Autárquicas de 2005 serão teste decisivo à coligação

03-08-2004
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Autárquicas de 2005 Serão Teste Decisivo à Coligação

Por E.L./ H. P., com Lusa

Terça-feira, 15 de Junho de 2004

Pedro Santana Lopes, vice-presidente do PSD, rejeitou ontem que a coligação com o CDS-PP tenha sido a causa da diminuição do número de eurodeputados do PSD nas europeias, remetendo para "tempo devido" a análise de uma nova coligação para a legislativas de 2006. Nos dois partidos, é claro que o teste para essa coligação serão as eleições autárquicas de 2005.

Em conferência de imprensa, no intervalo da reunião da comissão política, Santana sublinhou que a coligação PSD-CDS é "intocável", Santana Lopes rejeitou sempre associar a diminuição do número de eurodeputados sociais-democratas (que passaram de 11 para nove) com a união com o CDS-PP. "A coligação é um factor indispensável para a estabilidade e progresso do país. Sem coligação e sem estabilidade não há Governo e sem Governo não será alcançado o progresso que todos desejamos", declarou Santana Lopes, admitindo: As razões para este resultado são as que têm a ver com a situação económica e social do país. Vive-se um ambiente negativo, de pessimismo e insegurança, que não favorece nenhum governo."

No CDS há a mesma percepção. "O nosso eleitorado não estava mobilizado, porque está insatisfeito", disse ao PÚBLICO João Rebelo, um dos coordenadores democrata-cristãos para as eleições europeias. "Mas também não foram votar no PS", continua o deputado e dirigente do CDS, para quem a grande tarefa dos dois partidos é mobilizar o seu próprio eleitorado: "Esse é o nosso trabalho nos próximos dois anos."

Entre os dois partidos, o entendimento é que não houve transferência de votos para o PS, mas sim uma opção deliberada em não ir votar por parte do seu próprio eleitorado, que está insatisfeito com o Governo. Noutras eleições que não as europeias, se estivesse em causa o Governo, dizem nos dois partidos, as pessoas teriam ido votar. PSD e CDS reconhecem "imobilismo partidário". Aliás, durante a campanha, muitas vezes o apelo ao voto e à mobilização era feito para dentro dos próprios partidos

No CDS, admite-se que o resultado possa gerar algum mal-estar nas relações entre os dois partidos, mas os seus dirigentes confiam no pragmatismo do PSD, que, como dizem, não quererá deitar o Governo abaixo e provocar eleições. "Os dois partidos não têm alternativa senão manter-se juntos até às autárquicas", diz um democrata-cristão. Aí, acrescenta outro dirigente do CDS, é que se verá a utilidade de os dois partidos irem a votos juntos. "Em muitos concelhos é vital para se conseguir ou manter algumas câmaras haver coligação", admite um conselheiro nacional do PSD. A moção de Durão Barroso ao último congresso do PSD dizia que a vitória nas legislativas de 2006 dependerá da vitória nas autárquicas do ano anterior.

Apesar disto, há quem critique abertamente a coligação. Miguel Veiga, um histórico do PSD, diz que a coligação "foi um desastre que levou a um desastre eleitoral". "Infelizmente, confirmou-se tudo o que tinha previsto. Eu tinha alertado para que o povo PSD não ia aceitar bem o CDS liderado pelo dr. Paulo Portas e disse que havia um grande sentimento de animosidade", disse ontem ao PÚBLICO, sublinhando que o "PSD e CDS têm duas visões perfeitamente antagónicas sobre a Europa".

Jorge Nuno Sá, presidente da JSD, entregou uma moção ao congresso do PSD, em Maio, defendendo que PSD e CDS deviam concorrer coligados para que se soubesse quanto é que valiam na realidade. Ontem, o líder da JSD não quis pronunciar-se sobre o resultado eleitoral. A JSD reúne a sua direcção esta semana.

Autárquicas de 2005 Serão Teste Decisivo à Coligação

Por E.L./ H. P., com Lusa

Terça-feira, 15 de Junho de 2004

Pedro Santana Lopes, vice-presidente do PSD, rejeitou ontem que a coligação com o CDS-PP tenha sido a causa da diminuição do número de eurodeputados do PSD nas europeias, remetendo para "tempo devido" a análise de uma nova coligação para a legislativas de 2006. Nos dois partidos, é claro que o teste para essa coligação serão as eleições autárquicas de 2005.

Em conferência de imprensa, no intervalo da reunião da comissão política, Santana sublinhou que a coligação PSD-CDS é "intocável", Santana Lopes rejeitou sempre associar a diminuição do número de eurodeputados sociais-democratas (que passaram de 11 para nove) com a união com o CDS-PP. "A coligação é um factor indispensável para a estabilidade e progresso do país. Sem coligação e sem estabilidade não há Governo e sem Governo não será alcançado o progresso que todos desejamos", declarou Santana Lopes, admitindo: As razões para este resultado são as que têm a ver com a situação económica e social do país. Vive-se um ambiente negativo, de pessimismo e insegurança, que não favorece nenhum governo."

No CDS há a mesma percepção. "O nosso eleitorado não estava mobilizado, porque está insatisfeito", disse ao PÚBLICO João Rebelo, um dos coordenadores democrata-cristãos para as eleições europeias. "Mas também não foram votar no PS", continua o deputado e dirigente do CDS, para quem a grande tarefa dos dois partidos é mobilizar o seu próprio eleitorado: "Esse é o nosso trabalho nos próximos dois anos."

Entre os dois partidos, o entendimento é que não houve transferência de votos para o PS, mas sim uma opção deliberada em não ir votar por parte do seu próprio eleitorado, que está insatisfeito com o Governo. Noutras eleições que não as europeias, se estivesse em causa o Governo, dizem nos dois partidos, as pessoas teriam ido votar. PSD e CDS reconhecem "imobilismo partidário". Aliás, durante a campanha, muitas vezes o apelo ao voto e à mobilização era feito para dentro dos próprios partidos

No CDS, admite-se que o resultado possa gerar algum mal-estar nas relações entre os dois partidos, mas os seus dirigentes confiam no pragmatismo do PSD, que, como dizem, não quererá deitar o Governo abaixo e provocar eleições. "Os dois partidos não têm alternativa senão manter-se juntos até às autárquicas", diz um democrata-cristão. Aí, acrescenta outro dirigente do CDS, é que se verá a utilidade de os dois partidos irem a votos juntos. "Em muitos concelhos é vital para se conseguir ou manter algumas câmaras haver coligação", admite um conselheiro nacional do PSD. A moção de Durão Barroso ao último congresso do PSD dizia que a vitória nas legislativas de 2006 dependerá da vitória nas autárquicas do ano anterior.

Apesar disto, há quem critique abertamente a coligação. Miguel Veiga, um histórico do PSD, diz que a coligação "foi um desastre que levou a um desastre eleitoral". "Infelizmente, confirmou-se tudo o que tinha previsto. Eu tinha alertado para que o povo PSD não ia aceitar bem o CDS liderado pelo dr. Paulo Portas e disse que havia um grande sentimento de animosidade", disse ontem ao PÚBLICO, sublinhando que o "PSD e CDS têm duas visões perfeitamente antagónicas sobre a Europa".

Jorge Nuno Sá, presidente da JSD, entregou uma moção ao congresso do PSD, em Maio, defendendo que PSD e CDS deviam concorrer coligados para que se soubesse quanto é que valiam na realidade. Ontem, o líder da JSD não quis pronunciar-se sobre o resultado eleitoral. A JSD reúne a sua direcção esta semana.

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