Soares defende governo PS com independentes e membros do PCP e BE

19-02-2005
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Soares Defende Governo PS com Independentes e Membros do PCP e BE

Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2005

Antigo Presidente teve em Braga única acção de rua da campanha e quase se cruzava com Marcelo Rebelo de Sous

Alexandre Praça

Não podiam ter sido mais contrastantes as "arruadas" de Mário Soares e de Marcelo Rebelo de Sousa na tarde de ontem em Braga. Enquanto o antigo Presidente da República passeou, de braço dado com o autarca Mesquita Machado e ao lado de António José Seguro, pelas ruas do centro histórico, silencioso e quase despercebido - aparentemente por vontade do próprio, apostado numa acção "low profile" -, o solícito ex-líder do PSD - que confessou ter "um prazer especial por beijar jovens bonitas" - bateu o coração da cidade metro a metro. Com os bombos a abrir caminho à ruidosa comitiva de Luís Filipe Menezes, o que não podia deixar ninguém indiferente.

Retomando a tese de que o PS, mesmo obtendo maioria absoluta, deve formar um "governo de salvação nacional" - que terá de fazer um "trabalho de choque logo no início", de forma a mostrar que haverá uma "grande mudança" -, o carismático ex-líder socialista foi, todavia, mais longe: "Esse governo deve ter pessoas competentes, honradas e patriotas. E não é obrigatório que sejam todos socialistas. Podem ser independentes ou de outros partidos, conforme o líder do partido [Sócrates] escolher", alvitrou Mário Soares, em declarações aos jornalistas.

Recusando qualquer abertura à direita, o fundador do PS pugna pela existência de um "diálogo social" - com sindicatos e patrões - e de um "diálogo à esquerda". Ou seja: os tais militantes de outros partidos de que falou só podem ser mesmo do PCP e do BE - partidos que "vão subir" nestas eleições, previu. Depois do conselho para Sócrates, o "senador" lá voltou à sua única acção de rua nesta campanha. Por mais de uma vez, viu-se compelido a fazer calar a JS, quando estes, timidamente, ensaiavam uma palavra de ordem tipo "Soares é fixe!". "Digam mas é Seguro", exortava, ao mesmo tempo que elogiava rasgadamente o ainda líder parlamentar do PS: "É um homem de convicções e de princípios que não anda na política por interesse."

Santana "já se sabe o que é"

Menos de uma hora depois, outro ex-líder partidário calcorreava as mesmas pedras do centro de Braga - também disputadas pelo cabeça de lista da CDU, Agostinho Lopes, preparando o caminho para o comício da noite com Jerónimo de Sousa. Envolvido num ambiente diametralmente oposto ao de Soares, Marcelo entrou em quase tudo que era loja, fez compras - roupa, cor de laranja, para a filha, um livro de poesia para si e outro de política para a "sua" biblioteca de Celorico de Basto -, beijou mulheres e crianças, abraçou homens. Enfim, tocou em tudo o que mexia.

Ao passar na sede de campanha do PSD, garantiu estar a ouvir pela primeira vez o hino de campanha de Santana, mas teimou em nunca pronunciar o nome do líder "laranja" - jurando que participa por "amor à camisola do partido". Daí que tenha desmentido Santana, quando este disse que Marcelo já tinha percebido que devia entrar na campanha para ser "recompensado" mais tarde pelo partido. "Morria se não fizesse isto. Faço-o do coração, porque sou "laranjinha" até à morte", ripostou, evitando ainda criticar Cavaco Silva - "cada um faz o que entende" - pelo seu comportamento durante a campanha. Um governo de Santana será melhor do que um de Sócrates, provocam os jornalistas: "Sócrates não provou que tem uma alternativa para apresentar aos portugueses." Ok. E Santana? "Esse aí já se sabe o que é"...

Soares Defende Governo PS com Independentes e Membros do PCP e BE

Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2005

Antigo Presidente teve em Braga única acção de rua da campanha e quase se cruzava com Marcelo Rebelo de Sous

Alexandre Praça

Não podiam ter sido mais contrastantes as "arruadas" de Mário Soares e de Marcelo Rebelo de Sousa na tarde de ontem em Braga. Enquanto o antigo Presidente da República passeou, de braço dado com o autarca Mesquita Machado e ao lado de António José Seguro, pelas ruas do centro histórico, silencioso e quase despercebido - aparentemente por vontade do próprio, apostado numa acção "low profile" -, o solícito ex-líder do PSD - que confessou ter "um prazer especial por beijar jovens bonitas" - bateu o coração da cidade metro a metro. Com os bombos a abrir caminho à ruidosa comitiva de Luís Filipe Menezes, o que não podia deixar ninguém indiferente.

Retomando a tese de que o PS, mesmo obtendo maioria absoluta, deve formar um "governo de salvação nacional" - que terá de fazer um "trabalho de choque logo no início", de forma a mostrar que haverá uma "grande mudança" -, o carismático ex-líder socialista foi, todavia, mais longe: "Esse governo deve ter pessoas competentes, honradas e patriotas. E não é obrigatório que sejam todos socialistas. Podem ser independentes ou de outros partidos, conforme o líder do partido [Sócrates] escolher", alvitrou Mário Soares, em declarações aos jornalistas.

Recusando qualquer abertura à direita, o fundador do PS pugna pela existência de um "diálogo social" - com sindicatos e patrões - e de um "diálogo à esquerda". Ou seja: os tais militantes de outros partidos de que falou só podem ser mesmo do PCP e do BE - partidos que "vão subir" nestas eleições, previu. Depois do conselho para Sócrates, o "senador" lá voltou à sua única acção de rua nesta campanha. Por mais de uma vez, viu-se compelido a fazer calar a JS, quando estes, timidamente, ensaiavam uma palavra de ordem tipo "Soares é fixe!". "Digam mas é Seguro", exortava, ao mesmo tempo que elogiava rasgadamente o ainda líder parlamentar do PS: "É um homem de convicções e de princípios que não anda na política por interesse."

Santana "já se sabe o que é"

Menos de uma hora depois, outro ex-líder partidário calcorreava as mesmas pedras do centro de Braga - também disputadas pelo cabeça de lista da CDU, Agostinho Lopes, preparando o caminho para o comício da noite com Jerónimo de Sousa. Envolvido num ambiente diametralmente oposto ao de Soares, Marcelo entrou em quase tudo que era loja, fez compras - roupa, cor de laranja, para a filha, um livro de poesia para si e outro de política para a "sua" biblioteca de Celorico de Basto -, beijou mulheres e crianças, abraçou homens. Enfim, tocou em tudo o que mexia.

Ao passar na sede de campanha do PSD, garantiu estar a ouvir pela primeira vez o hino de campanha de Santana, mas teimou em nunca pronunciar o nome do líder "laranja" - jurando que participa por "amor à camisola do partido". Daí que tenha desmentido Santana, quando este disse que Marcelo já tinha percebido que devia entrar na campanha para ser "recompensado" mais tarde pelo partido. "Morria se não fizesse isto. Faço-o do coração, porque sou "laranjinha" até à morte", ripostou, evitando ainda criticar Cavaco Silva - "cada um faz o que entende" - pelo seu comportamento durante a campanha. Um governo de Santana será melhor do que um de Sócrates, provocam os jornalistas: "Sócrates não provou que tem uma alternativa para apresentar aos portugueses." Ok. E Santana? "Esse aí já se sabe o que é"...

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