EXPRESSO

23-06-2004
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TÂNIA SIMÕES/PCR STUDIO 2003 José Manuel Fernandes, director do IAC Sem data marcada para a concretização da fusão com o Instituto Português das Artes do Espectáculo (IPAE), o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) debate-se com problema urgente: falta de liquidez. A presença de Portugal na próxima edição da Bienal de Veneza — de 15 de Junho a 2 de Novembro — pode ser posta em causa, caso o Ministério da Cultura (MC) não disponibilize a verba necessária para fazer face aos compromissos com as entidades italianas: cerca de 650 mil euros (perto de um terço do orçamento total).

José Manuel Fernandes, director do IAC, disse ao Expresso que não tem dinheiro para pagar à equipa italiana «há quatro meses», «nem resposta ao pedido de reforço de verba» endereçado, no final do ano passado, à tutela. Até porque os sucessivos cortes retiraram ao orçamento do IAC 350 mil euros. Ao Expresso, o MC diz «desconhecer as dificuldades orçamentais», assinalando ainda o crescimento do orçamento (109,4%). Neste contexto, Portugal arrisca-se a perder os dois espaços (Giardini e Giudecca) que pretende consagrar ao artista convidado a representar o país na Bienal: o escultor Pedro Cabrita Reis.

Além de poder prejudicar a presença nacional em Veneza, a falta de dinheiro já obrigou ao cancelamento do programa de apoio à criação nacional — deixando por cumprir uma das missões mais importantes do IAC, na perspectiva de José Manuel Fernandes. Daí que a fusão IAC/IPAE se tenha tornado, no entender do responsável, um problema secundário; nem que seja pelos sucessivos atrasos que o processo tem sofrido. Na verdade, a fusão, decidida em Junho do ano passado, já deveria ter sido concluída, mas o grupo de trabalho, designado pelo MC, só apresentou documentos à tutela há bem pouco tempo. Em vez de uma proposta definitiva, o grupo redigiu três propostas inconclusivas; sendo que nenhuma delas pode ser transformada, de imediato, em lei orgânica. Como José Manuel Fernandes explica, metade do trabalho do grupo passou pela aprendizagem dos diferentes ramos: «As pessoas sabiam muito pouco das áreas dos outros.» O ministro, contudo, já demonstrou publicamente não ter pressa em fundir os dois institutos, entregando as três propostas a um grupo de juristas do MC. Na opinião do director do IAC, a fusão deverá garantir a «preservação da total autonomia da Arte Contemporânea, criar um espaço institucional para a Arquitectura e Design e desenvolver um sector que recupere o património documental do século XX. Esta última questão é premente, para o responsável, uma vez que muitos documentos da arte contemporânea se encontram por catalogar num armazém em Belém.

Num quadro de indefinição quanto ao futuro do IAC e face à falta de dinheiro, José Manuel Fernandes acredita que a resposta passa pelo que chama de «inteligência de crise»: o que se traduz em contenção, rentabilização e parcerias. Este último modelo é utilizado para a Bienal de Veneza, que junta o IAC, a Fundação de Serralves e o Instituto Português de Museus (este possibilitará a itinerância em Portugal das peças de Cabrita Reis, após o fecho da Bienal). A participação em bienais, actualmente quatro (Arte e Arquitectura de Veneza e São Paulo), é uma das actividades que esta direcção sublinha com orgulho, além das itinerâncias e dos protocolos que permitem a descentralização: Coimbra, Madeira, Açores e Oeiras.

Nos objectivos definidos para este ano aparece também a intenção de reforçar o valor pecuniário do prémio AICA/MC; continuar o programa de difusão bibliográfico, e dar sequência ao programa de lançamento dos Centros de Arte Contemporânea (Tavira e Castelo Branco). Ainda este mês, o IAC inaugura, em Ponta Delgada, a exposição «João Rebelo, Arquitecto Moderno nos Açores»; em Março realiza a última itinerância da exposição «Desenho/Projecto/Desenho» (Terreiro do Paço); e em Junho, em Coimbra, a mostra «Desenho Escrita, Desenho Escrito», a apresentar também em Castelo Branco (Julho), Caramulo/Lamego/Viseu (Outubro) e Almada, na Casa da Cerca (Dezembro).

