Boavista". Já na zona da Avenida Marechal Gomes da Costa, a solução escolhida passa pelo reperfilamento das ruas Dr. Alberto Macedo e Campinas. Entre o Pinheiro Manso e o Faco surgirá um novo arruamento e vai prolongar-se a Avenida Azevedo Coutinho.

Sobrecarga

Uma série de soluções que implica um maior afluxo de trânsito a várias artérias preocupou o vereador socialista Manuel Diogo: "Foi calculado o distúrbio no tecido urbano que vai ser sobrecarregado com um tipo de movimento que neste momento não têm?". Pouco depois, Rui Sá também se mostrou apreensivo com a solução apresentada pela Metro. "Vai haver uma sobrecarga do tecido subjacente à Avenida da Boavista. Acabam os túneis e há algumas soluções que confesso ter algumas dificuldades em ver. Tenho algumas dúvidas. Esta solução é fundamentalmente do ponto de vista económico ou impõe-se do ponto de vista urbanístico e de mobilidade?", quis saber o vereador da CDU.

Na resposta, Souto de Moura garantiu que "mesmo tendo a intuição que esta solução é mais barata, o projecto não se baseia só em gestão económica. Temos de trabalhar com o metro não apenas como solução de transporte mas de requalificação urbana". Em complemento, Oliveira Marques explicou que a Metro do Porto vai gastar, nesta linha, "em média, 25 por cento a mais [do que o costume] na inserção urbana".

A linha Laranja implicou a requalificação da Rotunda da Boavista (onde vai nascer uma casa de chá envidraçada) e a construção de um túnel, que ligará o término da linha, na rotunda, à estação da Casa da Música. Junto à frente de mar, o traçado vai necessitar ainda da construção de um novo viaduto, que cruzará o Parque da Cidade (ver texto nestas páginas) e vai nascer também uma novo interface rodoviário, além de uma nova entrada no parque. Ontem, o vereado do Ambiente,Rui Sá, avisou que, não irá "aceitar uma solução que não tenha em conta a opinião dos projectistas do Parque da Cidade".

Manuel Diogo explicou ainda aos responsáveis do Metro que preferia uma solução que atravesasse a cidade, ligando Matosinhos à Areosa, mas Oliveira Marques pediu contenção. "Temos feito um esforço de racionalizar as propostas. Apresentar um projecto com esse excesso de ambição era a melhor forma de o matar", disse. Ainda não há decisão sobre se a construção da linha exige, ou não, o estudo de impacto ambiental.

DADOS DA LINHA

A linha da Boavista (Linha Laranja), entre a Rotunda/Casa da Música e Matosinhos Sul vai ter 6,3 quilómetros

O troço terá 11 estações: Rotunda, Guerra Junqueiro , Bessa, Foco, Pinheiro Manso, Marechal Gomes da Costa, Fonte da Moura, Parque da Cidade, Nevogilde, Castelo do Queijo, Cidade S. Salvador

O tempo de percurso estimado entre a Casa da Música e o Castelo do Queijo é de 12 minutos. A duração passa a 15 se o metro continuar até Matosinhos Sul

Na hora de ponta, a frequência das composições será de 6 em 6 minutos, no horário normal, será de 10 minutos

A linha da Boavista vai ser ladeada por cerca de 610 plátanos.

O orçamento da obra (sem contar com as expropriações) é de 90 milhões de euros

O tempo previsto de execução da obra é de 18 meses

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