Blogues permitem mais participação cívica e são espaço de opinião de jornalistas

11-12-2004
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Blogues Permitem Mais Participação Cívica e São Espaço de Opinião de Jornalistas

Por VÍTOR FERREIRA

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2004 A possibilidade que os blogues dão aos jornalistas para expressarem em público as suas opiniões são uma das razões que levam cada vez mais jornalistas à blogosfera, enquanto para quem não é profissional da informação a possibilidade de participação cívica e de fazer de alguma forma jornalismo poderão ser motivações importantes. Esta foram ideias que ficaram do colóquio "O papel dos blogues no jornalismo actual", realizado anteontem à noite, no Cybercentro de Guimarães. Manuel Pinto, investigador do Departamento de Comunicação da Universidade do Minho (UM) e actualmente provedor do leitor no "JN", diz que se sente "a fazer jornalismo" no seu blogue (Jornalismo e Comunicação), mas acrescenta que prefere olhar para estes diários "on-line" não como uma forma de jornalismo mas como um instrumento de "expressão e de participação cívica". Ainda assim, considera que os blogues exercem dois trabalhos "notáveis" no cruzamento com o jornalismo dito tradicional. Isso verifica-se, defende Manuel Pinto, a montante, quando os blogues fornecem "pistas e notícias em primeira mão", que depois têm sequência nos meios de comunicação social; e a jusante, quando os "bloggers" assumem "o papel de escrutínio público do jornalismo que se faz". O investigador da UM afirma que, "na suposição de que os meios do chamado quarto poder perderam força no seu trabalho de vigilância, porque ou passaram a dominar os outros poderes ou deixaram-se dominar", então a blogosfera pode também ser encarada como um "quinto poder", que "é dos cidadãos". Já João Paulo Meneses, jornalista da TSF e "blogger" há cerca de ano e meio, rejeita a ideia de exercer jornalismo no seu blogue ("ouve-se.weblogger.terra.com.br") e afirma que tem o cuidado de autocontrolar o seu discurso, evitando expressar preferências ou opiniões sobre diversas situações do dia-a-dia na blogosfera. "O meu blogue é um projecto individual, marginal e pirata em relação à TSF. É o meu espaço, onde sou director, redactor e provedor. Sou o ditador, faço aquilo que mando", e o espaço acaba por funcionar mais como um "prolongamento natural" do seu livro, "Tudo o que passa na TSF", para actualizar as suas reflexões sobre o jornalismo e a rádio. Sobre as razões que levam cada vez mais jornalistas à blogosfera, Meneses ensaia uma resposta baseado na diferença entre opinião e notícia. "Um jornalista nunca, ou apenas raramente, dá a sua opinião no jornal, na rádio. É por isso que eu digo que ser jornalista é uma função castradora." Depois chegaram os blogues e os jornalistas "vingam-se". Dito de outro modo, "no jornal, o jornalista veste um fato cinzento-escuro, enquanto no blogue já pode vestir um fato colorido", afirma Zamith. Questionado sobre se esta situação não põe em causa, de alguma forma, a credibilidade dos jornais e do texto jornalístico, Meneses responde assim: "O jornalista, esse sim, é que deve ter cuidado. Se eu expressar a minha preferência partidária ou fizer comentários sobre um determinado político e, de seguida, for destacado pela minha rádio para acompanhar a campanha desse mesmo político, será a minha credibilidade enquanto jornalista que está em causa." Espaço público mais aberto Participaram também na iniciativa Elisabete Barbosa, co-autora do livro "Weblogs - Diário de Bordo", e Fernando Zamith, da agência Lusa. Todos os oradores convidados pela organização, que esteve a cargo do Gabinete de Imprensa de Guimarães, são "bloggers" afincados e têm estado, de uma forma ou outra, ligados ao debate sobre os impactos do cruzamento entre duas realidades, jornalismo e blogosfera. Elisabete Barbosa distingue uma dupla utilidade dos blogues: por um lado, o blogue pode ser "um meio para o jornalista contactar com os leitores, fornecer informações que não se enquadram no jornal, ou contribuir para a clarificação sobre as formas como o jornalismo é feito"; por outro, defende, um blogue poderá constituir um "contributo para o enriquecimento pessoal dos leitores e uma forma de aproximação aos jornais e aos jornalistas". Fernando Zamith, jornalista da Lusa, docente do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto e "blogger" há mais de dois anos, partilha da ideia de abertura do espaço público. "Não sei se a situação é os blogues serem o quinto poder ou se é o quarto poder que está a ser aberto a todos. Seja o quinto poder ou o quarto poder alargado, os blogues são o jornalismo de cidadãos, e isso é uma liberdade tremenda", sublinha Zamith. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Blogues permitem mais participação cívica e são espaço de opinião de jornalistas

Boa revista de imprensa, RTPN!