TÂNIA SIMÕES/PCR STUDIO 2003 José Manuel Fernandes, director do IAC Sem data marcada para a concretização da fusão com o Instituto Português das Artes do Espectáculo (IPAE), o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) debate-se com problema urgente: falta de liquidez. A presença de Portugal na próxima edição da Bienal de Veneza — de 15 de Junho a 2 de Novembro — pode ser posta em causa, caso o Ministério da Cultura (MC) não disponibilize a verba necessária para fazer face aos compromissos com as entidades italianas: cerca de 650 mil euros (perto de um terço do orçamento total).

José Manuel Fernandes, director do IAC, disse ao Expresso que não tem dinheiro para pagar à equipa italiana «há quatro meses», «nem resposta ao pedido de reforço de verba» endereçado, no final do ano passado, à tutela. Até porque os sucessivos cortes retiraram ao orçamento do IAC 350 mil euros. Ao Expresso, o MC diz «desconhecer as dificuldades orçamentais», assinalando ainda o crescimento do orçamento (109,4%). Neste contexto, Portugal arrisca-se a perder os dois espaços (Giardini e Giudecca) que pretende consagrar ao artista convidado a representar o país na Bienal: o escultor Pedro Cabrita Reis.

Além de poder prejudicar a presença nacional em Veneza, a falta de dinheiro já obrigou ao cancelamento do programa de apoio à criação nacional — deixando por cumprir uma das missões mais importantes do IAC, na perspectiva de José Manuel Fernandes. Daí que a fusão IAC/IPAE se tenha tornado, no entender do responsável, um problema secundário; nem que seja pelos sucessivos atrasos que o processo tem sofrido. Na verdade, a fusão, decidida em Junho do ano passado, já deveria ter sido concluída, mas o grupo de trabalho, designado pelo MC, só apresentou documentos à tutela há bem pouco tempo. Em vez de uma proposta definitiva, o grupo redigiu três propostas inconclusivas; sendo que nenhuma delas pode ser transformada, de imediato, em lei orgânica. Como José Manuel Fernandes explica, metade do trabalho do grupo passou pela aprendizagem dos diferentes ramos: «As pessoas sabiam muito pouco das áreas dos outros.» O ministro, contudo, já demonstrou publicamente não ter pressa em fundir os dois institutos, entregando as três propostas a um grupo de juristas do MC. Na opinião do director do IAC, a fusão deverá garantir a «preservação da total autonomia da Arte Contemporânea, criar um espaço institucional para a Arquitectura e Design e desenvolver um sector que recupere o património documental do século XX. Esta última questão é premente, para o responsável, uma vez que muitos documentos da arte contemporânea se encontram por catalogar num armazém em Belém.

Num quadro de indefinição quanto ao futuro do IAC e face à falta de dinheiro, José Manuel Fernandes acredita que a resposta passa pelo que chama de «inteligência de crise»: o que se traduz em contenção, rentabilização e parcerias. Este último modelo é utilizado para a Bienal de Veneza, que junta o IAC, a Fundação de Serralves e o Instituto Português de Museus (este possibilitará a itinerância em Portugal das peças de Cabrita Reis, após o fecho da Bienal). A participação em bienais, actualmente quatro (Arte e Arquitectura de Veneza e São Paulo), é uma das actividades que esta direcção sublinha com orgulho, além das itinerâncias e dos protocolos que permitem a descentralização: Coimbra, Madeira, Açores e Oeiras.

Nos objectivos definidos para este ano aparece também a intenção de reforçar o valor pecuniário do prémio AICA/MC; continuar o programa de difusão bibliográfico, e dar sequência ao programa de lançamento dos Centros de Arte Contemporânea (Tavira e Castelo Branco). Ainda este mês, o IAC inaugura, em Ponta Delgada, a exposição «João Rebelo, Arquitecto Moderno nos Açores»; em Março realiza a última itinerância da exposição «Desenho/Projecto/Desenho» (Terreiro do Paço); e em Junho, em Coimbra, a mostra «Desenho Escrita, Desenho Escrito», a apresentar também em Castelo Branco (Julho), Caramulo/Lamego/Viseu (Outubro) e Almada, na Casa da Cerca (Dezembro).

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