ENTREVISTA JERÓNIMO DE SOUSA

Blogues Permitem Mais Participação Cívica e São Espaço de Opinião de Jornalistas

Por VÍTOR FERREIRA

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2004 A possibilidade que os blogues dão aos jornalistas para expressarem em público as suas opiniões são uma das razões que levam cada vez mais jornalistas à blogosfera, enquanto para quem não é profissional da informação a possibilidade de participação cívica e de fazer de alguma forma jornalismo poderão ser motivações importantes. Esta foram ideias que ficaram do colóquio "O papel dos blogues no jornalismo actual", realizado anteontem à noite, no Cybercentro de Guimarães. Manuel Pinto, investigador do Departamento de Comunicação da Universidade do Minho (UM) e actualmente provedor do leitor no "JN", diz que se sente "a fazer jornalismo" no seu blogue (Jornalismo e Comunicação), mas acrescenta que prefere olhar para estes diários "on-line" não como uma forma de jornalismo mas como um instrumento de "expressão e de participação cívica". Ainda assim, considera que os blogues exercem dois trabalhos "notáveis" no cruzamento com o jornalismo dito tradicional. Isso verifica-se, defende Manuel Pinto, a montante, quando os blogues fornecem "pistas e notícias em primeira mão", que depois têm sequência nos meios de comunicação social; e a jusante, quando os "bloggers" assumem "o papel de escrutínio público do jornalismo que se faz". O investigador da UM afirma que, "na suposição de que os meios do chamado quarto poder perderam força no seu trabalho de vigilância, porque ou passaram a dominar os outros poderes ou deixaram-se dominar", então a blogosfera pode também ser encarada como um "quinto poder", que "é dos cidadãos". Já João Paulo Meneses, jornalista da TSF e "blogger" há cerca de ano e meio, rejeita a ideia de exercer jornalismo no seu blogue ("ouve-se.weblogger.terra.com.br") e afirma que tem o cuidado de autocontrolar o seu discurso, evitando expressar preferências ou opiniões sobre diversas situações do dia-a-dia na blogosfera. "O meu blogue é um projecto individual, marginal e pirata em relação à TSF. É o meu espaço, onde sou director, redactor e provedor. Sou o ditador, faço aquilo que mando", e o espaço acaba por funcionar mais como um "prolongamento natural" do seu livro, "Tudo o que passa na TSF", para actualizar as suas reflexões sobre o jornalismo e a rádio. Sobre as razões que levam cada vez mais jornalistas à blogosfera, Meneses ensaia uma resposta baseado na diferença entre opinião e notícia. "Um jornalista nunca, ou apenas raramente, dá a sua opinião no jornal, na rádio. É por isso que eu digo que ser jornalista é uma função castradora." Depois chegaram os blogues e os jornalistas "vingam-se". Dito de outro modo, "no jornal, o jornalista veste um fato cinzento-escuro, enquanto no blogue já pode vestir um fato colorido", afirma Zamith. Questionado sobre se esta situação não põe em causa, de alguma forma, a credibilidade dos jornais e do texto jornalístico, Meneses responde assim: "O jornalista, esse sim, é que deve ter cuidado. Se eu expressar a minha preferência partidária ou fizer comentários sobre um determinado político e, de seguida, for destacado pela minha rádio para acompanhar a campanha desse mesmo político, será a minha credibilidade enquanto jornalista que está em causa." Espaço público mais aberto Participaram também na iniciativa Elisabete Barbosa, co-autora do livro "Weblogs - Diário de Bordo", e Fernando Zamith, da agência Lusa. Todos os oradores convidados pela organização, que esteve a cargo do Gabinete de Imprensa de Guimarães, são "bloggers" afincados e têm estado, de uma forma ou outra, ligados ao debate sobre os impactos do cruzamento entre duas realidades, jornalismo e blogosfera. Elisabete Barbosa distingue uma dupla utilidade dos blogues: por um lado, o blogue pode ser "um meio para o jornalista contactar com os leitores, fornecer informações que não se enquadram no jornal, ou contribuir para a clarificação sobre as formas como o jornalismo é feito"; por outro, defende, um blogue poderá constituir um "contributo para o enriquecimento pessoal dos leitores e uma forma de aproximação aos jornais e aos jornalistas". Fernando Zamith, jornalista da Lusa, docente do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto e "blogger" há mais de dois anos, partilha da ideia de abertura do espaço público. "Não sei se a situação é os blogues serem o quinto poder ou se é o quarto poder que está a ser aberto a todos. Seja o quinto poder ou o quarto poder alargado, os blogues são o jornalismo de cidadãos, e isso é uma liberdade tremenda", sublinha Zamith. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Blogues permitem mais participação cívica e são espaço de opinião de jornalistas

Boa revista de imprensa, RTPN!

ENTREVISTA JERÓNIMO DE SOUSA

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